02 - Mestrado - Psicologia

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    Do incorpóreo ao manifesto: narrativas de mulheres negras e o (re)conhecimento de si no coletivo
    (2024-05-24) Neves, Fernanda Cristina Barros; Lima, Alexandre Bonetti; Carvalhaes, Flávia Fernandes de; Cedeño, Alejandra Astrid León
    A pesquisa em questão visa explorar o potencial das narrativas de mulheres negras como agentes de empoderamento não apenas para outras mulheres, mas também para indivíduos em seu entorno. Utilizando a metodologia de escrevivência, desenvolvida por Evaristo Conceição e outros autores decoloniais, o estudo adota uma abordagem de pesquisa participante com base teórica na pesquisa qualitativa. A análise busca compreender como essas narrativas podem desafiar estruturas de poder e contribuir para processos de transformação social.
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    Entre machões e viadinhos: performances de masculinidades na pornografia gay brasileira
    (2024-02-28) Machado, Felipe Antonio; Carvalhaes, Flávia Fernandes de; Silva, Rafael Bianchi; Moreira, Reginaldo
    Esta pesquisa problematiza noções de masculinidades que são engendradas em filmes pornôs gays brasileiros, mais especificamente nas produções fílmicas O jogo de futebol e O Enfermeiro Safado, da produtora Irmãos Dotados, Dei para o padrasto do meu melhor amigo e A obra, da HotBoys. A pornografia reproduz um conjunto normativo de coreografias genereficadas, que estão necessariamente articuladas a regimes de verdades socialmente construídos acerca do dispositivo da sexualidade e que instituem modos como cada um deve ou não vivenciar sua corporalidade. Logo, a partir da análise qualitativa e da etnografia de tela, metodologia estipulada pela pesquisadora Carmen Rial (2005), que busca transpor as qualidades da pesquisa antropológica para os estudos fílmicos, questiona-se acerca de performances de homens que são validadas como referências normativas ou subalternizadas nos filmes indicados. A análise está articulada em quatro episódios. O primeiro episódio busca explorar os desdobramentos históricos que culminaram nas noções ocidentais de sexualidade e na produção moderna da homossexualidade, em debate com as perspectivas de masculinidades hegemônicas e subalternizadas. No segundo, se realiza o delineamento da trajetória histórica da pornografia gay e do homoerotismo no cinema em diálogo com a noção de farmacopornografia de Paul Preciado. O terceiro desenha os percursos metodológicos eleitos para a investigação dos filmes. E, no último, são apresentadas as análises e afetações que surgiram a partir do contato com as produções fílmicas. Por fim, são apresentadas notas provisórias da pesquisa problematizando a pornografia gay como tecnologia potente nos processos de afirmação e desestabilização da ordem dos gêneros
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    Aprender a desaprender para reaprender: balaio de sabenças-educações a partir da circularidade horizontal dos afetos
    (2024-08-29) Lopes, Fábio Cardoso; Lima, Alexandre Bonetti; Carvalhaes, Flávia Fernandes de; Léon Cedeño, Alejandra Astrid
    O intuito precípuo e estruturante do presente trabalho teórico abarcou a problematização da imposição epistêmica unilateral como axioma constitutivo da modernidade ocidental e eurocentrada, ancorada na imposição vertical de um modelo de educação singular. Neste cenário, as diferenças e assimetrias são transmutadas em desigualdades e hierarquizadas sob o ranço colonialista. A partir disso, o escopo primordial da pesquisa era pensar-sentir outras possibilidades de educações transgressoras e desobedientes ao cânone eurocentrado inserido na lógica colonial-capital-moderna-ocidental. A justificativa dessa análise se faz necessária no sentido de ampliar as compreensões de saberes-fazeres implicados nas diversas existências alheias à parametrização mono-epistêmica. Sobretudo, vislumbrar outras sendas que contemplem a vida em comunhão entre os vastos viventes e a mãe-Terra. Para tanto, dividimos a produção escrita em dois grandes blocos contendo ramificações internas. Desta forma, numa primeira dobra (escopo didático), nos apoiamos nas leituras de autores/as do coletivo modernidade/colonialidade, dentre outros/as pesquisadores/as, para contextualizar suas aproximações, atravessamentos e afetações no contemporâneo, ou seja, uma sucinta tentativa de rastrear seus resquícios e nuances atualizadas no tempo atual. Como resultado, numa segunda dobra, realizamos uma lacônica discussão crítica-reflexiva com teóricos/as da contemporaneidade acerca das reverberações das colonialidades nos modos/formas de subjetivação e de educação imersos na lógica da sociedade performática atravessada pelo capitalismo neoliberal, como ressonâncias do processo contínuo de globalização-colonização. Propomos ainda algumas breves e pontuais reflexões atinentes à educação singular cooptada pela colonização, que ecoa na formulação de um tipo específico de saber e de modelação de indivíduos aptos e adequados à reprodução das demandas coloniais. Por fim, tentamos colorir algumas outras veredas indisciplinadas à imposição epistêmica como possíveis trajetos insurgentes e desobedientes ao instituído pelo olho grande colonial. Caminhamos amparados pelos alentos teóricos e alianças afetivas com Krenak, Nêgo Bispo, Simas e Rufino, em confluência com outros/as pensadores/as que discorrem acerca do pensar-sentir um mundo onde outros mundos caibam e sejam possíveis/viáveis de existirem através dos encontros lambuzados nas cuias das circularidades horizontais dos afetos. Com base nas discussões conduzidas durante o trabalho, foi possível perceber o quanto o nosso sistema de ensino ainda reproduz um modelo/formato violento, brutal, enlatado e encaixotado, mediante parâmetros eurocêntricos de produção e validação de conhecimento. Isso acaba por inviabilizar, esvaziar e silenciar uma vasta gama de construções teórico-práticas e de vivências, experiências e permanências antagônicas à padronagem monolítica. Essa monocultura do saber contribui para o encarceramento das formas de ser e estar no mundo, muitas vezes gerando adoecimento e sofrimento em decorrência da imposição vertical e hierárquica de uma modelagem específica, em conformidade à manutenção do poder de uma elite privilegiada, que ainda regula nossas existências baseadas em referências idealizadas do ser, saber e poder atualizadas no espectro colonial. Em virtude disso, propomos o balaio de sabenças-educações como um antídoto às práticas escolarizantes e ao sistema de educação singular-colonial, pela via da cuia dos afetos que cirandam um outro mundo possível onde caibam vários mundos
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    Vidas em composição: conexões entre Filosofia, Arte e Clínica
    (2024-03-15) Gimenes, João Vitor de Freitas; Mansano, Sonia Regina Vargas; Siqueira, André; Sanches, Aline
    Esta pesquisa teve por objetivo analisar a noção de composição, valendo-se de diálogos com a Filosofia, a Arte e a Psicologia, por meio das quais problematizaram-se os modos de vida, os processos de criação e os planos de composição na existência. Para aproximar tais dimensões, o estudo foi organizado teoricamente entre os processos de criação artístico-musical em diálogo com o que denominamos composições de vida na prática clínica. O elemento central da pesquisa consistiu em abordar a relação da composição com a vida cotidiana, atentando aos processos de subjetivação e suas variações. Teoricamente, foram abordadas três esferas da composição: a filosófica, a artístico-musical e a clínica, valendo-se dos conheciomentos advindos da Psicologia Social, da Psicologia Clínica e da Filosofia da Diferença. Metodologicamente, adotou-se uma perspectiva qualitativa com a estratégia documental. Em sua parte empírica, a pesquisa selecionou e analisou entrevistas que foram cedidas e publicadas por compositores brasileiros em documentos de domínio público (redes sociais, textos publicados e entrevistas). Foram elencados cinco compositores envolvidos com a denominada Música Popular Brasileira (MPB), a saber Caetano Veloso, Milton Nascimento, Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan. Tais compositores foram previamente selecionados utilizando-se os seguintes critérios: 1. importância que suas obras possuem na cultura brasileira; 2. longa história de atuação como compositores; e 3. ampla quantidade de materiais disponibilizados em acesso público. Ao analisar os processos de composição descritos nas entrevistas, depoimentos e textos publicados, a pesquisa organizou os dados a partir das três esferas da composição exploradas na parte teórica. Como resultado, foi possível compreender junto aos compositores os desafios de fazer da existência uma obra artística implicada com a seleção de encontros, a compreensão dos afetos emergentes, a temporalidade das composições, bem como as aberturas e limites para compor os modos de vida. Ao final desta trajetória que fez uma aproximação entre as teorias e os depoimentos, foram levantar pistas sobre as possibilidades de abordar e conectar a existência e a composição pela vida da prática clínica. Conclui-se que esta, em uma perspectiva cartográfica, configura-se como uma possibilidade interventiva que favorece aproximações plurais entre as potências de compor e de viver
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    Treino de controle do estresse e de habilidades sociais: intervenção em contexto industrial
    (2023-12-15) Silva, Airton Oliveira; Soares, Marcos Hirata; Oliveira, Katya Luciane de; Inácio, Amanda Lays Monteiro
    O presente estudo teve como objetivo avaliar o impacto do Treino de Controle de Estresse e Treino de Habilidades Sociais nos funcionários de uma indústria farmacêutica antes e após a adaptação do Treino de Controle de Estresse e de Habilidade Sociais. Participaram da pesquisa 17 pessoas, sendo do sexo feminino, com idades variando de 23 e 45 anos, oriundos do setor de licitações do ambiente industrial farmacêutico, situada no interior do Paraná. Foram realizados 6 encontros e utilizados os testes ECI, IHS 2, EVENT e ISSLR antes e após as intervenções. Foram encontradas diferenças significativas pelo teste de médias dependentes não-paramétricas de Wilcoxon. Houveram correlações significativas entres dois dos três fatores da EVENT e correlações positivas entre menor números de crenças irracionais e vulnerabilidade ao estresse. Esses dados sugeriram que um programa de curta duração de apenas seis semanas, focado no Treinamento de Habilidades Sociais e Controle do Estresse, pode ser considerado uma abordagem eficaz e emergencial para prevenir a vulnerabilidade ao estresse em grandes organizações. Considerou-se também, que as mulheres apresentaram prevalência do estresse devido à sobrecarga por assumir múltiplos papéis, resultando em tempo escasso para relaxamento e atividades de lazer.
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    Noções de atenção à saúde mental na infância : problematizações do trabalho do psicólogo
    (2023-11-27) Bonatti, Graziela Lastória; Santiago, Eneida Silveira; Lima, Alexandre Bonetti; Nascimento, Ananda Kenney da Cunha
    Esta dissertação buscou desvelar as noções de atenção à saúde mental voltada para a infância no Brasil. Para tanto, identificou como configura-se a atuação do psicólogo no dispositivo de saúde mental, o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), e como o psicólogo compreende a sua atuação com o público infantojuvenil. O caminho da pesquisa foi desenvolvido seguindo duas etapas: a primeira por meio de uma pesquisa documental e a segunda através de uma pesquisa bibliográfica. A pesquisa documental envolveu a busca em livros, leis, normas, e demais materiais envolvendo o tema. Desta forma, mostrou o momento em que a infância passou a ser reconhecida como etapa distinta da vida adulta, o período em que os direitos da criança foram legitimados, bem como quando os direitos das pessoas com transtornos mentais foram sancionados, estabelecendo a necessidade de uma atenção psicossocial, incluindo a atenção voltada para a saúde mental infantojuvenil. A pesquisa bibliográfica realizada por meio do levantamento de dados nas plataformas Scielo, Pepsic e BTD, analisou por meio dos 45 estudos levantados os seguintes pontos: há uma tendência à falta de compreensão da rede de saúde acerca de quais são as demandas destinadas aos CAPSi, visto que, realizam encaminhamentos equivocados à estes dispositivos. No geral, os psicólogos reconhecem a infância como uma etapa distinta da vida adulta e que precisam de cuidados específicos. Compreendem o papel que apresentam no acolhimento, na escuta e na atenção à situação de crises desta população. No entanto, apresentam dificuldades em realizar a articulação do apoio matricial com as equipes da atenção básica. Por meio dos resultados, temos que os psicólogos reconhecem as suas formas de atuação no CAPSi, dentre elas: o trabalho com grupos terapêuticos, oficinas terapêuticas, acolhida noturna, apoio matricial, grupos GAM. Ademais, identificam o seu papel na desconstrução de preconceitos e conceitos, na intersetorialidade com as escolas, na ambiência e ambientoterapia dos serviços e na escuta individual nos ambulatórios de saúde mental infantil. Conclui-se por meio do percurso analisado que a atenção à saúde mental infantil está em construção e apresenta fragilidades. Pontua-se que apesar da tendência à retomada de paradigmas psiquiátricos, o psicólogo tem caminhado no sentido de construir uma noção de saúde mental infantil voltada para a atenção psicossocial.
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    Arrastões subjetivos : a vida contemporânea entre impasses e possibilidades
    (2024-03-01) Wiezel, Vanessa Visockas; Mansano, Sonia Regina Vargas; Mezzari, Danielly Christina de Souza; Zucolotto, Marcele Pereira da Rosa
    Esta pesquisa teve por objetivo conhecer e analisar como a vida, organizada em valores capitalísticos, depara-se inevitavelmente com arrastões na existência, os quais podem vir a provocar rupturas e alianças com tais valores e suas políticas de subjetivação. A vida contemporânea encontra-se, em larga medida, saqueada pelas políticas de subjetivação capitalistas, que exploram, além da força corporal, aspectos afetivos e relacionais. O efeito do arrastão subjetivo aqui analisado é situado no campo problemático dos acontecimentos e das políticas de subjetivação, cujos efeitos são ora restritivos ora incentivadores. Em larga medida, os pressupostos da subjetividade capitalística podem vir a ser dominantes e reger alguns corpos. Porém seus traçados não são soberanos diante da força da vida e do desejo. A problemática de pesquisa aderiu aos impasses da produção de vida em meio às formas de controle sobre o interesse, o corpo e o tempo. Metodologicamente, adotou-se uma perspectiva qualitativa com a estratégia documental. Consideramos que a pesquisa qualitativa é estratégica para atender a necessidade de compreender os acontecimentos-arrastão em meio a componentes de subjetivação que circulam no campo social, ora aliando-se às subjetividades capitalísticas, ora sendo sensíveis às expressões do desejo. A pesquisa selecionou e analisou depoimentos disponibilizados publicamente por pessoas na internet, as quais relataram experimentar o que caracterizamos teoricamente como forças de acontecimentos-arrastão. A pesquisa organizou os dados a partir de dois planos: a análise das políticas de subjetivação vigentes e as possibilidades para pensar a clínica frente a essa força de acontecimentos-arrastão. Foi possível evidenciar uma sensibilidade clínica frente ao que acontece de modo abrupto e arrasta as existências. Percorrer tais questões permitiu acessar as intensidades vivenciadas na vida contemporânea, discutindo e fomentando discussões acerca da força dos acontecimentos-arrastão. Como resultado, consideraram-se os arrastões enquanto analisadores, que podem funcionar como mobilizadores de pensamentos e análises, a vida enquanto campo de produção em aberto e a noção de sujeito enquanto produção social que acontece em meio a forças e tensionamentos. Assim, a clínica pode operar pela atenção ao corpo para sensibilizar e viabilizar as expressões do desejo para além do que é produzido pela produção de subjetividades capitalísticas. Os acontecimentos-arrastão servem como ferramentas entre impasses e possibilidades, que podem ser tomados em análise em suas complexas vias, fazendo da prática clínica campo fértil de sensibilidade ao que arrasta e aciona processos ativos do desejo enquanto potência de viver.
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    Relações familiares e covid-19 : considerações sobre a dinâmica familiar durante o isolamento social
    (2024-02-22) Carvalho, Caio Henrique Almagro; Sei, Maíra Bonafé; Okamoto, Mary Yoko; Machado, Rebeca Nonato
    A pandemia da COVID-19 implicou na necessidade de isolamento social, de maneira a minimizar a propagação do coronavírus, acarretando em consequências variadas. Diversas famílias tiveram que se reorganizar, conciliando, em um mesmo espaço físico, a rotina de trabalho e os cuidados com a casa e os familiares. Tendo em vista esse cenário, objetivou-se refletir sobre a dinâmica familiar durante o isolamento social decorrente da pandemia de COVID-19 com casais que possuíssem no mínimo um filho entre sete e doze anos de idade, residentes em Londrina e região e que pelo menos um dos cônjuges tenha ficado em home office. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, pautada no aporte psicanalítico. Os casais foram entrevistados com perguntas acerca do período de isolamento e alterações no grupo familiar. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo temática, com compreensão das categorias a partir da teoria psicanalítica, contemplando as especificidades de cada caso. As categorias delineadas foram divididas em dois grandes grupos que consistem em impactos dentro da casa e impactos fora da casa. Em impactos dentro da casa, os temas foram sentimento de insegurança e medo da morte, impacto psicológico e aproximação familiar. Os impactos fora da casa abarcaram o ensino remoto, relação com o trabalho e impacto financeiro. Espera-se que o entendimento advindo dessa investigação possa subsidiar o desenvolvimento de estratégias interventivas com o público em questão, promovendo a saúde mental da população.
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    Matrizes histórico-econômicas da burguesia brasileira: notas sobre a autocracia e o mito da burguesia nacionalista
    (2023-05-05) Saracho, Yohann Eiji Mori; Lima, Alexandre Bonetti; Vergara, Alcides José Sanches; Machado, Eliel Ribeiro
    Ao longo da história brasileira, a classe dominante sustentou projetos de escravidão, genocídio, superexploração do trabalho e violência coercitiva contra a classe trabalhadora. Esta classe se consolidou no Brasil a partir de articulações internas ‘pelo alto’, em conjunto com o latifúndio e o imperialismo, alijando a população da participação política. Mesmo assim, diversos setores da esquerda, inclusive partidos de base marxista, desenvolveram teses que visavam alianças táticas-estratégicas com a classe dominante. O foco do trabalho se dará no período do governo de João Goulart (1961 - 1963), que representa o ponto alto desta possibilidade de aliança, procurando realizar uma revolução nacional-democrática de face mais humanizada em conjunto com a burguesia ‘nacionalista’. Essa tese é fortemente confrontada pelo golpe militar de 1º de abril de 1964, apoiado por diversas frações burguesas. Portanto, entende-se que seja necessária uma análise da burguesia brasileira, procurando identificar quais são seus fundamentos históricos, sociais e econômicos e identificando qual o seu papel na reprodução do capitalismo dependente brasileiro. Para cumprir com este objetivo, faremos um breve percurso de cunho teórico no primeiro capítulo, se utilizando de teóricos com base no materialismo-histórico e dialético e discorremos sobre a origem do Estado, seu papel na reprodução do capitalismo e a sua relação com a classe dominante. No segundo capítulo, recorremos a elementos histórico-econômicos para traçar a constituição e consolidação da burguesia no Brasil, dando maior ênfase ao período entre janeiro de 1961 a abril de 1964, que antecedem o golpe de Estado. Já no último capítulo, procuramos fazer uma síntese da ontologia da burguesia brasileira, articulando os aportes teórico do primeiro capítulo com os elementos historiográficos do segundo, demonstrando que a tese da existência de uma fração da burguesia que se constitua enquanto ‘nacionalista’ que confronte o imperialismo, é inexistente
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    Mulheres invisibilizadas: a experiência afetiva de entrega de um filho para adoção
    (2023-07-28) Santos, Gisele Castanheira dos; Mansano, Sonia Regina Vargas; Carvalho, Paulo Roberto; Ferrazza, Daniele de Andrade
    A entrega de um filho para adoção passou a ser mediada pelo Poder Judiciário a partir da implementação da lei 12.010 de 2009, que alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa alteração legislativa visou garantir segurança às crianças, em oposição ao seu abandono ou comercialização. Ainda que o procedimento seja previsto em lei, as mulheres que entregam os filhos para adoção são expostas a julgamentos e censuras advindos do meio social que silenciam e abafam os afetos envolvidos nessa experiência. Diante disso, a presente pesquisa teve como objetivo dar voz e visibilidade aos afetos, investigando de que maneira as mulheres vivenciaram a experiência da entrega de um filho para adoção. Para tanto, utilizou como embasamento teórico os pressupostos da Psicologia Social, abordando os processos sociais, culturais e históricos que impuseram uma disciplina aos corpos femininos, contribuindo para a invisibilização e a desqualificação das mulheres que optam por entregar os filhos para adoção. Para alcançar o objetivo traçado, foi escolhida a metodologia qualitativa, com uso da estratégia da história oral, levantada por meio de entrevistas semiestruturadas e análise de documentos, sendo consultadas legislações e processos judiciais. A unidade de análise foi composta por quatro mulheres que entregaram os filhos para adoção, cujo procedimento ocorreu na Vara da Infância e da Juventude em uma comarca do interior do Paraná após a implementação da lei 12.010 de 2009. Os dados foram organizados e analisados em articulação com o referencial teórico a partir de três eixos temáticos: 1) a instituição maternidade, formulada a partir de uma construção histórica e social que impôs à mulher a função idealizada de procriar e prover cuidados aos filhos; 2) o controle exercido diante da decisão das mulheres que entregam os filhos para adoção, em intervenções das equipes da Saúde, da Assistência Social e do Poder Judiciário; 3) a invisibilidade da experiência das mulheres que entregam seus filhos para adoção e a noção de sustentabilidade afetiva. Como resultado, foi possível compreender que as participantes vivenciaram a experiência da entrega de um filho para adoção em um estado de desalento e aprisionamento subjetivo. A falta de apoio e suporte do meio social no período gestacional foi seguida de intervenções dos familiares e profissionais envolvidos nesse processo que, algumas vezes, ganharam contornos rudes e violentos diante da intenção da entrega dos filhos para adoção, repercutindo em uma atitude de silenciamento como forma de autoproteção das mulheres. Os afetos vivenciados pelas participantes nessa experiência são múltiplos: arrependimento, sofrimento e autocensura, mas há também inclinações potencializadoras, como alegria, amor e esperança por um futuro encontro com o filho. Ao final do estudo, compreendemos que sustentar a diversidade de afetos manifestos em uma experiência tão delicada como a entrega de um filho para adoção requer a formação de profissionais atentos e sensíveis à diversidade humana expressa em afetos que, por vezes, são difíceis de ser expressos, sustentados e elaborados em um cenário que tende muito mais a convicções normativas
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    Conexões entre mulheres e natureza: cultivando uma sustentabilidade afetiva na vida rural
    (2023-02-28) Pereira, Gabriela Iamara Lupianhe; Mansano, Sonia Regina Vargas; Lima, Alexandre Bonetti; Azevedo, Adriana Barin de
    Em tempos de distanciamento e destruição da natureza, conhecer cosmologias e modos de vida que escapem à lógica de exploração do capital, cultivando relações de coabitação e cuidado com outros seres, faz-se essencial para fortalecer práticas de preservação e regeneração do planeta Terra. Assim, esta pesquisa teve o objetivo de analisar as práticas de cuidado de mulheres que vivenciam o cotidiano rural e suas conexões com a natureza, evidenciando formas possíveis de sobrevivência no Antropoceno. Tendo como referência estudos sobre ecosofia, cuidado e afeto, esta é uma pesquisa qualitativa e teve como estratégia metodológica a cartografia, uma vez que os conceitos aproximam afetivamente a pesquisadora do campo de pesquisa. Buscamos em documentos de domínio público relatos de mulheres que habitam territórios rurais do estado do Paraná e os fragmentos selecionados foram analisados de acordo com os conceitos trabalhados na parte teórica do estudo. Foram selecionados materiais publicados em sites e redes sociais a respeito de três grupos organizados de mulheres: Associação Mulheres do Café do Norte Pioneiro do Paraná (AMuCafé), Associação das Mulheres Camponesas do Assentamento Eli Vive (AMCEV) e Guardiãs de Sementes do Paraná ligadas à Rede Sementes da Agroecologia (ReSA). As conexões das mulheres habitantes das ruralidades foram abordadas a partir dos encontros com animais, plantas, fungos, clima, rios, dentre outras incidências da natureza. Para tanto, foram analisados a relação entre humanos e não humanos, a conexão entre o feminino e o cuidado, bem como os afetos emergentes na vida rural. Mobilizamos os conceitos de natureza, cuidado, encontro e afeto para nortear a análise dos dados. Ao final desse trajeto, esperamos ter aberto um campo de problematizações acerca das relações microafetivas entre mulheres, ruralidades e natureza
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    Cuidado! Querem destruir nossa família: o discurso de ódio às pessoas LGBTI+ nas redes sociais twitter e instagram
    (2023-02-15) Pacheco, Kaio Cesar; Carvalhaes, Flávia Fernandes de; Mansano, Sonia Regina Vargas; Souza, Leonardo Lemos de
    Na atualidade, a intensa circulação de aparatos tecnológicos no cotidiano da população interfere na produção de modos plurais de existência e perspectivas ficcionais de realidade. Tais arranjos interferem na (re)produção de noções tradicionais e dissidentes de gênero, que se apresentam cada vez mais difusas, complexas e múltiplas. Partindo dessas premissas, esta pesquisa qualitativa de mestrado problematiza enunciados que circulam em discursos de ódio dirigido às pessoas LGBTI+nas redes sociais. Leva-se em conta a perspectiva de que o ódio voltado a essa população se produz exatamente por essas pessoas serem circunscritas em um sistema de sexo-gênero como abjetas, initeligíveis, desviantes e perigosas. Valendo-se da pesquisa documental, são analisados conteúdos disponíveis em páginas de domínio público do Twitter e Instagram, publicados no Brasil entre os anos de 2020 a 2022. O texto está dividido em quatro capítulos. Inicialmente, são apresentados traçados iniciais que subsidiam a escolha pela temática investigada. No capítulo seguinte, debate-se sobre a perspectiva ocidental da história da sexualidade, que edifica um sistema de sexo-gênero que demarca modos de existência situados como inteligíveis ou abjetos. O próximo capítulo analisa profundas transformações ocorridas no mundo capitalista do século XX e XXI, que culminaram em uma sociedade de controle que incide sobre o sistema de sexo-gênero. Em seguida, o percurso metodológico que fundamenta a investigação e o processo de coleta e análise é delineado. Por fim, no último capítulo, debate-se sobre a produção biopolítica do ódio direcionado à população LGBTI+. Problematizam-se maneiras como discursos de ódio que circulam nas redes sociais Instagram e Twitter direcionadas à população LGBTI+ articulam noções de abjeção, a partir de duas categorias de análise: a noção de desvio e de periculosidade. Conclui-se, provisoriamente, que as redes sociais, se constituem em um campo complexo em que forças díspares coexistem em disputa. Assume-se a importância de problematizar maneiras sutis e/ou explícitas como regimes de enunciação se articulam no cotidiano para produção de noções de anormalidade relacionadas à população LGBTI+, como um modo de desestabilizar tais enunciados e lutar por uma sociedade em que a diversidade e a pluriversalidade sejam possíveis
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    Cyberbullying direcionado ao público feminino em jogos digitais
    (2023-02-28) Itiyama, Caroline Tiemi; Oliveira, Katya Luciane de; Soares, Marcos Hirata; Beluce, Andrea Carvalho
    A inclusão do público feminino no cenário de jogos competitivos vem apresentando grande expansão na última década. Contudo, em diversas ocasiões foram observadas rejeições acerca dessa inserção. Dessa forma, este estudo teve como objetivo realizar uma análise exploratória quantitativa sobre a presença e percepção de jogadoras dos jogos Counter Strike: Global Offensive e Valorant acerca do fenômeno de cyberbullying nesses ambientes. Participaram desse estudo 129 jogadoras do Brasil, com idades igual ou superior a 18 anos, selecionadas ao acaso por meio do método “bola de neve”. Para a coleta de dados foram aplicados dois instrumentos, de forma remota, sendo eles o questionário sociodemográfico e a escala de cyberbullying. Os dados coletados com as jogadoras, por meio dos instrumentos mencionados, foram submetidos às análises estatísticas descritiva (média e desvio padrão) e inferencial (provas de diferenças de média), identificando que a idade média das jogadoras era de 22 anos e 8 meses com desvio padrão de 4, e que 96,9% vivenciaram uma situação de cyberbullying, sendo a dimensão vítima a mais pontuada. Não foram identificadas diferenças nas dimensões do cyberbullying considerando os jogos analisados, ou pessoas que jogam os dois jogos. Espera-se que tais conhecimentos possam contribuir para a produção de conhecimento e levantamento de estratégias de combate nesses ambientes
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    Caminhos da institucionalização na atenção psicossocial infantojuvenil
    (2023-02-13) Dantas, Thaíse Rosseli Moreira; Nalli, Marcos Alexandre Gomes; Carvalhaes, Flavia Fernandes de; Boarini, Maria Lucia
    A presente pesquisa buscou investigar como se desenvolvem, atualmente, os processos de institucionalização do público infantojuvenil assistido por um serviço substitutivo de saúde mental. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa e objetivo exploratório e descritivo. Quanto aos procedimentos técnicos e instrumentos de coleta de dados, caracteriza-se como pesquisa documental, uma vez que se dedica a explorar os registros que compõem os prontuários de usuários de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil. Foram analisados os prontuários de dois usuários encaminhados para internação psiquiátrica em determinado momento da assistência ofertada, sendo utilizado como critério para escolha do primeiro caso o maior número de encaminhamentos para internação psiquiátrica (com um deles tendo ocorrido entre os anos de 2018 e 2019), assim como para o segundo, contudo, aliado ao critério de exclusão de que se tratasse de usuário com sexo, idade e diagnóstico distinto do primeiro caso selecionado. De maneira complementar à análise dos prontuários, foram utilizados os demais documentos do serviço, como protocolos, atas de reuniões e autos processuais presentes em seus arquivos. Os casos foram apresentados de modo a tensionar as narrativas dos documentos oficiais, buscando lançar um outro olhar sobre esses discursos a partir da análise dos resultados, os quais foram discutidos com base no referencial teórico de Michel Foucault e de autores da Reforma Psiquiátrica. Foram definidas duas categorias analíticas: "a tríade da institucionalização infantojuvenil na atualidade" e "a díade psi-jurídica no controle de trajetórias". Na primeira, foram identificadas três instituições presentes no percurso assistencial dos casos estudados (hospital psiquiátrico, centro socioeducativo e acolhimento institucional) e problematizado o circuito pelo qual essas instituições operam. Em seguida, foi procedido com um debate acerca do saber-poder envolvido na operacionalização desse circuito, caracterizado por alianças e disputas entre os campos psi e jurídico. Por fim, foram discutidas as possibilidades de efetivação da atenção psicossocial nesse contexto, a partir da defesa de uma clínica do território, com suas implicações históricas e políticas. Aponta-se para a importância de se avaliar o trabalho desenvolvido no âmbito da atenção psicossocial na contemporaneidade. Conclui-se que se faz necessário um investimento financeiro no plano macropolítico e, em contrapartida, um investimento afetivo no plano micropolítico, como forma de resistência aos processos de precarização das políticas públicas e da vida de modo geral. Vislumbra-se, dessa forma, transformar o poder sobre a vida em potência de vida por meio de práticas criativas e insurgentes
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    Bateria online de avaliação cognitiva: aplicação e validação em uma amostra de idoso com comprometimento cognitivo leve
    (2023-02-23) Cóser, Samanta Soares dos Santos; Miguel, Fabiano Koich; Soares, Marcos Hirata; Schelini, Patricia Waltz
    O futuro da Avaliação Psicológica passa cada vez mais pelo recurso da informática, reforçando assim a importância da pesquisa para o desenvolvimento e adaptação de tais instrumentos. A utilização dos computadores neste processo é ainda um desafio, e no que se refere ao exame das pessoas idosas, o desafio é maior ainda. Dentre as possibilidades de avaliação psicológica no idoso, destaca-se a avaliação cognitiva que pode ser entendida como um exame detalhado das funções cognitivas, que tem como objetivo identificar as possíveis consequências de doenças, lesões e/ou disfunções que possam estar relacionadas com o comportamento e o desempenho cognitivo, tornando-se importante a existência de instrumentos que auxiliem na avaliação destes pacientes de forma precisa e prática. A presente pesquisa buscou evidências de validade discriminante para a Bateria Online de Avaliação Cognitiva (BACog) por meio da aplicação informatizada em pacientes idosos com comprometimento cognitivo. A BACog é composta por sete subtestes que avaliam Atenção, Memória, Raciocínio Fluido, Linguagem, Localização Espacial e Funções Executivas. Participaram da pesquisa uma amostra de 50 idosos (Grupo 1), com 60 anos ou mais que tem o diagnóstico de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). Os resultados da amostra desta pesquisa foram comparados com outras pessoas da mesma faixa etária sem presença de comprometimento cognitivo (Grupo 0). Foram encontradas diferenças moderadas na comparação entre os dois grupos, na maioria dos testes da BACog. Estes resultados constituem evidências de validade discriminante baseada na relação com variáveis externas, indicando a eficácia desse instrumento em discriminar idosos com CCL, dos idosos com envelhecimento saudável. Ao final, são feitas considerações sobre o uso de testes informatizados para a avaliação das funções cognitivas
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    “E eu não sou uma mulher?” Um estudo psicanalítico acerca da feminilidade negra
    (2023-03-17) Corsino, Debora Lydinês Martins; Cordeiro, Sílvia Nogueira; Prestes, Clélia Rosane dos Santos; Winograd, Monah
    Nosso estudo se propôs a investigar, a partir de narrativas de mulheres negras, as percepções e significados de suas experiências enquanto mulheres. E, a partir disso, identificar os marcadores da diferença de suas vivências em torno da feminilidade e o que possibilita que uma mulher negra construa discursos, compreensões e experimente a feminilidade de uma forma própria. Essas interrogações partiram de uma pesquisa anterior, em que foi possível identificar o referencial de feminilidade difundido no laço social pautado pela mulher branca e observar as representações do laço social que ficam coladas à imagem das mulheres negras, como da babá, da doméstica, da mulher forte, além da hiperssexualização de seus corpos e da depreciação dos traços fenotípicos. Apoiamos-nos na perspectiva metodológica da pesquisa psicanalítica dos fenômenos sociais e políticos, por compreender que nossa questão advém de um impasse político-social, que será examinado a partir da relação transferencial e da indissociabilidade entre teoria, clínica e pesquisa. Utilizamos o recurso de entrevistas enquanto instrumento para a produção do material que permitirá a busca de significantes acerca da nossa questão de pesquisa presentes nos discursos das participantes. Assim realizamos entrevistas com três mulheres negras que foram convidadas a compartilhar suas histórias e experiências enquanto mulher. Tecemos também um debate teórico, inicialmente a partir de um percurso sócio-histórico da mulher negra, trazendo para a cena a mulher negra de ontem e a de hoje. Num segundo momento, apresentamos as proposições de Freud e Lacan acerca do feminino e da feminilidade e as considerações de Souza, Gonzalez, Nogueira e Kilomba, que abordam as questões experienciadas pelas mulheres negras e possibilitaram uma mobilização teórica no campo psicanalítico. A partir do debate teórico e dos elementos colhidos nas entrevistas, foi possível identificar as atualizações da imagem da mãe preta, a experiência da mulher negra com seu corpo, a sexualidade e o amor, as disparidades da relação da mulher negra com a mulher branca e o homem negro, os significados dos símbolos utilizados por mulheres negras e como uma mulher negra atravessa a experiência de tornar-se mulher e negra a partir de outra mulher negra como referência. Consideramos que este estudo propôs um debate em torno das singularidades das experiências de feminilidade da mulher negra, bem como apontou que é possível produzir algo dessa vivência a partir da lógica do não-todo
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    A questão da pobreza e a formação em psicologia: análise dos currículos dos cursos de psicologia em IEES do Estado do Paraná
    (2023-07-05) Capalbo, Livia Salvioni; Silva, Rafael Bianchi; Jesus, Adriana Regina de; Facci, Marilda Gonçalves Dias
    A inserção dos psicólogos nas políticas públicas representa uma expansão do campo de atuação profissional. Trata-se de uma mudança de perfil da profissão, contexto de atuação e do público atendido que ultrapassa as abordagens tradicionais predominantemente clínicas e individualizantes que hegemonicamente balizam a formação. Este trabalho teve como objetivo analisar a estrutura e proposições de tal formação a partir do currículo de cursos de graduação em Psicologia de Instituições Estaduais de Ensino Superior do Estado do Paraná que ofertam o curso de Psicologia. Como ponto de partida, é apresentado um resgate teórico propondo a articulação entre os temas pobreza, políticas públicas e Psicologia a partir do conceito de “questão social” e, na sequência, histórico da formação do psicólogo no Brasil. Através da abordagem qualitativa, foi realizada uma pesquisa documental. Elegemos como fonte de dados da pesquisa os Projetos Pedagógicos de Curso e Programas de disciplinas, considerando a possibilidade de investigar elementos e características institucionais, permitindo uma aproximação em relação aos cursos de graduação em análise. Esta escolha se justifica pelo compromisso social das instituições públicas com as demandas sociais locais e pelo fato de serem referência no que tange aos processos de formação. A análise dos dados da pesquisa foi realizada a partir categoria “contradição”, conforme proposta realizada por Jamil Cury. Realizar uma análise a partir de tal categoria dialética, aponta para a possibilidade de mudança do que se encontra estabelecido, na medida em que abre espaço para a compreensão crítica da realidade. Para realizar tal análise, também consideramos concepções e as teorias críticas sobre currículo que tomam a escolarização como parte do sistema capitalista, entendida como mercadoria e não como como um direito social a ser garantido de forma igualitária a toda sociedade. Na Psicologia, incluindo a formação inicial na graduação, o compromisso com o campo social representa uma forte contradição. De modo geral, os documentos analisados não demonstraram uma preocupação em realizar um debate que possa abranger a questão da pobreza. O compromisso com a “questão social” aparece de forma tímida e implícita. As possibilidades de interlocução com o tema da pobreza foram identificadas na análise dos programas das disciplinas, principalmente na bibliografia básica indicada. As políticas públicas ganharam espaço, sobretudo por meio da oferta de disciplinas, e foi na relação entre os temas que identificamos alguma possibilidade de compreensão pelos estudantes sobre os contextos de pobreza enquanto um campo de atuação profissional que requer uma postura crítica diante das questões sociais. Ainda que existam avanços no sentido de trazer para o campo da formação do psicólogo experiências e produções teóricas atuais, principalmente do campo das políticas públicas, a mudança do perfil da profissão não parece estar acompanhada da mudança nas propostas curriculares. Foi possível identificar a manutenção das duas faces (contraditórias) da educação, que está integrada ao projeto de dominação e exclusão social ao mesmo tempo em que se coloca enquanto resistência frente àquilo que se encontra estabelecido e enraizado, ainda que de forma incipiente
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    Mergulhos entre guerrilhas: modos de viver em disputa no período pandêmico
    (2022-12-09) Vedovati, Alethéia Skowronski; Carvalhaes, Flávia Fernandes de; Lima, Alexandre Bonetti; Kaseker, Monica Panis
    Desde as primeiras notícias sobre sua incidência, a pandemia da COVID-19 vem se articulando como fronteira, fazendo com que antigas e novas problemáticas sociais se intensifiquem, se atualizem e atuem em guerrilha. Diante desse cenário, esta pesquisa/mergulho em andamento articula uma investigação crítica sobre modos de vidas e concepções de saúde pautados em racionalidades coloniais, nomeados aqui como Viver Bem, que coexistem em disputa com vieses plurais e que se tecem em aliança às perspectivas do Bem Viver indígena. A partir do diálogo, sobretudo com epistemologias do Sul, percorro trilhas metodológicas articuladas aos pressupostos da pesquisa qualitativa e da análise documental. Problematizarei, mais especificamente, a produção de sentidos sobre saúde e vida que vêm se articulando por povos indígenas desde o início da pandemia da COVID-19 no Brasil, com o primeiro caso notificado em março de 2020. Para tanto, a análise percorrerá pronunciamentos que circularam em mídias sociais, como sites e redes sociais oficiais de articulações indígenas, bem como vídeos, textos e entrevistas publicadas. O texto está dividido em quatro mergulhos. Inicialmente, decido molhar meus pés e anunciar objetivos, justificativa e parte dos pressupostos teóricos, políticos e metodológicos dessa investigação. Em seguida, mergulho em águas que se contaminaram e problematizo a noção de Viver Bem e suas respectivas concepções de saúde como produções coloniais. Na continuidade, na tentativa de encontrar ar, analiso perspectivas indígenas de Bem Viver e parte de suas concepções de saúde. O último mergulho propõe uma análise crítica de sentidos produzidos sobre saúde e vida por povos indígenas no Brasil desde a constatação da pandemia da COVID-19. Na conclusão, provisoriamente, assinalo os perigos da xawara, anunciada pelo pesquisador Davi Kopewana, e a importância de nos unirmos aos Yanomamis na luta para segurar o céu
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    As relações existentes entre adaptação acadêmica, evasão, motivação e desempenho acadêmico no ensino superior
    (2022-12-13) Griggio, Fabiana Nunes do Amarante; Oliveira, Katya Luciane de; Inácio, Amanda Lays Monteiro; Schelini, Patrícia Waltz
    O ensino superior é um dos principais caminhos pelo qual as pessoas alcançam melhoria em sua condição social. O ingresso na universidade é visto como uma conquista na vida do estudante, constituindo-se a fase de intensas mudanças. No entanto, altos índices de evasão universitária tem atrapalhado a trajetória de diversos estudantes que ingressam neste nível de ensino. A adaptação acadêmica consiste no ajustamento do estudante a novas formas de viver a realidade que se apresenta a partir de seu ingresso na universidade, e é reconhecida como um construto multideterminado, essencial para que a formação superior ocorra de forma bem-sucedida. A falta de adaptação acadêmica tem sido considerada importante para explicar as razões institucionais que produzem evasão. O presente estudo teve como objetivo geral analisar as relações existentes entre adaptação acadêmica, motivos para evasão, motivação e desempenho acadêmico. Participaram do estudo 310 estudantes universitários, maiores de 18 anos matriculados nos 12 cursos de graduação de uma universidade pública estadual. Como instrumentos de pesquisa foram utilizados um questionário sociodemográfico, o Questionário de Adaptação Acadêmica ao Ensino Superior (QAES), a Escala de Motivos para Evasão do Ensino Superior (M-ES) e a Escala de Motivação Acadêmica (EMA). Os dados foram organizados em planilha e submetidos às estatísticas descritiva e inferencial. Visando atender os objetivos, foram realizadas provas de correlação de Pearson, além da análise de regressão simples pelo método Enter. Os resultados evidenciaram que a amostra pesquisada apresentou maior média de pontuação na subescala de adaptação ao projeto de carreira e menor média de pontuação na subescala de adaptação pessoal-emocional do QAES. Em relação aos motivos para evasão, os participantes obtiveram maior pontuação na subescala de motivos relacionados a falta de suporte e menor pontuação na subescala motivos interpessoais da M-ES. Quanto à motivação, a maior pontuação foi na subescala regulação integrada e a menor pontuação na desmotivação da EMA. Foram identificadas correlações estatisticamente significativas entre as variáveis. Foi verificado, ainda, que as dimensões da adaptação acadêmica predizem até certo ponto a motivação para aprender, os motivos para evasão e o desempenho acadêmico. Sendo que a adaptação ao projeto de carreira e a adaptação institucional foram as dimensões da adaptação acadêmica responsáveis por causar impacto na maioria das demais variáveis. Foram discutidas algumas implicações teóricas sobre a relação da adaptação acadêmica e as demais variáveis e propostas algumas ações práticas para as instituições de ensino superior
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    Autismo infantil: interação paciente-psicoterapeuta na clínica psicanalítica
    (2022-05-10) Schmidt, Kathyúscia Geórgia Araujo do Valle; Reis, Maria Elizabeth Barreto Tavares dos; Cordeiro, Silvia Nogueira; Costa, Paulo José da
    Tendo em vista o grande aumento de crianças pequenas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista [TEA] no Brasil e no mundo, entende-se que faz parte do papel do psicólogo infantil fomentar pesquisas que possam contribuir para a produção de conhecimento sobre o tema. Nesse sentido, o presente estudo se justifica por buscar compreender as nuances da interação paciente-psicoterapeuta, vivenciadas durante o atendimento às crianças assim diagnosticadas. O objetivo desta pesquisa consistiu em analisar as interações do paciente, durante as sessões de psicoterapia psicanalítica, realizadas com uma criança diagnosticada com TEA - Transtorno do Espectro Autista. Foi realizada uma investigação psicanalítica, a partir dos fatos clínicos ocorridos no setting terapêutico, os quais foram analisados através de fundamentos teóricos da psicanálise a fim de possibilitar a compreensão, a busca de novos significados e a construção de fatos clínicos psicanalíticos. Participam do estudo uma criança diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista [TEA], sua mãe adotiva e uma coterapeuta. A criança foi atendida em psicoterapia psicanalítica em uma instituição que oferece atendimento a crianças com atraso global no desenvolvimento. A coleta de dados foi realizada a partir dos relatórios produzidos pela psicoterapeuta. Em algumas sessões foram realizados vídeos de curta duração, assim os relatórios decorrem tanto das anotações realizadas após cada sessão quanto da transcrição dos vídeos. O material coletado foi explorado a partir da leitura pormenorizada dos relatórios, assim foram selecionados e analisados os fatos clínicos relacionados às situações em que houve interação através do olhar e/ou da fala pela criança durante as sessões de psicoterapia. Posteriormente, os fatos clínicos psicanalíticos construídos foram organizados nas seguintes categorias: Interação pelo olhar através do espelho; Interação pela fala sem o contato visual; Interação pelo olhar e pela fala. Por fim, a constatação de que a intervenção psicanalítica pode promover fendas no estado encapsulado de uma criança com autismo, foi um dos pontos chaves na realização deste trabalho.