02 - Mestrado - Psicologia

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    Matrizes histórico-econômicas da burguesia brasileira: notas sobre a autocracia e o mito da burguesia nacionalista
    (2023-05-05) Saracho, Yohann Eiji Mori; Lima, Alexandre Bonetti; Vergara, Alcides José Sanches; Machado, Eliel Ribeiro
    Ao longo da história brasileira, a classe dominante sustentou projetos de escravidão, genocídio, superexploração do trabalho e violência coercitiva contra a classe trabalhadora. Esta classe se consolidou no Brasil a partir de articulações internas ‘pelo alto’, em conjunto com o latifúndio e o imperialismo, alijando a população da participação política. Mesmo assim, diversos setores da esquerda, inclusive partidos de base marxista, desenvolveram teses que visavam alianças táticas-estratégicas com a classe dominante. O foco do trabalho se dará no período do governo de João Goulart (1961 - 1963), que representa o ponto alto desta possibilidade de aliança, procurando realizar uma revolução nacional-democrática de face mais humanizada em conjunto com a burguesia ‘nacionalista’. Essa tese é fortemente confrontada pelo golpe militar de 1º de abril de 1964, apoiado por diversas frações burguesas. Portanto, entende-se que seja necessária uma análise da burguesia brasileira, procurando identificar quais são seus fundamentos históricos, sociais e econômicos e identificando qual o seu papel na reprodução do capitalismo dependente brasileiro. Para cumprir com este objetivo, faremos um breve percurso de cunho teórico no primeiro capítulo, se utilizando de teóricos com base no materialismo-histórico e dialético e discorremos sobre a origem do Estado, seu papel na reprodução do capitalismo e a sua relação com a classe dominante. No segundo capítulo, recorremos a elementos histórico-econômicos para traçar a constituição e consolidação da burguesia no Brasil, dando maior ênfase ao período entre janeiro de 1961 a abril de 1964, que antecedem o golpe de Estado. Já no último capítulo, procuramos fazer uma síntese da ontologia da burguesia brasileira, articulando os aportes teórico do primeiro capítulo com os elementos historiográficos do segundo, demonstrando que a tese da existência de uma fração da burguesia que se constitua enquanto ‘nacionalista’ que confronte o imperialismo, é inexistente
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    Mulheres invisibilizadas: a experiência afetiva de entrega de um filho para adoção
    (2023-07-28) Santos, Gisele Castanheira dos; Mansano, Sonia Regina Vargas; Carvalho, Paulo Roberto; Ferrazza, Daniele de Andrade
    A entrega de um filho para adoção passou a ser mediada pelo Poder Judiciário a partir da implementação da lei 12.010 de 2009, que alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa alteração legislativa visou garantir segurança às crianças, em oposição ao seu abandono ou comercialização. Ainda que o procedimento seja previsto em lei, as mulheres que entregam os filhos para adoção são expostas a julgamentos e censuras advindos do meio social que silenciam e abafam os afetos envolvidos nessa experiência. Diante disso, a presente pesquisa teve como objetivo dar voz e visibilidade aos afetos, investigando de que maneira as mulheres vivenciaram a experiência da entrega de um filho para adoção. Para tanto, utilizou como embasamento teórico os pressupostos da Psicologia Social, abordando os processos sociais, culturais e históricos que impuseram uma disciplina aos corpos femininos, contribuindo para a invisibilização e a desqualificação das mulheres que optam por entregar os filhos para adoção. Para alcançar o objetivo traçado, foi escolhida a metodologia qualitativa, com uso da estratégia da história oral, levantada por meio de entrevistas semiestruturadas e análise de documentos, sendo consultadas legislações e processos judiciais. A unidade de análise foi composta por quatro mulheres que entregaram os filhos para adoção, cujo procedimento ocorreu na Vara da Infância e da Juventude em uma comarca do interior do Paraná após a implementação da lei 12.010 de 2009. Os dados foram organizados e analisados em articulação com o referencial teórico a partir de três eixos temáticos: 1) a instituição maternidade, formulada a partir de uma construção histórica e social que impôs à mulher a função idealizada de procriar e prover cuidados aos filhos; 2) o controle exercido diante da decisão das mulheres que entregam os filhos para adoção, em intervenções das equipes da Saúde, da Assistência Social e do Poder Judiciário; 3) a invisibilidade da experiência das mulheres que entregam seus filhos para adoção e a noção de sustentabilidade afetiva. Como resultado, foi possível compreender que as participantes vivenciaram a experiência da entrega de um filho para adoção em um estado de desalento e aprisionamento subjetivo. A falta de apoio e suporte do meio social no período gestacional foi seguida de intervenções dos familiares e profissionais envolvidos nesse processo que, algumas vezes, ganharam contornos rudes e violentos diante da intenção da entrega dos filhos para adoção, repercutindo em uma atitude de silenciamento como forma de autoproteção das mulheres. Os afetos vivenciados pelas participantes nessa experiência são múltiplos: arrependimento, sofrimento e autocensura, mas há também inclinações potencializadoras, como alegria, amor e esperança por um futuro encontro com o filho. Ao final do estudo, compreendemos que sustentar a diversidade de afetos manifestos em uma experiência tão delicada como a entrega de um filho para adoção requer a formação de profissionais atentos e sensíveis à diversidade humana expressa em afetos que, por vezes, são difíceis de ser expressos, sustentados e elaborados em um cenário que tende muito mais a convicções normativas
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    Conexões entre mulheres e natureza: cultivando uma sustentabilidade afetiva na vida rural
    (2023-02-28) Pereira, Gabriela Iamara Lupianhe; Mansano, Sonia Regina Vargas; Lima, Alexandre Bonetti; Azevedo, Adriana Barin de
    Em tempos de distanciamento e destruição da natureza, conhecer cosmologias e modos de vida que escapem à lógica de exploração do capital, cultivando relações de coabitação e cuidado com outros seres, faz-se essencial para fortalecer práticas de preservação e regeneração do planeta Terra. Assim, esta pesquisa teve o objetivo de analisar as práticas de cuidado de mulheres que vivenciam o cotidiano rural e suas conexões com a natureza, evidenciando formas possíveis de sobrevivência no Antropoceno. Tendo como referência estudos sobre ecosofia, cuidado e afeto, esta é uma pesquisa qualitativa e teve como estratégia metodológica a cartografia, uma vez que os conceitos aproximam afetivamente a pesquisadora do campo de pesquisa. Buscamos em documentos de domínio público relatos de mulheres que habitam territórios rurais do estado do Paraná e os fragmentos selecionados foram analisados de acordo com os conceitos trabalhados na parte teórica do estudo. Foram selecionados materiais publicados em sites e redes sociais a respeito de três grupos organizados de mulheres: Associação Mulheres do Café do Norte Pioneiro do Paraná (AMuCafé), Associação das Mulheres Camponesas do Assentamento Eli Vive (AMCEV) e Guardiãs de Sementes do Paraná ligadas à Rede Sementes da Agroecologia (ReSA). As conexões das mulheres habitantes das ruralidades foram abordadas a partir dos encontros com animais, plantas, fungos, clima, rios, dentre outras incidências da natureza. Para tanto, foram analisados a relação entre humanos e não humanos, a conexão entre o feminino e o cuidado, bem como os afetos emergentes na vida rural. Mobilizamos os conceitos de natureza, cuidado, encontro e afeto para nortear a análise dos dados. Ao final desse trajeto, esperamos ter aberto um campo de problematizações acerca das relações microafetivas entre mulheres, ruralidades e natureza
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    Cuidado! Querem destruir nossa família: o discurso de ódio às pessoas LGBTI+ nas redes sociais twitter e instagram
    (2023-02-15) Pacheco, Kaio Cesar; Carvalhaes, Flávia Fernandes de; Mansano, Sonia Regina Vargas; Souza, Leonardo Lemos de
    Na atualidade, a intensa circulação de aparatos tecnológicos no cotidiano da população interfere na produção de modos plurais de existência e perspectivas ficcionais de realidade. Tais arranjos interferem na (re)produção de noções tradicionais e dissidentes de gênero, que se apresentam cada vez mais difusas, complexas e múltiplas. Partindo dessas premissas, esta pesquisa qualitativa de mestrado problematiza enunciados que circulam em discursos de ódio dirigido às pessoas LGBTI+nas redes sociais. Leva-se em conta a perspectiva de que o ódio voltado a essa população se produz exatamente por essas pessoas serem circunscritas em um sistema de sexo-gênero como abjetas, initeligíveis, desviantes e perigosas. Valendo-se da pesquisa documental, são analisados conteúdos disponíveis em páginas de domínio público do Twitter e Instagram, publicados no Brasil entre os anos de 2020 a 2022. O texto está dividido em quatro capítulos. Inicialmente, são apresentados traçados iniciais que subsidiam a escolha pela temática investigada. No capítulo seguinte, debate-se sobre a perspectiva ocidental da história da sexualidade, que edifica um sistema de sexo-gênero que demarca modos de existência situados como inteligíveis ou abjetos. O próximo capítulo analisa profundas transformações ocorridas no mundo capitalista do século XX e XXI, que culminaram em uma sociedade de controle que incide sobre o sistema de sexo-gênero. Em seguida, o percurso metodológico que fundamenta a investigação e o processo de coleta e análise é delineado. Por fim, no último capítulo, debate-se sobre a produção biopolítica do ódio direcionado à população LGBTI+. Problematizam-se maneiras como discursos de ódio que circulam nas redes sociais Instagram e Twitter direcionadas à população LGBTI+ articulam noções de abjeção, a partir de duas categorias de análise: a noção de desvio e de periculosidade. Conclui-se, provisoriamente, que as redes sociais, se constituem em um campo complexo em que forças díspares coexistem em disputa. Assume-se a importância de problematizar maneiras sutis e/ou explícitas como regimes de enunciação se articulam no cotidiano para produção de noções de anormalidade relacionadas à população LGBTI+, como um modo de desestabilizar tais enunciados e lutar por uma sociedade em que a diversidade e a pluriversalidade sejam possíveis
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    Cyberbullying direcionado ao público feminino em jogos digitais
    (2023-02-28) Itiyama, Caroline Tiemi; Oliveira, Katya Luciane de; Soares, Marcos Hirata; Beluce, Andrea Carvalho
    A inclusão do público feminino no cenário de jogos competitivos vem apresentando grande expansão na última década. Contudo, em diversas ocasiões foram observadas rejeições acerca dessa inserção. Dessa forma, este estudo teve como objetivo realizar uma análise exploratória quantitativa sobre a presença e percepção de jogadoras dos jogos Counter Strike: Global Offensive e Valorant acerca do fenômeno de cyberbullying nesses ambientes. Participaram desse estudo 129 jogadoras do Brasil, com idades igual ou superior a 18 anos, selecionadas ao acaso por meio do método “bola de neve”. Para a coleta de dados foram aplicados dois instrumentos, de forma remota, sendo eles o questionário sociodemográfico e a escala de cyberbullying. Os dados coletados com as jogadoras, por meio dos instrumentos mencionados, foram submetidos às análises estatísticas descritiva (média e desvio padrão) e inferencial (provas de diferenças de média), identificando que a idade média das jogadoras era de 22 anos e 8 meses com desvio padrão de 4, e que 96,9% vivenciaram uma situação de cyberbullying, sendo a dimensão vítima a mais pontuada. Não foram identificadas diferenças nas dimensões do cyberbullying considerando os jogos analisados, ou pessoas que jogam os dois jogos. Espera-se que tais conhecimentos possam contribuir para a produção de conhecimento e levantamento de estratégias de combate nesses ambientes
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    Caminhos da institucionalização na atenção psicossocial infantojuvenil
    (2023-02-13) Dantas, Thaíse Rosseli Moreira; Nalli, Marcos Alexandre Gomes; Carvalhaes, Flavia Fernandes de; Boarini, Maria Lucia
    A presente pesquisa buscou investigar como se desenvolvem, atualmente, os processos de institucionalização do público infantojuvenil assistido por um serviço substitutivo de saúde mental. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa e objetivo exploratório e descritivo. Quanto aos procedimentos técnicos e instrumentos de coleta de dados, caracteriza-se como pesquisa documental, uma vez que se dedica a explorar os registros que compõem os prontuários de usuários de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil. Foram analisados os prontuários de dois usuários encaminhados para internação psiquiátrica em determinado momento da assistência ofertada, sendo utilizado como critério para escolha do primeiro caso o maior número de encaminhamentos para internação psiquiátrica (com um deles tendo ocorrido entre os anos de 2018 e 2019), assim como para o segundo, contudo, aliado ao critério de exclusão de que se tratasse de usuário com sexo, idade e diagnóstico distinto do primeiro caso selecionado. De maneira complementar à análise dos prontuários, foram utilizados os demais documentos do serviço, como protocolos, atas de reuniões e autos processuais presentes em seus arquivos. Os casos foram apresentados de modo a tensionar as narrativas dos documentos oficiais, buscando lançar um outro olhar sobre esses discursos a partir da análise dos resultados, os quais foram discutidos com base no referencial teórico de Michel Foucault e de autores da Reforma Psiquiátrica. Foram definidas duas categorias analíticas: "a tríade da institucionalização infantojuvenil na atualidade" e "a díade psi-jurídica no controle de trajetórias". Na primeira, foram identificadas três instituições presentes no percurso assistencial dos casos estudados (hospital psiquiátrico, centro socioeducativo e acolhimento institucional) e problematizado o circuito pelo qual essas instituições operam. Em seguida, foi procedido com um debate acerca do saber-poder envolvido na operacionalização desse circuito, caracterizado por alianças e disputas entre os campos psi e jurídico. Por fim, foram discutidas as possibilidades de efetivação da atenção psicossocial nesse contexto, a partir da defesa de uma clínica do território, com suas implicações históricas e políticas. Aponta-se para a importância de se avaliar o trabalho desenvolvido no âmbito da atenção psicossocial na contemporaneidade. Conclui-se que se faz necessário um investimento financeiro no plano macropolítico e, em contrapartida, um investimento afetivo no plano micropolítico, como forma de resistência aos processos de precarização das políticas públicas e da vida de modo geral. Vislumbra-se, dessa forma, transformar o poder sobre a vida em potência de vida por meio de práticas criativas e insurgentes
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    Bateria online de avaliação cognitiva: aplicação e validação em uma amostra de idoso com comprometimento cognitivo leve
    (2023-02-23) Cóser, Samanta Soares dos Santos; Miguel, Fabiano Koich; Soares, Marcos Hirata; Schelini, Patricia Waltz
    O futuro da Avaliação Psicológica passa cada vez mais pelo recurso da informática, reforçando assim a importância da pesquisa para o desenvolvimento e adaptação de tais instrumentos. A utilização dos computadores neste processo é ainda um desafio, e no que se refere ao exame das pessoas idosas, o desafio é maior ainda. Dentre as possibilidades de avaliação psicológica no idoso, destaca-se a avaliação cognitiva que pode ser entendida como um exame detalhado das funções cognitivas, que tem como objetivo identificar as possíveis consequências de doenças, lesões e/ou disfunções que possam estar relacionadas com o comportamento e o desempenho cognitivo, tornando-se importante a existência de instrumentos que auxiliem na avaliação destes pacientes de forma precisa e prática. A presente pesquisa buscou evidências de validade discriminante para a Bateria Online de Avaliação Cognitiva (BACog) por meio da aplicação informatizada em pacientes idosos com comprometimento cognitivo. A BACog é composta por sete subtestes que avaliam Atenção, Memória, Raciocínio Fluido, Linguagem, Localização Espacial e Funções Executivas. Participaram da pesquisa uma amostra de 50 idosos (Grupo 1), com 60 anos ou mais que tem o diagnóstico de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). Os resultados da amostra desta pesquisa foram comparados com outras pessoas da mesma faixa etária sem presença de comprometimento cognitivo (Grupo 0). Foram encontradas diferenças moderadas na comparação entre os dois grupos, na maioria dos testes da BACog. Estes resultados constituem evidências de validade discriminante baseada na relação com variáveis externas, indicando a eficácia desse instrumento em discriminar idosos com CCL, dos idosos com envelhecimento saudável. Ao final, são feitas considerações sobre o uso de testes informatizados para a avaliação das funções cognitivas
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    “E eu não sou uma mulher?” Um estudo psicanalítico acerca da feminilidade negra
    (2023-03-17) Corsino, Debora Lydinês Martins; Cordeiro, Sílvia Nogueira; Prestes, Clélia Rosane dos Santos; Winograd, Monah
    Nosso estudo se propôs a investigar, a partir de narrativas de mulheres negras, as percepções e significados de suas experiências enquanto mulheres. E, a partir disso, identificar os marcadores da diferença de suas vivências em torno da feminilidade e o que possibilita que uma mulher negra construa discursos, compreensões e experimente a feminilidade de uma forma própria. Essas interrogações partiram de uma pesquisa anterior, em que foi possível identificar o referencial de feminilidade difundido no laço social pautado pela mulher branca e observar as representações do laço social que ficam coladas à imagem das mulheres negras, como da babá, da doméstica, da mulher forte, além da hiperssexualização de seus corpos e da depreciação dos traços fenotípicos. Apoiamos-nos na perspectiva metodológica da pesquisa psicanalítica dos fenômenos sociais e políticos, por compreender que nossa questão advém de um impasse político-social, que será examinado a partir da relação transferencial e da indissociabilidade entre teoria, clínica e pesquisa. Utilizamos o recurso de entrevistas enquanto instrumento para a produção do material que permitirá a busca de significantes acerca da nossa questão de pesquisa presentes nos discursos das participantes. Assim realizamos entrevistas com três mulheres negras que foram convidadas a compartilhar suas histórias e experiências enquanto mulher. Tecemos também um debate teórico, inicialmente a partir de um percurso sócio-histórico da mulher negra, trazendo para a cena a mulher negra de ontem e a de hoje. Num segundo momento, apresentamos as proposições de Freud e Lacan acerca do feminino e da feminilidade e as considerações de Souza, Gonzalez, Nogueira e Kilomba, que abordam as questões experienciadas pelas mulheres negras e possibilitaram uma mobilização teórica no campo psicanalítico. A partir do debate teórico e dos elementos colhidos nas entrevistas, foi possível identificar as atualizações da imagem da mãe preta, a experiência da mulher negra com seu corpo, a sexualidade e o amor, as disparidades da relação da mulher negra com a mulher branca e o homem negro, os significados dos símbolos utilizados por mulheres negras e como uma mulher negra atravessa a experiência de tornar-se mulher e negra a partir de outra mulher negra como referência. Consideramos que este estudo propôs um debate em torno das singularidades das experiências de feminilidade da mulher negra, bem como apontou que é possível produzir algo dessa vivência a partir da lógica do não-todo
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    A questão da pobreza e a formação em psicologia: análise dos currículos dos cursos de psicologia em IEES do Estado do Paraná
    (2023-07-05) Capalbo, Livia Salvioni; Silva, Rafael Bianchi; Jesus, Adriana Regina de; Facci, Marilda Gonçalves Dias
    A inserção dos psicólogos nas políticas públicas representa uma expansão do campo de atuação profissional. Trata-se de uma mudança de perfil da profissão, contexto de atuação e do público atendido que ultrapassa as abordagens tradicionais predominantemente clínicas e individualizantes que hegemonicamente balizam a formação. Este trabalho teve como objetivo analisar a estrutura e proposições de tal formação a partir do currículo de cursos de graduação em Psicologia de Instituições Estaduais de Ensino Superior do Estado do Paraná que ofertam o curso de Psicologia. Como ponto de partida, é apresentado um resgate teórico propondo a articulação entre os temas pobreza, políticas públicas e Psicologia a partir do conceito de “questão social” e, na sequência, histórico da formação do psicólogo no Brasil. Através da abordagem qualitativa, foi realizada uma pesquisa documental. Elegemos como fonte de dados da pesquisa os Projetos Pedagógicos de Curso e Programas de disciplinas, considerando a possibilidade de investigar elementos e características institucionais, permitindo uma aproximação em relação aos cursos de graduação em análise. Esta escolha se justifica pelo compromisso social das instituições públicas com as demandas sociais locais e pelo fato de serem referência no que tange aos processos de formação. A análise dos dados da pesquisa foi realizada a partir categoria “contradição”, conforme proposta realizada por Jamil Cury. Realizar uma análise a partir de tal categoria dialética, aponta para a possibilidade de mudança do que se encontra estabelecido, na medida em que abre espaço para a compreensão crítica da realidade. Para realizar tal análise, também consideramos concepções e as teorias críticas sobre currículo que tomam a escolarização como parte do sistema capitalista, entendida como mercadoria e não como como um direito social a ser garantido de forma igualitária a toda sociedade. Na Psicologia, incluindo a formação inicial na graduação, o compromisso com o campo social representa uma forte contradição. De modo geral, os documentos analisados não demonstraram uma preocupação em realizar um debate que possa abranger a questão da pobreza. O compromisso com a “questão social” aparece de forma tímida e implícita. As possibilidades de interlocução com o tema da pobreza foram identificadas na análise dos programas das disciplinas, principalmente na bibliografia básica indicada. As políticas públicas ganharam espaço, sobretudo por meio da oferta de disciplinas, e foi na relação entre os temas que identificamos alguma possibilidade de compreensão pelos estudantes sobre os contextos de pobreza enquanto um campo de atuação profissional que requer uma postura crítica diante das questões sociais. Ainda que existam avanços no sentido de trazer para o campo da formação do psicólogo experiências e produções teóricas atuais, principalmente do campo das políticas públicas, a mudança do perfil da profissão não parece estar acompanhada da mudança nas propostas curriculares. Foi possível identificar a manutenção das duas faces (contraditórias) da educação, que está integrada ao projeto de dominação e exclusão social ao mesmo tempo em que se coloca enquanto resistência frente àquilo que se encontra estabelecido e enraizado, ainda que de forma incipiente
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    Mergulhos entre guerrilhas: modos de viver em disputa no período pandêmico
    (2022-12-09) Vedovati, Alethéia Skowronski; Carvalhaes, Flávia Fernandes de; Lima, Alexandre Bonetti; Kaseker, Monica Panis
    Desde as primeiras notícias sobre sua incidência, a pandemia da COVID-19 vem se articulando como fronteira, fazendo com que antigas e novas problemáticas sociais se intensifiquem, se atualizem e atuem em guerrilha. Diante desse cenário, esta pesquisa/mergulho em andamento articula uma investigação crítica sobre modos de vidas e concepções de saúde pautados em racionalidades coloniais, nomeados aqui como Viver Bem, que coexistem em disputa com vieses plurais e que se tecem em aliança às perspectivas do Bem Viver indígena. A partir do diálogo, sobretudo com epistemologias do Sul, percorro trilhas metodológicas articuladas aos pressupostos da pesquisa qualitativa e da análise documental. Problematizarei, mais especificamente, a produção de sentidos sobre saúde e vida que vêm se articulando por povos indígenas desde o início da pandemia da COVID-19 no Brasil, com o primeiro caso notificado em março de 2020. Para tanto, a análise percorrerá pronunciamentos que circularam em mídias sociais, como sites e redes sociais oficiais de articulações indígenas, bem como vídeos, textos e entrevistas publicadas. O texto está dividido em quatro mergulhos. Inicialmente, decido molhar meus pés e anunciar objetivos, justificativa e parte dos pressupostos teóricos, políticos e metodológicos dessa investigação. Em seguida, mergulho em águas que se contaminaram e problematizo a noção de Viver Bem e suas respectivas concepções de saúde como produções coloniais. Na continuidade, na tentativa de encontrar ar, analiso perspectivas indígenas de Bem Viver e parte de suas concepções de saúde. O último mergulho propõe uma análise crítica de sentidos produzidos sobre saúde e vida por povos indígenas no Brasil desde a constatação da pandemia da COVID-19. Na conclusão, provisoriamente, assinalo os perigos da xawara, anunciada pelo pesquisador Davi Kopewana, e a importância de nos unirmos aos Yanomamis na luta para segurar o céu
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    As relações existentes entre adaptação acadêmica, evasão, motivação e desempenho acadêmico no ensino superior
    (2022-12-13) Griggio, Fabiana Nunes do Amarante; Oliveira, Katya Luciane de; Inácio, Amanda Lays Monteiro; Schelini, Patrícia Waltz
    O ensino superior é um dos principais caminhos pelo qual as pessoas alcançam melhoria em sua condição social. O ingresso na universidade é visto como uma conquista na vida do estudante, constituindo-se a fase de intensas mudanças. No entanto, altos índices de evasão universitária tem atrapalhado a trajetória de diversos estudantes que ingressam neste nível de ensino. A adaptação acadêmica consiste no ajustamento do estudante a novas formas de viver a realidade que se apresenta a partir de seu ingresso na universidade, e é reconhecida como um construto multideterminado, essencial para que a formação superior ocorra de forma bem-sucedida. A falta de adaptação acadêmica tem sido considerada importante para explicar as razões institucionais que produzem evasão. O presente estudo teve como objetivo geral analisar as relações existentes entre adaptação acadêmica, motivos para evasão, motivação e desempenho acadêmico. Participaram do estudo 310 estudantes universitários, maiores de 18 anos matriculados nos 12 cursos de graduação de uma universidade pública estadual. Como instrumentos de pesquisa foram utilizados um questionário sociodemográfico, o Questionário de Adaptação Acadêmica ao Ensino Superior (QAES), a Escala de Motivos para Evasão do Ensino Superior (M-ES) e a Escala de Motivação Acadêmica (EMA). Os dados foram organizados em planilha e submetidos às estatísticas descritiva e inferencial. Visando atender os objetivos, foram realizadas provas de correlação de Pearson, além da análise de regressão simples pelo método Enter. Os resultados evidenciaram que a amostra pesquisada apresentou maior média de pontuação na subescala de adaptação ao projeto de carreira e menor média de pontuação na subescala de adaptação pessoal-emocional do QAES. Em relação aos motivos para evasão, os participantes obtiveram maior pontuação na subescala de motivos relacionados a falta de suporte e menor pontuação na subescala motivos interpessoais da M-ES. Quanto à motivação, a maior pontuação foi na subescala regulação integrada e a menor pontuação na desmotivação da EMA. Foram identificadas correlações estatisticamente significativas entre as variáveis. Foi verificado, ainda, que as dimensões da adaptação acadêmica predizem até certo ponto a motivação para aprender, os motivos para evasão e o desempenho acadêmico. Sendo que a adaptação ao projeto de carreira e a adaptação institucional foram as dimensões da adaptação acadêmica responsáveis por causar impacto na maioria das demais variáveis. Foram discutidas algumas implicações teóricas sobre a relação da adaptação acadêmica e as demais variáveis e propostas algumas ações práticas para as instituições de ensino superior
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    Autismo infantil: interação paciente-psicoterapeuta na clínica psicanalítica
    (2022-05-10) Schmidt, Kathyúscia Geórgia Araujo do Valle; Reis, Maria Elizabeth Barreto Tavares dos; Cordeiro, Silvia Nogueira; Costa, Paulo José da
    Tendo em vista o grande aumento de crianças pequenas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista [TEA] no Brasil e no mundo, entende-se que faz parte do papel do psicólogo infantil fomentar pesquisas que possam contribuir para a produção de conhecimento sobre o tema. Nesse sentido, o presente estudo se justifica por buscar compreender as nuances da interação paciente-psicoterapeuta, vivenciadas durante o atendimento às crianças assim diagnosticadas. O objetivo desta pesquisa consistiu em analisar as interações do paciente, durante as sessões de psicoterapia psicanalítica, realizadas com uma criança diagnosticada com TEA - Transtorno do Espectro Autista. Foi realizada uma investigação psicanalítica, a partir dos fatos clínicos ocorridos no setting terapêutico, os quais foram analisados através de fundamentos teóricos da psicanálise a fim de possibilitar a compreensão, a busca de novos significados e a construção de fatos clínicos psicanalíticos. Participam do estudo uma criança diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista [TEA], sua mãe adotiva e uma coterapeuta. A criança foi atendida em psicoterapia psicanalítica em uma instituição que oferece atendimento a crianças com atraso global no desenvolvimento. A coleta de dados foi realizada a partir dos relatórios produzidos pela psicoterapeuta. Em algumas sessões foram realizados vídeos de curta duração, assim os relatórios decorrem tanto das anotações realizadas após cada sessão quanto da transcrição dos vídeos. O material coletado foi explorado a partir da leitura pormenorizada dos relatórios, assim foram selecionados e analisados os fatos clínicos relacionados às situações em que houve interação através do olhar e/ou da fala pela criança durante as sessões de psicoterapia. Posteriormente, os fatos clínicos psicanalíticos construídos foram organizados nas seguintes categorias: Interação pelo olhar através do espelho; Interação pela fala sem o contato visual; Interação pelo olhar e pela fala. Por fim, a constatação de que a intervenção psicanalítica pode promover fendas no estado encapsulado de uma criança com autismo, foi um dos pontos chaves na realização deste trabalho.
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    Medicalização da diferença: aproximações entre psicologia social e antropologia da saúde
    (2022-02-02) Bandeira, Gabriel Rocha; Santiago, Eneida Silveira; Mansano, Sonia Regina Vargas; Souza, Marilene Proença Rebello de
    Psicologia e antropologia fazem parte das chamadas ciências humanas. Ambas possuem diversas abordagens na produção de conhecimento, cujo interesse de pesquisa é voltado para o humano e suas múltiplas relações. Ao pensarmos especificamente em psicologia social e antropologia da saúde, podemos perceber paralelos possíveis entre seus campos de saber, através do foco dado à complexidade e dinâmica da constituição do sujeito. Tendo isso em vista, este trabalho visa tecer paralelos entre psicologia social e antropologia da saúde por meio da análise teórica das produções acerca da medicalização e da noção de diferença existentes em cada uma delas, à luz de operadores analíticos foucaultianos. Partimos da abordagem crítica acerca da temática, percebendo a medicalização como importante mecanismo de padronização e controle de modos de existência desviantes dos padrões socialmente aceitos e reproduzidos. Os marcadores dos processos de medicalização aqui analisados são os saberes médicos, a popularização dos conhecimentos e as ações de marketing para a venda de medicamentos. Para tanto, o estudo foi delineado em quatro fronteiras teóricas. Na primeira, é discutida a constituição científica da psicologia e da antropologia e sua vinculação a uma análise crítica da vida em sociedade. Na segunda fronteira teórica, buscamos discorrer acerca das noções de sujeito que são mobilizadas por cada subárea em uma perspectiva de construção, crítica e transformação. Em seguida, são analisadas as instituições que participam da disseminação da medicalização como prática social popularizada, abordando especialmente o saber médico, a educação e o marketing. Por fim, na quarta fronteira, analisamos, através das diversas noções de medicalização possíveis, como a diferença acabou sendo, historicamente, considerada algo a ser combatido, medicado, curado e apagado. A partir desta pesquisa, esperamos corroborar o debate crítico acerca da medicalização e seus vários desdobramentos e entendimentos, bem como ampliar a possibilidade de estabelecer paralelos entre essas duas subáreas das ciências humanas.
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    Liderança no exercício da docência no ensino superior: um olhar psicodinâmico à luz da experiência de professores
    (2021-02-25) Munhoz, Ana Mayra Berti; Santiago, Eneida Silveira; Oliveira, Katya Luciane de; Silva, Guilherme Elias da; Silva, Rafael Bianchi
    Diante de tantas transformações relacionadas ao mundo do trabalho, sobretudo sociais e tecnológicas na atualidade, torna-se imperativo discutir como essas impactam no dia a dia dos sujeitos. O trabalho docente representa um campo fundamental na sociedade, dada sua importância na formação de futuros profissionais e, especialmente, cidadãos. Dessa forma, a intenção da presente pesquisa consiste em levantar as questões oriundas do exercício de liderança na atribuição docente e refletir acerca deste papel no Ensino Superior no que tange à sua importância para o processo formativo, bem como a inspiração que esse ofício pode proporcionar aos educandos, partindo da ideia de que a docência é um exercício de liderança. Para tanto, a proposta metodológica que pretende analisar o exercício da liderança na prática docente no Ensino Superior consiste na perspectiva qualitativa de caráter descritivo-analítico, por compreendê-la como a modalidade de pesquisa cujo olhar possibilita a interpretação dos dados a partir da valorização das experiências dos próprios sujeitos participantes, isto é, origina-se do sentido atribuído pelos professores às suas vivências. Para tanto, dois professores foram entrevistados - por meio de um roteiro semi-dirigido - com vistas a levantar e compreender as experimentações oriundas de suas trajetórias de vida que culminaram no trabalho docente que atualmente exercem. As categorias de análise constituíram-se pelos tópicos “trabalho” e “trabalho docente” e “liderança”, por terem sido pautas recorrentemente problematizadas na pesquisa de campo e, portanto, definidas a posteriori. Como fundamentação teórica e metodológica de análise, haja vista o enfoque de investigação nos processos psíquicos e subjetivos dos sujeitos estudados, utilizou-se a Psicodinâmica do Trabalho, por sua abordagem e compreensão no tocante aos modos de ser dos sujeitos provocados pelo encontro com o trabalho e as exigências pertinentes dos processos deste. Como resultado, a amostra revelou significativa concordância com os aspectos de liderança na prática docente que exercem, embora reiterassem que existem consideráveis dificuldades nesse ofício, principalmente porque quem o segue, neste caso, o aluno, é também um sujeito e, como tal, não pode ser controlado, no máximo, compreendido. Essa clareza requer uma mobilização por parte do professor líder, justamente pelo fato de que em seu cerne encontra-se o desejo de contribuir para a melhor formação possível do alunado. Sendo assim, estes profissionais se veem por vezes sobrecarregados e redescobrindo meios de não adoecerem. Tais resultados têm potência para que novos estudos sejam elaborados no sentido de ampliar a discussão e contribuir para ações docentes, mas, sobretudo, humanas melhores e mais afetivas.
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    Nasce um psicólogo: estudo exploratório com egressos de estágio em psicoterapia psicanalítica
    (2021-02-11) Silva, Homero Artur Belloni; Reis, Maria Elizabeth Barreto Tavares dos; Cordeiro, Silvia Nogueira; Tardivo, Leila Salomão de La Plata Cury
    A formação do psicólogo no Brasil remonta a 1962, quando foram instituídos os currículos mínimos para regulamentar os cursos de graduação. Após uma série de discussões éticas e políticas, o currículo mínimo foi substituído pelas Diretrizes Curriculares Nacionais em 2004, no entanto, desde seu início, os cursos de Psicologia no Brasil tiveram certa influência da psicologia clínica e, especialmente, da abordagem psicanalítica. Tal condição contribuiu tanto na formação acadêmica, quanto na atuação profissional. Na área de conhecimento em questão, a graduação é vista apenas como um primeiro passo de um longo percurso a ser trilhado pelo recém-formado. Dessa forma, mostra-se muito interessante investigar as vivências tanto na graduação como no mundo do trabalho desses alunos egressos, principalmente quanto aos estágios realizados na clínica psicanalítica e à conexão estabelecida entre a universidade e os docentes. O presente estudo tem por objetivo geral conhecer o percurso do psicoterapeuta recém-formado, egresso dos estágios em clínica psicanalítica da Universidade Estadual de Londrina. Ademais, busca verificar como o egresso percebe a relação entre a formação acadêmica e a prática profissional, além de delinear os tipos de formação em psicanálise realizados após a graduação. Foi utilizado o método clínico-qualitativo de pesquisa, por meio de entrevistas semidirigidas com 11 psicólogos, egressos dos estágios em clínica psicanalítica do curso de graduação em Psicologia. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo, buscando um aprofundamento maior nas questões subjetivas das entrevistas. Assim, foram elaboradas sete categorias de análise: 1) Universidade ocupando o lugar de mãe; 2) Professores dão ou não dão conta? Do que? 3) Terceiro ano, fim do começo ou começo do fim? 4) Estágio como fase de transição; 5) De quem está sendo dito; 6) Ingresso no mercado de trabalho e princípio de realidade: eu escolhi isso? 7) Formação continuada. As categorias foram analisadas a partir do referencial teórico psicanalítico, especialmente estabelecendo uma analogia entre a figura materna e a Universidade-mãe visando compreender o processo de desenvolvimento do Psicólogo.
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    Marcas da dor: estudo psicanalítico sobre autolesão em adolescentes
    (2022-05-05) Lourenço, Francis Willian Bueno; Reis, Maria Elizabeth Barreto Tavares dos; Sei, Maíra Bonafé; Pinheiro, Nadja Nara Barbosa
    A autolesão entre os adolescentes vem sendo evidenciada com certa frequência pelos veículos de comunicação. No tocante à saúde pública, os indicadores epidemiológicos referentes à lesão autoinfligida por adolescentes aproximam-se às epidemias de doenças biológicas de caráter orgânico. Não raro, o diagnóstico recebido pela área médica acaba levando a uma estigmatização, gerando no adolescente um ostracismo subjetivo, tolhendo a possibilidade de falar sobre suas dores emocionais. Neste sentido, a psicanálise constitui uma ferramenta eficaz, com o intuito de refletir sobre o sofrimento do adolescente, a partir da relação transferencial-contratransferencial vivida no setting. A presente pesquisa teve por objetivos investigar as vivências emocionais de adolescentes que praticam a autolesão, assim como, identificar os fatos clínicos relativos a episódios de autolesão, em atendimentos clínicos realizados com adolescentes, descrevendo os sentimentos vivenciados pelo adolescente antes, durante e após o episódio da autolesão e, analisar os aspectos afetivo-emocionais implicados na autolesão, a partir dos fundamentos da psicanálise. A coleta de dados foi realizada a partir de relatos clínicos e prontuários relativos ao atendimento em psicoterapia de sete adolescentes, que haviam sido atendidos em psicoterapia psicanalítica em um Serviço de Saúde Pública. Foram selecionados os fatos clínicos vivenciados durante as sessões de atendimento, em que houvesse menção a situações de autolesão praticadas pelos adolescentes em diferentes contextos, os quais foram analisados e transformados em fatos clínicos psicanalíticos. Finalmente os fatos clínicos psicanalíticos organizados em quatro categorias temáticas: autolesão e o sentimento de angústia, autolesão e o sentimento de abandono, autolesão e a busca por prazer, e, marcas da dor – da autolesão a representação da dor.
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    Perfil neuropsicológico em crianças com TDAH : um estudo de caso-controle
    Hashimoto, Eduardo de Souza; Lúcio, Patrícia Silva [Orientador]; Miguel, Fabiano Koich; Pires, Izabel Augusta Hazin
    Resumo: Pesquisas científicas vêm sendo realizadas no sentido de explicar os déficits cognitivos e seu impacto no comportamento de crianças com TDAH No entanto, ainda não se tem evidências conclusivas sobre a existência do perfil neuropsicológico deste transtorno Este estudo teve como objetivo investigar o perfil neuropsicológico de crianças com TDAH, buscando determinar os padrões de prejuízos e preservação cognitiva em um conjunto de tarefas que avaliam a chamada “cognição fria” Secundariamente, buscou-se verificar a concordância entre pais e professores na avaliação dos sintomas de TDAH considerando-se as escalas de comportamento SDQ e SNAP-IV A amostra foi composta de 2 crianças com diagnóstico de TDAH e 4 crianças do grupo controle As idades variaram de 4 a 12 anos e todas as crianças são oriundas das escolas da rede de ensino público do munícipio de Apucarana-PR As tarefas utilizadas buscaram verificar o desempenho cognitivo no controle inibitório, memória de trabalho, atenção visual, planejamento e o processamento básico de informação As crianças foram testadas individualmente e tiveram o consentimento dos pais Os resultados indicam que na memória de trabalho verbal os grupos apresentaram diferenças significativas (F(1,58) = 6,495, p = ,13, ?2 = ,11), sendo que as crianças com TDAH apresentaram desempenho inferior ao grupo de controle no subteste Dígitos Ao contrário de outros estudos, a presente pesquisa não demonstrou diferenças entre grupos com e sem TDAH nas tarefas de controle inibitório, planejamento, atenção visual e no processamento básico de informação Em relação a concordância pais/professores no SDQ e no SNAP, de modo geral, os pais atribuíram mais sintomas às crianças de ambos os grupos Essa diferença foi evidenciada mais no aspecto quantitativo e não qualitativo, pois houve ausência de interações entre pais/professores para a maioria das subescalas do SDQ e do SNAP O SNAP-IV mostrou-se com sensibilidade suficiente para captar os casos verdadeiros positivos sem captar muitos falsos negativos, sendo que esses resultados foram corroborados pela análise das curvas ROC (,78-,96), que apresentou ótimos índices para a escala de TDAH respondida por pais e professores A partir dos resultados encontrados, confirmou-se a complexidade do campo de avaliação neuropsicológica do TDAH, considerando sua condição heterogênea e dimensional, o que reflete provavelmente, no desafio de encontrar um padrão neuropsicológico único para o transtorno Neste sentido, propõe-se outras análises de dados para o presente estudo, bem como uma melhor estratificação da amostra a ser pesquisada Por fim, estudos futuros podem incluir, além dos déficits nas funções executivas, déficits no sistema de recompensas e timing, de modo a compreender o perfil neuropsicológico das crianças com TDAH
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    Sustentabilidade afetiva e resistência : uma análise dos modos de vida e das intervenções artísticas urbanas
    Figueiredo, Mônica Tablas Martinez de; Mansano, Sonia Regina Vargas [Orientador]; Nalli, Marcos Alexandre Gomes; Souza, Leonardo Lemos de
    Resumo: A cidade é concebida por Guattari (1992) como uma máquina produtora de subjetividades, composta por equipamentos e dispositivos, materiais e imateriais, que fazem circular componentes de subjetivação heterogêneos Ela abarca múltiplas forças e uma dimensão de caos, cooperando para compor diversos territórios subjetivos provisórios e mutantes Entretanto, há uma uniformização dos modos de vida, atualizados nesse espaço em subjetividades capitalísticas, regidas pela lógica do capital, que prioriza o consumo, o acúmulo de bens e a produção incessante Tal atitude tende a produzir um empobrecimento das experiências com o mundo, despotencializando o corpo dos sujeitos que convivem no espaço urbano e diminuindo sua potência de contato e ação Tomando o cenário urbano em análise, a presente pesquisa teve por objetivo investigar os modos de vida e as intervenções artísticas urbanas que emergem no contemporâneo e rompem, em alguma medida, com a lógica capitalista de consumo e produtividade, criando espaços no urbano para encontros potencializadores A vertente epistemológica adotada é a Psicologia Social em sua interface com a Filosofia da Diferença Na parte teórica, abordam-se os seguintes temas: a noção de sujeito e subjetividade na Psicologia e sua relação com os modos de vida legitimados no espaço urbano, a cidade e a produção de subjetividade em face da governamentalidade e as conexões entre os conceitos de sustentabilidade e de resistência Na parte empírica, apresenta-se uma análise do uso do grafite e da pichação na cidade de São Paulo no período em que foi implantado o denominado “Programa Cidade Linda” e suas repercussões nos modos de vida e na subjetividade Os resultados mostram que as intervenções urbanas aparecem como possibilidade de construir uma relação intensiva e afetiva com os espaços da cidade, entre os moradores e com a natureza Ao final do trabalho foi possível argumentar como a noção de sustentabilidade afetiva aproxima-se do conceito de resistência na medida em que amplia a experimentação de modos de vida voltados para a produção de encontros que aumentam a força de agir dos sujeitos sociais
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    Violência urbana, segurança e trabalho : um estudo de caso
    Antonio, Camila de Araujo; Mansano, Sonia Regina Vargas [Orientador]; Carvalho, Paulo Roberto de; Silva, Guilherme Elias da
    Resumo: O presente trabalho investigou, segundo o olhar da Psicologia Social e da Psicodinâmica do Trabalho, como os profissionais ligados a serviços públicos de segurança relacionam-se com a violência e a discriminação social que estão enraizadas na cultura do nosso país O objetivo desta pesquisa consistiu em analisar, segundo o olhar da Psicologia Social e da Psicodinâmica do Trabalho, como o modo de produção capitalista contribui para ampliar o sentimento de insegurança social e como a tentativa de responder ao apelo por mais segurança acentua o sofrimento de agentes municipais ligados a esta área Assim, sustentou-se nesta pesquisa a hipótese de que os valores de mercado presentes na indústria da segurança geram nos profissionais dessa área uma série de sofrimentos psíquicos Os contornos desse sofrimento bem como as estratégias de defesa que são elaboradas pelos trabalhadores para suportar as adversidades e pressões advindas do cotidiano do trabalho foram investigados no decorrer deste estudo Para tanto, o método de pesquisa utilizado foi o qualitativo, adotando, como estratégia, o estudo de caso junto a profissionais de segurança pública de um município localizado no norte do estado do Paraná Na parte empírica do trabalho foram utilizados três instrumentos de coleta de dados: a análise documental, a observações no local de trabalho e entrevistas individuais semiestruturadas Como estratégias para a análise dos dados, foram elaborados, a partir do referencial teórico, três eixos de pesquisa: 1) a história do sujeito na relação com a instituição e a organização do trabalho; 2) condições de trabalho e relacionamento socioprofissional; e 3) as estratégias defensivas e os transtornos físicos e psicológicos relativos ao trabalho Considerou-se que um estudo sobre a violência não pode ficar restrito ao âmbito policial, uma vez que isso empobreceria a análise Daí a necessidade de adotar uma abordagem inter e multidisciplinar Ao final da pesquisa, foi possível verificar que os trabalhadores da segurança estão diante do desafio socialmente colocado de combater a sensação de insegurança que assola nosso país, em larga medida disseminada pelas mídias Em função disso, tais profissionais lidam cotidianamente com a dificuldade de transformar o imaginário social idealizado, atuando no limite do real e das condições de trabalho que lhe são oferecidas pela organização social vigente nas instituições de segurança
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    Patologização do luto : uma análise genealógica do DSM
    Oliveira, Thais Fernanda Roberto; Nalli, Marcos Alexandre Gomes [Orientador]; Carvalho, Paulo Roberto de; Silva, Lucia Cecilia da
    Resumo: O DSM-5 foi muito criticado, pois vários aspetos da vida cotidiana passam por um processo de patologização e medicalização O luto é um processo da vida cotidiana, diferente dos demais por ser algo inerente à existência humana e uma experiência estruturante pois, ao se deparar com a morte, o homem se depara com a impossibilidade Esta pesquisa surge da questão: como os processos de luto são citados nos DSMs e como se construiu o processo de psicopatologização desta experiência? É uma pesquisa descritiva qualitativa, documental Teve como foco a descrição dos processos de luto no DSM-5, porém foi realizado um mapeamento das incidências deste termo nas outras edições Antes o luto era compreendido como uma dor cuja manifestação era legítima e necessária, atualmente a sociedade exige dos enlutados um autocontrole Pode-se pensar nas estratégias de classificação dos manuais diagnósticos como dispositivos biopolíticos A biopolítica tem como alvo o homem como ser vivo e como espécie; tem como objeto de intervenção, os processos biológicos; pretende estabelecer sobre os homens uma espécie de regulamentação A medicina social diz respeito a uma sucessão de estratégias biopolíticas para controle e gestão da população, visando uma atuação preventiva contra qualquer possibilidade de perigo A população passa a ser um problema biopolítico e por isso se estabelece uma classe de medicalização A psiquiatria abdica de sua função de cura, concentrando-se no papel de proteção e ordenação social e biológica, tornando as fronteiras entre o normal e o patológico cada vez mais ambíguas, naturalizando a medicalização de comportamentos, estendendo-se a todos os domínios da existência O movimento psicopatologizante das experiências cotidianas aparece ao longo das edições do DSM, tendo seu ápice no DSM-5 Isto ocorre com diversos transtornos O luto foi retirado dos critérios de exclusão do diagnóstico do Transtorno Depressivo Maior, portanto, alguém que está passando por um processo de luto pode ser diagnosticado com depressão caso os sintomas persistam por mais de duas semanas; isto pode incentivar o diagnóstico prematuro de depressão na sequência ao luto Há uma preocupação de que pacientes em luto possam ser prescritos com antidepressivos para administrar as reações esperadas ao luto Houve uma diminuição no período de tempo em que as reações ao luto são consideradas esperadas, sendo três meses no DSM-III, dois meses no DSM-IV e duas semanas no DSM-5 O DSM-5 propõe o “Transtorno do Luto Complexo Persistente”, sendo a primeira edição que sugere o luto patológico como uma categoria diagnóstica Este manual continua patologizando e permitindo uma medicalização da vida cotidiana e do processo de luto Para Han os principais mecanismos de controle não incidem mais sobre a matéria e sim sobre a psique Ele descreve a sociedade do século XXI como uma sociedade de desempenho Pode-se dizer que alguns dos transtornos apresentados no DSM são determinados por um excesso de positividade Qualquer aspecto relativo à negatividade é descartado, porém este é um dos aspectos que nos torna humanos A sociedade já não faz pausas, o homem se torna uma máquina de desempenho a serviço do neoliberalismo