Subfalar nordestino em foco : proposta de subdivisão da demarcação de nascentes (1953) a partir de dados lexicais do projeto ALiB

Data

2024-03-25

Autores

Serra, Flávia Pereira

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Resumo

A divisão dialetal elaborada por Nascentes (1953) destaca-se por ser um dos grandes marcos da Dialetologia no Brasil, na qual o pesquisador, por meio da observação de um fenômeno fonético-fonológico e aspectos prosódicos, dividiu o Brasil em falar do Norte, que se subdivide nos falares amazônico e nordestino, e do Sul, subdividido em falares baiano, fluminense, mineiro, sulista, além do território incaracterístico. Essa divisão tem sido referência de estudo para vários pesquisadores que buscam verificar a pertinência dessa proposta, principalmente por meio da distribuição diatópica de itens lexicais. Dentre esses trabalhos, destacamos Ribeiro (2012), que investigou a área do Subfalar Baiano; Portilho (2013) e Souza (2021), cujo foco foi o Subfalar Amazônico; Romano (2015), Subfalar Sulista; Cuba (2015), Território incaracterístico; D’Anunciação (2016), Subfalar Mineiro, Santos (2016), Subfalar Fluminense; e Santos (2018), o Subfalar Nordestino. Apesar de este último – Subfalar Nordestino – ter sido estudado por Santos (2018), por meio da análise de itens lexicais do campo semântico Jogos e Diversões Infantis (Questionário Semântico-lexical (QSL) do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB)) (Comitê..., 2001, p. 34), a autora destacou a necessidade de fazer um estudo mais aprofundado do falar da região, abrindo margem para este trabalho, que propõe demonstrar a heterogeneidade dialetal do Subfalar Nordestino e uma possível subdivisão da área, com base em um conjunto de dados lexicais do mesmo Projeto. A pesquisa fundamenta-se nos princípios teórico-metodológicos da Dialetologia e Geolinguística (Nascentes, 1958; Ferreira, Cardoso, 1994; Cardoso, 2010). Metodologicamente, foram tratados os registros contantes do acervo do Projeto ALiB, dados referentes a quatro questões do QSL, que investigam as variantes dos itens tangerina (QSL 039), bananas gêmeas (QSL 043), galinha d’angola (QSL 067) e libélula (QSL 085). A fim de tornar possível a análise de toda área do Subfalar Nordestino, juntamente com sua área de entorno, foram analisados dados de 68 localidades, dentre capitais e cidades do interior, que compõem a rede de pontos linguísticos do ALiB, distribuídos pelos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e parte do Tocantins, Sergipe, Bahia e Pará. No total, foram considerados dados de 272 informantes de nível básico (que tenham estudado até o Ensino Fundamental incompleto), quatro por localidade, estratificados segundo sexo (homem e mulher) e faixa etária (Faixa I, 18 a 30 anos, e Faixa II, 50 a 65 anos). Após a catalogação dos dados, foram elaboradas cartas linguísticas, com auxílio do programa computacional [?GVCLin] (Seabra, Romano, Oliveira, 2014-15). A análise dos dados evidencia a heterogeneidade lexical do Subfalar Nordestino, além de indicar a existência de duas subáreas, Subfalar Nordestino ocidental, que corresponde ao MA e PI, e Subfalar Nordestino oriental, composta pelos estados do litoral leste RN, PB, PE e AL; e uma área de transição, correspondente à área central do subfalar, ocupada principalmente pelo CE e pontos adjacentes.

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Palavras-chave

Dialetologia, Divisão dialetal, Português brasileiro, Léxico, Subfalar nordestino, Projeto ALiB, Linguagem - Estudo e ensino, Lexicologia, Língua portuguesa - Dialetologia - Brasil, Geografia linguística - Brasil

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