01 - Doutorado - Estudos da Linguagem
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Item Formação docente e ensino de gramática : por uma pedagogia da variação linguística na escola(2024-03-22) Calicchio, Fátima Christina; Almeida, Joyce Elaine de; Altino, Fabiane Cristina; Silva, Flávio Brandão; Antônio, Juliano Desiderato; Silveira, MarceloNo contexto escolar brasileiro, o ensino de Língua Portuguesa enfatiza os aspectos cunhados pela tradição gramatical, ao privilegiar o ensino de regras e conceitos gramaticais de maneira formal e prescritiva, cuja prática tem sido motivo de preocupação e de estudos de pesquisadores na área da Linguística, especialmente na área da Sociolinguística, pelo fato de apresentar um distanciamento da realidade linguística brasileira. Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral promover uma aproximação entre os estudos desenvolvidos na área da Sociolinguística Educacional e a prática da sala de aula sob o formato de uma formação continuada aos professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II do Núcleo Regional de Ensino (NRE) de Maringá. Para isso, realizou-se uma pesquisa de natureza exploratória do tipo colaborativa, utilizando-se, para observação dos fenômenos linguísticos, três instrumentos para geração de dados e de análise: um Questionário Diagnóstico, um Questionário Avaliativo e a Proposta Didática, respondidos pelos professores participantes da pesquisa, a partir do Curso de Formação Continuada. Os dados gerados pelos instrumentos foram coletados via formulário do Google Forms e, posteriormente, lançados em gráficos e quadros. A seguir, tais formulários foram analisados qualitativa e quantitativamente tanto em relação às Crenças e às Atitudes Linguísticas dos docentes quanto ao que se refere às habilidades relacionadas às competências metalinguísticas e aos conhecimentos dos entrevistados sobre a abordagem da variação linguística. Duas hipóteses foram levantadas: i) os professores não estão preparados para o trabalho da Variação Linguística como uma dimensão da língua; ii) uma formação continuada pode contribuir positivamente para o trabalho do professor em relação à abordagem da variação linguística. As análises realizadas apontaram para as seguintes respostas: a) apesar de os professores apresentam conhecimentos relativos sobre a variabilidade, não estão preparados para o trabalho da Variação Linguística como uma dimensão da língua, asseverando a primeira hipótese; b) o curso “Variação linguística na escola: o que ensinar? Como ensinar?” respondeu à segunda hipótese, uma vez que promoveu avaliações positivas sobre o ensino da língua portuguesa e a abordagem da variação linguística.Item Estudo semântico-lexical de Foz do Iguaçu/PR - (ESeLFI)(2022-04-04) Galli, Michelli Cristina; Altino, Fabiane Cristina; Busse, Sanimar; Romano, Valter Pereira; Aguilera, Vanderci de Andrade; Kailer, Dircel AparecidaOs contextos multicultural e pluriétnico confere ao município de Foz do Iguaçu/PR traços bastante heterogêneos, mas, ao mesmo tempo, o encontro de muitos povos propicia a interação entre histórias, culturas e crenças, que aos poucos passa a ser o elo das muitas faces da localidade. Nessa perspectiva, este trabalho suscita a hipótese de que, embora Foz do Iguaçu/PR esteja alicerçada em contextos pluriétnico e multicultural é possível registrar traços comuns à fala de todos os iguaçuenses. A fim de verificar o movimento da língua portuguesa no município e confirmar, ou não, a suposição acerca do elo homogêneo, objetivou-se, a partir da distribuição social e espacial dos informantes, investigar as variantes lexicais convergentes e divergentes entre 15 pontos de inquérito, registrando-as em cartas linguísticas. Para tanto, respaldado nos princípios teóricos-metodológicos do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) e da Dialetologia Pluridimensional, este estudo conta com 55 informantes, selecionados de acordo com as variáveis i) sexo: masculino e feminino, ii) faixa-etária: GI (18 a 30 anos) e GII (50 a 65 anos) e iii) escolaridade: Ensino Fundamental, residentes em um dos 15 pontos de inquérito estabelecidos e designados conforme a relevância nos ciclos socioeconômicos da localidade. A composição do corpus é fruto das entrevistas realizadas in loco e na modalidade remota. A partir das 202 questões extraídas do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do ALiB, bem como das 20 questões elaboradas pela autora, foi possível registrar as variantes lexicais do falar iguaçuense em seis cartas linguísticas, apresentadas nesta tese. Das 222 questões, seis são trazidas para apreciação, cinco pertencentes ao QSL do ALiB: i) “1. um rio pequeno, de uns dois metros de largura?”; ii) “18. uma chuva bem fininha?”; iii) “38. o dia que foi antes de _______?”; iv) “87. aquele bicho que dá em esterco, em pau podre?”; v) “175. Como se chama o objeto que fica nas paredes e serve para acender a lâmpada?”. E uma do questionário elaborado exclusivamente para o Estudo Semântico-Lexical de Foz do Iguaçu/PR (ESeLFI), inserida na área semântica de turismo de compras: i) “211. ...o trabalhador contratado informalmente, que recebe pela quantidade de vezes que atravessa a ponte transportando mercadorias do Paraguai? É a pessoa que ganha dinheiro colocando à disposição de outros o seu direito de atravessar, dentro da cota, com mercadorias do exterior? Os dados quantitativos estão dispostos em gráficos de acordo com os percentuais extraídos do programa SGVCLin (ROMANO, SEABRA, OLIVEIRA, 2015). Quanto à distribuição diatópica, utilizando a mesma ferramenta computacional, as variantes obtidas como respostas às questões supracitadas são apresentadas em mapas linguísticos. Com intuito de identificar as definições e as entradas das variantes em dicionários de Língua Portuguesa, elegeram-se três dicionários online, i) Aulete Digital; ii) Aurélio Digital e iii) Michaelis On-line. São expostas, ainda, discussões acerca das variantes coincidentes do Estudo Semântico-Lexical de Foz do Iguaçu/PR (ESeLFI) e do Atlas Linguístico do Paraná (ALPR), Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), Um Estudo Geossociolinguístico da Fala do Oeste do Paraná (BUSSE, 2010) e do Atlas Linguístico Etnográfico da Região Sul (ALERS). Após a análise dos dados, e ao término desta tese, conclui-se que, mesmo em contexto multicultural e plurilíngue, em Foz do Iguaçu/PR o elo homogêneo está presente na fala dos iguaçuenses, compondo, desse modo, a essência do falar iguaçuense.Item A construção das recentes políticas estaduais de inserção de espanhol na educação básica (2017-2022) : percursos e perspectivas(2022-12-06) Barrios, Raquel Bicalho de Carvalho; Mateus, Elaine Fernandes; Teixeira, Wagner Barros; Santos, Jefferson Januário dos; Furtoso, Viviane Bagio; Ferreira, Cláudia CristinaEste estudo tem o objetivo de analisar, de modo diacrônico, os percursos e as perspectivas da construção das recentes políticas linguísticas educacionais no âmbito dos estados brasileiros, com foco no ensino de espanhol como língua estrangeira/adicional (LE/A), no recorte 2017-2021. O quadro teórico abrange reflexões sobre políticas educacionais, linguísticas e plurilíngues, movimentos sociais e análise de políticas educacionais. O percurso metodológico tem cunho qualitativo, interpretativista e se fundamenta, especialmente, na análise de conteúdo (BARDIN, 2004, 2011) e na interlocução do corpus aos referenciais teórico-analíticos do Ciclo de Políticas (BALL; BOWE; GOLD, 1992). A pesquisa tem como fontes de dados documentos legislativos, entrevista semiestruturada e questionário online. Os primeiros incluem 18 textos legais de três tipos: 5 leis e 13 projetos (de leis e de emendas constitucionais) situados em 12 estados. As entrevistas foram realizadas com 14 envolvidos com o movimento Fica Espanhol ou representantes deste coletivo em dois estados com leis estaduais vigentes com foco no ensino da LE/A em questão (RS e PB). O questionário foi aplicado junto aos representantes deste mesmo coletivo nas diferentes unidades federativas do país (com exceção daquelas que não possuíam representação no momento de geração de dados – como Amapá - ou que já haviam sido contempladas por meio das entrevistas – RS e PB) e respondido por 3 participantes (SP, RJ, RR). Os principais dados obtidos, após a análise de conteúdo do corpus e sua a interlocução com o Ciclo de Políticas, evidenciam que as políticas investigadas têm assumido percursos diversos, com semelhanças e divergências e envoltos por elementos preponderantes que registram os mecanismos que permeiam sua construção. A identificação destes elementos foi pautada pelas particularidades dos Contextos do Ciclo e indicam, portanto, as influências atreladas às políticas, os aspectos que as constituem e as caracterizam como textos, as dificuldades de sua implementação, os impactos já observados e as estratégias colocadas em prática para superar as desigualdades geradas.Item Inglês musical: educação linguística transdisciplinar na infância por meio do gênero canção contemporânea POP(2024-04-26) Ferreira, Otto Henrique Silva; Tonelli, Juliana Reichert Assunção; Ferraz, Daniel Mello; Cristovão, Vera Lúcia Lopes; Brener, Fernanda Machado; Archanjo, RenataO campo da linguística aplicada (LA) vem passando por transformações motivadas pelo surgimento de outras formas de visualizar e propor soluções que envolvem a linguagem e as relações humanas, que vêm sendo postas em discussão por autores na área (CELANI, 1992; MOITA LOPES, 2006, 2009; ARCHANJO, 2011). Com este movimento de transformação se evidencia a transdisciplinaridade, que abre espaço para práticas que possibilitem a professores e alunos romperem barreiras impostas pelo sistema educacional, tanto em relação às áreas de ensino, quanto aos próprios ambientes onde são promovidas interações e a aprendizagem (PENNYCOOK, 2006; SÃO PEDRO, 2016; FERRAZ, 2018; KLEIMAN; VIANNA; DE GRANDE, 2019). Em busca de oferecermos uma educação linguística de qualidade em língua inglesa (LI) (KAWACHI-FURLAN; TONELLI, 2021; TONELLI, 2023) e linguagem musical (LMs) (MED, 1996) com crianças (MALTA, 2019), estabelecemos o objetivo geral de investigarmos como atividades transdisciplinares organizadas em uma sequência didática (SD) (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2011) do gênero canção contemporânea pop (CCP) (AMMER, 2004; LENKA, 2009) podem colaborar para a educação linguística em LI e LMs com crianças, levantando questionamentos a respeito dos espaços para o desenvolvimento das capacidades de linguagem (CL) (DOLZ; PASQUIER; BRONCKART, 1993; CRISTOVÃO, 2013; JOAQUIM DOLZ [...], 2015) e da propulsão do engajamento textual (DOLZ; GAGNON; DECÂNDIO, 2010; TONELLI, 2012) de alunos de uma turma de quarto ano do ensino fundamental. Após a elaboração da SD, a aplicação foi realizada junto às crianças de oito a nove anos, com aulas ocorrendo tanto em contexto presencial, quanto remoto, tendo em vista as necessidades de adaptação (DOLZ, 2009) em função dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19 (TONELLI; KAWACHI-FURLAN, 2021). Foram transcritas as 27 aulas em que a SD foi aplicada e, considerando nosso objetivo geral e nossas perguntas de pesquisa, analisamos as transcrições em busca de indícios da transdisciplinaridade, mobilização dos elementos da LMs, desenvolvimento das CL e do engajamento textual dos alunos. A partir dessa análise qualitativa-interpretativista (DENZIN; LINCOLN, 2006; DÖRNYEI, 2006), propomos constituintes que representam as relações entre capacidades e elementos transdisciplinares (CEC), destacando a importância da transdisciplinaridade para a educação linguística em LI e LMs junto às crianças. A partir do nosso referencial, foram analisados 16 excertos de interações que ocorreram durante as aulas e três imagens de atividades realizadas pelos alunos, nos quais percebemos indícios dos CEC. Ademais, foi realizada uma análise quantitativa (MICHEL, 2005) por meio da qual organizamos quatro gráficos em que representamos a reincidência dos constituintes no decorrer das aulas de aplicação da SD. Por fim, concluímos que as relações transdisciplinares propulsionadas pela utilização de uma SD elaborada em torno do gênero CCP podem colaborar para a educação linguística em LI e LMs com crianças, tendo a importância da transdisciplinaridade sido constatada por meio das aparições significativas dos CEC nas aulas realizadas.Item As cidades do café e suas narrativas : um percurso semântico-enunciativo da nomeação no norte do Paraná(2021-02-04) Satil, Julianne Rosy do Valle; Joanilho, Mariângela Peccioli Galli; Oliveira, Sheila Elias de; Santos, Adilson dos; Panichi, Edina Regina Pugas; Altino, Fabiane CristinaNossa pesquisa debruça-se sobre o ato de nomeação de cidades do Norte do Paraná, para tanto, consideramos narrativas assumidas como discurso oficial por órgãos governamentais. O recorte operado envolve os territórios nomeados durante o Ciclo do Café, período em que houve grande desenvolvimento econômico, o qual foi impulsionado pela atuação de empresas privadas, companhias estrangeiras que lotearam e comercializaram terras em toda a região. Partindo dos nomes próprios, buscamos observar e compreender os sentidos instaurados e movimentados pela designação, processo enunciativo tomado na história, que se define como construção do sentido de um nome. Como suporte, utilizamos o arcabouço teórico-metodológico proposto pela Semântica do Acontecimento, perspectiva intelectual de base materialista, que reconhece a enunciação como prática política e que dialoga com a Análise de Discurso de filiação francesa, Filosofia da Linguagem e Semântica Argumentativa. Pensando os nomes de cidade como enunciados e o mapa como texto, defendemos que as contribuições da semântica enunciativa proposta por Eduardo Guimarães nos conduzem à percepção de que o nomes próprios não classificam, mas identificam os espaços nomeados (Rancière, 1994), conferindo-lhes existência histórica. Nessa direção, o mapa ultrapassa sua função óbvia, a de ferramenta de localização e de representação territorial, e torna-se elemento que significa, recortando memórias e inscrevendo-se na história (Guimarães, [2002]2005a). Por meio do estudo que desenvolvemos, constatamos que os nomes se constituem por tensões de sentido, repercutindo enfrentamentos e desigualdades de várias ordens. Os nomes consistem em pontos de convergência entre historicidade e processos ideológicos, materializando, dessa maneira, a condição simbólica da linguagem.Item Memória sensível e movimento criador na escrita dramatúrgica de Doc Comparato(2021-11-24) Oliveira, Livia Sprizão de; Panichi, Edina Regina Pugas; Contani, Miguel Luiz; Andrade, Otávio Goes de; Oliveira, Esther Gomes de; Salles, Cecília Almeida; Reynaud, Maria JoãoEsta tese utiliza fundamentos da Crítica Genética para analisar o processo de criação textual do dramaturgo brasileiro Doc Comparato. O ponto central do corpus é a Trilogia da Imaginação, um conjunto de textos teatrais em closet drama. Observamos mais de duzentos fólios - compostos basicamente por manuscritos - além da biblioteca pessoal, registros de memórias e entrevistas. Livros, roteiros e argumentos do autor, inéditos ou não, foram considerados parte do acervo do que convencionamos chamar de documentos de processo, ou seja, peças que nos ajudam a compreender o movimento criador. Utilizamos a Estilística para identificar nas escolhas de Comparato seu estilo de gênese, sua marca individual no processo de escrita e suas preferências estéticas. Neste trabalho, trataremos das metamorfoses textuais de um escritor para quem a criatividade é uma espécie de texto primal, a grande questão em aberto que o impulsiona na busca pela expressão. Dividimos a tese em três partes, sendo que as duas primeiras são dedicadas à fundamentação teórica. Na terceira, traçamos uma breve biografia do autor, seguida de um recorte de manuscritos oriundos de diferentes trabalhos de Comparato, que nos auxiliaram a compreender melhor as remanências entre os movimentos de criação textual, até adentrarmos à Trilogia da Imaginação. Na análise da primeira peça, Sempre, encontramos manuscritos da fase pré-redacional. Com base na pesquisa contextual, ligamos as notas registradas nos rascunhos às possíveis origens das ideias trabalhadas e relacionamos tais ideias ao texto final, mantendo o texto publicado como norte dessa busca. No segundo processo, relativo à Jamais, temos manuscritos da fase redacional. Caracterizamos procedimentos de experimentação, tais como rasuras, substituições, acréscimos, deslocamentos e supressões no texto até chegar à versão considerada final. No terceiro processo, relativo à peça Eterno, resgatamos manuscritos das fases pré-redacional, redacional e também uma metamorfose entre formatos, do texto teatral publicado para a gênese de um roteiro cinematográfico. Chegamos a um estilo de gênese metódico, que busca o controle da forma por meio da escolha de palavras evocatórias, com um denso potencial imagético.Item O ensino de língua portuguesa sob a perspectiva da sociolinguística educacional : um olhar para as escolas públicas de Londrina-PR(2021-06-15) Assis, Álida Laryssa Espozetti de; Baronas, Joyce Elaine de Almeida; Cox, Maria Inês Pagliarini; Almeida, Paulo Roberto; Altino, Fabiane Cristina; Santana, Andreia da Cunha MalheirosCompreender a escola como um espaço heterogêneo é fato indiscutível; da mesma maneira, é inegável a existência da variação linguística neste ambiente, contudo, o ensino de Língua Portuguesa, muitas vezes, não abrange esse fenômeno. Neste contexto, e com base nos pressupostos teóricos da Sociolinguística Educacional, esta pesquisa busca compreender qual concepção linguística embasa o ensino de Língua Portuguesa, em escolas públicas da cidade de Londrina-PR. Para tanto, os seguintes objetivos foram traçados: (i) Conferir a abordagem utilizada pelos professores nas aulas de Língua Portuguesa; (ii) Observar como ocorre a pluralidade linguística durante as aulas de Língua Portuguesa; (iii) Apurar a crença dos professores a respeito do ensino de Língua Portuguesa; (iv) Averiguar a compreensão dos alunos a respeito da relação entre gramática e língua; (v) Verificar os documentos oficiais utilizados por professores e escolas. Assim, três corpus foram analisados para o cumprimento dos objetivos: Documentos oficiais (PCN - Parâmetros curriculares nacionais; PPP - Projeto político pedagógico); observação de aulas; respostas a questionários aplicados aos professores aos alunos. A análise dos dados coletados esclarece que os estudos sociolinguísticos estão presentes nos documentos oficiais e nas respostas aos questionários dos professores, contudo, expõe práticas que divergem do esperado.Item Os contextos de influência e de produção de textos no âmbito do programa "Novos Talentos" : a realização de uma política de aproximação universidade-escola na área de língua inglesa(2019-12-20) Barcaro, Carla Fabiana; Gimenez, Telma Nunes; Grassano, Denise Ismênia Bossa; Mello, Diene Eire; Mateus, Elaine Fernandes; Cristóvão, Vera LúciaO objetivo desta pesquisa foi analisar a instanciação de uma política pública de aproximação universidade-escola como espaço de (re)produção de discursos sobre inclusão em mundo globalizado por meio da língua inglesa e tecnologias de informação e comunicação. Os documentos analisados partiram do subprojeto “Para inserção em um mundo globalizado: utilizando recursos tecnológicos no ensino e aprendizagem de inglês”. Ao configurar-se como uma pesquisa documental de cunho “ex post facto” (COHEN, MANION, 1994) e pela perspectiva teórica analítica de que políticas são textos e discursos que se mesclam mutuamente (BALL; BOWE, 1992; BALL, 1994; MAINARDES, 2006), o estudo teve os seguintes objetivos específicos: 1)Descrever o subprojeto PIEMG como uma proposta situada no âmbito do programa Novos Talentos; 2) Identificar o grau de (des)alinhamento do PIEMG às expectativas do programa Novos Talentos; 3) Verificar se os discursos mobilizados para justificar o foco do PIEMG (re)produziram representações hegemônicas da Língua Inglesa e 4) Verificar se os materiais didáticos produzidos para as oficinas são coerentes com os discursos mobilizados pelas propostas do PIEMG. Os dados revelam um estreito alinhamento dos textos dos subprojetos com as expectativas da CAPES explicitados nos editais. Mostrou, também, a reverberação de representações hegemônicas da Língua Inglesa no contexto de produção dos textos e a coerência dos discursos mobilizados pelo subprojeto com aqueles encontrados nos materiais didáticos produzidos para orientar as ações do subprojeto.Item Subfalar nordestino em foco : proposta de subdivisão da demarcação de nascentes (1953) a partir de dados lexicais do projeto ALiB(2024-03-25) Serra, Flávia Pereira; Aguilera, Vanderci de Andrade; Ribeiro, Silvana Costa; Romano, Valter Pereira; Santos, Georgiana Márcia Oliveira; Altino, Fabiane CristinaA divisão dialetal elaborada por Nascentes (1953) destaca-se por ser um dos grandes marcos da Dialetologia no Brasil, na qual o pesquisador, por meio da observação de um fenômeno fonético-fonológico e aspectos prosódicos, dividiu o Brasil em falar do Norte, que se subdivide nos falares amazônico e nordestino, e do Sul, subdividido em falares baiano, fluminense, mineiro, sulista, além do território incaracterístico. Essa divisão tem sido referência de estudo para vários pesquisadores que buscam verificar a pertinência dessa proposta, principalmente por meio da distribuição diatópica de itens lexicais. Dentre esses trabalhos, destacamos Ribeiro (2012), que investigou a área do Subfalar Baiano; Portilho (2013) e Souza (2021), cujo foco foi o Subfalar Amazônico; Romano (2015), Subfalar Sulista; Cuba (2015), Território incaracterístico; D’Anunciação (2016), Subfalar Mineiro, Santos (2016), Subfalar Fluminense; e Santos (2018), o Subfalar Nordestino. Apesar de este último – Subfalar Nordestino – ter sido estudado por Santos (2018), por meio da análise de itens lexicais do campo semântico Jogos e Diversões Infantis (Questionário Semântico-lexical (QSL) do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB)) (Comitê..., 2001, p. 34), a autora destacou a necessidade de fazer um estudo mais aprofundado do falar da região, abrindo margem para este trabalho, que propõe demonstrar a heterogeneidade dialetal do Subfalar Nordestino e uma possível subdivisão da área, com base em um conjunto de dados lexicais do mesmo Projeto. A pesquisa fundamenta-se nos princípios teórico-metodológicos da Dialetologia e Geolinguística (Nascentes, 1958; Ferreira, Cardoso, 1994; Cardoso, 2010). Metodologicamente, foram tratados os registros contantes do acervo do Projeto ALiB, dados referentes a quatro questões do QSL, que investigam as variantes dos itens tangerina (QSL 039), bananas gêmeas (QSL 043), galinha d’angola (QSL 067) e libélula (QSL 085). A fim de tornar possível a análise de toda área do Subfalar Nordestino, juntamente com sua área de entorno, foram analisados dados de 68 localidades, dentre capitais e cidades do interior, que compõem a rede de pontos linguísticos do ALiB, distribuídos pelos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e parte do Tocantins, Sergipe, Bahia e Pará. No total, foram considerados dados de 272 informantes de nível básico (que tenham estudado até o Ensino Fundamental incompleto), quatro por localidade, estratificados segundo sexo (homem e mulher) e faixa etária (Faixa I, 18 a 30 anos, e Faixa II, 50 a 65 anos). Após a catalogação dos dados, foram elaboradas cartas linguísticas, com auxílio do programa computacional [?GVCLin] (Seabra, Romano, Oliveira, 2014-15). A análise dos dados evidencia a heterogeneidade lexical do Subfalar Nordestino, além de indicar a existência de duas subáreas, Subfalar Nordestino ocidental, que corresponde ao MA e PI, e Subfalar Nordestino oriental, composta pelos estados do litoral leste RN, PB, PE e AL; e uma área de transição, correspondente à área central do subfalar, ocupada principalmente pelo CE e pontos adjacentes.Item Descrição dos róticos em ataque silábico na Região Sul do Brasil : um estudo (Geo)sociofonético com dados do projeto ALiB(2024-07-08) Scabori, Kauana; Kailer, Dircel Aparecida; Altino, Fabiane Cristina; Silveira, Marcelo; Oliveira, Almir Almeida de; Silva Júnior, Leônidas José daNa posição de ataque silábico, as variantes róticas comumente realizam-se tanto em configurações silábicas simples ([ˈɦɔ.zɐ]) quanto complexa ([tɾa.ba.ˈʎaɻ]). Semelhante a outros fenômenos linguísticos descritos e mapeados no português falado do Brasil (PB) pelo Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), notou-se que a realização rótica (representada pela abstração simbólica /R/) também se mostra passível de variação em contexto inicial ([ɾeˈmãdʊ]) e medial ([boˈɣaʃɐ]) no léxico oralizado. Nos dados do ALIB, inexiste a investigação para o /R/ em ataque CV atrelado ao contexto dos Discursos Semidirigidos para os três Estados da Região Sul do Brasil. Neste sentido, a presente tese alicerça-se nos postulados da Dialetologia Pluridimensional (Thun, 1998, 2005), Sociolinguística Variacionista Quantitativa (Labov, 1994, 2008 [1972]), por conseguinte na Geossociolinguística (Razky, 2003), e na Fonética Articulatória e Acústica (Barbosa; Madureira, 2015; Silva et al., 2019). Esta tese, ao colocar-se como mais uma contribuição sistemática à questão do multifacetado /R/ em ataque, apresenta como objetivo geral registrar e investigar a produtividade das variantes róticas em posição de ataque silábico no falar de moradores de algumas localidades da Região Sul do Brasil. Para alcançar tal objetivo, os objetivos específicos foram os seguintes: (i) identificar as variantes róticas realizadas em ponto articulatório anterior e posterior no falar de alguns moradores da Região Sul do Brasil; (ii) investigar a atuação dos fatores linguísticos (posição do rótico na palavra, classe morfológica e a vogal da sílaba alvo) e extralinguísticos (sexo, faixa etária, localidade, contexto de produção de fala e a profissão), a partir do favoritismo entre uma ou outra variante rótica contemplada na fala de moradores do Sul brasileiro; (iii) analisar se existem indícios e/ou pistas quanto ao processo de posteriorização – terminologia incorporada ao PB por Callou (1987, 2015) para tratar das realizações no aparelho fonador localizada na parte de trás da cavidade bucal, isto é, depois do palato duro – nas vinte e nove localidades investigadas da Região Sul; e (iv) produzir e verificar se existem vestígios ou marcas de áreas isófonas, a partir de cartas fonéticas, que contemplam as realizações róticas e ilustram se ocorre isoglossia para o fenômeno investigado (/R/ em ataque). A metodologia adotada para esta tese define-se pelo critério de natureza quantitativa da pesquisa descritiva, com a seleção de 29 localidades interioranas do Sul brasileiro, compostas pela participação de 116 entrevistados inquiridos pelos membros do Projeto ALiB. O cômputo para 6.147 ocorrências róticas, recortadas de dados provenientes da fala, referem-se às seguintes partes do Questionário ALiB (COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALIB, 2001): QFF, DSM e Leitura. Para o processo de posteriorização, sugestionado por Brescancini e Monaretto (2008) e demais autores, o resultado aponta que, embora tenha ocorrido a posteriorização na maior parte dos municípios sulistas, persistem realizações expressivas para o tepe alveolar e vibrante múltipla em Cândido de Abreu (PR) e Flores da Cunha (RS), concomitante com as variantes posteriores, como forma de caráter identitário na manutenção de róticos atrelados à construção da cultura étnica de imigrações europeias na região em análise. Revelou-se, portanto, a centralização de variantes anteriores no interior dos estados sul brasileiros, em uma faixa que cobre o Sul do Paraná, Oeste de Santa Catarina e Norte do Rio Grande do Sul, e o uso mais recorrente das fricativas posteriores nos extremos em direção ao centro desses estados.Item Proposta lexicográfica de um glossário de gírias mexicanas na direção espanhol-português(2024-07-02) Salatini, Ana Carolina Moreira; Andrade, Otávio Goes de; Durão, Adja Balbino de Amorim Barbieri; Ferreira, Tatiana Helena Carvalho Rios; Altino, Fabiane Cristina; Ferreira, Claudia CristinaComo qualquer outro idioma, o espanhol apresenta variações em diferentes níveis do sistema linguístico. No nível léxico, encontramos a gíria, manifestação tipicamente informal e oral (Preti, 2006; Rector, 1994) que, embora presente em diversas situações comunicativas, têm, comumente, sua realização atrelada aos jovens. Partindo dessas premissas, a presente tese visa à elaboração de um glossário bilíngue unidirecional espanhol-português de gírias mexicanas extraídas dos livros Quiúbole con… Manual de supervivencia para hombres (Rosado; Vargas, 2016a) e Quiúbole con…un libro para adolescentes, chicas, niñas o como quieras llamarles (Rosado; Vargas, 2016b), uma exitosa coleção, destinada ao público juvenil. Para isso, estipulamos os seguintes objetivos específicos: a. suscitar reflexões acerca das variações linguísticas da língua espanhola, em especial, da variedade mexicana; b. apresentar as teorias relacionadas às gírias e à sua relevância na linguagem cotidiana; c. selecionar gírias da variação mexicana do espanhol presentes na coleção Quiúbole con… (Rosado; Vargas, 2016ab) para compor o glossário; d. verificar se e como as gírias coletadas estão dicionarizadas, tendo como base dicionários monolíngues, todos em suas edições virtuais; e. elaborar um modelo de ficha lexicográfica para o registro, organização e análise das gírias selecionadas e das informações obtidas por meio dos dicionários; f. fundamentar e criar a micro e a macroestrutura do glossário; g. disseminar parte do acervo vocabular gírio aos estudiosos da área de Língua Espanhola e à sociedade em geral. Os pressupostos teóricos-metodológicos adotados provêm dos estudos sociolinguísticos sobre a variação linguística (Moreno Fernández, 2009; Silva-Corvalán, 2001), a gíria (Preti, 1984, 2006, 2006; Rector, 1994) e a Lexicografia (Biderman, 2001; Martínez de Sousa, 2009). A metodologia proposta - qualitativa, bibliográfica e interpretativista - está dividida em: leitura das obras para seleção dos candidados a lema; busca das unidades léxicas e fraseológicas selecionadas em dicionários monolíngues gerais e que tratam do espanhol mexicano; elaboração e preenchimento das fichas lexicográficas; e redação do glossário. Direcionado ao público brasileiro, com pouco ou nenhum nível de conhecimento linguístico do espanhol, o produto aplicado da pesquisa possui 150 verbetes, organizados em ordem alfabética e compostos por informação gramatical, definição em língua portuguesa, abonação, equivalente, sugestão de tradução da abonação e nota. Esperamos também contribuir para os estudos da área da Língua Espanhola, da Lexicografia e da Sociolinguística, bem como fornecer subsídios aos tradutores, professores, estudantes e demais interessados na língua espanhola, principalmente, no que se refere à variedade mexicana do idioma.Item Percepções e atitudes linguísticas no Norte e Nordeste com dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil-ALiB(2024-04-25) Moratto, Juliana; Aguilera, Vanderci Andrade; Mota, Jacyra Andrade; Silva, Greize Alves da; Botassini, Jacqueline Ortelan Maia; Altino, Fabiane CristinaOs falantes da língua portuguesa têm suas próprias percepções sobre a língua que falam, observam diferenças fonéticas, lexicais, sintáticas, entre outras, de falares diferentes do seu. Identificam, principalmente, traços linguísticos com características regionais, atribuem a elas valores e avaliações, expõem suas percepções e atitudes linguísticas. Esta tese tem por objetivo investigar, por meio do banco de dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), o que os informantes do interior das Regiões Norte e Nordeste pensam sobre as variedades do português. As reflexões partem das questões metalinguísticas 4 e 5 (4 – Em outros lugares do Brasil, fala-se diferente daqui? 5 – Poderia dar um exemplo do modo como falam em outros lugares do Brasil?), pertencentes ao questionário do Projeto. Os pontos analisados compreendem 87 localidades do interior, sendo 18 delas referentes à Região Norte e 69 à Região Nordeste. O corpus é formado pelas respostas dos 348 informantes, sendo 72 da Região Norte e 276 da Região Nordeste, estratificados por faixa etária entre 18 e 30 anos (faixa I) e entre 50 e 65 anos (faixa II), todos com escolarizados até o nível fundamental I – concluído ou não, dos quais 50% são do sexo masculino e 50% do sexo feminino. Os resultados coletados da questão 4 indicam que mais de 99% dos informantes, de ambas as regiões, reconhecem a existência de outras variedades. A análise da Questão 5 sugere que os informantes da Região Norte mencionaram variedades linguísticas relacionadas a diferentes regiões e estados, com destaque para o termo sotaque, adjetivação, outras referências de natureza fonética e à grupos indígenas. Foram identificadas 126 ocorrências de variedades linguísticas mencionadas pelos 72 informantes. A análise das percepções dos informantes incluiu aspectos como foco regional, sotaque, adjetivação atribuída aos diferentes falares, fenômenos fonéticos, referências linguísticas e alusão a grupos indígenas. A percepção da diversidade de falas está relacionada à identidade do falante e do grupo ao qual pertence. Os gentílicos mais frequentes na Região Norte foram agrupados em Nortista, Nordestino, Sulista, Sudestino e Centro-Oestino para análise. As variedades do Norte revelaram uma interação entre capital e interior nos estados do Amazonas e do Pará. As variedades nordestinas foram percebidas pelos informantes através dos gentílicos relacionados a essa região. As variedades sulistas e sudestinas foram identificadas através dos gentílicos sulista, gaúcho, carioca, paulista, catarinense, mineiro e capixaba. As percepções relacionadas à fala centro-oestina dizem respeito aos gentílicos goiano, mato-grossense, cuiabano, brasiliense e anapolino. Além das localidades de origem das variantes, outras referências linguísticas como sotaque e adjetivação foram apontadas pelos informantes. Também foram mencionadas características fonéticas e léxicas específicas de algumas variedades. A presença das línguas indígenas na Região Norte também foi enfatizada. As percepções dos informantes nortistas refletem a construção sócio-histórica e econômica da região, que recebeu trabalhadores de diversas regiões do país e teve contato com inúmeras variedades e culturas. No Nordeste, as percepções linguísticas também são influenciadas por migrações, crescimento de centros urbanos e a construção de Brasília. Os informantes nordestinos destacam as variedades linguísticas do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, enquanto as variedades do Norte e Nordeste são identificadas por meio dos seus próprios regionalismos. As ocorrências do Norte são influenciadas pela ocupação de terras e exploração da borracha e do garimpo, enquanto as do Nordeste estão relacionadas aos movimentos demográficos internos e às secas. Além disso, o texto menciona as variedades com sotaque em cada região e outras características linguísticas, como adjetivação, fonética, léxico e gírias, com destaque para a variedade paulista presente nas respostas da maioria dos informantes nordestinos.Item A sociolinguística educacional nos cursos de pedagogia das universidades estaduais do Paraná(2024-04-22) Carvalho, Geovana Lourenço de; Almeida, Joyce Elaine de; Duarte, Patrícia Cristina de Oliveira; Silva, Flávio Brandão; Malheiros, Andreia Cunha; Altino, Fabiane CristinaA sociolinguística educacional é um campo de pesquisa que tem trazido para a educação estratégias de valorização da diversidade linguística, com a preocupação de preservar os direitos e a identidade dos alunos, por meio de ações que aumentem a criticidade no processo de ensino e aprendizagem desde os anos iniciais do ensino fundamental. A partir desse pressuposto, nossa tese objetiva investigar o tratamento dado à variação linguística, sob a ótica da sociolinguística educacional, nos cursos de Pedagogia das sete universidades estaduais do Paraná, com a finalidade de constatarmos se esses cursos e suas grades curriculares contemplam o presente campo de ação. Além disso, aplicamos um questionário on-line sobre crenças e atitudes linguísticas com os alunos formandos do curso em questão, para entendermos suas crenças e suas atitudes linguísticas e como eles abordariam a variação da língua nas aulas de língua portuguesa. Para tanto, apoiamo-nos nos estudos da sociolinguística educacional, principalmente nos de Bortoni-Ricardo (2011, 2006, 2005, 2004), de Cyranka (2015, 2018) e de Faraco (2008). Apresentamos uma pesquisa de abordagem predominantemente qualitativa, na qual desenvolvemos uma pesquisa exploratória com análises qualitativa e quantitativa de dados. Diante disso, pudemos destacar lacunas a respeito do tratamento da variação linguística tanto nos documentos oficiais nacionais e de regulamentação dos cursos quanto nas crenças e nas atitudes linguísticas dos formandos. Os dados desta tese apontam para a necessidade de um trabalho sociolinguístico efetivo na grade curricular dos cursos de Pedagogia no estado do Paraná, a fim de proporcionarem uma abordagem variacionista da língua desde os anos iniciais no ensino de língua materna.Item A variação linguística nos cursos de Letras-Libras da Região Sul do Brasil: percepções e reflexões(2024-03-27) Zappielo, Fabíola Grasiele; Almeida, Joyce Elaine de; Ribeiro, Daniela Prometi; Silva, Flávio Brandão; Aguilera, Vanderci de Andrade; Altino, Fabiane CristinaCom o objetivo de verificar se os cursos de Letras-Libras capacitam os estudantes para o exercício de sua função fundamentados nos princípios da Sociolinguística Educacional, esta tese, de caráter exploratório, traz discussões acerca da variação linguística da Libras, tendo em vista Surdos e ouvintes usuários dessa língua. Para cumprir com o objetivo, foram analisados os Projetos Políticos dos Cursos de Letras-Libras de três das universidades federais da Região Sul e, em seguida, questionários foram encaminhados para os docentes dessas universidades e para os alunos da UFSC. Ao final da pesquisa, identificamos que: (i) as três Universidades não abordam a variação linguística da Libras nos objetivos do curso expressos no PPC; (ii) apenas uma delas oferta uma disciplina que se dedica inteiramente ao tema pesquisado e (iii) nenhuma delas desenvolve projetos de pesquisa ou extensão sobre a Sociolinguística Educacional. Sobre os resultados obtidos mediante os Questionários aplicados aos professores, verificamos que esses docentes são comprometidos com o tema, abordando-o ao longo de outras discussões em sala de aula. Com os alunos, houve grande discussão sobre o tema durante a resposta dos questionários, muitos apresentando crenças linguísticas sobre a Libras e seus usuários, refletindo atitudes linguísticas em seus discursos.Item Mediação e subjetividade: a autoficção de Bartolomeu Campos de Queirós como espelho do eu leitor(2024-02-26) Oliveira, Denise da Silva de; Lima, Sheila Oliveira; Oliveira, Marilu Martens; Panichi, Edina; Santana, Andréia da Cunha Malheiros; Oliveira, Vanderléia da SilvaConduzida no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina, com ênfase em Linguagem e Educação, esta tese examina a leitura como uma atividade inerentemente subjetiva, ressaltando a importância de um ensino de leitura que valorize a individualidade do leitor. Focada nos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, a pesquisa procura entender como a singularidade leitora pode ser realçada nessa etapa educacional. O objetivo é explorar as interações a partir de conceitos de mediação literária sob o prisma da subjetividade leitora, a partir das obras de Bartolomeu Campos de Queirós – Ciganos, Indez, Ler, escrever e fazer conta de cabeça, O olho de vidro do meu avô, Por parte de pai e Vermelho amargo –, examinadas à luz da autoficção. A metodologia combina abordagens dedutivas e indutivas, facilitando a análise e interpretação dos dados ao longo da investigação. Inclui-se uma revisão bibliográfica sobre a escrita do eu e a fortuna crítica de Queirós, além de discutir teorias pertinentes ao ensino de leitura. A pesquisa detalha também a realização de uma oficina de leitura literária com alunos do 8º e 9º anos em uma escola estadual de Cornélio Procópio. Os resultados sugerem que uma mediação de leitura a qual implique mais efetivamente o leitor promove um envolvimento profundo no ato de ler, ampliando a autonomia leitora e o engajamento com os textos a partir de suas experiências pessoais e expectativas.Item Letramentos acadêmico-científicos: movimentos pedagógicos, instrumentos mediadores e trajetórias histórico-culturais(2024-04-04) Drogui, Amábile Piacentine; Cristovão, Vera Lúcia Lopes; Ladino, Mónica Tapia; Kraemer, Márcia Adriana Dias; Zorzo-Veloso, Valdirene Filomena; Tonelli, Juliana Reichert AssunçãoDevido à sua complexidade, as atividades constitutivas do contexto acadêmico-científico tornam-se, em várias ocasiões, desmotivadoras para os(as) estudantes. Imersas em uma conjuntura educativa que apresenta demandas relacionadas aos letramentos acadêmicos, e preocupadas em dar nossa contribuição, propusemo-nos a realizar uma pesquisa intervencionista, com o objetivo de explicar movimentos pedagógicos e instrumentos mediadores que possam contribuir para a apropriação de propriedades constitutivas do agir acadêmico-científico. Fundamentamo-nos nos pressupostos teóricos do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 2006, 2012, 2022), da perspectiva histórico-cultural (Vygotsky, 2000, 2007, 2015; Lantolf, 2000; Smagorinsky, 2012), dos Novos Estudos de Letramento (Lea; Street, 2014) e de vários(as) outros(as) pesquisadores(as) que nos antecedem na busca por respostas e caminhos para atender às demandas do contexto acadêmico-científico. Filiadas ao paradigma Teórico Crítico (Lincoln; Guba, 2006), geramos os dados em um curso de extensão destinado aos agires de pesquisa e à produção de gêneros textuais/multimodais acadêmico-científicos em língua espanhola, vinculado ao projeto Internacionalização em Atividades de Letramentos Acadêmicos (IALA), coordenado pela professora-pesquisadora, na Universidade Estadual do Paraná (Unespar). O curso contou com dezoito participantes, iniciantes em pesquisa, e com a presença de uma professora convidada, da Facultad de Lenguas da Universidad Nacional de Córdoba – Argentina, e de um professor convidado, do Curso Letras Espanhol da Unespar/Câmpus de Apucarana. As análises centram-se em transcrições de momentos de interação e em produções textuais/multimodais elaboradas, em língua espanhola, pelos(as) alunos(as) durante o curso supracitado. Os resultados apontam que: 1) movimentos pedagógicos fundamentados na abordagem histórico-cultural podem contribuir para que iniciantes em pesquisa se apropriem de propriedades constitutivas do contexto acadêmico-científicos; 2) a trajetória histórico-cultural de cada estudante incide sobre o modo como ele(a) internaliza as coordenadas formais coletivas do contexto acadêmico-científico e encontra o motivo para agir; 3) os modelos a serem “imitados” precisam ser adequados ao “nível de desenvolvimento” dos(as) estudantes; 4) falar sobre a pesquisa em andamento, em ambientes formais e informais, pode auxiliar na (re)formulação do pensamento e no desenvolvimento de capacidades para agir no contexto acadêmico-científico; 5) o meio acadêmico é marcado por instrumentos físicos e psicológicos que possibilitam, facilitam, orientam e medeiam as agires de pesquisa, de estudo e de disseminação dos resultados; 6) um curso de extensão pode contribuir na medida em que insere os(as) estudantes em práticas reais do contexto dos letramentos acadêmico-científicos e 7) a falta de um motivo/necessidade/sentido para agir incide sobre o comportamento do(a) aprendiz em relação à (não) apropriação dos conceitos teóricos e das propriedades coletivas indispensáveis parar tornar-se um(a) agente no contexto acadêmico-científico. Cientes de que as propriedades constitutivas dos diferentes campos de atividade humana não são estáticas, faz-se necessário seguir estudando os diferentes fenômenos que incidem sobre os processos de (não-) apropriação das capacidades para agir no contexto acadêmico-científico. A produção de conhecimento, via pesquisa científica, precisa fazer sentido para todos(as) os(as) envolvidos(as).Item Feminismos e a formação de professoras de inglês com crianças: uma aposta epistemológica sobre o currículo emergente(2022-12-16) Costa, Mariana Furio da; Tonelli, Juliana Reichert Assunção; Duboc, Ana Paula; Moraes, Rita de Cássia Barbirato Thomaz de; Mateus, Elaine Fernandes; Gimenez, Telma NunesA tese propõe investigar as praxiologias de formação de professoras para o ensino de língua inglesa com crianças (LICC) via pressupostos teórico-metodológicos da Análise Crítica do Discurso (ACD) (FAIRCLOUGH, 2016) e das teorias feministas subalternas (VERGÈS, 2020; CURIEL, 2020; LUGONES, 2008 entre outras). A investigação se localiza no paradigma qualitativo crítico (DENZIN et al., 2017; COHEN et al., 2007) e segue orientação anticolonial. Tento responder ao questionamento: “De que maneira se constitui currículo que emerge nas praxiologias de formação de professoras de LICC?” propondo dois objetivos: delinear o currículo que emerge nas praxiologias de formação; e analisar os sentidos de currículo que emergem. Por sua vez, para responder à segunda questão: “De que maneira(s) o currículo que emerge reage aos desafios contemporâneos da formação de professoras para o ensino LICC?”, mais dois objetivos são propostos: Identificar sentidos de currículo que se alinham ao sistema-mundo moderno/colonial de gênero e às características do heteropatriarcado que pré-estabelecem a performance de gênero de professoras de LICC; e identificar aquelas que contestam o sistema-mundo moderno/colonial de gênero e características do heteropatriarcado. Conceitos nos campos da Linguística Aplicada Crítica (MOITA-LOPES, 2006; SZUNDY; FABRÍCIO, 2019); da teoria pós-crítica de Currículo (SILVA, 2020; LANDULFO, 2022); e de correntes anticoloniais (RUFINO, 2019) também perspectivam o desenvolvimento das discussões propostas.Item Ensino por meio do inglês (EMI) pela perspectiva de inglês como língua franca (ILF): um estudo sobre possibilidades para o desenvolvimento profissional de docentes de pós-graduação stricto sensu da UEL(2023-04-10) Marson, Marilice Zavagli; Gimenez, Telma Nunes; Sarmento, Simone; Calvo, Luciana Cabrini Simões; Furtoso, Viviane Bagio; El Kadri, Michele SallesEsta pesquisa objetiva investigar possibilidades da perspectiva de inglês como lingua franca (ILF) para o desenvolvimento profissional de docentes atuantes na pós-graduação stricto sensu de uma universidade estadual pública, visando ao Ensino por Meio do Inglês (EMI). Os objetivos específicos são: 1) Identificar o papel do inglês nas atividades acadêmicas dos docentes; 2) Verificar se as crenças e ideologias linguísticas dos participantes se aproximam ou se distanciam da perspectiva ILF; 3) Compreender como os docentes se autoavaliam quanto ao inglês com referência a suas experiências de uso e de aprendizagem; 4) Investigar os requisitos apontados pelos participantes como necessários à implementação do EMI na instituição pesquisada; 5) Propor requisitos para desenho de cursos de formação docente para EMI, pela perspectiva de ILF, com foco na reconstrução do conhecimento pedagógico de conteúdo. O motivo pelo foco nesses docentes da instituição é pela maior ocorrência de EMI na pós-graduação stricto sensu (BRITISH COUNCIL; FAUBAI, 2019). A crescente expansão de EMI na literatura se destaca pela visão do campo como estratégia para internacionalização, fundamentado pelo discurso de predominância do inglês na academia. Isso evidencia a necessidade de ressignificação da área, atribuindo diferentes entendimentos e possibilidades, a começar pela formação docente para esse propósito, no qual os profissionais operam segundo suas experiências e convicções, e não a partir de uma formação pedagógica específica. Assim, esta pesquisa instiga debates e questionamentos a esse respeito, com base na lacuna de pesquisa, que se fundamenta pelo EMI concebido como estratégia para internacionalização, levando em conta o pressuposto de importância do inglês na academia, e os efeitos provocados na atuação docente na pós-graduação, o que pode demandar a reconstrução de visões sobre conhecimento pedagógico de conteúdo nesse âmbito. Para isso, faz-se importante a investigação dessa iniciativa por meio da perspectiva de ILF, considerando a abertura no contexto investigado para uma possível contribuição crítica. Assim, este estudo faz uma ponte entre ILF e a concepção de internacionalização crítica, pela influência da internacionalização em EMI e os discursos que permeiam esse processo. As escolhas metodológicas ancoram-se em base qualitativa-interpretativista, por análise de conteúdo como procedimento analítico. O contexto pesquisado é a Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde os dados foram coletados por meio de questionário e entrevista semiestruturada com docentes de programas de pós-graduação stricto sensu, além de revisão de literatura e da contextualização de documentos da CAPES e da instituição. Os resultados deste estudo sinalizam a possibilidade de capacitação dos docentes da instituição na perspectiva de ILF, considerando que, em todas as áreas acessadas (Educação Física e Esporte, Exatas, Letras e Ciências Humanas, Tecnologia e Urbanismo, Biológicas, Educação, Comunicação e Artes, Agrárias e Saúde), há visíveis espaços a ser trabalhados e ressignificados por meio dessa visão, de modo a abrir novos caminhos para a prática de docência desses profissionais não somente em EMI, mas em sua atuação como um todo.Item Variación lingüística del Español en la formación docente: crenças de professores universitários(2023-04-21) Mantoani, Vanessa Cruz; Almeida, Joyce Elaine de; Fernández, Francisco Moreno; Zorzo-Veloso, Valdirene; Altino, Fabiane; Ferreira, Cláudia CristinaA formação de professores é o momento em que os discentes têm contato com diversos conhecimentos que constituirão sua prática docente e sua identidade profissional. É preciso compreender e praticar uma formação que envolva mais do que aspectos linguísticos e literários, abarcando aspectos sociais e culturais que motivem os estudantes a compreenderem as sociedades da língua de estudo e seu próprio entorno social. A presente tese tem como objetivo analisar a abordagem da variação linguística do Espanhol na formação de professores do Estado do Paraná em contraste com universidades de outros países, tendo em vista a carência de estudos no Brasil relacionados a este tema e às crenças que permeiam sua abordagem nas instituições de ensino. Para o suporte teórico, em um primeiro momento, abordamos conceitos relacionados à variação linguística, conforme Camacho (1988), Moreno Fernández (2007, 2014, 2018) e Silva (2021), bem como discutimos questões históricas sobre a existência de uma variedade “padrão” no ensino de Língua Espanhola de acordo com Andión Herrero (2008), Torres Torres (2013) e Santos, A. (2019). Num segundo momento, utilizamos os estudos de Bortoni-Ricardo (2005) e Faraco (2008) referentes à Sociolinguística Educacional e à Pedagogia da Variação Linguística, além de apresentar definições sobre preconceito, crenças e atitudes linguísticas, com base em Lambert e Lambert (1975), Cyranka (2014) e Bagno (2015). Para a coleta e análise de dados, elaboramos um questionário e o aplicamos a professores de Língua Espanhola de universidades públicas do Paraná e de países como a Argentina, Espanha e Uruguai que possuem o Espanhol como idioma oficial, a fim de compreender a opinião desses profissionais sobre a abordagem da variação do idioma. Apesar das dificuldades encontradas no percurso da pesquisa, como a falta de acesso à matriz curricular de alguns cursos de graduação, os contatos de professores disponibilizados publicamente e a falta de participação de professores, principalmente de universidades brasileiras, de acordo com os dados obtidos, observamos questionamentos de alguns participantes sobre qual variedade do Espanhol poderia ser definida como “padrão” e constatamos que os participantes deste estudo acreditam na existência de um “padrão” conforme a região em que a língua é falada. Outro dado relevante é o fato de, na maioria das respostas, os professores terem defendido a abordagem do conteúdo “variação linguística” no decorrer de toda a formação docente, ideia defendida nesta tese. Novos estudos que analisem as matrizes curriculares ou contrastem respostas de professores de universidades do Paraná com estados de outras regiões do Brasil, por exemplo, poderiam ampliar a amostra brasileira sobre o conteúdo analisado, além de possibilitar um mapeamento de sua presença nos cursos de formação de professores de Espanhol no país. Assim, esta pesquisa compreende que o diálogo com o foco na reflexão pode contribuir para avanços significativos nesta área de estudo, visto que favorece a tomada de consciência e respeito sobre as variedades linguísticas e, consequentemente, pode descontruir conceitos pré-formados, como as crenças linguísticas, pois a “variação linguística” se configura num conteúdo inerente à língua e permeia o processo de ensino e aprendizagem, (in)diretamente.Item Pichação e desobediência: contravenção e/ou ato revolucionário?(2023-03-23) Bernardino, Ana Carolina; Machado, Rosemeri Passos Baltazar; Cordeiro, Isabel Cristina; Oliveira, Lolyane Cristina Guerreiro de; Garcia, Dantielli Assumpção; Costa, Greciely Cristina daEsta tese tem por objetivo, a partir do discurso urbano, mais especificamente, das pichações, analisar os aspectos ideológicos, bem como as condições de produção, nas relações das cenas enunciativas, seguindo a perspectiva teórica da Análise de Discurso, de linha francesa (AD), com a finalidade de estudar os diversos efeitos de sentidos que podem ser apreendidos desses discursos e, também, analisar o funcionamento da pichação como um gênero discursivo, uma vez que possibilita gestos de leitura e, ao mesmo tempo, destaca a polêmica, principalmente no que tange à temática social. De acordo com Orlandi (2015), os sentidos são os mais variados, porque cada sujeito estabelece uma relação diferente com esse gênero e, consequentemente, com a própria sociedade. Para que as palavras tenham sentidos, é necessário que elas façam sentido, que o sujeito possa compreender, a partir de suas condições, o efeito de cada discurso. Selecionamos quatro pichações, de diferentes localidades, como córpus para esta análise, no intuito de evidenciar que os sentidos não são fixos, mas moventes, encaminhando as reflexões no sentido de pensar a pichação como uma manifestação revolucionária, de contradizer para alguns, mas que se relaciona com a contravenção, principalmente pela forma de manifestação e/ou circulação. Apresentamos, ao final, os efeitos de sentido produzidos pelas pichações, ressaltando os atravessamentos ideológicos que esse gênero discursivo carrega. Constatamos que os sentidos podem sempre ser um ou outro, e não há apenas um efeito possível, mas vários. Detectamos, ao longo das análises, que as condições de produção são fundamentais para a construção do significado a ser apreendido pelo sujeito, bem como a relação entre língua e história, pois sem o interdiscurso, muitos efeitos ficam à deriva. Portanto, as palavras só adquirem determinado sentido não somente por suas condições de produção, mas também por silenciamentos e abafamentos, ou seja, os sujeitos estão resistindo, estão lutando e estão buscando despertar reflexões sociais.