Uma discussão comportamentalista radical acerca da construção do “senso de si”.

Data

2025-02-26

Autores

Malacrida, Gabriela Pires

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Resumo

A proposta de psicologia científica de Skinner advoga em função de explicações para o comportamento com base na análise de relações funcionais entre eventos ambientais e comportamentais. Ao considerar que o comportamento ocorre no ambiente, o autor afirma que esse ambiente em que o comportamento ocorre pode ser tanto físico como social. No que diz respeito à perspectiva social, a comunidade verbal adota o papel de organização de contingências sociais, sendo responsável pelo desenvolvimento de alguns comportamentos; o que também acontece para os repertórios autocentrados, relacionados ao conceito de Eu adotado por Skinner em sua teoria. As práticas da comunidade verbal corroboram para que os repertórios que dizem respeito à noção de Eu emerjam, cabendo questionar quais variáveis podem ser responsáveis, neste processo, pelo surgimento de diferentes noções de Eu. Assim, compreende-se como objetivo deste trabalho a investigação de possíveis relações entre as práticas de uma comunidade verbal e a construção de diferentes noc¸ões de “si mesmo”. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de natureza teórico-conceitual, nas seguintes etapas: A Etapa 1 compreendeu o rastreio dos termos “self” e “selves” em livros publicados ou republicados do autor na língua original, sendo extraídos e categorizados os trechos em que a palavra-chave estava presente. A Etapa 2 visou identificar as ocorrências dos termos “verbal Community”, “verbal environment” e o radical “communit-” nos mesmos materiais da Etapa 1, sendo os trechos extraídos nessa etapa; Nesta etapa, no caso de materiais em que houvesse ocorrência de 10 ou mais citações, foi realizada a análise integral do texto por meio de fichamento. Na Etapa 3, os trechos obtidos nas etapas anteriores foram confrontados com a noção relacional da literatura skinneriana, utilizando de termos relacionados à experiência dos sujeitos nas relações; Nos casos de correspondência, o excerto foi extraído e categorizado. Como resultados, entende-se que os repertórios comportamentais que dizem respeito a noção de Eu possuem natureza verbal e compreendem a capacidade do indivíduo de conhecer e manejar seu próprio comportamento, repertórios esses estabelecidos por meio de contingências sociais comuns (de uma perspectiva funcional) a diferentes indivíduos e que atendem a diferentes propósitos. Para que o aprendizado destes repertórios possa ocorrer, a comunidade verbal programa contingências, lançando mão de determinadas práticas e processos. Nessas condições estabelecidas pela comunidade emergem e são mantidos determinados repertórios comportamentais. No caso dos repertórios autocentrados, o desenvolvimento destes pode criar condições para que o sujeito tenha a capacidade de perceber as variáveis que afetam seu comportamento, identificando também respostas colaterais que favorecem ou dificultam a manutenção das relações com a comunidade verbal. Dessa forma, a capacidade de autopercepção de variáveis que afetam o comportamento, como sentimentos, emoções e de estados de privação e saciação se trata de um dos fatores que corrobora para a construção de diferentes noções de Eu. Além disso, o desenvolvimento da capacidade de autoidentificação com seu corpo e comportamento, que também pode ser nomeada como senso de si, fornece condições para o indivíduo compreender sua experiência nas relações estabelecidas com o ambiente.

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Palavras-chave

Noção de Eu, Comunidade verbal, Senso de si, Behaviorismo radical

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