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Efeito da restrição de fluxo sanguíneo nos membros inferiores sobre o desempenho e respostas psicofisiológicas em corrida de 10 KM
(2023-03-14) Gabardo, Juliano Moro; Altimari, Leandro Ricardo; Almeida Junior, Ademar Avelar de; Casonatto, Juliano; Polito, Marcos Doederlein; Osiecki, Raul
A restrição de fluxo sanguíneo (RFS) no exercício tem sido utilizada sobretudo nas modalidades de força, com objetivo de aumentar a intensidade do exercício. No endurance esta técnica começou a ser investigada recentemente com o propósito de aumentar o aporte de oxigênio nos músculos ativos e consequentemente melhorar o desempenho. A RFS tem sido realizada em diferentes protocolos de aplicação, e nos esportes de endurance previamente ao exercício como estratégia ergogênica. Contudo, existem poucos estudos que, de fato, confirmam sua efetividade, especialmente quando se discute a validade ecológica no contexto esportivo (ex: testes contrarrelógio). Assim, o objetivo do presente estudo foi investigar o efeito da RFS realizada nos membros inferiores sobre o desempenho e respostas psicofisiológicas em corrida de 10 km. Para tanto, foi realizado um estudo com delineamento cross over, randomizado e balanceado. A amostra foi composta por 12 corredores amadores voluntários do sexo masculino (idade: 26,4 ± 4,7anos; massa corporal: 70,96 ± 6,12kg; estatura: 1,74 ± 0,03m; tempo de experiência: 4,5 ± 3,4anos; tempo de prova de 10 km: 42,6 ± 7min). Na primeira sessão experimental foi realizada avaliação antropométrica, familiarização na pista de atletismo e ancoragem da escala de percepção subjetiva de esforço PSE (6-20) (Borg, 1982). Na segunda e terceira sessões foram realizados os testes de corrida contrarrelógio de 10 km. Previamente aos testes de corrida foi aplicada a RFS ou Sham. Pré e pós aplicação da RFS ou Sham foi aferida a pressão arterial. Antes, durante e após a RFS e Sham foi mensurada a oxigenação muscular e a frequência cardíaca (FC). Durante os testes de corrida, além da PSE reportada pelos participantes a cada volta (400m), foi obtida a FC e o tempo por volta. Comparado com Sham, a RFS melhorou o desempenho da corrida na distância de 10 km em pista para o grupo todo (n =12; RFS: 2674 ± 405s vs Sham: 2701± 400s; t = -2,589; P = 0,02), e para o grupo “competidores” (n = 6; RFS: 2334 ± 194s vs Sham: 2366 ± 194s; t = -2,576; P = 0,05). A mínima mudança detectável (MMD) foi de 19,96s, com 8 (oito) participantes com melhora no desempenho de corrida abaixo da MMD, 2 (dois) sem efeito algum e 2 (dois) com efeito negativo, acima da MMD. O tempo analisado a cada km foi menor na condição RFS no grupo todo e nos “competidores” (F = 7,383; P = 0,02; ?p² = 0,402 e F = 6,971; P = 0,046; ?p² = 0,582, respectivamente). O último quilômetro apresentou um tempo (s) significantemente menor quando comparado ao penúltimo para as duas condições experimentais, e em todos os grupos. O delta do tempo entre os dois últimos kms apontou que, a RFS proporcionou uma queda significantemente maior no tempo médio do que o Sham, para o grupo total (P < 0,001). Foi analisado qual ponto no teste, onde de fato, ocorreu a diferença entre as condições através de parciais meio e quartis. As parciais meio não tiveram diferença, as parciais quartis apontaram que a RFS foi menor no terceiro quartil (do 5º ao 7,5º km; RFS: 684 ± 107s vs 694 ± 109s; P = 0,04). A velocidade, analisada a cada km, foi significantemente maior na condição RFS para o grupo todo (F = 7,211; P = 0,02; ?p² = 0,396). A PSE, FC e amplitude da FC apresentaram efeito do tempo (P < 0,001). A FC apresentou maiores valores na condição RFS (F = 8,097; P = 0,02) do segundo ao décimo quilômetro. Ainda, na FC normalizada pelos valores prévios ao início da corrida, foi encontrado efeito do tempo e diferença entre as condições (RFS vs Sham; F = 7,136; P = 0,02). A PSE aumentou significantemente na última volta nas duas condições (RFS e Sham) para o grupo total e competidores, nos recreacionais ocorreu somente para a condição Sham. As resposta da pressão sistólica teve redução após o procedimento de oclusão arterial (PAS-RFS: pré: 142 ± 12mmHg vs pós: 136 ± 9mmHg; P = 0,009). Os dados de oxigenação (O2Hb) e desoxigenação (HHb) muscular comprovou que a condição RFS (220mmHg), de fato, restringiu o fluxo sanguíneo para os membros inferiores, enquanto na condição Sham (20mmHg) isso não ocorreu (RFS vs Sham: P < 0,001), valor respectivo as duas variáveis. Os resultados sugerem que a RFS aplicada previamente ao teste de corrida de 10 km melhorou o desempenho, que aconteceu especificamente no grupo dos atletas competidores, no momento final do teste. Esses resultados indicam que a estratégia prévia de ocluir os membros inferiores resulta numa melhor performance, denotada também pela carga interna de esforço maior mesmo sem alterar a percepção, em contexto esportivo, sobretudo nos atletas com performance de competidores regionais.
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Obesidade: estilos de coping, características de personalidade e estimativa de tamanho de porções alimentares
(2022-02-25) Araújo, Juraci de Cássia; Estanislau, Célio Roberto; Oliveira, Katya Luciane de; Ribeiro, Mayron Pereira Piccolo
Introdução: A obesidade é um problema global. No Brasil, o número de pessoas com obesidade mais do que dobrou entre 2002 e 2019. O comportamento alimentar pode se relacionar com características de personalidade e estilos de coping. Essas relações podem interagir com a maneira como a pessoa estima tamanhos de porções alimentares, mas esse fenômeno apresenta estudos incipientes sobre o assunto. Objetivo: O presente estudo investiga correlações entre características de personalidade, estilos de coping e a percepção de tamanho de porções alimentares em pessoas com obesidade. Método: Participaram do estudo 37 pacientes do Ambulatório de Especialidades do Hospital Universitário. Eles responderam a um questionário de dados demográficos, Bateria Fatorial de Personalidade, Inventário de Estilos de Coping e avaliação da estimativa de tamanho de porções alimentares. Resultados: Observou-se que a amostra estudada apresenta índices de Neuroticismo (N1 e N4) acima da média da população brasileira. O Estilo de Coping mais adotado foi o de Fuga-Esquiva. Fatores de Personalidade e Estilos de Coping não apresentaram correlações significativas entre si, mas se correlacionaram com as estimativas de tamanho de porções. As estimativas de tamanho de porção (p, m e g) também apresentaram correlação entre si, garantindo a confiabilidade das avaliações feitas pelos participantes. Conclusões: Neuroticismo elevado e Estilo de Coping Fuga-Esquiva estão, conforme estudos anteriores, relacionados a expectativas negativas na evolução da obesidade, indicando a necessidade de acompanhamento psicológico sistemático para o grupo estudado. A estimativa de tamanho de porção apresentou correlação com características de personalidade e estilos de coping, sugerindo a adoção dessa estratégia de pesquisa em próximos estudos
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Efeito de dois tipos de progressão no treinamento de força sobre a força, hipertrofia e resistência muscular em mulheres jovens destreinadas
(2023-08-03) Costa, Bruna Daniella de Vasconcelos; Cyrino, Edilson Serpeloni; Ugrinowitsch, Carlos; Souza, Eduardo Oliveira de; Silva, Renato Barroso da; Tricoli, Valmor Alberto Augusto
Introdução: A aplicação do princípio da sobrecarga progressiva no treinamento de força (TF) é de fundamental importância, sobretudo, para otimizar as adaptações musculares (força, hipertrofia e resistência muscular). Entretanto, o estabelecimento da estratégia de progressão mais adequada tem sido um grande desafio para a comunidade científica. Objetivo: Comparar o efeito de dois tipos de progressão no TF sobre a força, resistência e hipertrofia muscular em mulheres jovens. Métodos: Trinta e cinco mulheres destreinadas, entre 18 e 35 anos, foram recrutadas e alocadas de maneira aleatória em um dos dois grupos, a saber: (1) progressão simples, por meio do aumento do peso (SIMPprog), ou (2) progressão dupla, por meio do aumento do peso e do número de séries (DUPprog). Inicialmente, ambos os grupos foram submetidos a um programa de TF para os diferentes segmentos corporais (tronco, membros superiores e inferiores), em uma frequência de três sessões semanais, em dias alternados, com duas séries de 8-12 repetições máximas (RM) para cada exercício, durante duas semanas. A partir daí, o grupo SIMPprog permaneceu realizando duas séries em todos os exercícios ao longo das oito semanas de intervenção, ao passo que o grupo DUPprog progrediu para três séries da terceira a quinta semana e para quatro séries da sexta a oitava semana. O peso foi ajustado em todos os exercícios ao longo do tempo em ambos os grupos. A força e a resistência muscular foram avaliadas por meio do teste de uma repetição máxima (1-RM) e de repetições máximas (60% 1-RM), nos exercícios leg press 45° e supino reto com barra. A hipertrofia muscular foi analisada por meio da espessura muscular dos músculos da coxa anterior (vasto intermédio e reto femoral) e lateral (vasto intermédio e vasto lateral), flexores (bíceps braquial e braquial) e extensores do cotovelo (cabeça longa do tríceps). Resultados: Aumentos na força e resistência muscular (P < 0,05) foram revelados em ambos os grupos para os exercícios leg press 45° (1-RM: SIMPprog = 23,9% vs. DUPprog = 27,4%; 60% 1-RM: SIMPprog = 57,0% vs. DUPprog = 59,0%) e supino reto com barra (1-RM: SIMPprog = 16,5% vs. DUPprog = 15,8%; 60% 1-RM: SIMPprog = 29,8% vs. DUPprog = 34,9%), sem diferença entre eles (P > 0,05). Ambos os grupos apresentaram aumentos da espessura muscular (P < 0,05) dos flexores (SIMPprog = 7,4% vs. DUPprog = 9,8%) e extensores do cotovelo (SIMPprog = 14,3% vs. DUPprog = 13,7%), sem diferença entre eles (P > 0,05). Adicionalmente, aumentos significantes (P < 0,05) foram encontrados em ambos os grupos para a espessura muscular da coxa anterior e da coxa lateral, após oito semanas de TF. Entretanto, diferenças significantes entre os grupos foram identificadas tanto na espessura muscular da coxa anterior (SIMPprog = 7,8% vs. DUPprog = 13,5%; P = 0,03), quanto da espessura muscular da coxa lateral (SIMPprog = 7,1% vs. DUPprog = 10,3%; P = 0,04). Conclusão: Os resultados sugerem que o aumento gradativo no número de séries por exercício no TF parece ser uma estratégia de progressão mais eficiente para hipertrofia muscular de membros inferiores do que simplesmente o aumento do peso. Entretanto, ambas as estratégias se mostraram efetivas para a melhoria da força e resistência muscular nos diferentes segmentos corporais, assim como para hipertrofia muscular de membros superiores.