Arrastões subjetivos : a vida contemporânea entre impasses e possibilidades

Data

2024-03-01

Autores

Wiezel, Vanessa Visockas

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Resumo

Esta pesquisa teve por objetivo conhecer e analisar como a vida, organizada em valores capitalísticos, depara-se inevitavelmente com arrastões na existência, os quais podem vir a provocar rupturas e alianças com tais valores e suas políticas de subjetivação. A vida contemporânea encontra-se, em larga medida, saqueada pelas políticas de subjetivação capitalistas, que exploram, além da força corporal, aspectos afetivos e relacionais. O efeito do arrastão subjetivo aqui analisado é situado no campo problemático dos acontecimentos e das políticas de subjetivação, cujos efeitos são ora restritivos ora incentivadores. Em larga medida, os pressupostos da subjetividade capitalística podem vir a ser dominantes e reger alguns corpos. Porém seus traçados não são soberanos diante da força da vida e do desejo. A problemática de pesquisa aderiu aos impasses da produção de vida em meio às formas de controle sobre o interesse, o corpo e o tempo. Metodologicamente, adotou-se uma perspectiva qualitativa com a estratégia documental. Consideramos que a pesquisa qualitativa é estratégica para atender a necessidade de compreender os acontecimentos-arrastão em meio a componentes de subjetivação que circulam no campo social, ora aliando-se às subjetividades capitalísticas, ora sendo sensíveis às expressões do desejo. A pesquisa selecionou e analisou depoimentos disponibilizados publicamente por pessoas na internet, as quais relataram experimentar o que caracterizamos teoricamente como forças de acontecimentos-arrastão. A pesquisa organizou os dados a partir de dois planos: a análise das políticas de subjetivação vigentes e as possibilidades para pensar a clínica frente a essa força de acontecimentos-arrastão. Foi possível evidenciar uma sensibilidade clínica frente ao que acontece de modo abrupto e arrasta as existências. Percorrer tais questões permitiu acessar as intensidades vivenciadas na vida contemporânea, discutindo e fomentando discussões acerca da força dos acontecimentos-arrastão. Como resultado, consideraram-se os arrastões enquanto analisadores, que podem funcionar como mobilizadores de pensamentos e análises, a vida enquanto campo de produção em aberto e a noção de sujeito enquanto produção social que acontece em meio a forças e tensionamentos. Assim, a clínica pode operar pela atenção ao corpo para sensibilizar e viabilizar as expressões do desejo para além do que é produzido pela produção de subjetividades capitalísticas. Os acontecimentos-arrastão servem como ferramentas entre impasses e possibilidades, que podem ser tomados em análise em suas complexas vias, fazendo da prática clínica campo fértil de sensibilidade ao que arrasta e aciona processos ativos do desejo enquanto potência de viver.

Descrição

Palavras-chave

Subjetividade, Política, Acontecimento, Prática clínica, Contemporâneo, Psicologia social, Violência urbana, Arrastões (Violência)

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