02 - Mestrado - Psicologia
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Item A questão da pobreza e a formação em psicologia: análise dos currículos dos cursos de psicologia em IEES do Estado do Paraná(2023-07-05) Capalbo, Livia Salvioni; Silva, Rafael Bianchi; Jesus, Adriana Regina de; Facci, Marilda Gonçalves DiasA inserção dos psicólogos nas políticas públicas representa uma expansão do campo de atuação profissional. Trata-se de uma mudança de perfil da profissão, contexto de atuação e do público atendido que ultrapassa as abordagens tradicionais predominantemente clínicas e individualizantes que hegemonicamente balizam a formação. Este trabalho teve como objetivo analisar a estrutura e proposições de tal formação a partir do currículo de cursos de graduação em Psicologia de Instituições Estaduais de Ensino Superior do Estado do Paraná que ofertam o curso de Psicologia. Como ponto de partida, é apresentado um resgate teórico propondo a articulação entre os temas pobreza, políticas públicas e Psicologia a partir do conceito de “questão social” e, na sequência, histórico da formação do psicólogo no Brasil. Através da abordagem qualitativa, foi realizada uma pesquisa documental. Elegemos como fonte de dados da pesquisa os Projetos Pedagógicos de Curso e Programas de disciplinas, considerando a possibilidade de investigar elementos e características institucionais, permitindo uma aproximação em relação aos cursos de graduação em análise. Esta escolha se justifica pelo compromisso social das instituições públicas com as demandas sociais locais e pelo fato de serem referência no que tange aos processos de formação. A análise dos dados da pesquisa foi realizada a partir categoria “contradição”, conforme proposta realizada por Jamil Cury. Realizar uma análise a partir de tal categoria dialética, aponta para a possibilidade de mudança do que se encontra estabelecido, na medida em que abre espaço para a compreensão crítica da realidade. Para realizar tal análise, também consideramos concepções e as teorias críticas sobre currículo que tomam a escolarização como parte do sistema capitalista, entendida como mercadoria e não como como um direito social a ser garantido de forma igualitária a toda sociedade. Na Psicologia, incluindo a formação inicial na graduação, o compromisso com o campo social representa uma forte contradição. De modo geral, os documentos analisados não demonstraram uma preocupação em realizar um debate que possa abranger a questão da pobreza. O compromisso com a “questão social” aparece de forma tímida e implícita. As possibilidades de interlocução com o tema da pobreza foram identificadas na análise dos programas das disciplinas, principalmente na bibliografia básica indicada. As políticas públicas ganharam espaço, sobretudo por meio da oferta de disciplinas, e foi na relação entre os temas que identificamos alguma possibilidade de compreensão pelos estudantes sobre os contextos de pobreza enquanto um campo de atuação profissional que requer uma postura crítica diante das questões sociais. Ainda que existam avanços no sentido de trazer para o campo da formação do psicólogo experiências e produções teóricas atuais, principalmente do campo das políticas públicas, a mudança do perfil da profissão não parece estar acompanhada da mudança nas propostas curriculares. Foi possível identificar a manutenção das duas faces (contraditórias) da educação, que está integrada ao projeto de dominação e exclusão social ao mesmo tempo em que se coloca enquanto resistência frente àquilo que se encontra estabelecido e enraizado, ainda que de forma incipienteItem O abandono da psicoterapia individual no serviço-escola de psicologia da UEL : contribuições psicanalíticasOrtolan, Maria Lúcia Mantovanelli; Sei, Maíra Bonafé [Orientador]; Santos, Hernani Pereira do; Dionísio, Gustavo HenriqueResumo: As longas filas de espera para atendimento e o abandono da psicoterapia individual são fenômenos recorrentes nos serviços de saúde mental e com todas as faixas etárias, principalmente em serviços-escola de Psicologia Objetiva-se descrever, entre adultos que estiveram em psicoterapia individual em 217 a 219 no serviço-escola de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina, os fatores associados ao abandono psicoterápico após a 12ª sessão de terapia Trata-se de um estudo qualitativo, com objetivos exploratórios e descritivos, mediante coleta de dados por meio de entrevistas semidirigidas, analisadas pelo método de análise de conteúdo A primeira fase da coleta de dados (n=3) teve como objetivo a caracterização da amostra, por meio das variáveis sociodemográficas e clínicas: gênero feminino (63,33%), faixa etária de 21 a 4 anos (6%), solteiros (46,67%), com ensino superior incompleto (26,66%), católicos (36,68%), pertencentes à comunidade externa à universidade (83,34%), de Londrina (8%), com renda de dois a cinco salários mínimos (5%), com presença de sintomas físicos (6%), não vinculados a tratamento médico (66,67%), em uso de medicação contínua (5%), com histórico anterior de psicoterapia (53,33%), em tratamento no serviço, em média, por 2 sessões, com um tempo médio de espera da sessão de triagem até o atendimento psicoterápico de cinco meses, atendidos pela abordagem teórica da psicanálise (6%), como queixa inicial de ansiedade (22,69%) Já a segunda fase contemplou as entrevistas semidirigidas realizadas com 11 participantes da amostra inicial Frente aos três grandes eixos temáticos apriorísticos, priorizou-se a análise do eixo Sobre o Abandono da Psicoterapia, divido em três categorias: Motivos do abandono da psicoterapia (tendo como subcategorias Relação com o terapeuta e suas atitudes; Indisponibilidade de horários e dificuldades de deslocamento; Troca de terapeuta; Insatisfação com os efeitos e resultados; Indisponibilidade subjetiva do paciente ao tratamento), Reações do terapeuta e Implicações institucionais (tendo como subcategorias Falta de Encaminhamento; Regras e Funcionamento da Clínica Psicológica; Atravessamentos da Gratuidade do Serviço) Além dos fatores associados ao abandono da psicoterapia individual, como a relação com o terapeuta e suas atitudes, a indisponibilidade de horários e dificuldade no deslocamento, as trocas de terapeuta, insatisfação com os efeitos e resultados da psicoterapia e a indisponibilidade subjetiva do paciente ao tratamento, outras questões podem estar em jogo, especificamente em uma análise psicanalítica dos dados, como as transferências (tendo a instituição e o supervisor clínico como objetos que atravessam a transferência entre paciente e terapeuta), a temporalidade dos atendimentos regrada pela instituição, fazendo concorrer o tempo lógico com o cronológico, a questão da supervisão clínica e a necessidade de um supervisor-analista, e a normatização curricular em relação à transmissão da Psicanálise, sendo necessário que esta seja possível apenas pela transferência de trabalho Espera-se que com os resultados trazidos e analisados ao longo desta pesquisa haja uma contribuição efetiva no serviço-escola de Psicologia, podendo propiciar reflexões institucionais com o intuito de qualificar a oferta de serviços, principalmente com relação à oferta da clínica psicanalíticaItem Análise de perícias psicológicas de trânsito em cidades do Paraná : um olhar sobre os construtos cognitivosSouza, Patrícia Emí de; Oliveira, Katya Luciane de [Orientador]; Miguel, Fabiano Koich; Rueda, Fabián Javier MarínResumo: O trânsito é um fenômeno social composto por pessoas, veículos e ambiente Pela importância que representa a toda sociedade e pela diversidade de sua expressão, é cenário de conflitos de interesses e situações adversas, os ditos acidentes de trânsito Isso gera preocupação a maioria dos governantes, pois cabe a eles uma parcela da responsabilidade, tanto da manutenção da ordem, quanto da formação dos participantes Contudo, a sociedade não exime a sua participação, bastante atuante na atualidade Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS (218), os acidentes de trânsito acarretam prejuízos expressivos à sociedade Considerando que é composto por perspectivas tão diferentes, de diversidade de papéis, muitas áreas participam dos estudos sobre ele A Psicologia não poderia se abster, visto que investiga o comportamento humano, que é o elemento mais importante deste contexto O comportamento humano no trânsito pode ser compreendido sob diversos aspectos, pelo enfoque dos processos cognitivos, como se propõe este trabalho, apenas uma dessas possibilidades A fim de organizar os elementos que o compõe, o Brasil possui seu Código de Trânsito (CTB), que ganhou uma nova versão em 221 Esse acontecimento gerou impactos para a Psicologia do Trânsito Em contrapartida, buscando organizar o trabalho do psicólogo que atua neste espaço, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) também apresenta a sua orientação por meio da Resolução n 1/219, que regulamenta o processo de avaliação psicológica para candidatos a motoristas As regulamentações que hoje são vigentes passaram por diversas transformações ao longo do tempo A presente pesquisa tem como objetivo realizar uma análise das perícias psicológicas no contexto de trânsito em cidades do Estado do Paraná no ano de 219 no que tange o desempenho atencional, mnemônico e de inteligência, assim como efetuar análises correlacionais entre os construtos investigados e os dados sociodemográficos Para tanto, foram consultados 19 processos arquivados em 3 clínicas credenciadas ao Departamento de Trânsito do Paraná (DETRAN-Pr), sob a chancela deste, com registros de informações em planilhas do Excel Os resultados apontaram que a idade média de participantes foi de 27 anos, a escolaridade citada com maior frequência foi o ensino médio completo (44,4%) A primeira habilitação foi o motivo de processo de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) mais incidente (72,2%), a categoria A/B foi a categoria mais citada na amostra (61%) Quanto ao momento de aprovação na etapa da avaliação psicológica, 92,3% dos candidatos foram aprovados até o segundo atendimento psicológico Foram encontrados 12 tipos de instrumentos de Avaliação Psicológica padronizados Os resultados observados no desempenho médio nos instrumentos ficaram bem próximos da média geral encontrada nos manuais de referência Os resultados permitem apontar que a forma como a legislação se apresenta favorece o ingresso de pessoas jovens como aspirantes a condutores - com educação fundamental em sua maioria - há relação entre os construtos cognitivos analisados Considera-se que, além das habilidades cognitivas preservadas, a formação dos condutores desde o ensino básico seria uma forma bastante interessante de contribuir com o trânsito seguroItem Aprender a desaprender para reaprender: balaio de sabenças-educações a partir da circularidade horizontal dos afetos(2024-08-29) Lopes, Fábio Cardoso; Lima, Alexandre Bonetti; Carvalhaes, Flávia Fernandes de; Léon Cedeño, Alejandra AstridO intuito precípuo e estruturante do presente trabalho teórico abarcou a problematização da imposição epistêmica unilateral como axioma constitutivo da modernidade ocidental e eurocentrada, ancorada na imposição vertical de um modelo de educação singular. Neste cenário, as diferenças e assimetrias são transmutadas em desigualdades e hierarquizadas sob o ranço colonialista. A partir disso, o escopo primordial da pesquisa era pensar-sentir outras possibilidades de educações transgressoras e desobedientes ao cânone eurocentrado inserido na lógica colonial-capital-moderna-ocidental. A justificativa dessa análise se faz necessária no sentido de ampliar as compreensões de saberes-fazeres implicados nas diversas existências alheias à parametrização mono-epistêmica. Sobretudo, vislumbrar outras sendas que contemplem a vida em comunhão entre os vastos viventes e a mãe-Terra. Para tanto, dividimos a produção escrita em dois grandes blocos contendo ramificações internas. Desta forma, numa primeira dobra (escopo didático), nos apoiamos nas leituras de autores/as do coletivo modernidade/colonialidade, dentre outros/as pesquisadores/as, para contextualizar suas aproximações, atravessamentos e afetações no contemporâneo, ou seja, uma sucinta tentativa de rastrear seus resquícios e nuances atualizadas no tempo atual. Como resultado, numa segunda dobra, realizamos uma lacônica discussão crítica-reflexiva com teóricos/as da contemporaneidade acerca das reverberações das colonialidades nos modos/formas de subjetivação e de educação imersos na lógica da sociedade performática atravessada pelo capitalismo neoliberal, como ressonâncias do processo contínuo de globalização-colonização. Propomos ainda algumas breves e pontuais reflexões atinentes à educação singular cooptada pela colonização, que ecoa na formulação de um tipo específico de saber e de modelação de indivíduos aptos e adequados à reprodução das demandas coloniais. Por fim, tentamos colorir algumas outras veredas indisciplinadas à imposição epistêmica como possíveis trajetos insurgentes e desobedientes ao instituído pelo olho grande colonial. Caminhamos amparados pelos alentos teóricos e alianças afetivas com Krenak, Nêgo Bispo, Simas e Rufino, em confluência com outros/as pensadores/as que discorrem acerca do pensar-sentir um mundo onde outros mundos caibam e sejam possíveis/viáveis de existirem através dos encontros lambuzados nas cuias das circularidades horizontais dos afetos. Com base nas discussões conduzidas durante o trabalho, foi possível perceber o quanto o nosso sistema de ensino ainda reproduz um modelo/formato violento, brutal, enlatado e encaixotado, mediante parâmetros eurocêntricos de produção e validação de conhecimento. Isso acaba por inviabilizar, esvaziar e silenciar uma vasta gama de construções teórico-práticas e de vivências, experiências e permanências antagônicas à padronagem monolítica. Essa monocultura do saber contribui para o encarceramento das formas de ser e estar no mundo, muitas vezes gerando adoecimento e sofrimento em decorrência da imposição vertical e hierárquica de uma modelagem específica, em conformidade à manutenção do poder de uma elite privilegiada, que ainda regula nossas existências baseadas em referências idealizadas do ser, saber e poder atualizadas no espectro colonial. Em virtude disso, propomos o balaio de sabenças-educações como um antídoto às práticas escolarizantes e ao sistema de educação singular-colonial, pela via da cuia dos afetos que cirandam um outro mundo possível onde caibam vários mundosItem Aprendizagem de representações ortográficas do português brasileiro entre crianças em ambiente de autoensinoSantos, Evilin Roumaine Dutra; Lúcio, Patrícia Silva [Orientador]; Schiavoni, Andreza; Kida, Adriana de Souza BatistaResumo: Segundo Share (1995; 1999), a aprendizagem das representações ortográficas é suscitada pela decodificação fonológica Ademais, o contexto em que a palavra está inserida fornece a informação que permitirá o uso de pistas para reconhecimento da palavra que vem na sequência, acomodando a informação fonológica e semântica da palavra no texto à exposição ortográfica Wang et al (211) testaram diretamente a hipótese de que o contexto em que a palavra é apresentada é importante para a aprendizagem da leitura e da escrita No Brasil, não foram encontrados estudos que investigassem esta questão O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do contexto em que as palavras escritas são apresentadas na aquisição de representações ortográficas do sistema de escrita alfabético do Português Brasileiro, entre crianças do 3º ano do ensino fundamental Este é um estudo transversal, de delineamento experimental e foi composto por três fases: pré-teste (verificação formal do nível de leitura e de escrita das crianças e da inteligência não-verbal, a fim de controlar os efeitos das variáveis no pós-teste (emparelhamento); experimento (composto por uma fase de aprendizagem oral das pseudopalavras e por uma fase de aprendizagem da ortografia das mesmas) e pós-teste (imediato e postergado), que consistiu na verificação da manutenção de aprendizagem das palavras-alvo por meio de tarefas de decisão ortográfica, escolha ortográfica e ditado Participaram 53 crianças, divididas aleatoriamente em dois grupos: grupo experimental (que, na fase ortográfica, aprenderam a forma escrita das pseudopalavras embebidas em um texto - situação de contexto); e grupo de controle (que, nesta mesma fase, aprenderam a grafia das pseudopalavras embebidas em listas de palavras) O emparelhamento entre os grupos foi efetivo, exceto para a memória operacional, em que o grupo contexto apresentou melhores resultados Análises univariadas de variância (ANOVAS) mostraram que as diferenças entre os grupos foram praticamente inexistentes para a aprendizagem das novas representações ortográficas, tanto para a fase de aprendizagem, quanto para as tarefas do pós-teste (imediato e postergado) Isso gerou duas hipóteses a posteriori: (1) para as variáveis dependentes (VD) do pós-teste (imediato e postergado), a decodificação deverá ser importante, independentemente se a aprendizagem é realizada no contexto dos textos ou em listas, demonstrando-se o papel do autoensino para o português brasileiro; (2) se de fato não há diferenças entre os grupos lista ou contexto, o padrão de predição em análises de regressão deverá ser o mesmo para os grupos separadamente Se o padrão se diferir, demonstrar-se-á que o ensino das palavras em contexto ou fora dele interfere na aprendizagem, para além do autoensino (ie, decodificação) As análises de regressão mostraram perfis diferentes entres grupos, apesar das ausências de diferenças nas ANOVAS, sendo que as variáveis preditoras significativas para o grupo contexto indicaram um perfil de uso de estratégia lexical, enquanto que para o grupo lista indicaram apego adicional à estratégia fonológica No que diz respeito à decodificação fonológica, os resultados corroboram com a hipótese de autoensino de Share (1995;1999) Ainda que indiretamente tenha-se identificado o efeito do contexto, sugere-se que sejam feitas pesquisas posteriores com amostras maioresItem Arrastões subjetivos : a vida contemporânea entre impasses e possibilidades(2024-03-01) Wiezel, Vanessa Visockas; Mansano, Sonia Regina Vargas; Mezzari, Danielly Christina de Souza; Zucolotto, Marcele Pereira da RosaEsta pesquisa teve por objetivo conhecer e analisar como a vida, organizada em valores capitalísticos, depara-se inevitavelmente com arrastões na existência, os quais podem vir a provocar rupturas e alianças com tais valores e suas políticas de subjetivação. A vida contemporânea encontra-se, em larga medida, saqueada pelas políticas de subjetivação capitalistas, que exploram, além da força corporal, aspectos afetivos e relacionais. O efeito do arrastão subjetivo aqui analisado é situado no campo problemático dos acontecimentos e das políticas de subjetivação, cujos efeitos são ora restritivos ora incentivadores. Em larga medida, os pressupostos da subjetividade capitalística podem vir a ser dominantes e reger alguns corpos. Porém seus traçados não são soberanos diante da força da vida e do desejo. A problemática de pesquisa aderiu aos impasses da produção de vida em meio às formas de controle sobre o interesse, o corpo e o tempo. Metodologicamente, adotou-se uma perspectiva qualitativa com a estratégia documental. Consideramos que a pesquisa qualitativa é estratégica para atender a necessidade de compreender os acontecimentos-arrastão em meio a componentes de subjetivação que circulam no campo social, ora aliando-se às subjetividades capitalísticas, ora sendo sensíveis às expressões do desejo. A pesquisa selecionou e analisou depoimentos disponibilizados publicamente por pessoas na internet, as quais relataram experimentar o que caracterizamos teoricamente como forças de acontecimentos-arrastão. A pesquisa organizou os dados a partir de dois planos: a análise das políticas de subjetivação vigentes e as possibilidades para pensar a clínica frente a essa força de acontecimentos-arrastão. Foi possível evidenciar uma sensibilidade clínica frente ao que acontece de modo abrupto e arrasta as existências. Percorrer tais questões permitiu acessar as intensidades vivenciadas na vida contemporânea, discutindo e fomentando discussões acerca da força dos acontecimentos-arrastão. Como resultado, consideraram-se os arrastões enquanto analisadores, que podem funcionar como mobilizadores de pensamentos e análises, a vida enquanto campo de produção em aberto e a noção de sujeito enquanto produção social que acontece em meio a forças e tensionamentos. Assim, a clínica pode operar pela atenção ao corpo para sensibilizar e viabilizar as expressões do desejo para além do que é produzido pela produção de subjetividades capitalísticas. Os acontecimentos-arrastão servem como ferramentas entre impasses e possibilidades, que podem ser tomados em análise em suas complexas vias, fazendo da prática clínica campo fértil de sensibilidade ao que arrasta e aciona processos ativos do desejo enquanto potência de viver.Item As relações existentes entre adaptação acadêmica, evasão, motivação e desempenho acadêmico no ensino superior(2022-12-13) Griggio, Fabiana Nunes do Amarante; Oliveira, Katya Luciane de; Inácio, Amanda Lays Monteiro; Schelini, Patrícia WaltzO ensino superior é um dos principais caminhos pelo qual as pessoas alcançam melhoria em sua condição social. O ingresso na universidade é visto como uma conquista na vida do estudante, constituindo-se a fase de intensas mudanças. No entanto, altos índices de evasão universitária tem atrapalhado a trajetória de diversos estudantes que ingressam neste nível de ensino. A adaptação acadêmica consiste no ajustamento do estudante a novas formas de viver a realidade que se apresenta a partir de seu ingresso na universidade, e é reconhecida como um construto multideterminado, essencial para que a formação superior ocorra de forma bem-sucedida. A falta de adaptação acadêmica tem sido considerada importante para explicar as razões institucionais que produzem evasão. O presente estudo teve como objetivo geral analisar as relações existentes entre adaptação acadêmica, motivos para evasão, motivação e desempenho acadêmico. Participaram do estudo 310 estudantes universitários, maiores de 18 anos matriculados nos 12 cursos de graduação de uma universidade pública estadual. Como instrumentos de pesquisa foram utilizados um questionário sociodemográfico, o Questionário de Adaptação Acadêmica ao Ensino Superior (QAES), a Escala de Motivos para Evasão do Ensino Superior (M-ES) e a Escala de Motivação Acadêmica (EMA). Os dados foram organizados em planilha e submetidos às estatísticas descritiva e inferencial. Visando atender os objetivos, foram realizadas provas de correlação de Pearson, além da análise de regressão simples pelo método Enter. Os resultados evidenciaram que a amostra pesquisada apresentou maior média de pontuação na subescala de adaptação ao projeto de carreira e menor média de pontuação na subescala de adaptação pessoal-emocional do QAES. Em relação aos motivos para evasão, os participantes obtiveram maior pontuação na subescala de motivos relacionados a falta de suporte e menor pontuação na subescala motivos interpessoais da M-ES. Quanto à motivação, a maior pontuação foi na subescala regulação integrada e a menor pontuação na desmotivação da EMA. Foram identificadas correlações estatisticamente significativas entre as variáveis. Foi verificado, ainda, que as dimensões da adaptação acadêmica predizem até certo ponto a motivação para aprender, os motivos para evasão e o desempenho acadêmico. Sendo que a adaptação ao projeto de carreira e a adaptação institucional foram as dimensões da adaptação acadêmica responsáveis por causar impacto na maioria das demais variáveis. Foram discutidas algumas implicações teóricas sobre a relação da adaptação acadêmica e as demais variáveis e propostas algumas ações práticas para as instituições de ensino superiorItem Aspectos cognitivos e comportamentais em crianças com transtornos do neurodesenvolvimentoChiodi, Sofia Lira; Lúcio, Patrícia Silva [Orientador]; Pires, Izabel Augusta Hazin; Dias, Natália MartinsResumo: Os transtornos do neurodesenvolvimento caracterizam-se por déficits que se iniciam no período do desenvolvimento e por prejuízos em diferentes contextos da vida do indivíduo O transtorno do espectro autista (TEA) e o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) são exemplos de transtornos do neurodesenvolvimento O TEA e o TDAH apresentam características diagnósticas distintas, porém a sobreposição sintomatológica é encontrada em escalas comportamentais Outra similaridade é a coocorrência de déficits em funções executivas (FE) O presente estudo investigou similaridades e diferenças na apresentação de sintomas avaliados por pais e professores por escalas comportamentais em crianças com TEA e TDAH (sem comorbidades) Adicionalmente, analisou como os aspectos cognitivos alteram a expressão de sintomas em crianças com esses transtornos O Estudo 1 investigou o perfil comportamental e a capacidade de predição das subescalas do Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ) em participantes com TEA e TDAH em comparação com controles (GC) Foram realizadas análises multivariadas de variância e foram testados modelos de regressão logística Os grupos clínicos apresentaram dificuldades em todas as subescalas e as crianças com TEA diferiram-se das com TDAH apenas em sintomas emocionais O comportamento pró-social foi preditivo para os dois transtornos para ambos avaliadores Especificidades foram encontradas no poder preditivo das demais subescalas para ambos os grupos clínicos e avaliações Apesar da baixa especificidade do SDQ em diferir entre os grupos clínicos, conclui-se que o instrumento pode auxiliar no diagnóstico do TDAH e TEA e no rastreamento de problemas em múltiplos contextos O Estudo 2 investigou se a inibição de resposta e o processamento básico de informação (PBI) impactam a manifestação de sintomas de desatenção (INA) e hiperatividade/impulsividade (H/I) avaliados pelo SNAP-IV (Swanson, Nolan, and Pelham Questionnaire) em crianças com TEA, TDAH e GC Foram testados quatro modelos de moderação moderada Déficits nas FE foram avaliados pelos erros de comissão na tarefa Go/No-Go (inibição de resposta) e pela média de tempo de reação na tarefa de Deary-Liewald (PBI) Houve moderação da inibição de resposta e PBI nos sintomas de INA (avaliados por professores) e H/I (pais e professores) para o grupo TEA Independentemente dos níveis dos moderadores, as crianças do grupo TDAH apresentam mais sintomas do que as crianças do GC Maiores sintomas de INA (professores) nas crianças com TEA estão associados a valores médios e altos de PBI, independentemente da quantidade de erros de inibição de resposta Maiores sintomas de H/I nas crianças com TEA estão associados com poucos erros na tarefa de inibição de resposta em níveis médios (professores) ou altos (pais e professores) de tempo de reação de PBI As crianças com TEA apresentaram maiores sintomas do que o grupo TDAH quando efetuaram poucos erros de comissão com nível alto de tempo de reação de PBI Diferentes relações foram encontradas entre os aspectos cognitivos e comportamentais entre os grupos: enquanto no TDAH aparentemente há uma somatória de déficits, no TEA há uma relação de dependência entre os sintomas apresentados e os prejuízos cognitivos Assim, mostra-se necessário se considerar medidas cognitivas ao avaliar sintomas de TDAH em crianças com TEAItem Atenção em saúde mental aos sujeitos em situação de rua : desafios para as políticas públicasSantos, Lucielly Conceição dos; Santiago, Eneida Silveira [Orientador]; Lima, Alexandre Bonetti; Cedeño, Alejandra Astrid LeónResumo: Esta Dissertação propõe a reflexão sobre a intersecção entre duas questões: a atenção à saúde mental e aos sujeitos em situação de rua Na confluência destas questões, o sujeito em situação de rua quando experiencia o sofrimento psíquico intenso coloca um duplo desafio para as políticas públicas de saúde mental sobre como contemplá-los de forma integral, considerando e respeitando suas singularidades A partir disso, temos como objetivo principal, nesta pesquisa, delinear e problematizar, na visão dos sujeitos em situação de rua, como as políticas públicas de saúde mental contemplam suas especificidades de demandas e necessidades e como essas proposições se efetivam, ou não, na prática de um serviço de saúde mental A constatação de pessoas que vivem em situação de rua convoca a discussão do tema em questão e demonstra o quanto se faz relevante a investigação desta problemática Pois, apesar de nas últimas décadas terem estudos que possibilitaram maior compreensão do campo das políticas públicas em saúde mental, como o movimento da reforma psiquiátrica que trouxe novas propostas na construção da atenção em saúde mental aos sujeitos, ao contrapor o tratamento centrado no modo asilar com a atenção psicossocial, ainda se identificam que as proposições das políticas públicas de saúde mental não se materializam na vida de todos os sujeitos Este estudo se desenvolve na perspectiva qualitativa, tendo o contexto social como fonte privilegiada dos dados O território escolhido para campo em nossa pesquisa de mestrado é o “Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua” (Centro Pop), da cidade de Londrina – PR Como estratégia para o trabalho de campo se utiliza da perspectiva etnográfica enquanto teoria-técnica orientadora do estar no campo Aliado à abordagem etnográfica, este trabalho utiliza ao longo de todo o processo de coleta e análise de dados de alguns operadores analíticos de Michel Foucault: da disciplina, normalização e biopolítica Nesta pesquisa, consideramos que o sujeito em condição de desabrigo, em sua maioria, procura raramente o serviço de saúde mental, buscando com frequência o serviço de assistência social Evidenciaram-se nas conversas realizadas com os sujeitos em situação de rua que um dos fatores que limitam a busca por cuidados em saúde mental é a ênfase na forma de tratamento medicamentoso, disponibilizados nos serviços de saúde mental Nossos dados apresentam um testemunho de uma circunstância do serviço de saúde mental que ainda não conseguiu deslocar a hegemonia das práticas orientadas pelo modelo médico tradicional para o modelo psicossocial de atendimentoItem Autismo infantil: interação paciente-psicoterapeuta na clínica psicanalítica(2022-05-10) Schmidt, Kathyúscia Geórgia Araujo do Valle; Reis, Maria Elizabeth Barreto Tavares dos; Cordeiro, Silvia Nogueira; Costa, Paulo José daTendo em vista o grande aumento de crianças pequenas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista [TEA] no Brasil e no mundo, entende-se que faz parte do papel do psicólogo infantil fomentar pesquisas que possam contribuir para a produção de conhecimento sobre o tema. Nesse sentido, o presente estudo se justifica por buscar compreender as nuances da interação paciente-psicoterapeuta, vivenciadas durante o atendimento às crianças assim diagnosticadas. O objetivo desta pesquisa consistiu em analisar as interações do paciente, durante as sessões de psicoterapia psicanalítica, realizadas com uma criança diagnosticada com TEA - Transtorno do Espectro Autista. Foi realizada uma investigação psicanalítica, a partir dos fatos clínicos ocorridos no setting terapêutico, os quais foram analisados através de fundamentos teóricos da psicanálise a fim de possibilitar a compreensão, a busca de novos significados e a construção de fatos clínicos psicanalíticos. Participam do estudo uma criança diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista [TEA], sua mãe adotiva e uma coterapeuta. A criança foi atendida em psicoterapia psicanalítica em uma instituição que oferece atendimento a crianças com atraso global no desenvolvimento. A coleta de dados foi realizada a partir dos relatórios produzidos pela psicoterapeuta. Em algumas sessões foram realizados vídeos de curta duração, assim os relatórios decorrem tanto das anotações realizadas após cada sessão quanto da transcrição dos vídeos. O material coletado foi explorado a partir da leitura pormenorizada dos relatórios, assim foram selecionados e analisados os fatos clínicos relacionados às situações em que houve interação através do olhar e/ou da fala pela criança durante as sessões de psicoterapia. Posteriormente, os fatos clínicos psicanalíticos construídos foram organizados nas seguintes categorias: Interação pelo olhar através do espelho; Interação pela fala sem o contato visual; Interação pelo olhar e pela fala. Por fim, a constatação de que a intervenção psicanalítica pode promover fendas no estado encapsulado de uma criança com autismo, foi um dos pontos chaves na realização deste trabalho.Item Avaliação psicoeducacional e orientação profissional em um serviço público do norte paranaenseRonqui, Daniele Dower; Oliveira, Katya Luciane de [Orientador]; Miguel, Fabiano Koich; Lima, Thatiana Helena deResumo: As dificuldades e transtornos de aprendizagem necessitam de diagnóstico correto para posterior acompanhamento adequado Logo, se tem buscado a avaliação psicoeducacional para a realização desta demanda Entretanto, muitas vezes dentro do processo de avaliação, os profissionais deparam-se com demandas de orientação profissional, haja vista que a passagem da escola para a universidade pode ser geradora de dúvidas Esta pesquisa objetiva mapear atendimentos entre 211 e 219 de avaliação psicológica, com vistas a compreender o processo de avaliação para elucidar o funcionamento cognitivo e a indicação profissional da população encaminhada para um serviço público; averiguar a especificidade da avaliação, considerando: ano, sessões realizadas, o tempo de realização, as queixas, origem do encaminhamento, sexo, idade, entrevistas, entrevistados, testes e outras técnicas utilizadas, o diagnóstico, indicação profissional e encaminhamento; e por fim, descrever a especificidade das avaliações de orientação profissional e psicoeducacional, com foco nas queixas de dificuldade e transtorno de aprendizagem Trata-se de estudo documental, com foco na análise de fonte, no caso, laudos de avaliação psicológica de uma população atendida entre 211 e 219 em um serviço público Os resultados indicaram que o maior público encaminhado para avaliação são homens, em média adolescentes, encaminhados pela escola com queixas de dificuldade de aprendizagem ou para orientação profissional Os recursos mais utilizados são as entrevistas, o teste Raven e as técnicas complementares (interesses profissionais) Mediante isso, esta pesquisa proporcionará novas pesquisas acadêmicas sobre o assunto, além de auxiliar na reflexão sobre as demandas e diagnósticos corretos em processos avaliativosItem A avaliação terapêutica frente à queixa de ansiedadeChicalski, Miriam; Miguel, Fabiano Koich [Orientador]; Sei, Maíra Bonafé; Pianowski, GiselleResumo: A presente pesquisa teve como objetivo principal estudar o processo da Avaliação Terapêutica (AT) frente à queixa de ansiedade Para alcançar este objetivo, foram selecionadas duas mulheres que apresentavam queixa de ansiedade, eram maiores de 18 anos e se encontravam na lista de espera de um serviço-escola de Psicologia de uma universidade pública do interior do Paraná Os procedimentos empregados nesta pesquisa seguiram a estruturação da AT proposta por Finn (27/217): entrevista inicial e construção das questões norteadoras; aplicação de testes padronizados; sessões de intervenção; síntese e discussão dos resultados obtidos; escrita dos resultados; e, por fim, sessão de acompanhamento As análises, interpretações e intervenções realizadas ao longo da AT foram orientadas pela abordagem psicanalítica, mais precisamente as teorias propostas por Freud e Winnicott, pois mostraram-se alinhadas aos princípios e objetivos da AT Para a análise dos dados optou-se pelo uso de uma metodologia mista, pois compreendeu-se que, para a avaliar as contribuições deste método de avaliação psicológica, se fez necessário uso tanto de metodologias quantitativas como qualitativas A análise dos dois estudos de caso possibilitaram observar que a AT contribuiu para avaliar os modos de ansiedade apresentados pelas duas pacientes e compreender aspectos do funcionamento psíquico e da personalidade de cada uma delas A paciente Ana mostrou ter sintomas ansiosos mais alinhados a uma Neurose de Angústia, enquanto Renata apresentou Ansiedade de Castração junto a sintomatologia obsessiva Esses dados influenciaram significativamente na forma como as sessões interventivas foram conduzidas e nos encaminhamentos realizados, tornando-os mais alinhados às necessidades de cada uma delas As estratégias utilizadas para tornar o processo da AT colaborativo auxiliaram a pesquisadora na aplicação do método e possibilitaram que as pacientes desenvolvessem maior autoconhecimento No entanto, foi possível observar as pacientes apresentaram níveis diferentes de colaboração, sendo que uma das pacientes apresentou uma capacidade de insight mais limitada, demonstrando que, apesar dos esforços realizados pela pesquisadora por tornar o processo da AT mais colaborativo, esse resultado só pode ser alcançado de maneira conjunta Além disso, foi possível observar, por meio da aplicação do Inventário de Ansiedade Beck (BAI) no início e no final da AT, amenização da sintomatologia ansiosa de ambas as pacientes No entanto, devido o fato da AT ser um procedimento breve, não foi possível falar em cura de um transtorno de ansiedade Essa limitação do tempo também fez com que grande parte das análises e interpretações ficassem no nível de hipótese a serem investigadas em uma possível terapia de maior duração Nesse sentido, cabe ressaltar que a AT reúne esforços para integrar ações avaliativas e interventivas, porém sendo ainda um método de avaliação psicológica que possui objetivos e condições distintas de uma psicoterapiaItem Bateria online de avaliação cognitiva: aplicação e validação em uma amostra de idoso com comprometimento cognitivo leve(2023-02-23) Cóser, Samanta Soares dos Santos; Miguel, Fabiano Koich; Soares, Marcos Hirata; Schelini, Patricia WaltzO futuro da Avaliação Psicológica passa cada vez mais pelo recurso da informática, reforçando assim a importância da pesquisa para o desenvolvimento e adaptação de tais instrumentos. A utilização dos computadores neste processo é ainda um desafio, e no que se refere ao exame das pessoas idosas, o desafio é maior ainda. Dentre as possibilidades de avaliação psicológica no idoso, destaca-se a avaliação cognitiva que pode ser entendida como um exame detalhado das funções cognitivas, que tem como objetivo identificar as possíveis consequências de doenças, lesões e/ou disfunções que possam estar relacionadas com o comportamento e o desempenho cognitivo, tornando-se importante a existência de instrumentos que auxiliem na avaliação destes pacientes de forma precisa e prática. A presente pesquisa buscou evidências de validade discriminante para a Bateria Online de Avaliação Cognitiva (BACog) por meio da aplicação informatizada em pacientes idosos com comprometimento cognitivo. A BACog é composta por sete subtestes que avaliam Atenção, Memória, Raciocínio Fluido, Linguagem, Localização Espacial e Funções Executivas. Participaram da pesquisa uma amostra de 50 idosos (Grupo 1), com 60 anos ou mais que tem o diagnóstico de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). Os resultados da amostra desta pesquisa foram comparados com outras pessoas da mesma faixa etária sem presença de comprometimento cognitivo (Grupo 0). Foram encontradas diferenças moderadas na comparação entre os dois grupos, na maioria dos testes da BACog. Estes resultados constituem evidências de validade discriminante baseada na relação com variáveis externas, indicando a eficácia desse instrumento em discriminar idosos com CCL, dos idosos com envelhecimento saudável. Ao final, são feitas considerações sobre o uso de testes informatizados para a avaliação das funções cognitivasItem Caminhos da institucionalização na atenção psicossocial infantojuvenil(2023-02-13) Dantas, Thaíse Rosseli Moreira; Nalli, Marcos Alexandre Gomes; Carvalhaes, Flavia Fernandes de; Boarini, Maria LuciaA presente pesquisa buscou investigar como se desenvolvem, atualmente, os processos de institucionalização do público infantojuvenil assistido por um serviço substitutivo de saúde mental. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa e objetivo exploratório e descritivo. Quanto aos procedimentos técnicos e instrumentos de coleta de dados, caracteriza-se como pesquisa documental, uma vez que se dedica a explorar os registros que compõem os prontuários de usuários de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil. Foram analisados os prontuários de dois usuários encaminhados para internação psiquiátrica em determinado momento da assistência ofertada, sendo utilizado como critério para escolha do primeiro caso o maior número de encaminhamentos para internação psiquiátrica (com um deles tendo ocorrido entre os anos de 2018 e 2019), assim como para o segundo, contudo, aliado ao critério de exclusão de que se tratasse de usuário com sexo, idade e diagnóstico distinto do primeiro caso selecionado. De maneira complementar à análise dos prontuários, foram utilizados os demais documentos do serviço, como protocolos, atas de reuniões e autos processuais presentes em seus arquivos. Os casos foram apresentados de modo a tensionar as narrativas dos documentos oficiais, buscando lançar um outro olhar sobre esses discursos a partir da análise dos resultados, os quais foram discutidos com base no referencial teórico de Michel Foucault e de autores da Reforma Psiquiátrica. Foram definidas duas categorias analíticas: "a tríade da institucionalização infantojuvenil na atualidade" e "a díade psi-jurídica no controle de trajetórias". Na primeira, foram identificadas três instituições presentes no percurso assistencial dos casos estudados (hospital psiquiátrico, centro socioeducativo e acolhimento institucional) e problematizado o circuito pelo qual essas instituições operam. Em seguida, foi procedido com um debate acerca do saber-poder envolvido na operacionalização desse circuito, caracterizado por alianças e disputas entre os campos psi e jurídico. Por fim, foram discutidas as possibilidades de efetivação da atenção psicossocial nesse contexto, a partir da defesa de uma clínica do território, com suas implicações históricas e políticas. Aponta-se para a importância de se avaliar o trabalho desenvolvido no âmbito da atenção psicossocial na contemporaneidade. Conclui-se que se faz necessário um investimento financeiro no plano macropolítico e, em contrapartida, um investimento afetivo no plano micropolítico, como forma de resistência aos processos de precarização das políticas públicas e da vida de modo geral. Vislumbra-se, dessa forma, transformar o poder sobre a vida em potência de vida por meio de práticas criativas e insurgentesItem Com a palavra, o sujeito idoso : processos de subjetivação e envelhecimento no contemporâneoRossi, Aline Cristina Monteiro; Carvalho, Paulo Roberto de [Orientador]; Mansano, Sonia Regina Vargas; Justo, José SterzaResumo: O objetivo desta pesquisa consistiu em compreender, segundo o olhar da Psicologia Social e da interdisciplinariedade com as ciências humanas, os processos de subjetivação produzidos no contemporâneo em idosos que relatam a vivência do envelhecimento em suas diferentes configurações Assim, sustentou-se nesta pesquisa a problemática de que a velhice tem sido alvo de controle das estratégias biopolíticas que fazem gestão do envelhecer, e produzem a redução da multiplicidade de modos de envelhecer Desta forma, as estratégias produzidas pelos idosos foram investigadas no decorrer deste estudo Para tanto, o método de pesquisa utilizado foi o qualitativo Na parte teórica, abordou-se as reflexões: aspectos psicossociais da velhice, subjetividade, envelhecimento e relações sociais, biopolítica e envelhecimento Devido à pandemia do novo coronavírus foi construída uma seção que discute o envelhecimento no contemporâneo e efeitos deste tempo na velhice Participaram desta pesquisa sete idosos O instrumento utilizado foi uma entrevista semi estruturada composta de três eixos de análise: aspectos relacionados ao envelhecer e a experiência do envelhecer; aspectos relacionados aos modos de vida no envelhecimento e aspectos relacionados à prescrição a respeito do envelhecer no contemporâneo No momento da análise os dados foram apresentados e discutidos em dois eixos: biopolítica e envelhecimento na fala dos entrevistados; e modos de subjetivação na velhice Os resultados mostram que as normativas não são simplesmente aceitas ou rejeitadas Os sujeitos não se situam nesta divisão binária Ou seja, não adotam rupturas abruptas ao normativo, mas também não operam uma adesão total Há uma dinâmica complexa de adesão e rompimento que opera em cada sujeito, com variações ao longo de sua história de vidaItem Componentes da inteligência emocional associados ao uso de tabaco, álcool e drogas ilícitasWiltenburg, Thaís Distéfano; Miguel, Fabiano Koich [Orientador]; Oliveira, Katya Luciane de; Bueno, José Maurício HaasResumo: Esta Dissertação faz parte do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Londrina, da linha de pesquisa: Avaliação Psicológica e Processos clínicos e núcleo de Avaliação Psicológica O aumento nos índices de uso de tabaco, álcool e drogas ilícitas no Brasil e no mundo configura uma situação complexa, que envolve uma série de problemas sociais, econômicos, culturais e de saúde pública Os estudos sobre o tema indicam que parece haver um componente emocional relacionado ao uso de substâncias psicoativas A Inteligência Emocional (IE) se refere à capacidade de um indivíduo de se envolver em um sofisticado processamento de informação sobre as próprias emoções e de outras pessoas, e à habilidade de usar essa informação como um guia para o pensamento e o comportamento Fazem parte da IE os componentes percepção emocional, facilitação emocional, conhecimento emocional e regulação emocional A presente pesquisa teve como objetivo avaliar quais os possíveis componentes da IE associados ao uso de tabaco, álcool e drogas ilícitas, bem como avaliar as diferenças na IE e no consumo de substâncias entre sexos Participaram 48 pessoas, e a coleta de dados foi exclusivamente online Foram utilizados três testes para verificar o perfil de IE da amostra: Teste Informatizado de Percepção de Emoções Primárias (PEP), Teste Informatizado de Conhecimento Emocional (CE), Questionário Online de Regulação Emocional (QoRE), e um questionário de rastreio para o uso de substâncias: Alcohol Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST) Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial Foram realizadas análises de correlação entre as pontuações nos testes de IE e as frequências de uso de substâncias de acordo com o ASSIST Para analisar as diferenças entre sexos e entre grupos de usuários e não usuários, foi utilizado t de Student junto de d de Cohen para analisar a magnitude da diferença Com relação a diferenças entre sexos, os homens consumiram significativamente mais álcool e maconha do que as mulheres Para IE, os homens tiveram desempenho significativamente superior no componente regulação emocional No que diz respeito às substâncias psicoativas, o componente regulação emocional apresentou significativas correlações negativas com uso de tabaco, álcool, maconha e sedativos Já o componente percepção emocional apresentou significativas, porém fracas, correlações positivas com uso de maconha e alucinógenos De maneira geral, foi possível concluir que o componente da IE associado ao uso de substâncias psicoativas é a regulação emocional, em que pessoas com dificuldades no controle da impulsividade e irritabilidade, dificuldades no controle do estresse e dificuldades para lidar com problemas ou situações adversas e para superar obstáculos teriam uma maior tendência a consumir estas substâncias O papel da percepção emocional no uso de substâncias ainda permanece incerto, mas os resultados indicam que maior percepção emocional parece estar associada ao uso de algumas substâncias psicoativasItem A comunidade como rede de proteção local no cuidado da pessoa idosa : vivências e afetos sobre o cuidarMandelli, Jessica Pedrosa; Silva, Rafael Bianchi [Orientador]; Lima, Alexandre Bonetti; Paiva, Fernando Santana deResumo: No Brasil há um número crescente de pessoas com 6 anos ou mais, ou seja, consideradas como idosas Devido a isso, proporcionalmente, observa-se também um aumento de pessoal que dependem de cuidados parciais ou integrais conforme o grau de dependência apresentado, demandando, portanto, de cuidadoras(es) Os direitos e políticas que compõem uma institucionalidade de proteção à pessoa idosa se iniciam a partir da Constituição Federal de 1988, na qual, a assistência social destaca-se como importante política pública que busca assegurar a autonomia e cidadania dessa população A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) contempla a centralidade da família enquanto lócus de proteção social, a considerando como núcleo social básico de acolhida, autonomia e protagonismo, e tem como eixo estruturante o princípio de matricialidade sociofamiliar Assim, a família é considerada a principal instância de cuidados e proteção, tendo as mulheres como pilar central e maior executora desse papel Nessa direção, há uma transferência de responsabilidade do público (Estado) ao privado (família), tratando o cuidado e o envelhecimento como unidades privadas e individuais Porém, nem sempre a família será sinônimo de proteção como esperam as políticas públicas pois, além de todas as mudanças em relação a composição familiar atual, entendemos que a unidade familial é composta por relações complexas de conflitos, violências e também de desproteções Nesse cenário e, levando em conta a retração protetiva do Estado, a rede de proteção comunitária - podendo ser vizinhos, colegas, membros da mesma instituição religiosa e até líderes comunitários - muitas vezes se incumbe de realizar a função cuidadora de idosos do território Nesse trabalho, buscou-se analisar e se aproximar, por meio, das narrativas das (os) cuidadoras (es) que não possuem laços familiares, o que compreendem sobre o cuidado, as motivações e influências que contribuem para ocupar tal posição, bem como, as ambivalências e ressonâncias que surgem através da execução dessa função Para tanto, foram realizadas entrevistas com cinco cuidadoras e um cuidador que são acompanhados pelo serviço responsável pela Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias no município de Londrina (PR) que foram organizadas e analisadas a partir da proposta de Análise de Conteúdo proposta por Bardin As categorias foram construídas e analisadas a partir das falas das(o) participantes Dentre os resultados identificamos forte influência religiosa em relação ao cuidar, se aproximando de uma noção de prática caritativa, de solidariedade e de ajuda, se afastando, portanto, da noção de proteção social e cuidado enquanto garantia de direitos e dever do Estado Também foi possível observar impactos causados pela pandemia Covid-19 nas práticas e no cotidiano do cuidador, sendo necessário novas adaptações para enfrentar esse contexto Além de destacarmos as várias ressonâncias, sentires e ambivalências presentes na vida dos participantes, demonstrando assim o quão complexo é o cuidar A partir desses debates é possível reconhecer a urgência de tratar o cuidado como tema coletivo e social, tensionando o Estado a cumprir sua função protetiva e não apenas subsidiar o privado nessa empreitadaItem Conexões entre mulheres e natureza: cultivando uma sustentabilidade afetiva na vida rural(2023-02-28) Pereira, Gabriela Iamara Lupianhe; Mansano, Sonia Regina Vargas; Lima, Alexandre Bonetti; Azevedo, Adriana Barin deEm tempos de distanciamento e destruição da natureza, conhecer cosmologias e modos de vida que escapem à lógica de exploração do capital, cultivando relações de coabitação e cuidado com outros seres, faz-se essencial para fortalecer práticas de preservação e regeneração do planeta Terra. Assim, esta pesquisa teve o objetivo de analisar as práticas de cuidado de mulheres que vivenciam o cotidiano rural e suas conexões com a natureza, evidenciando formas possíveis de sobrevivência no Antropoceno. Tendo como referência estudos sobre ecosofia, cuidado e afeto, esta é uma pesquisa qualitativa e teve como estratégia metodológica a cartografia, uma vez que os conceitos aproximam afetivamente a pesquisadora do campo de pesquisa. Buscamos em documentos de domínio público relatos de mulheres que habitam territórios rurais do estado do Paraná e os fragmentos selecionados foram analisados de acordo com os conceitos trabalhados na parte teórica do estudo. Foram selecionados materiais publicados em sites e redes sociais a respeito de três grupos organizados de mulheres: Associação Mulheres do Café do Norte Pioneiro do Paraná (AMuCafé), Associação das Mulheres Camponesas do Assentamento Eli Vive (AMCEV) e Guardiãs de Sementes do Paraná ligadas à Rede Sementes da Agroecologia (ReSA). As conexões das mulheres habitantes das ruralidades foram abordadas a partir dos encontros com animais, plantas, fungos, clima, rios, dentre outras incidências da natureza. Para tanto, foram analisados a relação entre humanos e não humanos, a conexão entre o feminino e o cuidado, bem como os afetos emergentes na vida rural. Mobilizamos os conceitos de natureza, cuidado, encontro e afeto para nortear a análise dos dados. Ao final desse trajeto, esperamos ter aberto um campo de problematizações acerca das relações microafetivas entre mulheres, ruralidades e naturezaItem Cuidado! Querem destruir nossa família: o discurso de ódio às pessoas LGBTI+ nas redes sociais twitter e instagram(2023-02-15) Pacheco, Kaio Cesar; Carvalhaes, Flávia Fernandes de; Mansano, Sonia Regina Vargas; Souza, Leonardo Lemos deNa atualidade, a intensa circulação de aparatos tecnológicos no cotidiano da população interfere na produção de modos plurais de existência e perspectivas ficcionais de realidade. Tais arranjos interferem na (re)produção de noções tradicionais e dissidentes de gênero, que se apresentam cada vez mais difusas, complexas e múltiplas. Partindo dessas premissas, esta pesquisa qualitativa de mestrado problematiza enunciados que circulam em discursos de ódio dirigido às pessoas LGBTI+nas redes sociais. Leva-se em conta a perspectiva de que o ódio voltado a essa população se produz exatamente por essas pessoas serem circunscritas em um sistema de sexo-gênero como abjetas, initeligíveis, desviantes e perigosas. Valendo-se da pesquisa documental, são analisados conteúdos disponíveis em páginas de domínio público do Twitter e Instagram, publicados no Brasil entre os anos de 2020 a 2022. O texto está dividido em quatro capítulos. Inicialmente, são apresentados traçados iniciais que subsidiam a escolha pela temática investigada. No capítulo seguinte, debate-se sobre a perspectiva ocidental da história da sexualidade, que edifica um sistema de sexo-gênero que demarca modos de existência situados como inteligíveis ou abjetos. O próximo capítulo analisa profundas transformações ocorridas no mundo capitalista do século XX e XXI, que culminaram em uma sociedade de controle que incide sobre o sistema de sexo-gênero. Em seguida, o percurso metodológico que fundamenta a investigação e o processo de coleta e análise é delineado. Por fim, no último capítulo, debate-se sobre a produção biopolítica do ódio direcionado à população LGBTI+. Problematizam-se maneiras como discursos de ódio que circulam nas redes sociais Instagram e Twitter direcionadas à população LGBTI+ articulam noções de abjeção, a partir de duas categorias de análise: a noção de desvio e de periculosidade. Conclui-se, provisoriamente, que as redes sociais, se constituem em um campo complexo em que forças díspares coexistem em disputa. Assume-se a importância de problematizar maneiras sutis e/ou explícitas como regimes de enunciação se articulam no cotidiano para produção de noções de anormalidade relacionadas à população LGBTI+, como um modo de desestabilizar tais enunciados e lutar por uma sociedade em que a diversidade e a pluriversalidade sejam possíveisItem Cyberbullying direcionado ao público feminino em jogos digitais(2023-02-28) Itiyama, Caroline Tiemi; Oliveira, Katya Luciane de; Soares, Marcos Hirata; Beluce, Andrea CarvalhoA inclusão do público feminino no cenário de jogos competitivos vem apresentando grande expansão na última década. Contudo, em diversas ocasiões foram observadas rejeições acerca dessa inserção. Dessa forma, este estudo teve como objetivo realizar uma análise exploratória quantitativa sobre a presença e percepção de jogadoras dos jogos Counter Strike: Global Offensive e Valorant acerca do fenômeno de cyberbullying nesses ambientes. Participaram desse estudo 129 jogadoras do Brasil, com idades igual ou superior a 18 anos, selecionadas ao acaso por meio do método “bola de neve”. Para a coleta de dados foram aplicados dois instrumentos, de forma remota, sendo eles o questionário sociodemográfico e a escala de cyberbullying. Os dados coletados com as jogadoras, por meio dos instrumentos mencionados, foram submetidos às análises estatísticas descritiva (média e desvio padrão) e inferencial (provas de diferenças de média), identificando que a idade média das jogadoras era de 22 anos e 8 meses com desvio padrão de 4, e que 96,9% vivenciaram uma situação de cyberbullying, sendo a dimensão vítima a mais pontuada. Não foram identificadas diferenças nas dimensões do cyberbullying considerando os jogos analisados, ou pessoas que jogam os dois jogos. Espera-se que tais conhecimentos possam contribuir para a produção de conhecimento e levantamento de estratégias de combate nesses ambientes