01 - Doutorado - Estudos da Linguagem

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    Entre páginas, telas e saberes : estratégias de integração do livro didático de Português e as tecnologias digitais educacionais no Novo Ensino Médio
    (2025-02-26) Curunzi, Aline de Abreu; Santana, Andréia da Cunha Malheiros; Almeida, Joyce Elaine de; Lima, Sheila Oliveira; Domingos, Marilúcia dos Santos; Santos, Givan José Ferreira dos
    Esta pesquisa investiga como as atividades propostas no livro didático de Língua Portuguesa do Novo Ensino Médio articulam o uso da tecnologia com os saberes linguísticos. A hipótese é que as atividades que articulam tecnologia, no livro didático de Língua Portuguesa do Novo Ensino Médio, carecem de profundidade e intencionalidade pedagógica, restringindo-se a abordagens pontuais que pouco contribuem para o desenvolvimento integral das competências linguísticas dos alunos. A formação continuada dos docentes pode fortalecer a apropriação crítica e criativa dessas tecnologias, promovendo práticas pedagógicas mais contextualizadas. Em vista disso, justificamos a necessidade de levantar, quantificar e avaliar as atividades propostas no livro de Língua Portuguesa que foi escolhido pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático em 2021, uma vez que este é um dos recursos mais utilizados nas salas de aula, especialmente em contextos educacionais onde há escassez de materiais e/ou falta de acesso a recursos digitais. O objetivo geral desta pesquisa é identificar e analisar como as atividades propostas no livro didático de Língua Portuguesa do Novo Ensino Médio articulam o uso da tecnologia com os saberes linguísticos e propor uma formação continuada para professores, visando promover uma reflexão sobre o uso das tecnologias e sugerir práticas pedagógicas diversificadas e alinhadas ao livro de Língua Portuguesa escolhido pelo PNLD de 2021.Quanto à metodologia, ancorada em Bardin (1977), esta pesquisa tem uma abordagem mista, de cunho quantitativo, na medida em que pretende quantificar os eventos em que se utiliza a tecnologia, e qualitativo, uma vez que as categoriza de acordo com a essencialidade, finalidade e interação, buscando interpretar os dados à luz das discussões propostas pelos teóricos dos temas abordados: Puentedura (2006, 2014) e Bakhtin (2003, 2014). Espera-se, por fim, que o resultado desta investigação seja não um fim em si mesma, mas uma motivação para explorar estratégias pedagógicas que visam aproveitar o potencial das tecnologias para ampliar a compreensão dos conteúdos por parte dos alunos, promover a participação ativa deles e desenvolver habilidades relevantes para a aprendizagem de Língua Portuguesa.
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    As multifaces de Anne Frank : um estudo sobre a formação e a transformação identitária representada nos quadrinhos
    (2024-10-08) Jesus, Natália Marques de; Borges, Maria Isabel; Ferreira, Cláudia Cristina; Nigro, Cláudia Maria Ceneviva; Ramos, Paulo; Machado, Rosemeri Passos Baltazar
    Em 1939, iniciou-se a Segunda Grande Guerra Mundial e, com ela, o massacre dos judeus: o Holocausto. Anne Frank tinha somente doze anos quando, em busca de proteção, se refugiou em um esconderijo (Anexo Secreto), com mais sete pessoas. Lá, eles permaneceram até 1944, quando foram descobertos e capturados pelos nazistas. Anne e outros seis milhões de judeus não sobreviveram à barbárie antissemita. Refugiada, por dois anos no esconderijo, Anne anotou seu dia a dia em um diário, a melhor amiga que ela sempre desejou ter, Kitty. Objetivamos, nesta tese de doutorado, mostrar como as identidades de Anne Frank são formadas e transformadas em O diário de Anne Frank em quadrinhos (Folman; Polonsky, 2018). Partimos da tese de que as identidades da jovem judia se formam e transformam-se ao longo da narrativa, esboçando uma representação multifacetada. Inicialmente realizamos uma busca por trabalhos já feitos sobre o diário de Anne Frank (em prosa e em quadrinhos) e elaboramos uma concepção de representação (Borges, 2004; Hall, 2012; Rajagopalan, 20003; Silva, Tomaz 2012; Woodward, 2012). Em seguida, contextualizamos sócio-historicamente o diário em quadrinhos quanto às duas Grandes Guerras Mundiais, com destaque ao Holocausto e ao antissemitismo (Carneiro, 2005; Coggiola, 2015; 2017; Rodrigues, 1988; Visentini, 2003). Depois, executamos uma pesquisa bibliográfica sobre gêneros discursivos (Bakhtin, 2016), diário (Lejeune, 1998), novela gráfica (Borges, 2020; García, 2012; Ramirez, 2012; Ramos, Figueira, 2014) e linguagem quadrinística (Acevedo, 1990; Cagnin, 1975/2014; Ramos, 2010). Analisamos fragmentos do diário em quadrinhos para mostrar como Anne Frank foi caracterizada por meio da linguagem quadrinística: legendas; balões; personagens, expressões faciais e gestuais; vinhetas; tempo e espaço (planos e ângulos de visão). Realizamos uma pesquisa bibliográfica sobre as identidades (Bauman, 2005; Hall, 2012; 2015; Silva, Tomaz 2012; Woodward, 2012). Verificamos, a partir de análises de fragmentos do diário em quadrinhos, como se constituiu a formação e a transformação identitária de Anne na narrativa. Por fim, apontamos os princípios do feminismo (Alves, Pitanguy, 1985; Auad, 2003; Beauvoir, 1970/1980; Butler, 2019; Perrot, 2007), relacionando-os com a formação e a transformação identitária feminina de Anne. A análise interpretativista do diário em quadrinhos ocorreu por amostragem (36 fragmentos). Concluímos que a linguagem quadrinística contribuiu para a construção da narrativa, revelando as identidades de Anne sendo formadas e transformadas mediante influências diversas, por exemplo, o contexto sócio-histórico onde ela estava inserida e as marcações de diferenças existentes entre ela e outras personagens. Entre as identidades de Anne, evidenciou-se a feminina. A formação e transformação identitária dessa jovem mulher sobressai-se como sendo conflitante: ela estava em conflito entre o que era e o que esperavam que ela fosse. Isso reflete um duplo aprisionamento da protagonista, física e simbolicamente proporcionado pelo Anexo Secreto e por imposições simbólicas de padrões sociais. Todas as influências sobre a formação e transformação identitária de Anne resultaram na representação de identidades multifacetadas, quer dizer, as multifaces representadas de uma jovem mulher, judia, irmã, filha, perseguida pelos nazistas, diversamente aprisionada, porém sempre a questionar, lutar, resistir, sobreviver, a começar pelos registros no diário...
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    Ensino de Seminário à Luz dos Letramentos Acadêmicos: considerações sobre produção e avaliação da oralidade em língua inglesa
    (2025-02-18) Souza, Everton Gelinski Gomes de; Cristovão, Vera Lúcia Lopes; Tonelli, Juliana Reichert Assunção; Storto, Letícia Jovelina; Magalhães, Tânia Guedes; Bueno, Luzia
    No ambiente acadêmico, é comum nos depararmos com surpreendentes interpretações do seminário acadêmico, parte das quais limitam sua função a um instrumento simplificado destinado à avaliação do desempenho dos estudantes, ignorando, porém, seu substancial e latente potencial sinérgico para o desenvolvimento de capacidades de argumentação, de construção textual formal, de raciocínio científico e aprimoramento da oralidade. Com essa perspectiva em mente, traçamos como objetivo geral examinar o agir de linguagem durante a apresentação oral do seminário acadêmico, tendo em vista a relação entre parâmetros específicos da atividade, com o processo de organização de informações e a constituição do gênero em pauta. A partir desse propósito, os objetivos específicos delimitados foram: (i) Compreender quais elementos balizam a produção do gênero seminário acadêmico em língua inglesa, tendo em vista diferentes níveis da atividade; (ii) Analisar as potencialidades dos instrumentos sequência didática (Dolz; Noverraz; Schneuwly, 2004) e rubrica para a produção de seminários e promoção dos letramentos acadêmicos de alunos(as) do terceiro ano de um curso de Letras Inglês; (iii) Investigar quais operações de linguagem são responsáveis pelos processos orais da produção de seminários acadêmicos realizados por alunos(as) do mesmo curso. Esta pesquisa, de natureza quali-quantitativa, foi realizada em uma disciplina intitulada Língua Inglesa: Letramento Acadêmico-científico, no curso de Letras Inglês de uma universidade no norte do Paraná. Dentre os conteúdos e gêneros textuais previstos na ementa dessa disciplina, debruçamo-nos sobre os temas plágio, ética profissional e conhecimento sobre a estrutura de produtos de pós-graduação, os quais foram ministrados, em língua inglesa, pelos(as) alunos(as)-participantes em suas respectivas apresentações de seminários acadêmicos. Essa configuração do trabalho de ensino deriva do alinhamento entre as demandas da disciplina e o foco do pesquisador em relação ao gênero em tela. A fundamentação teórica utilizada se apóia em estudos do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 1999), sobre Capacidades de Linguagem (Dolz; Pasquier; Bronckart, 1993; Cristovão; Stutz, 2011), da Teoria da Atividade (Leontiev, 2014), dos Letramentos Acadêmicos (Lea; Street, 2006;), da Análise e Ensino da Oralidade (Marcuschi, 2003; Dolz; Schneuwly, 2006; Bueno, 2008; Storto, 2015) e, por fim, da Rubrica de Avaliação (Suskie, 2009; Brookhart, 2013; Fernandez, 2019). Para atingirmos o primeiro objetivo, construímos um modelo didático a partir de seminários acadêmicos autênticos em língua inglesa e pesquisas relativas ao gênero em tela. Em relação ao segundo, partimos da macroestrutura da sequência didática para o ensino de seminário acadêmico em língua inglesa e do quadro de critérios e descritores da rubrica para avaliação das etapas de ensino. Para o cumprimento do terceiro objetivo, utilizamos as produções iniciais e as produções finais de seminários acadêmicos produzidos pelos(as) alunos(as)-participantes. Os resultados sobre o primeiro objetivo nos mostram que, no que concerne à literatura sobre o seminário acadêmico, pesquisa, triagem e seleção de informações são pouco abordados em termos de didática para o ensino e, geralmente, as pesquisas concentram-se mais na descrição do que ocorre em cada fase da apresentação, lançando luzes sobre características ou elementos constitutivos do gênero, principalmente sobre a fase de desenvolvimento. No que tange ao segundo objetivo, os resultados apontam o potencial do instrumento sequência didática para o desenvolvimento de letramentos acadêmicos, em virtude do alinhamento entre as demandas institucionais, necessidades e motivações dos(as) alunos(as) e produção do gênero, da mesma forma que o instrumento rubrica de avaliação foi essencial para as situações de diagnóstico e de avaliação dos gêneros, sem excessivo detalhamento teórico e focalizado em critérios de produção que foram devidamente levados ao conhecimento dos alunos, mostrando-se uma abordagem alternativa ou complementar às capacidades de linguagem. Em relação ao último objetivo, as operações de linguagem relativas à produção oral revelaram que modulações em termos de entonação e de cadência de fala são recorrentes e têm papel fundamental na construção de sentidos, na organização do conteúdo e nas representações do público sobre a fluidez e a progressão temática.
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    Crenças e atitudes linguísticas de estudantes do curso de Letras de uma universidade do Norte do Paraná quanto ao rótico retroflexo
    (2024-08-09) Almeida, Édina de Fatima de; Kailer, Dircel Aparecida; Botassini, Jacqueline Ortelan Maia; Carvalho, Gislaine Aparecida de; Ferreira, Cláudia Cristina; Silveira, Marcelo
    O presente estudo, à luz dos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 1972) e das Crenças e Atitudes Linguísticas (Lambert; Lambert, 1972; Botassini, 2013), tem como objetivo geral, verificar as crenças e atitudes linguísticas de graduandos (um grupo de universitários do curso do primeiro e do quarto ano do curso de Letras-Português do norte-paranaense), em relação à variante retroflexa, “r caipira”. Além disso, temos como objetivos específicos: a) Verificar quais são as variantes róticas predominantes no falar dos informantes juízes do primeiro e do quarto ano do curso de Letras; b) Analisar a quais variantes (tepe, retroflexa e glotal) estão indexados/indicializados mais significados sociais positivos em destaque por cada um dos dois grupos; c) Averiguar se há preconceito linguístico quanto ao uso da variante retroflexa, o “r caipira”, na avaliação dos informantes juízes. No intuito de atingir os objetivos propostos, foram realizadas três coletas de dados junto a 56 alunos, sendo 28 do primeiro ano e 28 do quarto ano do curso de Letras de uma universidade pública do Norte do Paraná. A primeira consistiu em uma entrevista; a segunda, na leitura de um texto e de uma lista de palavras para averiguação das variantes róticas usadas pelos alunos das duas turmas; a terceira referia-se a um experimento de percepção sobre a fala de três locutores a partir da leitura de um texto; a última tratava-se de um questionário de avaliação a partir das respostas abertas sobre as afirmativas de crenças e atitudes linguísticas referentes à variação fonético-fonológica, especialmente, sobre o “r caipira”. De acordo com os principais resultados, observou-se que a variante retroflexa predomina no falar dos participantes da região norte-paranaense, que, no experimento de percepção, o locutor do tepe foi quem teve mais avaliações negativas, seguido do locutor da retroflexa e, por último do glotal e que no questionário de avaliação foi possível perceber as crenças e atitudes de preconceito de alguns futuros professores de língua portuguesa quanto à variante retroflexa. Atribuímos a diferença dos resultados do teste de percepção e do questionário de avaliação à nova configuração do caipira, ao politicamente correto e ao fato de os participantes serem graduandos de Letras , futuros professores de língua portuguesa que deverão ser os defensores de um ensino livre de preconceitos.
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    Formação docente e ensino de gramática : por uma pedagogia da variação linguística na escola
    (2024-03-22) Calicchio, Fátima Christina; Almeida, Joyce Elaine de; Altino, Fabiane Cristina; Silva, Flávio Brandão; Antônio, Juliano Desiderato; Silveira, Marcelo
    No contexto escolar brasileiro, o ensino de Língua Portuguesa enfatiza os aspectos cunhados pela tradição gramatical, ao privilegiar o ensino de regras e conceitos gramaticais de maneira formal e prescritiva, cuja prática tem sido motivo de preocupação e de estudos de pesquisadores na área da Linguística, especialmente na área da Sociolinguística, pelo fato de apresentar um distanciamento da realidade linguística brasileira. Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral promover uma aproximação entre os estudos desenvolvidos na área da Sociolinguística Educacional e a prática da sala de aula sob o formato de uma formação continuada aos professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II do Núcleo Regional de Ensino (NRE) de Maringá. Para isso, realizou-se uma pesquisa de natureza exploratória do tipo colaborativa, utilizando-se, para observação dos fenômenos linguísticos, três instrumentos para geração de dados e de análise: um Questionário Diagnóstico, um Questionário Avaliativo e a Proposta Didática, respondidos pelos professores participantes da pesquisa, a partir do Curso de Formação Continuada. Os dados gerados pelos instrumentos foram coletados via formulário do Google Forms e, posteriormente, lançados em gráficos e quadros. A seguir, tais formulários foram analisados qualitativa e quantitativamente tanto em relação às Crenças e às Atitudes Linguísticas dos docentes quanto ao que se refere às habilidades relacionadas às competências metalinguísticas e aos conhecimentos dos entrevistados sobre a abordagem da variação linguística. Duas hipóteses foram levantadas: i) os professores não estão preparados para o trabalho da Variação Linguística como uma dimensão da língua; ii) uma formação continuada pode contribuir positivamente para o trabalho do professor em relação à abordagem da variação linguística. As análises realizadas apontaram para as seguintes respostas: a) apesar de os professores apresentam conhecimentos relativos sobre a variabilidade, não estão preparados para o trabalho da Variação Linguística como uma dimensão da língua, asseverando a primeira hipótese; b) o curso “Variação linguística na escola: o que ensinar? Como ensinar?” respondeu à segunda hipótese, uma vez que promoveu avaliações positivas sobre o ensino da língua portuguesa e a abordagem da variação linguística.
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    Estudo semântico-lexical de Foz do Iguaçu/PR - (ESeLFI)
    (2022-04-04) Galli, Michelli Cristina; Altino, Fabiane Cristina; Busse, Sanimar; Romano, Valter Pereira; Aguilera, Vanderci de Andrade; Kailer, Dircel Aparecida
    Os contextos multicultural e pluriétnico confere ao município de Foz do Iguaçu/PR traços bastante heterogêneos, mas, ao mesmo tempo, o encontro de muitos povos propicia a interação entre histórias, culturas e crenças, que aos poucos passa a ser o elo das muitas faces da localidade. Nessa perspectiva, este trabalho suscita a hipótese de que, embora Foz do Iguaçu/PR esteja alicerçada em contextos pluriétnico e multicultural é possível registrar traços comuns à fala de todos os iguaçuenses. A fim de verificar o movimento da língua portuguesa no município e confirmar, ou não, a suposição acerca do elo homogêneo, objetivou-se, a partir da distribuição social e espacial dos informantes, investigar as variantes lexicais convergentes e divergentes entre 15 pontos de inquérito, registrando-as em cartas linguísticas. Para tanto, respaldado nos princípios teóricos-metodológicos do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) e da Dialetologia Pluridimensional, este estudo conta com 55 informantes, selecionados de acordo com as variáveis i) sexo: masculino e feminino, ii) faixa-etária: GI (18 a 30 anos) e GII (50 a 65 anos) e iii) escolaridade: Ensino Fundamental, residentes em um dos 15 pontos de inquérito estabelecidos e designados conforme a relevância nos ciclos socioeconômicos da localidade. A composição do corpus é fruto das entrevistas realizadas in loco e na modalidade remota. A partir das 202 questões extraídas do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do ALiB, bem como das 20 questões elaboradas pela autora, foi possível registrar as variantes lexicais do falar iguaçuense em seis cartas linguísticas, apresentadas nesta tese. Das 222 questões, seis são trazidas para apreciação, cinco pertencentes ao QSL do ALiB: i) “1. um rio pequeno, de uns dois metros de largura?”; ii) “18. uma chuva bem fininha?”; iii) “38. o dia que foi antes de _______?”; iv) “87. aquele bicho que dá em esterco, em pau podre?”; v) “175. Como se chama o objeto que fica nas paredes e serve para acender a lâmpada?”. E uma do questionário elaborado exclusivamente para o Estudo Semântico-Lexical de Foz do Iguaçu/PR (ESeLFI), inserida na área semântica de turismo de compras: i) “211. ...o trabalhador contratado informalmente, que recebe pela quantidade de vezes que atravessa a ponte transportando mercadorias do Paraguai? É a pessoa que ganha dinheiro colocando à disposição de outros o seu direito de atravessar, dentro da cota, com mercadorias do exterior? Os dados quantitativos estão dispostos em gráficos de acordo com os percentuais extraídos do programa SGVCLin (ROMANO, SEABRA, OLIVEIRA, 2015). Quanto à distribuição diatópica, utilizando a mesma ferramenta computacional, as variantes obtidas como respostas às questões supracitadas são apresentadas em mapas linguísticos. Com intuito de identificar as definições e as entradas das variantes em dicionários de Língua Portuguesa, elegeram-se três dicionários online, i) Aulete Digital; ii) Aurélio Digital e iii) Michaelis On-line. São expostas, ainda, discussões acerca das variantes coincidentes do Estudo Semântico-Lexical de Foz do Iguaçu/PR (ESeLFI) e do Atlas Linguístico do Paraná (ALPR), Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), Um Estudo Geossociolinguístico da Fala do Oeste do Paraná (BUSSE, 2010) e do Atlas Linguístico Etnográfico da Região Sul (ALERS). Após a análise dos dados, e ao término desta tese, conclui-se que, mesmo em contexto multicultural e plurilíngue, em Foz do Iguaçu/PR o elo homogêneo está presente na fala dos iguaçuenses, compondo, desse modo, a essência do falar iguaçuense.
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    A construção das recentes políticas estaduais de inserção de espanhol na educação básica (2017-2022) : percursos e perspectivas
    (2022-12-06) Barrios, Raquel Bicalho de Carvalho; Mateus, Elaine Fernandes; Teixeira, Wagner Barros; Santos, Jefferson Januário dos; Furtoso, Viviane Bagio; Ferreira, Cláudia Cristina
    Este estudo tem o objetivo de analisar, de modo diacrônico, os percursos e as perspectivas da construção das recentes políticas linguísticas educacionais no âmbito dos estados brasileiros, com foco no ensino de espanhol como língua estrangeira/adicional (LE/A), no recorte 2017-2021. O quadro teórico abrange reflexões sobre políticas educacionais, linguísticas e plurilíngues, movimentos sociais e análise de políticas educacionais. O percurso metodológico tem cunho qualitativo, interpretativista e se fundamenta, especialmente, na análise de conteúdo (BARDIN, 2004, 2011) e na interlocução do corpus aos referenciais teórico-analíticos do Ciclo de Políticas (BALL; BOWE; GOLD, 1992). A pesquisa tem como fontes de dados documentos legislativos, entrevista semiestruturada e questionário online. Os primeiros incluem 18 textos legais de três tipos: 5 leis e 13 projetos (de leis e de emendas constitucionais) situados em 12 estados. As entrevistas foram realizadas com 14 envolvidos com o movimento Fica Espanhol ou representantes deste coletivo em dois estados com leis estaduais vigentes com foco no ensino da LE/A em questão (RS e PB). O questionário foi aplicado junto aos representantes deste mesmo coletivo nas diferentes unidades federativas do país (com exceção daquelas que não possuíam representação no momento de geração de dados – como Amapá - ou que já haviam sido contempladas por meio das entrevistas – RS e PB) e respondido por 3 participantes (SP, RJ, RR). Os principais dados obtidos, após a análise de conteúdo do corpus e sua a interlocução com o Ciclo de Políticas, evidenciam que as políticas investigadas têm assumido percursos diversos, com semelhanças e divergências e envoltos por elementos preponderantes que registram os mecanismos que permeiam sua construção. A identificação destes elementos foi pautada pelas particularidades dos Contextos do Ciclo e indicam, portanto, as influências atreladas às políticas, os aspectos que as constituem e as caracterizam como textos, as dificuldades de sua implementação, os impactos já observados e as estratégias colocadas em prática para superar as desigualdades geradas.
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    Inglês musical: educação linguística transdisciplinar na infância por meio do gênero canção contemporânea POP
    (2024-04-26) Ferreira, Otto Henrique Silva; Tonelli, Juliana Reichert Assunção; Ferraz, Daniel Mello; Cristovão, Vera Lúcia Lopes; Brener, Fernanda Machado; Archanjo, Renata
    O campo da linguística aplicada (LA) vem passando por transformações motivadas pelo surgimento de outras formas de visualizar e propor soluções que envolvem a linguagem e as relações humanas, que vêm sendo postas em discussão por autores na área (CELANI, 1992; MOITA LOPES, 2006, 2009; ARCHANJO, 2011). Com este movimento de transformação se evidencia a transdisciplinaridade, que abre espaço para práticas que possibilitem a professores e alunos romperem barreiras impostas pelo sistema educacional, tanto em relação às áreas de ensino, quanto aos próprios ambientes onde são promovidas interações e a aprendizagem (PENNYCOOK, 2006; SÃO PEDRO, 2016; FERRAZ, 2018; KLEIMAN; VIANNA; DE GRANDE, 2019). Em busca de oferecermos uma educação linguística de qualidade em língua inglesa (LI) (KAWACHI-FURLAN; TONELLI, 2021; TONELLI, 2023) e linguagem musical (LMs) (MED, 1996) com crianças (MALTA, 2019), estabelecemos o objetivo geral de investigarmos como atividades transdisciplinares organizadas em uma sequência didática (SD) (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2011) do gênero canção contemporânea pop (CCP) (AMMER, 2004; LENKA, 2009) podem colaborar para a educação linguística em LI e LMs com crianças, levantando questionamentos a respeito dos espaços para o desenvolvimento das capacidades de linguagem (CL) (DOLZ; PASQUIER; BRONCKART, 1993; CRISTOVÃO, 2013; JOAQUIM DOLZ [...], 2015) e da propulsão do engajamento textual (DOLZ; GAGNON; DECÂNDIO, 2010; TONELLI, 2012) de alunos de uma turma de quarto ano do ensino fundamental. Após a elaboração da SD, a aplicação foi realizada junto às crianças de oito a nove anos, com aulas ocorrendo tanto em contexto presencial, quanto remoto, tendo em vista as necessidades de adaptação (DOLZ, 2009) em função dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19 (TONELLI; KAWACHI-FURLAN, 2021). Foram transcritas as 27 aulas em que a SD foi aplicada e, considerando nosso objetivo geral e nossas perguntas de pesquisa, analisamos as transcrições em busca de indícios da transdisciplinaridade, mobilização dos elementos da LMs, desenvolvimento das CL e do engajamento textual dos alunos. A partir dessa análise qualitativa-interpretativista (DENZIN; LINCOLN, 2006; DÖRNYEI, 2006), propomos constituintes que representam as relações entre capacidades e elementos transdisciplinares (CEC), destacando a importância da transdisciplinaridade para a educação linguística em LI e LMs junto às crianças. A partir do nosso referencial, foram analisados 16 excertos de interações que ocorreram durante as aulas e três imagens de atividades realizadas pelos alunos, nos quais percebemos indícios dos CEC. Ademais, foi realizada uma análise quantitativa (MICHEL, 2005) por meio da qual organizamos quatro gráficos em que representamos a reincidência dos constituintes no decorrer das aulas de aplicação da SD. Por fim, concluímos que as relações transdisciplinares propulsionadas pela utilização de uma SD elaborada em torno do gênero CCP podem colaborar para a educação linguística em LI e LMs com crianças, tendo a importância da transdisciplinaridade sido constatada por meio das aparições significativas dos CEC nas aulas realizadas.
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    As cidades do café e suas narrativas : um percurso semântico-enunciativo da nomeação no norte do Paraná
    (2021-02-04) Satil, Julianne Rosy do Valle; Joanilho, Mariângela Peccioli Galli; Oliveira, Sheila Elias de; Santos, Adilson dos; Panichi, Edina Regina Pugas; Altino, Fabiane Cristina
    Nossa pesquisa debruça-se sobre o ato de nomeação de cidades do Norte do Paraná, para tanto, consideramos narrativas assumidas como discurso oficial por órgãos governamentais. O recorte operado envolve os territórios nomeados durante o Ciclo do Café, período em que houve grande desenvolvimento econômico, o qual foi impulsionado pela atuação de empresas privadas, companhias estrangeiras que lotearam e comercializaram terras em toda a região. Partindo dos nomes próprios, buscamos observar e compreender os sentidos instaurados e movimentados pela designação, processo enunciativo tomado na história, que se define como construção do sentido de um nome. Como suporte, utilizamos o arcabouço teórico-metodológico proposto pela Semântica do Acontecimento, perspectiva intelectual de base materialista, que reconhece a enunciação como prática política e que dialoga com a Análise de Discurso de filiação francesa, Filosofia da Linguagem e Semântica Argumentativa. Pensando os nomes de cidade como enunciados e o mapa como texto, defendemos que as contribuições da semântica enunciativa proposta por Eduardo Guimarães nos conduzem à percepção de que o nomes próprios não classificam, mas identificam os espaços nomeados (Rancière, 1994), conferindo-lhes existência histórica. Nessa direção, o mapa ultrapassa sua função óbvia, a de ferramenta de localização e de representação territorial, e torna-se elemento que significa, recortando memórias e inscrevendo-se na história (Guimarães, [2002]2005a). Por meio do estudo que desenvolvemos, constatamos que os nomes se constituem por tensões de sentido, repercutindo enfrentamentos e desigualdades de várias ordens. Os nomes consistem em pontos de convergência entre historicidade e processos ideológicos, materializando, dessa maneira, a condição simbólica da linguagem.
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    Memória sensível e movimento criador na escrita dramatúrgica de Doc Comparato
    (2021-11-24) Oliveira, Livia Sprizão de; Panichi, Edina Regina Pugas; Contani, Miguel Luiz; Andrade, Otávio Goes de; Oliveira, Esther Gomes de; Salles, Cecília Almeida; Reynaud, Maria João
    Esta tese utiliza fundamentos da Crítica Genética para analisar o processo de criação textual do dramaturgo brasileiro Doc Comparato. O ponto central do corpus é a Trilogia da Imaginação, um conjunto de textos teatrais em closet drama. Observamos mais de duzentos fólios - compostos basicamente por manuscritos - além da biblioteca pessoal, registros de memórias e entrevistas. Livros, roteiros e argumentos do autor, inéditos ou não, foram considerados parte do acervo do que convencionamos chamar de documentos de processo, ou seja, peças que nos ajudam a compreender o movimento criador. Utilizamos a Estilística para identificar nas escolhas de Comparato seu estilo de gênese, sua marca individual no processo de escrita e suas preferências estéticas. Neste trabalho, trataremos das metamorfoses textuais de um escritor para quem a criatividade é uma espécie de texto primal, a grande questão em aberto que o impulsiona na busca pela expressão. Dividimos a tese em três partes, sendo que as duas primeiras são dedicadas à fundamentação teórica. Na terceira, traçamos uma breve biografia do autor, seguida de um recorte de manuscritos oriundos de diferentes trabalhos de Comparato, que nos auxiliaram a compreender melhor as remanências entre os movimentos de criação textual, até adentrarmos à Trilogia da Imaginação. Na análise da primeira peça, Sempre, encontramos manuscritos da fase pré-redacional. Com base na pesquisa contextual, ligamos as notas registradas nos rascunhos às possíveis origens das ideias trabalhadas e relacionamos tais ideias ao texto final, mantendo o texto publicado como norte dessa busca. No segundo processo, relativo à Jamais, temos manuscritos da fase redacional. Caracterizamos procedimentos de experimentação, tais como rasuras, substituições, acréscimos, deslocamentos e supressões no texto até chegar à versão considerada final. No terceiro processo, relativo à peça Eterno, resgatamos manuscritos das fases pré-redacional, redacional e também uma metamorfose entre formatos, do texto teatral publicado para a gênese de um roteiro cinematográfico. Chegamos a um estilo de gênese metódico, que busca o controle da forma por meio da escolha de palavras evocatórias, com um denso potencial imagético.
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    O ensino de língua portuguesa sob a perspectiva da sociolinguística educacional : um olhar para as escolas públicas de Londrina-PR
    (2021-06-15) Assis, Álida Laryssa Espozetti de; Baronas, Joyce Elaine de Almeida; Cox, Maria Inês Pagliarini; Almeida, Paulo Roberto; Altino, Fabiane Cristina; Santana, Andreia da Cunha Malheiros
    Compreender a escola como um espaço heterogêneo é fato indiscutível; da mesma maneira, é inegável a existência da variação linguística neste ambiente, contudo, o ensino de Língua Portuguesa, muitas vezes, não abrange esse fenômeno. Neste contexto, e com base nos pressupostos teóricos da Sociolinguística Educacional, esta pesquisa busca compreender qual concepção linguística embasa o ensino de Língua Portuguesa, em escolas públicas da cidade de Londrina-PR. Para tanto, os seguintes objetivos foram traçados: (i) Conferir a abordagem utilizada pelos professores nas aulas de Língua Portuguesa; (ii) Observar como ocorre a pluralidade linguística durante as aulas de Língua Portuguesa; (iii) Apurar a crença dos professores a respeito do ensino de Língua Portuguesa; (iv) Averiguar a compreensão dos alunos a respeito da relação entre gramática e língua; (v) Verificar os documentos oficiais utilizados por professores e escolas. Assim, três corpus foram analisados para o cumprimento dos objetivos: Documentos oficiais (PCN - Parâmetros curriculares nacionais; PPP - Projeto político pedagógico); observação de aulas; respostas a questionários aplicados aos professores aos alunos. A análise dos dados coletados esclarece que os estudos sociolinguísticos estão presentes nos documentos oficiais e nas respostas aos questionários dos professores, contudo, expõe práticas que divergem do esperado.
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    Os contextos de influência e de produção de textos no âmbito do programa "Novos Talentos" : a realização de uma política de aproximação universidade-escola na área de língua inglesa
    (2019-12-20) Barcaro, Carla Fabiana; Gimenez, Telma Nunes; Grassano, Denise Ismênia Bossa; Mello, Diene Eire; Mateus, Elaine Fernandes; Cristóvão, Vera Lúcia
    O objetivo desta pesquisa foi analisar a instanciação de uma política pública de aproximação universidade-escola como espaço de (re)produção de discursos sobre inclusão em mundo globalizado por meio da língua inglesa e tecnologias de informação e comunicação. Os documentos analisados partiram do subprojeto “Para inserção em um mundo globalizado: utilizando recursos tecnológicos no ensino e aprendizagem de inglês”. Ao configurar-se como uma pesquisa documental de cunho “ex post facto” (COHEN, MANION, 1994) e pela perspectiva teórica analítica de que políticas são textos e discursos que se mesclam mutuamente (BALL; BOWE, 1992; BALL, 1994; MAINARDES, 2006), o estudo teve os seguintes objetivos específicos: 1)Descrever o subprojeto PIEMG como uma proposta situada no âmbito do programa Novos Talentos; 2) Identificar o grau de (des)alinhamento do PIEMG às expectativas do programa Novos Talentos; 3) Verificar se os discursos mobilizados para justificar o foco do PIEMG (re)produziram representações hegemônicas da Língua Inglesa e 4) Verificar se os materiais didáticos produzidos para as oficinas são coerentes com os discursos mobilizados pelas propostas do PIEMG. Os dados revelam um estreito alinhamento dos textos dos subprojetos com as expectativas da CAPES explicitados nos editais. Mostrou, também, a reverberação de representações hegemônicas da Língua Inglesa no contexto de produção dos textos e a coerência dos discursos mobilizados pelo subprojeto com aqueles encontrados nos materiais didáticos produzidos para orientar as ações do subprojeto.
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    Subfalar nordestino em foco : proposta de subdivisão da demarcação de nascentes (1953) a partir de dados lexicais do projeto ALiB
    (2024-03-25) Serra, Flávia Pereira; Aguilera, Vanderci de Andrade; Ribeiro, Silvana Costa; Romano, Valter Pereira; Santos, Georgiana Márcia Oliveira; Altino, Fabiane Cristina
    A divisão dialetal elaborada por Nascentes (1953) destaca-se por ser um dos grandes marcos da Dialetologia no Brasil, na qual o pesquisador, por meio da observação de um fenômeno fonético-fonológico e aspectos prosódicos, dividiu o Brasil em falar do Norte, que se subdivide nos falares amazônico e nordestino, e do Sul, subdividido em falares baiano, fluminense, mineiro, sulista, além do território incaracterístico. Essa divisão tem sido referência de estudo para vários pesquisadores que buscam verificar a pertinência dessa proposta, principalmente por meio da distribuição diatópica de itens lexicais. Dentre esses trabalhos, destacamos Ribeiro (2012), que investigou a área do Subfalar Baiano; Portilho (2013) e Souza (2021), cujo foco foi o Subfalar Amazônico; Romano (2015), Subfalar Sulista; Cuba (2015), Território incaracterístico; D’Anunciação (2016), Subfalar Mineiro, Santos (2016), Subfalar Fluminense; e Santos (2018), o Subfalar Nordestino. Apesar de este último – Subfalar Nordestino – ter sido estudado por Santos (2018), por meio da análise de itens lexicais do campo semântico Jogos e Diversões Infantis (Questionário Semântico-lexical (QSL) do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB)) (Comitê..., 2001, p. 34), a autora destacou a necessidade de fazer um estudo mais aprofundado do falar da região, abrindo margem para este trabalho, que propõe demonstrar a heterogeneidade dialetal do Subfalar Nordestino e uma possível subdivisão da área, com base em um conjunto de dados lexicais do mesmo Projeto. A pesquisa fundamenta-se nos princípios teórico-metodológicos da Dialetologia e Geolinguística (Nascentes, 1958; Ferreira, Cardoso, 1994; Cardoso, 2010). Metodologicamente, foram tratados os registros contantes do acervo do Projeto ALiB, dados referentes a quatro questões do QSL, que investigam as variantes dos itens tangerina (QSL 039), bananas gêmeas (QSL 043), galinha d’angola (QSL 067) e libélula (QSL 085). A fim de tornar possível a análise de toda área do Subfalar Nordestino, juntamente com sua área de entorno, foram analisados dados de 68 localidades, dentre capitais e cidades do interior, que compõem a rede de pontos linguísticos do ALiB, distribuídos pelos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e parte do Tocantins, Sergipe, Bahia e Pará. No total, foram considerados dados de 272 informantes de nível básico (que tenham estudado até o Ensino Fundamental incompleto), quatro por localidade, estratificados segundo sexo (homem e mulher) e faixa etária (Faixa I, 18 a 30 anos, e Faixa II, 50 a 65 anos). Após a catalogação dos dados, foram elaboradas cartas linguísticas, com auxílio do programa computacional [?GVCLin] (Seabra, Romano, Oliveira, 2014-15). A análise dos dados evidencia a heterogeneidade lexical do Subfalar Nordestino, além de indicar a existência de duas subáreas, Subfalar Nordestino ocidental, que corresponde ao MA e PI, e Subfalar Nordestino oriental, composta pelos estados do litoral leste RN, PB, PE e AL; e uma área de transição, correspondente à área central do subfalar, ocupada principalmente pelo CE e pontos adjacentes.
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    Descrição dos róticos em ataque silábico na Região Sul do Brasil : um estudo (Geo)sociofonético com dados do projeto ALiB
    (2024-07-08) Scabori, Kauana; Kailer, Dircel Aparecida; Altino, Fabiane Cristina; Silveira, Marcelo; Oliveira, Almir Almeida de; Silva Júnior, Leônidas José da
    Na posição de ataque silábico, as variantes róticas comumente realizam-se tanto em configurações silábicas simples ([ˈɦɔ.zɐ]) quanto complexa ([tɾa.ba.ˈʎaɻ]). Semelhante a outros fenômenos linguísticos descritos e mapeados no português falado do Brasil (PB) pelo Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), notou-se que a realização rótica (representada pela abstração simbólica /R/) também se mostra passível de variação em contexto inicial ([ɾeˈmãdʊ]) e medial ([boˈɣaʃɐ]) no léxico oralizado. Nos dados do ALIB, inexiste a investigação para o /R/ em ataque CV atrelado ao contexto dos Discursos Semidirigidos para os três Estados da Região Sul do Brasil. Neste sentido, a presente tese alicerça-se nos postulados da Dialetologia Pluridimensional (Thun, 1998, 2005), Sociolinguística Variacionista Quantitativa (Labov, 1994, 2008 [1972]), por conseguinte na Geossociolinguística (Razky, 2003), e na Fonética Articulatória e Acústica (Barbosa; Madureira, 2015; Silva et al., 2019). Esta tese, ao colocar-se como mais uma contribuição sistemática à questão do multifacetado /R/ em ataque, apresenta como objetivo geral registrar e investigar a produtividade das variantes róticas em posição de ataque silábico no falar de moradores de algumas localidades da Região Sul do Brasil. Para alcançar tal objetivo, os objetivos específicos foram os seguintes: (i) identificar as variantes róticas realizadas em ponto articulatório anterior e posterior no falar de alguns moradores da Região Sul do Brasil; (ii) investigar a atuação dos fatores linguísticos (posição do rótico na palavra, classe morfológica e a vogal da sílaba alvo) e extralinguísticos (sexo, faixa etária, localidade, contexto de produção de fala e a profissão), a partir do favoritismo entre uma ou outra variante rótica contemplada na fala de moradores do Sul brasileiro; (iii) analisar se existem indícios e/ou pistas quanto ao processo de posteriorização – terminologia incorporada ao PB por Callou (1987, 2015) para tratar das realizações no aparelho fonador localizada na parte de trás da cavidade bucal, isto é, depois do palato duro – nas vinte e nove localidades investigadas da Região Sul; e (iv) produzir e verificar se existem vestígios ou marcas de áreas isófonas, a partir de cartas fonéticas, que contemplam as realizações róticas e ilustram se ocorre isoglossia para o fenômeno investigado (/R/ em ataque). A metodologia adotada para esta tese define-se pelo critério de natureza quantitativa da pesquisa descritiva, com a seleção de 29 localidades interioranas do Sul brasileiro, compostas pela participação de 116 entrevistados inquiridos pelos membros do Projeto ALiB. O cômputo para 6.147 ocorrências róticas, recortadas de dados provenientes da fala, referem-se às seguintes partes do Questionário ALiB (COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALIB, 2001): QFF, DSM e Leitura. Para o processo de posteriorização, sugestionado por Brescancini e Monaretto (2008) e demais autores, o resultado aponta que, embora tenha ocorrido a posteriorização na maior parte dos municípios sulistas, persistem realizações expressivas para o tepe alveolar e vibrante múltipla em Cândido de Abreu (PR) e Flores da Cunha (RS), concomitante com as variantes posteriores, como forma de caráter identitário na manutenção de róticos atrelados à construção da cultura étnica de imigrações europeias na região em análise. Revelou-se, portanto, a centralização de variantes anteriores no interior dos estados sul brasileiros, em uma faixa que cobre o Sul do Paraná, Oeste de Santa Catarina e Norte do Rio Grande do Sul, e o uso mais recorrente das fricativas posteriores nos extremos em direção ao centro desses estados.
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    Proposta lexicográfica de um glossário de gírias mexicanas na direção espanhol-português
    (2024-07-02) Salatini, Ana Carolina Moreira; Andrade, Otávio Goes de; Durão, Adja Balbino de Amorim Barbieri; Ferreira, Tatiana Helena Carvalho Rios; Altino, Fabiane Cristina; Ferreira, Claudia Cristina
    Como qualquer outro idioma, o espanhol apresenta variações em diferentes níveis do sistema linguístico. No nível léxico, encontramos a gíria, manifestação tipicamente informal e oral (Preti, 2006; Rector, 1994) que, embora presente em diversas situações comunicativas, têm, comumente, sua realização atrelada aos jovens. Partindo dessas premissas, a presente tese visa à elaboração de um glossário bilíngue unidirecional espanhol-português de gírias mexicanas extraídas dos livros Quiúbole con… Manual de supervivencia para hombres (Rosado; Vargas, 2016a) e Quiúbole con…un libro para adolescentes, chicas, niñas o como quieras llamarles (Rosado; Vargas, 2016b), uma exitosa coleção, destinada ao público juvenil. Para isso, estipulamos os seguintes objetivos específicos: a. suscitar reflexões acerca das variações linguísticas da língua espanhola, em especial, da variedade mexicana; b. apresentar as teorias relacionadas às gírias e à sua relevância na linguagem cotidiana; c. selecionar gírias da variação mexicana do espanhol presentes na coleção Quiúbole con… (Rosado; Vargas, 2016ab) para compor o glossário; d. verificar se e como as gírias coletadas estão dicionarizadas, tendo como base dicionários monolíngues, todos em suas edições virtuais; e. elaborar um modelo de ficha lexicográfica para o registro, organização e análise das gírias selecionadas e das informações obtidas por meio dos dicionários; f. fundamentar e criar a micro e a macroestrutura do glossário; g. disseminar parte do acervo vocabular gírio aos estudiosos da área de Língua Espanhola e à sociedade em geral. Os pressupostos teóricos-metodológicos adotados provêm dos estudos sociolinguísticos sobre a variação linguística (Moreno Fernández, 2009; Silva-Corvalán, 2001), a gíria (Preti, 1984, 2006, 2006; Rector, 1994) e a Lexicografia (Biderman, 2001; Martínez de Sousa, 2009). A metodologia proposta - qualitativa, bibliográfica e interpretativista - está dividida em: leitura das obras para seleção dos candidados a lema; busca das unidades léxicas e fraseológicas selecionadas em dicionários monolíngues gerais e que tratam do espanhol mexicano; elaboração e preenchimento das fichas lexicográficas; e redação do glossário. Direcionado ao público brasileiro, com pouco ou nenhum nível de conhecimento linguístico do espanhol, o produto aplicado da pesquisa possui 150 verbetes, organizados em ordem alfabética e compostos por informação gramatical, definição em língua portuguesa, abonação, equivalente, sugestão de tradução da abonação e nota. Esperamos também contribuir para os estudos da área da Língua Espanhola, da Lexicografia e da Sociolinguística, bem como fornecer subsídios aos tradutores, professores, estudantes e demais interessados na língua espanhola, principalmente, no que se refere à variedade mexicana do idioma.
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    Percepções e atitudes linguísticas no Norte e Nordeste com dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil-ALiB
    (2024-04-25) Moratto, Juliana; Aguilera, Vanderci Andrade; Mota, Jacyra Andrade; Silva, Greize Alves da; Botassini, Jacqueline Ortelan Maia; Altino, Fabiane Cristina
    Os falantes da língua portuguesa têm suas próprias percepções sobre a língua que falam, observam diferenças fonéticas, lexicais, sintáticas, entre outras, de falares diferentes do seu. Identificam, principalmente, traços linguísticos com características regionais, atribuem a elas valores e avaliações, expõem suas percepções e atitudes linguísticas. Esta tese tem por objetivo investigar, por meio do banco de dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), o que os informantes do interior das Regiões Norte e Nordeste pensam sobre as variedades do português. As reflexões partem das questões metalinguísticas 4 e 5 (4 – Em outros lugares do Brasil, fala-se diferente daqui? 5 – Poderia dar um exemplo do modo como falam em outros lugares do Brasil?), pertencentes ao questionário do Projeto. Os pontos analisados compreendem 87 localidades do interior, sendo 18 delas referentes à Região Norte e 69 à Região Nordeste. O corpus é formado pelas respostas dos 348 informantes, sendo 72 da Região Norte e 276 da Região Nordeste, estratificados por faixa etária entre 18 e 30 anos (faixa I) e entre 50 e 65 anos (faixa II), todos com escolarizados até o nível fundamental I – concluído ou não, dos quais 50% são do sexo masculino e 50% do sexo feminino. Os resultados coletados da questão 4 indicam que mais de 99% dos informantes, de ambas as regiões, reconhecem a existência de outras variedades. A análise da Questão 5 sugere que os informantes da Região Norte mencionaram variedades linguísticas relacionadas a diferentes regiões e estados, com destaque para o termo sotaque, adjetivação, outras referências de natureza fonética e à grupos indígenas. Foram identificadas 126 ocorrências de variedades linguísticas mencionadas pelos 72 informantes. A análise das percepções dos informantes incluiu aspectos como foco regional, sotaque, adjetivação atribuída aos diferentes falares, fenômenos fonéticos, referências linguísticas e alusão a grupos indígenas. A percepção da diversidade de falas está relacionada à identidade do falante e do grupo ao qual pertence. Os gentílicos mais frequentes na Região Norte foram agrupados em Nortista, Nordestino, Sulista, Sudestino e Centro-Oestino para análise. As variedades do Norte revelaram uma interação entre capital e interior nos estados do Amazonas e do Pará. As variedades nordestinas foram percebidas pelos informantes através dos gentílicos relacionados a essa região. As variedades sulistas e sudestinas foram identificadas através dos gentílicos sulista, gaúcho, carioca, paulista, catarinense, mineiro e capixaba. As percepções relacionadas à fala centro-oestina dizem respeito aos gentílicos goiano, mato-grossense, cuiabano, brasiliense e anapolino. Além das localidades de origem das variantes, outras referências linguísticas como sotaque e adjetivação foram apontadas pelos informantes. Também foram mencionadas características fonéticas e léxicas específicas de algumas variedades. A presença das línguas indígenas na Região Norte também foi enfatizada. As percepções dos informantes nortistas refletem a construção sócio-histórica e econômica da região, que recebeu trabalhadores de diversas regiões do país e teve contato com inúmeras variedades e culturas. No Nordeste, as percepções linguísticas também são influenciadas por migrações, crescimento de centros urbanos e a construção de Brasília. Os informantes nordestinos destacam as variedades linguísticas do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, enquanto as variedades do Norte e Nordeste são identificadas por meio dos seus próprios regionalismos. As ocorrências do Norte são influenciadas pela ocupação de terras e exploração da borracha e do garimpo, enquanto as do Nordeste estão relacionadas aos movimentos demográficos internos e às secas. Além disso, o texto menciona as variedades com sotaque em cada região e outras características linguísticas, como adjetivação, fonética, léxico e gírias, com destaque para a variedade paulista presente nas respostas da maioria dos informantes nordestinos.
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    A sociolinguística educacional nos cursos de pedagogia das universidades estaduais do Paraná
    (2024-04-22) Carvalho, Geovana Lourenço de; Almeida, Joyce Elaine de; Duarte, Patrícia Cristina de Oliveira; Silva, Flávio Brandão; Malheiros, Andreia Cunha; Altino, Fabiane Cristina
    A sociolinguística educacional é um campo de pesquisa que tem trazido para a educação estratégias de valorização da diversidade linguística, com a preocupação de preservar os direitos e a identidade dos alunos, por meio de ações que aumentem a criticidade no processo de ensino e aprendizagem desde os anos iniciais do ensino fundamental. A partir desse pressuposto, nossa tese objetiva investigar o tratamento dado à variação linguística, sob a ótica da sociolinguística educacional, nos cursos de Pedagogia das sete universidades estaduais do Paraná, com a finalidade de constatarmos se esses cursos e suas grades curriculares contemplam o presente campo de ação. Além disso, aplicamos um questionário on-line sobre crenças e atitudes linguísticas com os alunos formandos do curso em questão, para entendermos suas crenças e suas atitudes linguísticas e como eles abordariam a variação da língua nas aulas de língua portuguesa. Para tanto, apoiamo-nos nos estudos da sociolinguística educacional, principalmente nos de Bortoni-Ricardo (2011, 2006, 2005, 2004), de Cyranka (2015, 2018) e de Faraco (2008). Apresentamos uma pesquisa de abordagem predominantemente qualitativa, na qual desenvolvemos uma pesquisa exploratória com análises qualitativa e quantitativa de dados. Diante disso, pudemos destacar lacunas a respeito do tratamento da variação linguística tanto nos documentos oficiais nacionais e de regulamentação dos cursos quanto nas crenças e nas atitudes linguísticas dos formandos. Os dados desta tese apontam para a necessidade de um trabalho sociolinguístico efetivo na grade curricular dos cursos de Pedagogia no estado do Paraná, a fim de proporcionarem uma abordagem variacionista da língua desde os anos iniciais no ensino de língua materna.
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    A variação linguística nos cursos de Letras-Libras da Região Sul do Brasil: percepções e reflexões
    (2024-03-27) Zappielo, Fabíola Grasiele; Almeida, Joyce Elaine de; Ribeiro, Daniela Prometi; Silva, Flávio Brandão; Aguilera, Vanderci de Andrade; Altino, Fabiane Cristina
    Com o objetivo de verificar se os cursos de Letras-Libras capacitam os estudantes para o exercício de sua função fundamentados nos princípios da Sociolinguística Educacional, esta tese, de caráter exploratório, traz discussões acerca da variação linguística da Libras, tendo em vista Surdos e ouvintes usuários dessa língua. Para cumprir com o objetivo, foram analisados os Projetos Políticos dos Cursos de Letras-Libras de três das universidades federais da Região Sul e, em seguida, questionários foram encaminhados para os docentes dessas universidades e para os alunos da UFSC. Ao final da pesquisa, identificamos que: (i) as três Universidades não abordam a variação linguística da Libras nos objetivos do curso expressos no PPC; (ii) apenas uma delas oferta uma disciplina que se dedica inteiramente ao tema pesquisado e (iii) nenhuma delas desenvolve projetos de pesquisa ou extensão sobre a Sociolinguística Educacional. Sobre os resultados obtidos mediante os Questionários aplicados aos professores, verificamos que esses docentes são comprometidos com o tema, abordando-o ao longo de outras discussões em sala de aula. Com os alunos, houve grande discussão sobre o tema durante a resposta dos questionários, muitos apresentando crenças linguísticas sobre a Libras e seus usuários, refletindo atitudes linguísticas em seus discursos.
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    Mediação e subjetividade: a autoficção de Bartolomeu Campos de Queirós como espelho do eu leitor
    (2024-02-26) Oliveira, Denise da Silva de; Lima, Sheila Oliveira; Oliveira, Marilu Martens; Panichi, Edina; Santana, Andréia da Cunha Malheiros; Oliveira, Vanderléia da Silva
    Conduzida no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina, com ênfase em Linguagem e Educação, esta tese examina a leitura como uma atividade inerentemente subjetiva, ressaltando a importância de um ensino de leitura que valorize a individualidade do leitor. Focada nos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, a pesquisa procura entender como a singularidade leitora pode ser realçada nessa etapa educacional. O objetivo é explorar as interações a partir de conceitos de mediação literária sob o prisma da subjetividade leitora, a partir das obras de Bartolomeu Campos de Queirós – Ciganos, Indez, Ler, escrever e fazer conta de cabeça, O olho de vidro do meu avô, Por parte de pai e Vermelho amargo –, examinadas à luz da autoficção. A metodologia combina abordagens dedutivas e indutivas, facilitando a análise e interpretação dos dados ao longo da investigação. Inclui-se uma revisão bibliográfica sobre a escrita do eu e a fortuna crítica de Queirós, além de discutir teorias pertinentes ao ensino de leitura. A pesquisa detalha também a realização de uma oficina de leitura literária com alunos do 8º e 9º anos em uma escola estadual de Cornélio Procópio. Os resultados sugerem que uma mediação de leitura a qual implique mais efetivamente o leitor promove um envolvimento profundo no ato de ler, ampliando a autonomia leitora e o engajamento com os textos a partir de suas experiências pessoais e expectativas.
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    Letramentos acadêmico-científicos: movimentos pedagógicos, instrumentos mediadores e trajetórias histórico-culturais
    (2024-04-04) Drogui, Amábile Piacentine; Cristovão, Vera Lúcia Lopes; Ladino, Mónica Tapia; Kraemer, Márcia Adriana Dias; Zorzo-Veloso, Valdirene Filomena; Tonelli, Juliana Reichert Assunção
    Devido à sua complexidade, as atividades constitutivas do contexto acadêmico-científico tornam-se, em várias ocasiões, desmotivadoras para os(as) estudantes. Imersas em uma conjuntura educativa que apresenta demandas relacionadas aos letramentos acadêmicos, e preocupadas em dar nossa contribuição, propusemo-nos a realizar uma pesquisa intervencionista, com o objetivo de explicar movimentos pedagógicos e instrumentos mediadores que possam contribuir para a apropriação de propriedades constitutivas do agir acadêmico-científico. Fundamentamo-nos nos pressupostos teóricos do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 2006, 2012, 2022), da perspectiva histórico-cultural (Vygotsky, 2000, 2007, 2015; Lantolf, 2000; Smagorinsky, 2012), dos Novos Estudos de Letramento (Lea; Street, 2014) e de vários(as) outros(as) pesquisadores(as) que nos antecedem na busca por respostas e caminhos para atender às demandas do contexto acadêmico-científico. Filiadas ao paradigma Teórico Crítico (Lincoln; Guba, 2006), geramos os dados em um curso de extensão destinado aos agires de pesquisa e à produção de gêneros textuais/multimodais acadêmico-científicos em língua espanhola, vinculado ao projeto Internacionalização em Atividades de Letramentos Acadêmicos (IALA), coordenado pela professora-pesquisadora, na Universidade Estadual do Paraná (Unespar). O curso contou com dezoito participantes, iniciantes em pesquisa, e com a presença de uma professora convidada, da Facultad de Lenguas da Universidad Nacional de Córdoba – Argentina, e de um professor convidado, do Curso Letras Espanhol da Unespar/Câmpus de Apucarana. As análises centram-se em transcrições de momentos de interação e em produções textuais/multimodais elaboradas, em língua espanhola, pelos(as) alunos(as) durante o curso supracitado. Os resultados apontam que: 1) movimentos pedagógicos fundamentados na abordagem histórico-cultural podem contribuir para que iniciantes em pesquisa se apropriem de propriedades constitutivas do contexto acadêmico-científicos; 2) a trajetória histórico-cultural de cada estudante incide sobre o modo como ele(a) internaliza as coordenadas formais coletivas do contexto acadêmico-científico e encontra o motivo para agir; 3) os modelos a serem “imitados” precisam ser adequados ao “nível de desenvolvimento” dos(as) estudantes; 4) falar sobre a pesquisa em andamento, em ambientes formais e informais, pode auxiliar na (re)formulação do pensamento e no desenvolvimento de capacidades para agir no contexto acadêmico-científico; 5) o meio acadêmico é marcado por instrumentos físicos e psicológicos que possibilitam, facilitam, orientam e medeiam as agires de pesquisa, de estudo e de disseminação dos resultados; 6) um curso de extensão pode contribuir na medida em que insere os(as) estudantes em práticas reais do contexto dos letramentos acadêmico-científicos e 7) a falta de um motivo/necessidade/sentido para agir incide sobre o comportamento do(a) aprendiz em relação à (não) apropriação dos conceitos teóricos e das propriedades coletivas indispensáveis parar tornar-se um(a) agente no contexto acadêmico-científico. Cientes de que as propriedades constitutivas dos diferentes campos de atividade humana não são estáticas, faz-se necessário seguir estudando os diferentes fenômenos que incidem sobre os processos de (não-) apropriação das capacidades para agir no contexto acadêmico-científico. A produção de conhecimento, via pesquisa científica, precisa fazer sentido para todos(as) os(as) envolvidos(as).