02 - Mestrado - Análise do Comportamento
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Item Autoconhecimento e agências controladoras : uma investigação da influência do ambiente social sobre o conhecimento de si mesmo(2024-02-07) Trintim, Lucas Tobias; Filgueiras, Guilherme Bracarense; Laurenti, Carolina; Dittrich, AlexandreO autoconhecimento pode ser compreendido como um repertório verbal de descrição de respostas públicas e/ou privadas do indivíduo, bem como das variáveis que controlam essas respostas. Enquanto um repertório verbal, o autoconhecimento é desenvolvido nas relações sociais e tem grande utilidade para o indivíduo e a comunidade. A principal utilidade é que o autoconhecimento se configura como precursor de outros comportamentos, como o autocontrole. Por serem amplas as possibilidades de controle social, diferentes tipos de autoconhecimento podem ser selecionados na relação do indivíduo com seu ambiente. As agências controladoras se configuram como segmentos importantes desse ambiente social, portanto, questiona-se de que modo sua atuação impacta especificamente o repertório de autoconhecimento dos indivíduos. Para responder essa questão, foi proposta uma pesquisa de natureza bibliográfica do tipo integrativa, que buscou investigar como uma amostra da literatura analítico-comportamental tem abordado a relação entre autoconhecimento e seu desenvolvimento pelas agências de controle. Foram acessados todos os artigos de periódicos especializados em Análise do Comportamento ainda em atividade que publicam em Português. Todos aqueles artigos que traziam em seu corpo textual menções simultâneas ao autoconhecimento e às agências controladoras foram inicialmente selecionados para análise. Nenhum material que apresentasse uma relação direta entre autoconhecimento e agências controladoras foi encontrado. No entanto, a literatura analisada apresentou subsídios teóricos e fragmentos discursivos que permitiram a elaboração de uma análise sobre esses dois conceitos. Em relação ao autoconhecimento, avaliou-se que tal conceito foi apresentado de maneira coerente com a proposta skinneriana e foi evidenciado o papel do ambiente no desenvolvimento deste comportamento. Fundamentado nos diferentes enfoques que foram dados ao termo, cinco tipos de autoconhecimento foram propostos: autoconhecimento deficiente; autoconhecimento das condições corporais; autoconhecimento das variáveis culturais; autoconhecimento das regras e autorregras e autoconhecimento do controle coercitivo. Em relação às agências controladoras, o material analisado reconhece-as como importantes segmentos do ambiente social que influenciam o repertório comportamental dos indivíduos. Maiores detalhes foram apresentados sobre a agência educacional familiar, indústria biomédica e psicoterapia. Em relação a essa última, foi enfatizado o seu papel político, já que a atuação da psicoterapia pode ter fins diversos, como a manutenção da própria agência e não necessariamente o benefício do indivíduo. A prática psicoterápica embasada em análise funcional foi indicada como uma alternativa que permite que essa agência promova mais benefícios ao indivíduo. Essa forma de atuação, por sua vez, favorece o desenvolvimento de alguns tipos específicos de autoconhecimento que estão mais próximos ao autocontrole e ao contracontrole. Além disso, foi apontado que o uso de práticas coercitivas e o controle punitivo das agências pode favorecer formas de autoconhecimento que ocultam o reconhecimento de importantes variáveis que atuam sobre o comportamento e não favorecem repertórios de autocontrole e contracontrole.Item Uma sistematização das discussões sobre a temática da religião em B. F. Skinner(2023-07-26) Donicht, Roberto Salbego; Lopes, Carlos Eduardo; Laurenti, Carolina; Dittrich, AlexandreA temática da religião é um tema complexo que está presente na humanidade como um todo, influenciando as decisões de inúmeros indivíduos e grupos sociais, sejam eles religiosos praticantes ou não. Devido a sua relevância, a temática da religião vem sendo discutida por analistas do comportamento há algumas décadas, porém, há razoável consenso na literatura científica de que a área não apresenta definições conceituais adequadas sobre a terminologia empregada (e.g., comportamento religioso, fenômeno religioso, espiritualidade) para analisar a temática da religião. Além disso, a área possui uma diversidade de interpretações que enfatizam dimensões de análises sobre a temática da religião, por vezes divergentes, havendo assim uma fragmentação analítico-conceitual sobre o tema. Uma das consequências disso é a ausência de um consenso sobre definições terminológicas adotadas e a dificuldade de análises integrativas, algo que possibilita o surgimento de confusões teórico-conceituais. Portanto, esta pesquisa se propôs retornar a uma fonte em comum, os textos de B. F. Skinner, buscando indagar em que medida as discussões skinnerianas podem ofertar um aporte teórico-conceitual capaz de integrar essa fragmentação de análises analítico-comportamentais sobre a temática da religião. Desse modo, a pesquisa apresenta uma sistematização das discussões skinnerianas sobre a temática da religião. Sendo uma pesquisa de natureza teórica-conceitual, o método adotado foi o de buscar as citações do radical relig nos textos de Burrhus Frederic Skinner. Tais textos foram lidos, analisados e então interpretados por meio da construção de tabelas interpretativas, as quais permitiram os seguintes produtos: comentários interpretativos e teses skinnerianas sobre a temática da religião. A partir dos produtos das tabelas, foi possível realizar uma descrição, por um viés skinneriano, sobre como comportamentos religiosos são emitidos, estabelecidos e, consequentemente, utilizados por agências controladoras religiosas. Também foi possível descrever as vantagens e desvantagens da existência de uma agência controladora religiosa, assim como modos para lidar com as problemáticas advindas do poder dessas agências religiosas. Outra implicação da pesquisa foi uma proposta inicial de um vocabulário terminológico conceitual: 1) Comportamento Religioso: comportamentos controlados por contingências raras ou acidentais, com atribuição causal sobrenatural; 2) Controle Religioso: uso de atribuição causal sobrenatural para explicar a ocorrência de eventos raros ou acidentais, com o intuito de controle social; 3) Agência Controladora Religiosa: uma instituição especializada no uso de controle religioso; 4) Religiosidade: qualquer comportamento religioso cujo controle não é explicitamente institucional. A aplicação dessa terminologia às discussões analítico-comportamentais da temática da religião permite concluir que há diferentes dimensões de análise, indicando que uma rede terminológica conceitual é necessária para representar todas essas dimensões. Por fim, a sistematização das discussões skinnerianas sobre a temática da religião é capaz de integrar os diferentes níveis de análise (filogenéticos, ontogenético, culturais) sobre o tema, indicando que as divergências encontradas na literatura ocorrem devido a fragmentações e especializações em determinada dimensão de análise da temática da religião.Item Aderir ao tratamento antirretroviral: contribuições da análise do comportamento(2023-06-30) Santos, Emersson Augusto Paixão dos; Freitas, Maria Clara de; Kienen, Nádia; Lopes, Gilselena Kerbauy; Seidl, Eliane Maria FleuryOs avanços tecnológicos observados nas últimas décadas promoveram mudanças significativas no perfil das pessoas que vivem com HIV/aids. Devido às medicações de última geração, a infecção que era associada à morte passou a configurar uma condição crônica de saúde. Pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) podem viver sem adoecer ou transmitir o vírus ao atingirem a supressão viral. Esse desfecho é resultado da adesão a medicamentos antirretrovirais. Contudo, qualquer falha nesse processo pode limitar os efeitos do tratamento. Diante disso, intervenções voltadas para a adesão ao tratamento antirretroviral em pessoas que vivem com HIV (PVHIV) vêm se tornando estratégias para maximizar a qualidade de vida, e prevenir a ocorrência de infecções oportunistas. Esta pesquisa foi organizada em dois estudos. No Estudo 1, o objetivo foi identificar e analisar comportamentalmente as variáveis que contribuem para a efetividade de programas de adesão à terapia antirretroviral por meio de revisão sistemática de literatura. Foram realizadas buscas em um portal de periódicos que indexa bases de dados nacionais e internacionais, sendo selecionados sete estudos, que foram analisados segundo categorias previamente estabelecidas. Os resultados indicaram que os estudos que empregaram princípios de teorias comportamentais obtiveram melhores resultados em termos de promoção e manutenção da adesão ao tratamento antirretroviral. Ademais, quatro dos sete estudos não apresentaram uma definição operacional ou descritiva sobre o comportamento de adesão, enquanto os textos que definiram o conceito o fizeram a partir de uma perspectiva biomédica, como: “tomar a quantidade adequada da medicação diariamente, no horário correto”, o que indica que a definição deste conceito em termos de comportamentos não foi base para os estudos que compuseram a base de dados. No Estudo 2 o objetivo foi propor comportamentos que compõem a classe de comportamentos de aderir ao tratamento antirretroviral por PVHIV. O método de investigação utilizado foi baseado na Programação de Condições para o Desenvolvimento de Comportamentos (PCDC). As fontes de informação foram selecionadas e lidas a partir da prévia revisão sistemática da literatura (o Estudo 1), de modo a identificar comportamentos ou componentes de comportamentos que compõem a classe “aderir ao tratamento antirretroviral”. Com isso, foram identificadas vinte e duas classes de comportamentos que compõem a classe geral de “aderir ao tratamento antirretroviral” que foram distribuídas em três níveis de abrangência. Espera-se, com tal sistematização, oferecer para a área um modelo útil, baseado na Análise do Comportamento, que possa ser utilizado na criação, implementação e avaliação de programas para adesão ao tratamento antirretroviral em PVHIV. A regionalidade e o baixo número de artigos selecionados (n=3) pode configurar um limite do presente estudo. Estudos futuros desta natureza podem ampliar as classes de comportamentos propostas por meio do exame de fontes de informações nacionais, como protocolos dos serviços de cuidado à PVHIV disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e do relato de pacientesItem Design de um programa psicoterapêutico para o desenvolvimento de resolução de problemas em crianças(2023-06-23) Santos, Amanda Viana dos; Neves Filho, Hernando Borges; Regra, Jaide Aparecida Gomes; Conte, Fatima Cristina de SouzaConsiderando a possibilidade de realizar uma síntese de diferentes processos comportamentais para a construção do repertório de resolução de problemas; a ausência na literatura de um programa amplo ou um modelo psicoterapêutico de resolução de problemas para crianças, o objetivo do presente trabalho foi realizar o design de um Programa Psicoterapêutico (PP) para a construção do repertório de resolução de problemas em crianças, na perspectiva da análise não-linear das contingências, no contexto de psicoterapia individual brasileiro. Trata-se de uma pesquisa de Tecnologia Comportamental, visando o desenvolvimento de um PP que integra as etapas (a) contato inicial com a criança, (b) identificação do problema, (c) análise funcional das (possíveis) interações envolvidas na situação-problema, (d) identificação e desenvolvimento dos repertórios pré-requisitos para a tentativa de solucionar o problema, (e) exposição à situação-problema e tentativa de resolução. A este PP, foi dado o nome “Programa Psicoterapêutico para Resolução de Problemas em Crianças” (PPRP) e é constituído de: um roteiro com módulos com itens norteadores a serem trabalhados em sessão com a criança; um guia ao psicoterapeuta (“Guia do Terapeuta”) com diretrizes para facilitar a avaliação e intervenção quanto a evolução do seu próprio repertório enquanto psicoterapeuta e dos repertórios da criança e de seus cuidadores; e fichas de registro de comportamentos da criança e de seus cuidadores. Em última instância, a avaliação da construção e da aplicação do PPRP poderá culminar no avanço científico e social, uma vez que exigências experimentais podem ser desmembradas de modo que o procedimento inédito seja realmente efetivo ou evitar com que ele seja ineficaz para os objetivos do Programa e para as necessidades dos clientes. Espera-se que o design proposto possa contribuir com a produção científica na área da terapia analítico-comportamental infantil e de resolução de problemas, especialmente ao suscitar novos possíveis dados e procedimentos advindos da pesquisa básica e conceitual. Por fim, o trabalho pretende colaborar com uma antiga questão sobre se é possível ou não a complementaridade e a interdependência entre a prestação de serviços (como a clínica) e a pesquisa básica. Discute-se para futuras pesquisas, a versão do design que compõe o contato e orientação aos cuidadores da criança; sistematizar estratégias lúdicas menos verbais em comparação a um adulto e um maior espaço para o treino de respostas intermediárias à solução no Roteiro; aplicar piloto do PPRP; produzir evidências para avaliação do ProgramaItem Interseções em análise comportamental da cultura: o contato com antropologia simbólica e construção de nicho cultural(2023-05-22) Maciel, Miguel Abdala Paiva; Neves Filho, Hernando Borges; Vasconcelos Neto, Aécio de Borba; Cardoso, Raphael MouraCultura, antiga palavra de origem no latim, começa a ser sistematicamente analisada como um objeto de estudo da antropologia no final do século XIX, com diversas definições e formas de ser trabalhada ao longo de todo século XX. Concomitantemente, a Biologia também desenvolve pesquisas e definições sobre o conceito de cultura, principalmente a partir da década de 1970. Após algumas tentativas de diálogo falharem, as duas áreas das ciências sociais e naturais desenvolvem-se em paralelo. Enquanto isso, a Análise do Comportamento também inicia suas pesquisas sobre o fenômeno cultural, a partir da década de 1950. Nesse sentido, este trabalho objetiva destrinchar pontos de contato entre as reflexões e debates da Análise do Comportamento com essas duas outras áreas, almejando assim uma compreensão sintética do fenômeno cultural que consiga adequar contribuições dessas áreas. Para isso, duas publicações foram elaboradas, sendo o primeiro para desenvolver contatos com a antropologia simbólica de Clifford Geertz e o segundo para discutir as proximidades com o conceito de construção de nicho cultural. A partir disso, uma discussão entre esses trabalhos será feita. Encontra-se, nesse sentido, a possibilidade da Análise do Comportamento em dialogar com essas áreas diversas, usufruindo dos dados encontrados e contribuindo com análises comportamentais minuciosas. Desse modo, a Análise do Comportamento serviria como uma ferramenta conceitual e científica que possibilitaria a interseção de áreas, como antropologia e Biologia Evolutiva, mas com possibilidade para diversas outrasItem Empatia na literatura analítico-comportamental: uma revisão integrativa(2022-09-20) Souza, Guilherme Augusto Ascenscio Rosa de; Gon, Márcia Cristrina Caserta; Zazula, Robson; Soares, Maria Rita Zoéga; Grossi, Renata; Vila, Edmárcia ManfredinEntender o outro ou entender os sentimentos dos outros parece ser um requisito para o bom convívio social e, também, para boas práticas terapêuticas. Entre outros campos de estudo, o Behaviorismo Radical, como base filosófica, e a Análise do Comportamento, também tratam sobre a empatia. Mesmo que de maneira breve, Skinner menciona a empatia ao falar sobre eventos privados e ressalta a impossibilidade de sentirmos precisamente o que os outros sentem. Para além de Skinner, a Análise do Comportamento, em suas diferentes naturezas de trabalho (básica, aplicada e teórica), parece apresentar alguns aspectos sobre a empatia. Um desses aspectos é a concepção da empatia como um comportamento operante social que pode ser treinado e desenvolvido. Ao mesmo tempo, também aparecem concepções que trazem a empatia como uma Operação Estabelecedora (OE) e, assim, um evento que atua sobre comportamentos. Por mais que as concepções versem sobre um fenômeno, cada uma delas traz definições diferentes para um mesmo termo, havendo parecer pouco consenso sobre a empatia na literatura analítico-comportamental e considerando a clareza conceitual para a realização de estudo e instrumentos. Dessa forma, o objetivo dessa pesquisa é sistematizar o conceito de empatia na literatura analítico-comportamental. Assim, foi feita uma revisão integrativa de literatura com base em artigos referenciados pela Análise do Comportamento e que tratem da empatia. O material foi buscado por meio da combinação de palavras-chaves específicas sobre a empatia e, também, sobre a produção científica da Análise do Comportamento. Foram utilizadas bases nacionais e internacionais para a realização da busca, alcançando um total de 2724 artigos, de maneira que 25 artigos que atenderam os critérios de inclusão e exclusão foram recuperados. Deste total, 18 artigos foram selecionados via busca nas bases de dados internacionais e sete de revistas nacionais. O material selecionado foi sistematizado em tabelas, nas quais foram compiladas informações sobre os dados bibliométricos e de natureza da pesquisa. As definições encontradas sugerem que a empatia é entendida como um elemento complexo do comportamento. Apesar de alguns autores entenderem o conceito como uma emoção ou operação motivacional, a maioria dos textos compreendem empatia como um comportamento social. A maior parte dos estudos encontrados visaram discutir a empatia como um comportamento desejável ao terapeuta atuante na clínica e não o conceito por si só, de maneira que poucos estudos conceituais e exclusivos sobre a empatia foram encontradosItem Uma análise comportamental dos protestos de junho de 2013 no Brasil(2022-06-21) Melo, Débora de Nez de; Gallo, Alex Eduardo; Lopes, Carlos Eduardo; Fernandes, Diego MansanoMilhares de pessoas ocuparam as ruas do Brasil, em junho 2013, em contestação a diversas problemáticas sociais. Algumas das pautas dos protestos reivindicavam qualidade nos serviços públicos básicos, denotavam repúdio aos gastos elevados com megaeventos esportivos e às denúncias de corrupção. Os protestos de junho de 2013 tiveram grandes proporções, impactando a dinâmica política brasileira, configurando um interessante objeto de estudo para a Análise do Comportamento. A partir da estrutura da contingência cultural de três termos, é possível estudar os protestos como uma prática cultural inter-relacionada com o ambiente social e físico e as consequências culturais produzidas. As práticas de protesto congregaram diferentes atores sociais, culminando em disputas de grupos integrantes da mobilização social e agências controladoras. Tendo em vista que esta pesquisa teve como objetivo analisar os protestos de junho 2013 a partir de uma perspectiva analítico-comportamental, foram articuladas as literaturas da Sociologia Política e da Análise do Comportamento, a fim de caracterizar o contexto sociopolítico e os atores sociais envolvidos, as relações de controle e contracontrole entre grupos em protesto e agências controladoras e as consequências culturais produzidas. A sistematização do material decorreu em três capítulos organizados a partir da estrutura da contingência cultural de três termos. O primeiro capítulo contempla a identificação de contingências culturais que criaram condições para a emergência de práticas culturais de protesto antecedentes as de junho de 2013. Entre os protestos assemelhados aos de 2013, estão os movimentos antiglobalização (1999) com elementos como a descentralização e ausência de lideranças formais e a presença de grupos Black Blocs. Os protestos das Diretas Já (1984) e Caras Pintadas/Fora Collor (1992) têm os símbolos nacionais (hino, bandeira e heróis) e a defesa pela ética na política (anticorrupção) como semelhança que reverberou em 2013. De modo geral, os protestos se caracterizam pela concentração de pessoas em espaços públicos, bloqueio de vias, uso de cartazes indicando a demanda e/ou denúncia do grupo, palavras de ordem entoadas e bandeiras hasteadas que identificam os grupos e/ou a posição político-ideológica. O segundo capítulo apresenta as contingências sociopolíticas as quais emergiram os protestos de junho de 2013, as frações socialista, autonomista e patriota que compuseram as mobilizações e as práticas de controle das agências controladoras governamental, econômica, midiática e policial nos protestos. A agência policial fez uso de controle coercitivo para dispersar os protestos, a agência midiática descrevia os integrantes a partir de valores morais reprovados socialmente, legitimando práticas repressivas da polícia e, nesse cenário, perspectivas político-ideológicas distintas intragrupos produziu conflitos entre integrantes. O terceiro capítulo contempla as consequências de longo prazo produzidas após os protestos de junho ocorrerem. Foram identificadas modificações institucionais relativas às demandas dos grupos, como a redução da tarifa de ônibus, e consequências legislativas elaboradas a partir de práticas de controle da agência governamental para restringir protestos. Conclui-se que as práticas de protesto de 2013 apresentaram variações que desafiaram o modo como as agências controladoras operavam negociações com integrantes de protestos nas últimas décadas e o ambiente social suprimiu o contracontrole de grupos que iam na contramão dos valores democráticos difundidos pelas agências, como o pacifismo, a lei e a ordemItem Gerenciar crises suicidas por telefone: classes de comportamentos a serem apresentadas por psicoterapeutas derivadas a partir da literatura sobre Terapia Comportamental Dialética(2022-09-23) Fernandes, Kellen Martins Escaraboto; Kienen, Nádia; Souza, Liane Dahás Jorge de; Amaral, Mariana; Moriyama, Josy de SouzaO suicídio é um fenômeno que necessita ser mais pesquisado. No que concerne ao tratamento de comportamentos que podem estar relacionados às crises suicidas, a Terapia Comportamental Dialética (DBT) constitui-se em um modelo de intervenção abrangente, que tem buscado respostas, fundamentadas em evidências científicas, sobre como ajudar essas pessoas a aprenderem comportamentos que sejam incompatíveis com o suicídio. O gerenciamento de crises suicidas é uma intervenção proposta pela DBT por meio de um modo de intervenção denominado de coaching por telefone. Porém, pouco se tem descrito quais comportamentos os psicoterapeutas devem apresentar para gerenciar uma crise suicida ao telefone. Da mesma forma, é necessário desenvolver estudos sobre como deve ser realizada a formação desses profissionais para que possam se comportar, realizando um gerenciamento que garanta a manutenção da vida. A Programação de Condições para o Desenvolvimento de Comportamentos (PCDC) é uma tecnologia derivada dos conhecimentos produzidos pela Análise Experimental do Comportamento que pode auxiliar na busca por respostas relacionadas a que comportamentos um terapeuta precisa apresentar para realizar o gerenciamento de crises suicidas por telefone. Esta pesquisa utilizou os procedimentos da PCDC para identificar as classes de comportamentos constituintes do gerenciamento de crises suicidas por telefone, tendo como referência a literatura produzida pela DBT. Para isso, foram selecionadas duas obras da literatura sobre DBT, das quais foi possível identificar classes de comportamentos constituintes desse fazer. O conceito de comportamento como um complexo sistema de relações entre classes de estímulos antecedentes, classes de respostas e classes de estímulos consequentes foi considerado como base para identificação dessas classes de comportamentos. O procedimento foi constituído por 9 etapas: seleção e registro dos trechos das fontes de informações que permitem identificar constituintes de classes de comportamento; análise e derivação, a partir dos trechos, de possíveis componentes de classes de comportamentos; proposição das classes de comportamentos, além da avaliação da linguagem utilizada, a nomenclatura e a coerência dos trechos e das informações deles derivadas. Por fim, as classes de comportamentos identificadas foram organizadas em uma lista e foram estabelecidas categorias para a organização delas. Os resultados permitiram a identificação de 381 classes de comportamentos que constituam a classe geral “gerenciar crises suicidas por telefone”, as quais foram organizadas em 19 categorias. Foi possível observar que a maior quantidade de classes de comportamentos está distribuída nas categorias “resolver o problema” 14,17% (N=54) e “formar um plano de ação para manejo de crises” 12,60% (N=48), seguidos das categorias “uso de habilidades” 5,25% (N=20), “manejar a crise utilizando recursos convencionais” 4,46% (N=17), “analisar variáveis precipitantes da crise” 4,72% (N=18), “comprometer o cliente com o gerenciamento da crise” 7,61% (N=29), “remover meios letais” 4,72% (N=18), “validar o comportamento do cliente” 6,30% (N=24), “avaliar riscos de suicídio” 8,40% (N=32), “direcionar a atenção às emoções” 4,99% (N=19) e “comportamentos gerais” 7,61% (N=29). As categorias em que foram identificadas as menores quantidades de classes de comportamentos foram “limites do psicoterapeuta” 3,15% (N=12), “avaliar o procedimento de gerenciamento” 2,36% (N=9), “follow up após a crise” 3,41% (N=13), “promover flexibilidade comportamental” 0,79% (N=3), “orientar de forma diretiva” 2,36% (N=9), “fortalecer o vínculo” 2,62% (N=10), “promover respostas de esperança” 2,89% (N=11) e “atender ligações de crise suicida” 1,57% (N=6). A quantidade e diversidade de classes de comportamentos que constituem cada uma das categorias do gerenciamento de crises suicida por telefone evidencia a complexidade do procedimento de intervenção e sinaliza lacunas a serem preenchidas, tais como especificações e melhores descrições sobre algumas classes de comportamentos, além de uma análise mais aprofundada dos componentes das classes de comportamentos com uma nomeação mais precisa das classes a partir da sua função. Essa identificação das classes de comportamentos representa um primeiro passo para se ter mais clareza sobre os comportamentos que constituem a atuação de psicoterapeutas que gerenciam crises suicidas por telefone, podendo ser utilizados para a elaboração de programas de capacitação para psicoterapeutas que diariamente enfrentam o desafio de diminuir as estatísticas sobre suicídioItem Proposição de classes de comportamentos constituintes da classe geral "Gerenciar a Própria Vida Profissional"(2022-09-13) Damasceno, Thaís Andrade; Kienen, Nádia; Rosa, José Antônio; Panosso, Mariana GomideEm períodos de crise econômica, as pessoas se tornam mais preocupadas em planejar as próprias profissões e buscar orientações e estratégias que as auxiliem com esse planejamento. Até mesmo profissionais empregados que, em princípio, não estariam sofrendo com os efeitos de uma crise econômica, podem se beneficiar desse tipo de auxílio, uma vez que podem igualmente apresentar um repertório comportamental ocupacional deficitário, quando comparado às exigências para o desempenho de seu trabalho ou para uma dada mudança ou desenvolvimento da sua vida profissional. Ter clareza sobre os comportamentos requisitos para gerenciar a própria vida profissional e desenvolvê-los pode contribuir para que o indivíduo exerça autonomia sobre sua vida profissional, identificando as necessidades sociais que pode atender por meio de seus comportamentos profissionais. A presente pesquisa objetivou propor classes de comportamentos constituintes da classe geral “gerenciar a própria vida profissional”. Para isso, quatro capítulos da obra “Carreira: planejamento e gestão” (Rosa, 2013) foram utilizados como fonte de informação. Foi realizado um procedimento em nove etapas, com base na Programação de Condições para o Desenvolvimento de Comportamentos (PCDC) e considerando o conceito de comportamento como a interação entre ações (classes de respostas) de um organismo e aspectos do ambiente (classes de estímulos antecedentes e consequentes a essas ações). O procedimento envolveu a seleção de trechos da fonte de informação, a identificação e derivação de componentes de classes de comportamentos a partir dos trechos selecionados, além da proposição de nomenclaturas às classes de comportamentos. Na sequência, uma juíza avaliou a adequação das nomenclaturas com base em critérios relativos à objetividade, clareza, precisão e concisão. Como resultados, foram propostas 181 classes de comportamentos constituintes da classe geral “gerenciar a própria vida profissional”. Tais classes de comportamentos foram distribuídas, de acordo com sua função, em 21 categorias, que, por sua vez, foram organizadas em três conjuntos de repertórios comportamentais: 1) para obtenção de oportunidade profissional; 2) para manutenção da oportunidade profissional obtida e 3) para âmbito pessoal e profissional. Foram identificadas possíveis relações de pré-requisito entre classes de comportamentos de diferentes categorias de um mesmo repertório, além de entre classes de diferentes repertórios. As classes de comportamentos identificadas relacionam-se aos aspectos a serem geridos pelo profissional, tais como: o público que ele atende; o mercado ocupacional em que está inserido; sua comunidade, como clientes e colegas; os recursos de que dispõe; as resoluções que lhe são exigidas pelo cotidiano laboral, os projetos que pode desenvolver; as finanças; as metas e os resultados de seu trabalho. Esses resultados podem contribuir com o desenvolvimento do comportamento de “gerenciar a própria vida profissional” em indivíduos que precisam gerir as próprias ocupações, bem como à instrumentalização de profissionais e instituições que possam auxiliar esses indivíduos no desenvolvimento desse complexo comportamentoItem A plataforma Kahoot! como instrumento de ensino: uma proposta baseada no modelo da equivalência(2022-08-26) Castilho, Éllen Patrícia Alves; Haydu, Verônica Bender; Carmo, João dos Santos; Souza, Silvia Regina deEstratégias de ensino que envolvam tecnologias digitais e a gamificação podem facilitar o processo de aprendizagem podendo ser utilizadas como recursos de ensino. Esta dissertação apresenta dois estudos: um de revisão quase sistemática da literatura que embasou o planejamento do Estudo 2. O Estudo 1 visou a realizar uma revisão quase sistemática da literatura de estudos empíricos em que a Plataforma Kahoot! foi usada no ensino e na avaliação de repertórios acadêmicos. Os resultados indicaram que a bibliografia levantada expõe que o uso do Kahoot! proporciona melhora no desempenho dos participantes e foi identificado que os usos do Kahoot! foram majoritariamente como meio de avaliação ou revisão de conteúdos previamente ensinados. O Estudo 2 visou propor e avaliar um procedimento de ensino de multiplicação em contexto coletivo utilizando a Plataforma Kahoot!, baseado no modelo da equivalência de estímulos. Participou uma turma de estudantes de terceiro ano do ensino fundamental de uma escola particular da cidade de Londrina/PR. O ensino foi referente ao conceito de multiplicação entre dois números diferentes entre si, envolvendo a soma de agrupamentos de números iguais (adição) e a representação gráfica desses agrupamentos. Os participantes utilizaram dispositivos com conexão à internet para as atividades realizadas na Plataforma Kahoot!. Um caderno de respostas foi utilizado para a avaliação pré-intervenção, os testes de simetria, os testes de equivalência e a avaliação pós-intervenção. Verificou-se que houve a formação de classes de equivalência dos participantes que não haviam atingido o critério de acertos na avaliação pré-intervenção. Conclui-se que o presente estudo demonstrou ser viável uma tecnologia de ensino fundamentada no modelo da equivalência de estímulos, para ser usada em contexto coletivo de sala de aula, por meio de um recurso digital, a Plataforma Kahoot!Item Falsas memórias e análise do comportamento : análise de uma pesquisaDiesel, Heiny Harold; Gallo, Alex Eduardo [Orientador]; Melo, Camila Muchon de; Garcia, Marcos RobertoResumo: Falsa Memória é um fenômeno conhecido como lembrar de algo que não aconteceu Para a Análise do Comportamento, o termo memória deveria ser entendida como lembrar A mudança do substantivo para o verbo demonstra preocupação do analista do comportamento em buscar conceitos que representem melhor o entendimento dos fenômenos comportamentais em forma de ação Dessa forma, Falsa Memória poderia ser entendida como um relato distorcido ou distorção no lembrar A distorção no relato pode ocorrer de forma espontânea, por interferência externa acidental ou intencional A interferência externa pode ocorrer pela mediação da comunidade verbal sob o relato das memórias O procedimento das listas semanticamente relacionadas utilizado para produzir a Falsa Memória na pesquisa analisada, enquadra o fenômeno obtido como uma falsa memória produzida por interferência externa intencional Alterando o contexto, o mesmo processo que produz a falsa memória por interferência externa intencional pode ser classificado pela comunidade verbal como “sugestão” ou “dar dicas” para uma resposta Dessa forma, parece essencial olhar para o contexto no momento de classificar um fenômeno como uma falsa memóriaItem A violência contra travestis e transexuais mulheres a partir de uma perspectiva analítico-comportamentalDevides, Maria Beatriz Carvalho; Gallo, Alex Eduardo [Orientador]; Melo, Camila Muchon de; Figueiró, Mary Neide DamicoResumo: A sexualidade têm sido assunto de tensão no mundo, grupos LGBTTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Intersexuais) estão buscando garantia de direitos sociais e criação de políticas públicas para combater a violência Dentro desta população, travestis e transexuais, são as mais expostas às situações de violência e vulnerabilidade O presente trabalho coloca em pauta o estudo da violência contra travestis e transexuais e espera ampliar o debate entre a Análise do Comportamento e questões sociais contemporâneas O trabalho está dividido em duas partes, compostas por propostas de artigos científicos a serem submetidos à publicação No primeiro artigo buscou-se caracterizar o processo de construção da identidade trans, incluindo variáveis que compõem o modo como se estabelece a estigmatização e discriminação dessa população pela sociedade, de acordo com a Análise do Comportamento Para isso, foi preciso esclarecer as concepções de sexo biológico, expressão de gênero, identidade de gênero e orientação sexual Foi utilizada a abordagem Análise do Comportamento, que diferente da Psiquiatria, não está preocupada com classificações patológicas, e sim com a função que tais comportamentos adquirem na relação indivíduo-ambiente Foi descrito como os indivíduos aprendem sobre sua personalidade e sentimentos e como a cultura influencia nesta questão, por meio do comportamento verbal Foi identificado também o papel da agência controladora Mídia, onde práticas culturais são disseminadas, sendo um meio de produção de conhecimento sobre sexualidade A pornografia é o espaço midiático do sexo e comumente tem conteúdos violentos e enuncia valores misóginos O Brasil é o país que mais consome pornografia trans no mundo e também é o que mais mata essa população Como a transfobia é uma das facetas do preconceito, foram descritas também ferramentas que a Análise Experimental do Comportamento tem utilizado para investigar atitudes preconceituosas e processos simbólicos culturais O segundo artigo buscou identificar as contingências mantenedoras da violência contra travestis e transexuais mulheres a partir de seus relatos Participaram do estudo 4 pessoas nascidas com o sexo masculino, sendo que 3 se consideraram transexuais mulheres e 1 travesti, com idade superior a 18 anos, do interior do Paraná Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, gravadas e transcritas logo após As transcrições foram categorizadas de forma não-apriorística e correlacionadas com a teoria da Análise do Comportamento As participantes relataram sobre suas vidas socias, sobre o processo de se compreender como travesti ou transexual e sobre situações de violências sofridas A partir dos relatos foram identificadas seis categorias: Estímulo aversivo; Possíveis reforçadores Sociais; Eventos privados; Comportamento Simbólico; Paradigma das Relações Conflitantes; e Agências de Controle Foi constatado que por terem passado por diversas situações de violências, desenvolveram repertório comportamental de fuga, esquiva e subprodutos emocionais como medo, ansiedade, estresse, baixa autoestima e depressão Identificou-se que certas práticas culturais como a falta de contato com diferentes vivências de gênero, falta de educação sexual, a disseminação de padrões heteronormativos baseados em educação religiosa rígida, a falta de leis que garantam segurança para esta população, são fatores contribuem para a estigmatização, isolamento e vulnerabilidade da população transItem Valores de vida na terapia de aceitação e compromisso (ACT)Rahal, Gustavo Matheus; Gon, Márcia Cristina Caserta [Orientador]; Moriyama, Josy de Souza; Fornazari, Sílvia AparecidaResumo: O trabalho com valores de vida (ou sentido de vida) na psicoterapia ganhou destaque ao longo do século XX com o desenvolvimento das abordagens humanistas-existenciais No campo das psicoterapias de terceira onda, a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) destaca-se por trazer a temática para o centro do processo terapêutico A primeira parte deste trabalho apresenta e discute valores de vida no contexto da ACT Inicia expondo o modelo da Flexibilidade Psicológica que guia o processo terapêutico ACT, bem como o papel que valores de vida desempenham nele Apresenta o entendimento de valores enquanto “motivação” verbalmente estabelecida para o agir e discute algumas das variáveis contextuais na clínica analítico-comportamental que o influenciam Na sequência, aponta o diálogo clínico sobre valores de vida enquanto uma manipulação das redes de relações de estímulos arbitrários, mostrando alguns dados de pesquisa que exemplificam esta dinâmica Ao final, a importância deste tema é ilustrada por meio de intervenções com pacientes de dor crônica A segunda parte apresenta uma revisão sistemática de intervenções ACT que se utilizam e avaliam o efeito de valores de vida Foram identificados 17 estudos que abrangem uma diversidade de métodos, populações e contextos de intervenção O resultado indica que o trabalho com valores afeta na direção almejada as variáveis dependentes analisadas por cada estudo As discussões e resultados apresentados, tanto das pesquisas de intervenção quanto as laboratoriais, podem informar os profissionais do campo aplicado sobre as potencialidades e limitações do emprego de valores de vidaItem Identificando microexpressões faciais em audiências de depoimentoRadis, Lucas Bezerra; Gallo, Alex Eduardo [Orientador]; Joaquim, Rui Mateus; Gamba, Jonas FernandesResumo: A seleção natural moldou diversos aspectos do ser humano, visíveis e essenciais, até hoje Um desses aspectos que foi selecionado ao longo do tempo foi como a espécie humana reage ao ambiente a sua volta A forma como nossos antepassados reagiam a determinados estímulos foram essenciais para a sua sobrevivência e assim sua reprodução Conforme a complexidade destes estímulos foi gradativamente aumentando, também foi aumentando a complexidade dos comportamentos apresentados A algumas dessas ocorrências conjuntas de comportamentos diante um mesmo contexto, nossa cultura denominou de emoção Altamente necessária para a sobrevivência da espécie em ambientes diversos, o sentir foi sistematicamente selecionado através das situações cotidianas vivenciadas por nossos antepassados A distinção das microexpressões faciais enquanto forma de acesso a emoções apresenta-se como um modelo padronizado e confiável de acesso a esses comportamentos encobertos tão importantes na relação do indivíduo com o meio No campo da Análise do Comportamento, a literatura que aborda esse tema é inexistente, o que justifica a necessidade de uma interlocução entre microexpressões faciais e Análise do Comportamento Acredita-se que uma interlocução dessa natureza possa ampliar a aplicabilidade das microexpressões e proporcionar para o analista do comportamento mais uma ferramenta para compreender as complexas relações entre o indivíduo e seu ambiente Visando também ampliar a compreensão sobre os processos comportamentais envolvidos nas microexpressões, e difundir a Análise do Comportamento para outras áreas do conhecimento, este trabalho, composto por dois artigos, sugere, no artigo de número um, uma interpretação teórico-conceitual das microexpressões através da ótica behaviorista radical Com as análises empreendidas neste primeiro artigo conclui-se que a as técnicas de discriminação e categorização das microexpressões faciais proporcionam acesso confiável e constante aos comportamentos respondentes do indivíduo, mesmo quando o comportamento socialmente reforçado for incongruente com esse respondente, proporcionando uma valiosa ferramenta de discriminação das incongruências entre o sentir e o dizer No artigo de número dois, é apresentada uma replicação da metodologia utilizada na identificação de microexpressões faciais, intitulada análise frame by frame, no contexto jurídico do fórum de Londrina - PR Foram coletados e analisados quatro vídeos gravados em audiências de depoimento ilustrando o relato de acusados criminalmente de violência contra a mulher, sendo aplicado a análise frame by frame neste material sendo priorizado o desenvolvimento de uma análise quantitativa, com o intuito de propor uma possível tecnologia comportamental metodologicamente empregada enquanto suporte ao entendimento do evento passado criminalmente relevanteItem Avaliação de um procedimento analítico-comportamental com exposição à realidade virtual para intervenção em ansiedade socialCanali, Bruna Zolim; Haydu, Verônica Bender [Orientador]; Leonardi, Jan Luiz; Garcia, MarcosResumo: A realidade virtual pode ser considerada um recurso terapêutico útil para a terapia de exposição com prevenção de respostas, visto que permite ao terapeuta ter maior controle das variáveis do ambiente Assim, este estudo teve como objetivos: (a) avaliar os efeitos de um procedimento terapêutico com exposição à realidade virtual, treino de respiração diafragmática, análise de contingências e incentivo de enfrentamento de situações de interação social; (b) avaliar a capacidade de um simulador de realidade virtual brasileiro de evocar respostas de ansiedade e senso de presença; (c) avaliar o grau de cybersickness produzido pela exposição à VR Participaram do estudo seis pessoas com ansiedade social que foram distribuídas em dois grupos iguais Foi utilizado o delineamento de linha de base múltipla O procedimento consistiu na aplicação inicial dos testes SPIN, BAI e BDI (aplicados também ao final da linha de base, após a intervenção e nos follow-ups), duas sessões de linha de base para o Grupo 1 e três sessões de linha de base para o Grupo 2, oito sessões de intervenção com o uso da realidade virtual e registro simultâneo de resposta galvânica da pele, aplicação de questionários para avaliação de desconforto, senso de presença e cybersickness Os participantes fizeram o registro dos comportamentos em situações de interação social no dia a dia Por fim, foi realizada uma sessão de encerramento e duas sessões de follow-up (um e três meses após o fim da intervenção) Os resultados permitiram observar que todos os participantes apresentaram redução dos escores do SPIN e três participantes encerraram a participação na pesquisa com a pontuação abaixo de 19, o que significa que não atendiam ao critério do teste para ansiedade social Além disso, todos os participantes encerraram a pesquisa com nível mínimo de depressão no teste BDI Quatro participantes encerraram a participação na pesquisa com nível mínimo de ansiedade no teste BAI, um com nível leve e um com nível moderado Os seis participantes apresentaram mudanças comportamentais no que se refere ao enfrentamento de situação temidas tanto na realidade virtual quanto no dia a dia Diante disso, sugere-se que o procedimento foi efetivo na melhora dos participantes quanto ao aspecto da ansiedade apresentada incialmente Além disso, o simulador foi capaz de provocar senso de presença e o nível de cybersickness possivelmente interferiu apenas nos resultados de um dos participantesItem Efeitos de apresentação e retirada de consequências culturais sobre práticas de responsabilização com microculturasGonçalves, Gabriel Paes de Barros; Melo, Camila Muchon de [Orientador]; Costa, Carlos Eduardo; Leite, Felipe LustosaResumo: O estudo de práticas culturais é uma prática crescente na Análise do Comportamento Estudos experimentais que usam a metacontingência como ferramenta conceitual têm contribuído em mostrar relações funcionais entre eventos envolvendo contingências comportamentais entrelaçadas (CCEs) recorrentes, em conjunto com seu produto agregado (PA), e eventos ambientais selecionadores Seguindo o modelo de Araújo (215) para o estudo experimental de metacontingências de responsabilização com microculturas, o presente estudo investigou o efeito de apresentação e de retirada de eventos ambientais selecionadores, tratados operacionalmente como consequências culturais (CC), sobre contingências comportamentais entrelaçadas que constituíram práticas culturais de responsabilização Participaram da pesquisa 17 estudantes universitários, que foram distribuídos em quatro grupos, dois com troca de geração e dois sem Por meio de um jogo de matriz 8x8 (ERP SOFT) os jogadores podiam produzir pontos e responsabilizar algum integrante pelo resultado da rodada Diferentes contingências comportamentais entrelaçadas poderiam produzir a prática de responsabilização de algum jogador Os jogadores passaram pelas condições ABC A produção de pontos na Condição A era contingente à prática de responsabilização, enquanto na Condição B a produção de pontos era contingente à prática de não responsabilização Análogo a um procedimento de extinção, na Condição C não havia produção de pontos Os resultados apontam para a seleção da prática estudada em pelo menos duas microculturas, apresentando variação nas contingências comportamentais entrelaçadas conforme a mudança da consequência cultural programada Descrições verbais apresentadas como dica de resposta aos jogadores se mostraram importantes para o estabelecimento da prática nas microculturas Nas microculturas com troca de geração a prática foi transmitida sem mudar substancialmente as CCEs Duas microculturas apresentaram diminuição de ocorrência da prática de responsabilização durante as condições de extinção, apontando para um efeito de história do grupoItem A realidade virtual em intervenções para medo de falar em públicoZacarin, Marcela Roberta Jacyntho; Haydu, Verônica Bender [Orientador]; Borloti, Elizeu; Gongora, Maura Alves NunesResumo: A realidade virtual (RV) tem sido um recurso utilizado no tratamento dos transtornos de ansiedade, sendo um deles o medo de falar e público O objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos de um programa de intervenção analítico-comportamental que inclui a exposição à RV, para medo de falar em público, e avaliar a capacidade do simulador de gerar senso de presença e produzir efeitos colaterais (cybersickness) Seis estudantes universitárias participaram da pesquisa, a qual foi conduzida em uma clínica escola de Psicologia Foram utilizados: dois notebooks, um Óculus Rift®, um joystick, o eSence Skin Response, o software do simulador, lápis e papel e os instrumentos: Escala para Autoavaliação ao Falar em Público (SSPS), Simulador Sickness Questionnaire (SSQ), Inventário de Senso de Presença (ISP), SUDS, Folha de Registro e Questionário de Avaliação do Programa Foi feita uma entrevista inicial, três a cinco sessões de linha de base, seis sessões de intervenção, uma de encerramento e duas de follow-up (1 e 3 meses) Observou-se aumento dos escores da SPSS na última sessão de linha de base (exceção de P1, P3 e P6), aumento dos escores na sessão de encerramento e estabilidade dos mesmos nas sessões de follow-up Houve redução em comportamentos de medo de falar em público e mudança em regras como “meu discurso é muito ruim” O simulador pode gerar respostas de ansiedade, senso de presença e produzir pouco cybersickness Concluiu-se que o procedimento realizado contribuiu para redução de respondentes e operantes de ansiedade e que o simulador pode ser utilizado como ferramenta de exposição na terapia analítico-comportamentalItem Dirigir defensivamente em vias públicas : caracterização das classes decomportamentosCanali, Glisiane Zolim; Kienen, Nádia [Orientador]; Gil, Silvia Regina de Souza Arrabal; Luca, Gabriel Gomes deResumo: De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, 1,25 milhão de pessoas morrem a cada ano no trânsito em todo o mundo No Brasil, os acidentes de trânsito constituem uma das principais causas de mortes e a maioria dos acidentes está relacionada à falha humana Os relatórios das agências especializadas em trânsito têm dado destaque ao comportamento humano e a necessidade de mudança A direção defensiva é a maneira de dirigir, que permite reconhecer antecipadamente as situações de perigo e prever o que pode acontecer com o motorista, os acompanhantes, o veículo e os outros usuários da via O objetivo deste estudo foi caracterizar, a partir do Manual de Direção Defensiva do DENATRAN, as classes de comportamentos que compõem “dirigir defensivamente em vias públicas” Foi utilizado como fonte de informação um material didático sobre direção defensiva usado em cursos de formação de condutores Foram selecionados 15 trechos que continham descrições de componentes de comportamentos que compõem “dirigir defensivamente em vias públicas”, as partes foram identificadas, registradas em protocolo e derivadas Posteriormente, foi feita a avaliação da linguagem utilizada para nomear os comportamentos a fim de identificar problemas gramaticais e, quando necessário, proposta linguagem apropriada Após a realização dessas etapas, foram encontradas 41 classes de comportamentos Estas classes de comportamentos demonstraram que para dirigir defensivamente é preciso, além de um veículo em condições seguras de funcionamento, estar sob controle, concomitantemente, de aspectos do próprio condutor, da via pública, do ambiente e de outros usuários para comportar-se de maneira a aumentar a possibilidade de segurança no trânsito Compreender quais comportamentos caracterizam a direção defensiva pode contribuir para melhorar a visibilidade sobre o fenômeno e para a criação de novas estratégias para o desenvolvimento de comportamentos seguros no trânsitoItem Gerenciamento de tempo : elaboração de um livro autoinstrucional para estudantes universitáriosYoshiy, Shimeny Michelato; Kienen, Nádia [Orientador]; Fornazari, Sílvia Aparecida; Luca, Gabriel Gomes deResumo: Muitos estudantes ingressam no ensino superior sem ter desenvolvido comportamentos relacionados a gerenciar suas atividades ao longo do tempo de forma eficiente e eficaz Isso pode ter consequências negativas sobre seu desempenho acadêmico, saúde, qualidade de vida e futura atuação profissional O objetivo deste trabalho foi elaborar um livro autoinstrucional para desenvolver a classe geral de comportamentos “gerenciar atividades acadêmico-profissionais e pessoais ao longo do tempo” em estudantes universitários Para isso, o presente trabalho foi estruturado em dois estudos O Estudo 1 teve por objetivo definir o gerenciamento de tempo a partir de recursos conceituais da Análise do Comportamento a partir de dados obtidos em uma revisão bibliográfica Os resultados demonstram a possibilidade de realizar uma interpretação analítico-comportamental do gerenciamento de tempo a partir das informações identificadas nos artigos por meio dos conceitos de comportamento, autocontrole, autoconhecimento, tomada de decisão e resolução de problemas na perspectiva comportamental O Estudo 2 objetivou elaborar um livro autoinstrucional para desenvolver os comportamentos constituintes da classe geral “gerenciar as atividades acadêmico-profissionais e pessoais ao longo do tempo” em estudantes universitários Para isso foram realizadas três etapas que foram embasadas por princípios da Programação de Condições para o Desenvolvimento de Comportamentos (PCDC): (a) definição dos comportamentos-objetivo a serem ensinados a partir de literatura especializada; (b) planejamento das condições de ensino e (c) confecção do livro autoinstrucional de acordo com os princípios da PCDC O livro é composto por 11 classes de comportamentos-objetivo organizadas em cinco unidades de aprendizagem que envolvem: avaliar o uso do tempo; definir objetivos acadêmico-profissionais e pessoais em curto, médio e longo prazo; planejar as atividades de acordo com os objetivos acadêmicos-profissionais e pessoais; executar atividades acadêmico-profissionais e pessoais conforme o planejamento; e avaliar a execução das atividades acadêmicos-profissionais e pessoais conforme planejamento A definição clara dos comportamentos a serem ensinados e a sistematização das condições de ensino parece uma contribuição promissora no ensino e aprimoramento de comportamentos, pois elaborar programas de ensino a partir dos princípios da PCDC aumenta a probabilidade dele ser efetivo devido ao embasamento em princípios científicos Novos estudos requerem aplicação e avaliação de eficiência e eficácia do material elaborado, o que possibilitará aperfeiçoar as condições de ensino planejadasItem Acompanhamento Terapêutico : características de classes de comportamentos constituintes dessa atuação do psicólogo no BrasilBeltramello, Otávio; Kienen, Nádia [Orientador]; Fornazari, Sílvia Aparecida; Kubo, Olga MitsueResumo: O termo Acompanhamento Terapêutico tem resultado em definições na área da Psicologia que indicam a necessidade de mais investigação sobre os comportamentos do psicólogo envolvidos com a prestação desse serviço A produção científica sobre o Acompanhamento Terapêutico, embora variada e diversa, pouco tem contribuído para a formulação de uma definição consensual do que caracteriza esse tipo de serviço O objetivo desta pesquisa consiste em caracterizar as classes de comportamentos constituintes do Acompanhamento Terapêutico como um subcampo de atuação do psicólogo no Brasil Para isso a pesquisa foi organizada em dois estudos O Estudo 1 teve por objetivo caracterizar de forma crítica diferentes contribuições da Psicologia e da Análise do Comportamento para a definição de Acompanhamento Terapêutico, problematizando características que têm sido utilizadas em suas definições no Brasil Verificou-se que o Acompanhamento Terapêutico tem sido definido por meio do uso de metáforas e como um serviço necessariamente subordinado ao trabalho do psicólogo clínico Já o Estudo 2 teve como objetivo caracterizar as classes de comportamentos constituintes do Acompanhamento Terapêutico como um subcampo de atuação de psicólogos, por meio de análise da literatura especializada onde foram identificadas, partir da perspectiva analítico-comportamental, as classes de comportamentos constituintes do Acompanhamento Terapêutico O conceito de comportamento como um complexo sistema de relações entre classes de estímulos antecedentes, classes de respostas e classes de estímulos consequentes foi considerado como base para identificar essas classes de comportamentos A identificação foi feita a partir de um procedimento constituído por 4 etapas que permitiu identificar, avaliar e corrigir a linguagem que tem sido utilizada para se referir às classes de comportamentos Foram identificadas 911 classes de comportamentos, que foram (re)nomeadas e organizadas em uma lista e estão categorizadas de acordo com seus componentes, o que possibilitou questionar definições em que o acompanhante terapêutico é subordinado a outro profissional, ou que o aproximam às funções que são realizadas por estagiários, ou como sendo um profissional responsável exclusivamente por uma modalidade de atuação Defende-se que utilizar recursos conceituais e tecnológicos derivados da Análise do Comportamento e especificamente da Programação de Ensino, parece sinalizar uma alternativa para definir mais claramente o “perfil” do acompanhante Terapêutico Por fim, a presente pesquisa poderá contribuir com a produção de um conhecimento que poderá favorecer o desenvolvimento da profissão e do ensino de Psicologia