01 - Doutorado - Ciências da Saúde
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Item O critério de pouca ou nenhuma atividade física moderada vigorosa: prevalências globais, desigualdades de gênero e correlatos macroeconômicos e sociais entre adolescentes.(2025-02-21) Araujo, Raphael Henrique de Oliveira; Silva, Danilo Rodrigues Pereira da; Varela, Andrea Ramirez; Wendt, Andrea Tuchtenhagen; Silva, Diego Augusto Santos; Jesus, Gilmar Mercês deIntrodução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que adolescentes pratiquem, em média, 60 minutos diários de atividade física moderada-vigorosa (AFMV). No entanto, benefícios à saúde podem ser obtidos mesmo com níveis de AFMV abaixo das recomendações. Apesar disso, estudos de vigilância têm focado quase que exclusivamente em critérios baseados nas recomendações da OMS, o que invisibiliza os grupos mais necessitados, bem como adia discussões sobre desigualdades que podem ter início no acesso à prática de atividade física. Objetivo: Investigar a prevalência global de atividade física entre adolescentes, possíveis desigualdades de gênero e associações com indicadores macroeconômicos e sociais. Métodos: Foram analisados 146 inquéritos nacionais (adolescentes de 11 a 19 anos). O critério de =60 minutos por dia de AFMV em menos do que um dia por semana foi utilizado para classificar os adolescentes com “pouca ou nenhuma AFMV”. Já a prática de =60 minutos por dia de AFMV durante sete dias por semana foi utilizada como critério para classificar aqueles que alcançavam as recomendações de atividade física da OMS. Informações sobre atividade física, gênero e idade foram autorrelatados, enquanto as informações macroeconômicas e sociais (IDH, GII e GINI) foram coletadas a partir de sites oficiais. A análise estatística incluiu frequências relativas e razões de prevalência (RP), com seus respectivos Intervalos de Confiança de 95% (IC95%). Modelos de meta-análise foram empregados para as estimativas harmonizadas. As relações dos indicadores macroeconômicos e sociais com a prevalência e as desigualdades em atividade física foram exploradas por meio do coeficiente de correlação de Spearman. Resultados: A prevalência de alguma atividade física foi de ~80%, sendo mais elevada entre países da América do Norte e Europa & Ásia Central (94%) em relação às demais regiões (<77%). Desigualdades de gênero foram consistentes entre os países analisados. Maiores prevalências de atividade física (ambos os critérios) foram notadas entre países com melhores indicadores macroeconômicos e sociais. Enquanto maiores desigualdades de gênero em alguma AFMV foram notadas entre países com IDH, GII e GINI menos favoráveis, direções opostas foram notadas quando o cumprimento com as recomendações foram o desfecho. Conclusão: Dois a cada dez adolescentes não realizam ao menos 60 minutos de AFMV em nenhum dia na semana, sendo os cenários menos favoráveis observados em países do Sul Global. A desigualdade de gênero é um problema consistente, especialmente entre os adolescentes mais velhos. Enquanto as prevalências de atividade física tendem a ser mais elevadas entre países com melhores indicadores macroeconômicos e sociais, a relação entre esses indicadores e a prática de atividade física parece variar de acordo com o critério utilizado para classificação da atividade física.Item Exames laboratoriais, comorbidades e hábitos de vida em uma coorte de crianças brasileiras com trissomia do cromossomo 21.(2025-02-19) Miyasaki, Andréa Morgato de Mello; Moreira, Estefânia Gastaldello; Carrilho, Alexandre José; Amorim , Claudio Luiz Castro Gomes de; Fornazieri, Marco Aurélio; Salles, Maria José SparçaIntrodução: A síndrome de Down ou trissomia do cromossomo 21 (T21) é o distúrbio genético mais comum entre as cromossomopatias, caracterizada por alterações genotípicas variadas. A longevidade das pessoas com T21 tem aumentado com o diagnóstico e tratamento precoce das patologias a ela relacionadas. Objetivos: Descrever dados sócio-demográficos, comorbidades, hábitos de vida e principais alterações observadas em exames laboratoriais em uma amostra de crianças e adolescentes brasileiros T21 com suporte privado ou público de saúde. Método: Trata-se de um estudo transversal descritivo, realizado com amostra de conveniência, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UEL (3.637.165/2019). Os critérios de inclusão foram: 1) ser uma criança ou adolescente T21 acompanhado por um pediatra ou nutricionista especialista em T21 ou por um pediatra de uma universidade do norte do Paraná e possuir exames laboratoriais. Após assinatura do termo de consentimento livre esclarecido por um representante legal, foi apresentado à família um questionário e solicitado o compartilhamento de exames laboratoriais do participante. Resultados: Foram utilizadas frequências e porcentagens para descrição das variáveis. Os suplementos mais utilizados incluíram vitaminas (A, C e D) e ferro na rede privada e pública e zinco, ômega-3 e antioxidantes (curcumina) apenas na privada. Hipotireoidismo foi observado em 56,9% dos participantes na rede privada e 14,2% na rede pública de saúde. Alterações no hemograma (variações na hemoglobina, aumento do hematócrito, volume corpuscular médio, leucopenia e linfocitopenia) encontradas principalmente nos participantes da rede privada, dislipidemia observada em 92,8% na rede pública e 53,1% na rede privada e alteração de marcadores hepáticos e inflamatórios no sangue foram frequentemente encontradas em ambas as redes. O uso de probióticos, a adoção de dietas isentas de glúten e/ou laticínios e a não utilização de utensílios de cozinha ou embalagens de alimentos que contenham alumínio foram relatados por algumas famílias da rede privada antes da consulta inicial, com aumento da frequência no acompanhamento. Na rede pública, poucas famílias relataram hábitos alimentares visando diminuir fatores pró- oxidantes. Entre os participantes com níveis aumentados de calprotectina ou alumínio na consulta inicial, houve diminuição significativa no seguimento. Na rede privada, foram relatadas alergias à proteína do leite em 14% dos participantes, ao ovo em 7,4% e doença celíaca em 2%, enquanto que na rede pública, 21,4%, ao leite, 7,4% ao ovo e nenhum relato de doença celíaca. Conclusões: A T21 está associada a diversas condições clínicas passíveis de diagnóstico e acompanhamento com exames disponíveis inclusive no SUS. Para uma assistência adequada desta população, os profissionais responsáveis devem conhecer as comorbidades e os exames complementares necessários.Item Psicoeducação para pacientes com transtorno bipolar crônico: protocolo de intervenção digital, estratégias de enfrentamento e funções cognitivas em uma amostra de conveniência(2023-04-13) Audibert, Caroline Encinas; Nunes, Sandra Odebrecht Vargas; Gon, Marcia Cristina Caserta; Estanislau, Celio Roberto; Urbano, Mariana Ragassi; Soares, Maria Rita Zoega; Zazula, RobsonO presente estudo teve como objetivos (1) elaborar um protocolo de intervenção psicoeducacional digital para uma amostra de pacientes diagnosticados com transtorno bipolar em tratamento ambulatorial, (2) avaliar as estratégias de enfrentamento do estresse mais utilizadas pelos participantes da pesquisa frente a uma doença crônica e relacioná-las à história de maus tratos na infância e adesão à intervenção digital realizada e (3) examinar características clínicas, medidas antropométricas, desempenho cognitivo, qualidade de vida e níveis de PCR da população estudada, identificando possíveis associações entre variáveis. Foi realizada uma pesquisa intervencionista de delineamento quase experimental com 38 participantes com TB, selecionados de forma não-randomizada no Ambulatório de Psiquiatria do Ambulatório de Especialidades Clínicas do Hospital Universitário de Londrina. Os participantes foram avaliados por meio de dados sociodemográficos e clínicos, presentes em um questionário estruturado. Outras avaliações utilizadas foram medidas antropométricas, Escala de Gravidade de Depressão de Hamilton (HDRS), Escala de Gravidade de Mania de Young (YMRS), Escala de Incapacidade de Sheehan (SDS), Escala de Qualidade de Vida (WHOQoL-bref), Questionário de trauma de infância (CTQ), Inventário de Estratégias de Enfrentamento (WCQ), Teste da trilha parte B e Questionário de Déficits Percebidos para Depressão, versão de Cinco Itens (PDQ-5). O biomarcador investigado foi a proteina C–reativa ultrassensível (hs-PCR). Os resultados da pesquisa serão apresentados em três artigos: o estudo 1 descreve o protocolo de intervenção elaborado para a pesquisa. No estudo 2, que avaliou a escala de Coping, pacientes ambulatoriais com TB que aprensetaram pontuações mais altas em oito fatores das estratégias de enfrentamento, obtiveram pontuações significativamente mais baixas em qualidade de vida, menor adesão à intervenção digital, maior gravidade dos sintomas depressivos e vivenciaram mais situação de maus tratos na infância. Houve uma significativa correlação negativa entre abuso emocional infantil e negligência com o comportamento de busca de suporte social. No estudo 3, os resultados evidenciaram que elevados níveis de PCR-hs = 3 mg/L são possíveis preditores de disfunção cognitiva, assim como obesidade e circunferência da cintura elevada. Este estudo sustenta que níveis elevados de PCR e obesidade foram associados ao comprometimento cognitivo em pacientes ambulatoriais com TB, indicando o papel da inflamação no processo neurodegenerativo e comprometimento funcional no TB. Os resultados encontrados apontam para a necessidade de intervenções clínicas que considerem o déficit de estratégias de coping adaptativas, que favoreceriam um melhor curso clínico da doença, bem como os mecanismos inflamatórios envolvidos na performance cognitiva dessa população.Item Implementação, sustentabilidade e impactos de um programa de atividade física no âmbito escolar: creating active schools(2024-11-04) Silva, Ellen Caroline Mendes da; Silva, Danilo Rodrigues Pereira da; Lima, Aluísio Henrique Rodrigues de Andrade; Ohara, David; Ferrari, Gerson Luís de Moraes; Dias, Lizziane Andrade; Chalkley, AnnaAbordagens sistêmicas para a promoção da atividade física no âmbito escolar têm sido consideradas as mais adequadas e têm sido adotadas por pesquisadores e formuladores de políticas internacionalmente. No entanto, lacunas na implementação surgiram, com evidências mostrando pequenos efeitos dessas intervenções nos níveis de atividade física das crianças, com limitações na sustentabilidade a longo prazo. Portanto, são necessárias evidências sobre o processo de implementação, sustentabilidade e expansão de programas de atividade física em ambientes escolares. O programa Creating Active Schools (CAS) foi desenvolvido para promover mudanças organizacionais e culturais que incorporem a atividade física nos sistemas escolares. O objetivo geral desta pesquisa é expandir a base de evidências existente sobre a implementação e eficácia, examinando a implementação do CAS no nível escolar. Esta pesquisa incluiu dois estudos descritivos qualitativos para capturar as percepções e experiências de diversos participantes do programa, por meio de grupos focais e entrevistas semiestruturadas. O Estudo 1 concentra-se na implementação de médio prazo do CAS (após dois anos) no nível escolar dentro de uma localidade (Bradford), e o Estudo 2 no nível mais amplo de localidades (em toda a Inglaterra). A amostra foi constituída por funcionários escolares (professores, diretores e líderes do CAS nas escolas; n = 26), coordenadores externos do CAS (n = 9) e líderes de localidades (n = 14). Os dados foram analisados por meio de análises temáticas, combinando uma abordagem indutiva com temas dedutivos derivados do roteiro de avaliação de implementação de McKay et al. e alinhados com o modelo consolidado para pesquisa de implementação (CFIR). No estudo 1 foi identificado que o programa CAS avançou no sentido de ser integrado e sustentado nas escolas que continuavam a implementá-lo dentro da localidade de Bradford. Além disso, foi destacada a importância de identificar e compreender o contexto educacional mais amplo e as influências do sistema na implementação como aspectos fundamentais para a continuidade do CAS, além da implementação inicial. No estudo 2 participantes sugeriram a importância de uma implementação específica para os contextos, facilitada pela colaboração e parcerias intersetoriais para alavancar estruturas existentes e adaptar a implementação do CAS de acordo com as necessidades específicas das escolas. Os resultados destacam a importância de uma abordagem com foco em pequenas mudanças para garantir que as ações sejam sustentadas e possam resistir a influências negativas do contexto educacional mais amplo. A adaptabilidade das abordagens sistêmicas para atividade física no âmbito escolar, é essencial para apoiar escolas nesse processo de mudança, sendo mais específicas ao contexto, mantendo as funções principais dos componentes do programa e das estratégias de implementação.Item Influência do uso precoce e controlado do epi-no® durante a gestação na dispareunia e função do assoalho pélvico 6 meses após o parto vaginal(2023-02-28) Macedo, Fabiana Rotondo Pedriali; Almeida, Sílvio Henrique Maia de; Grion, Cíntia Magalhães Carvalho; Bicudo, Maria Claudia; Toledo, Luís Gustavo Morate de; Carrilho, Alexandre; Moreira, Eliane Cristina HilberathIntrodução e hipótese: A dispareunia é uma queixa predominante após o parto e as lacerações profundas e episiotomia são os principais fatores de risco. O treino muscular do assoalho pélvico e a massagem perineal são técnicas indicadas na gestação que favorecem a recuperação das funções gênito-urinárias no pós-parto. O EPI-NO® é um dispositivo criado para aumentar a elasticidade dos músculos do assoalho pélvico e prevenir episiotomias. Ainda não há consenso sobre seu uso, seu real benefício em prevenção de traumas perineais, e não há descrito o efeito do uso do EPI-NO® na queixa de dispareunia pós-parto. Esse estudo buscou primariamente verificar o efeito de um protocolo supervisionado e precoce do uso do EPI-NO® na função muscular pélvica e dispareunia após o parto. Métodos: Estudo de caso e controle, que incluiu primigestas de feto único, entre 18 e 40 anos, sem histórico de dispareunia prévia à gestação, que passaram por parto vaginal a termo atendidas na maternidade municipal de Londrina. O grupo de estudo (GE) foi submetido a 10 sessões de EPINO®, aplicadas por uma fisioterapeuta a partir da 34ª semana, e reavaliado 6 meses após o parto. O grupo controle (GC) não passou por nenhuma intervenção na gestação, foi recrutado no pós-parto imediato (primeiro filho, parto vaginal, a termo) e avaliado 6 meses após o parto. Foram excluídas gestantes de alto risco, que não compareceram a um mínimo de 6 sessões, que não compareceram para a reavaliação e que na reavaliação ainda não haviam retomado sua atividade sexual. A dispareunia foi avaliada pela escala visual analógica (EVA) e pelo escore do índice de função sexual feminina (Female Sexual Function Index FSFI). A função muscular de assoalho pélvico foi avaliada através da palpação (graduada pela escala de Oxford) e perineometria vaginal que forneceu valores médios e máximos d força muscular do assoalho pélvico (FMAP). As lesões perineais também foram comparadas entre os grupos bem como sua relação com a FMAP. Resultados: Foram incluídas para análise 69 mulheres (37 GE e 32 GC). A dispareunia foi ausente em 75,67% (28/37) do grupo de estudo comparado a 21,87% (7/32) do grupo controle (p<0,001). O escore geral do FSFI do GE apresentou melhor função sexual comparado ao GC (26,66 versus 20,99 p<0,001). O escore do domínio específico dor também apresentou diferença significativa (5,6 GE versus 3,2 GC - p<0,0001). A força máxima, média e tempo de sustentação da contração de assoalho pélvico foram também maiores significativamente no GE. O GE teve menor índice de lesões de 2º e 3º graus e episiotomia. A função muscular perineal apresentou melhor força máxima e média no grupo submetido ao EPINO® mesmo nas mulheres que sofreram lacerações perineais. Conclusão: O uso precoce do EPINO® aplicado por fisioterapeuta reduziu a frequência e intensidade de dispareunia e proporcionou melhor FMAP, mesmo nas mulheres que tiveram um grau maior de trauma perineal.Item Mediadores lipídicos pró-resolução em modelo de artrite crônica induzida por dióxido de titânio e em modelo agudo induzido por ânion superóxido : efeito analgésico e anti-inflamatório da resolvina d1 e resolvina d2 em camundongos(2023-02-24) Artero, Nayara Anitelli; Verri Júnior, Waldiceu Aparecido; Ferraz, Camila Rodrigues; Campos, Cassia Calixto de; Carvalho, Thacyana Teixeira de; Fattori, VictorA artrite é definida como doença crônica que pode vir a afetar as articulações. Acompanha formação de edema articular, dor, rigidez e deformidades. Diversos fatores podem induzir artrite como por exemplo o dióxido de titânio presente nas próteses articulares. Espécies reativas de oxigênio podem induzir processo inflamatório e dor através da estimulação de mediadores inflamatórios e sensibilização dos neurônios via ativação de canais iônicos, como receptor de potencial transitório vanilóide subtipo 1 (TRPV1). Os mediadores lipídicos especializados pró-resolução (MLPRs) são uma classe parcialmente definida por sua função de limitar o acúmulo de neutrófilos no tecido, regular citocinas pró-inflamatórias e estimular a fagocitose dos macrófagos. Atuam no desfecho do processo inflamatório, através de ações resolutivas, estimulando a liberação de óxido nítrico endotelial. Portanto, esse trabalho demonstrou os efeitos analgésicos e anti-inflamatórios da RvD1 e RvD2 em modelo de artrite crônica induzida por TiO2 e em modelo agudo induzido por KO2. No modelo de TiO2, os camundongos Swiss machos (n=6 por grupo), foram estimulados com injeção intra-articular de 3 mg/ articulação de TiO2 para induzir artrite crônica e 24 horas depois foram tratados com RvD1 e RvD2 (1, 3, 10ng/ animal intraperitoneal [i.p]). A RvD1 na dose de 3 ng diminuiu a hiperalgesia mecânica e térmica, edema articular induzido e o recrutamento de leucócitos para a cavidade intra-articular. O tratamento com RvD1 reduziu o desequilíbrio das patas traseiras através do static weight bearing (SWB) e não apresentou danos toxicológicos no tratamento por 30 dias. A RvD2 na dose de 10 ng, diminuiu a hiperalgesia mecânica e térmica, o edema articular, danos histológicos e a migração induzida por TiO2. Reduziu o desequilíbrio das patas traseiras através do SWB, demonstrando sua ação analgésica. Para o modelo de KO2, utilizamos camundongos tratados com 3 doses de RvD2 [1, 3, 10ng/animal, i.p] ou veículo [1% etanol em salina, i.p], 30 minutos antes do estímulo inflamatório com KO2 [30 µg/animal, intraplantar (i.pl.)]. A hiperalgesia mecânica foi determinada por versão eletrônica. A hiperalgesia térmica foi através do teste de Hargreaves e placa quente. A dor manifesta foi avaliada pelo número de contorções abdominais, sacudidas da pata (flinches) e tempo de lambida expressos ao longo de 20 e 30 minutos. A migração leucocitária foi determinada a partir da contagem das células presentes no tecido plantar dos animais 7h após o estímulo. A presença da citocina IL-1b foi avaliada por ELISA. O tratamento com RvD2 foi capaz de diminuir hiperalgesia mecânica apresentando analgesia em todos os tempos, além de diminuir a hiperalgesia térmica.Houve redução nos comportamentos de dor espontânea como número de contorcções abdominais e sacudidas de patas, redução no tempo de lambida de pata. Ademais, observamos redução na produção da citocina IL-1b e o recrutamento de leucócitos no tecido plantar induzidos pelo KO2. Portanto a RvD1 e RvD2 são abordagens terapêuticas interessantes no contexto da dor articular crônica e inflamação aguda por KO2, demonstrando potencial efeito analgésico e anti-inflamatório em ambos os modelos.Item Efeito do treinamento resistido sobre a função cardíaca, força muscular, composição corporal, aptidão funcional e indicadores de risco cardiovascular em mulheres idosas e suas implicações para a prevenção de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada: ensaio clínico randomizado controlado(2023-11-29) Rodrigues, Ricardo José; Cyrino, Edilson Serpeloni; Cardoso Junior, Crivaldo Gomes; Barbosa, Décio Sabbatini; Santarém Sobrinho, José Maria; Vianna, Lauro Casqueiro; Fabro, Paolo Marcello da CunhaO envelhecimento pode acarretar modificações em diversos sistemas biológicos que favorecem o desenvolvimento de inúmeras doenças, como a insuficiência cardíaca. Além do tratamento farmacológico, a prática de exercícios físicos pode ser uma alternativa valiosa para prevenir e/ou retardar tais condições clínicas. Portanto, o propósito desta investigação foi analisar o efeito do treinamento resistido (TR) sobre a função cardíaca, força muscular, composição corporal, aptidão funcional e indicadores de risco cardiovascular em mulheres idosas. Para tanto, 82 mulheres idosas (> 60 anos) foram divididas em grupo treinamento (GT) e grupo controle (GC). Dois ensaios clínicos aleatorizados foram conduzidos, sendo que o primeiro teve duração de 24 semanas de intervenção e se limitou a analisar somente o comportamento da função cardíaca e as modificações na força muscular. No segundo experimento, a função cardíaca foi acompanhada ao longo de dois anos, conjuntamente com a composição corporal, aptidão funcional e indicadores de risco cardiovascular. O programa de TR foi realizado em três sessões semanais e incluiu oito exercícios para o corpo inteiro (três séries, 8-12 repetições, três sessões semanais em dias alternados). Exames de imagens (ecocardiografia e absortometria radiológica de dupla energia), testes de força máxima (1-RM), testes funcionais e biomarcadores de risco cardiovascular foram utilizados. No primeiro experimento uma interação grupo vs. tempo (P < 0,05) foi revelada para o volume diastólico final do ventrículo esquerdo (GT = -8,3% vs. GC = -0,6%), volume sistólico final do ventrículo esquerdo (GT = - 10,6% vs. GC = +1,1%) e índice de volume atrial esquerdo (GT = -9,1% vs. GC = +3,9%). Um efeito principal do tempo (P < 0,05) foi encontrado para o índice de massa ventricular esquerda (GT = +4,9% vs. GC = -0,6%), espessura septal (GT = +3,3% vs. GC = -1,7%), fração de ejeção (GT = +3,7% vs. GC = -0,5%), E'/E septal (GT = -4,8% vs. GC = +0,5%), tempo de desaceleração (GT = -4,1% vs. GC = + 3,9%), E septal (GT = +4,6% vs. GC = -0,6%) e E lateral (GT = +5,2% vs. GC = -1,1%). No segundo experimento uma interação grupo vs. tempo (P < 0,05) foi revelada para o índice de massa ventricular esquerda (GT = -5,5% vs. GC = +11%), espessura septal (GT = -3,8% vs. GC = +7,3%) e espessura da parede posterior (GT = -2,8% vs. GC = 13,6%), volume diastólico final do ventrículo esquerdo (GT = -9,0% vs. GC = +20,0%), volume sistólico final do ventrículo esquerdo (GT = -7,8% vs. GC = +23,3%), índice de volume atrial esquerdo (GT = -7,1% vs. GC = +28,1%), fração de ejeção (GT = -1,0% vs. GC = -4,9%), E'/E septal (GT = -11,0% vs. GC = +22,1%), E septal (GT = +14,9% vs. GC = -19,2%) e E lateral (GT = +12,7% vs. GC = -22,8%). Um efeito principal do tempo (P < 0,05) foi identificado para o tempo de desaceleração (GT = -0,9% vs. GC = +9,0%). Além disso, a prática do TR resultou em melhoria (P < 0,05) da glicemia, colesterol total, LDL-c, massa muscular e força muscular quando comparado ao GC. Nossos resultados sugerem que 24 semanas de TR provocam melhoria da função cardíaca e tais mudanças são preservadas ou até mesmo melhoradas ao longo de dois anos de intervenção, sendo acompanhadas de outros benefícios para a saúde de mulheres idosas, com destaque para melhoria da força, massa muscular e indicadores de risco cardiovascular.Item Influência da ingestão proteica durante o treinamento resistido e destreinamento sobre a composição corporal, força muscular e aptidão funcional em mulheres idosas(2024-02-05) Sugihara Junior, Paulo; Cyrino, Edilson Serpeloni; Silva, Danilo Rodrigues Pereira da; Nabuco, Hellen Clair Garcez; Avelar, Michele Caroline de Costa Trindade; Deminice, RafaelO treinamento resistido (TR) e a ingestão proteica são as principais estratégias recomendadas, em particular, para a melhora da composição corporal, força muscular e aptidão funcional em idosos. Por outro lado, o destreinamento contribui para que os benefícios adquiridos com o treinamento sejam perdidos ao longo do tempo. Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar a associação da ingestão proteica durante o TR e o destreinamento sobre a composição corporal, força muscular e aptidão funcional em mulheres idosas. Para tanto, 128 mulheres idosas (> 60 anos), fisicamente independentes, foram selecionadas para este estudo. As participantes foram submetidas a um programa de TR composto por oito exercícios que foram executados em três séries de 8-12 ou 10-15 repetições, em uma frequência de três sessões semanais durante 24 semanas de treinamento, seguidas por 12 semanas de destreinamento. A composição corporal foi determinada por absortometria radiológica de dupla energia (DXA). Testes de uma repetição máxima (1RM) foram aplicados para análise da força máxima, ao passo que um conjunto de testes motores foram utilizados para a determinação da aptidão funcional. A ingestão proteica foi determinada a partir de recordatórios alimentares de 24 h. O TR promoveu ganhos de MIGO apendicular e MME (P < 0,001). Entretanto, nenhuma modificação significante foi encontrada para massa gorda (P = 0,089) e massa óssea (P = 0,084). Adicionalmente, o TR resultou em aumentos de força muscular no chest press, na cadeira extensora, na rosca scott e, consequentemente, na carga levantada total (P < 0,001). Uma melhoria no desempenho funcional foi encontrada na velocidade de marcha (P < 0,001), agilidade (P < 0,001), flexão de braço (P < 0,001), teste de sentar-se e levantar (P < 0,001) e no teste de caminhada de 6 min (P < 0,001). Análise de regressão linear simples não confirmou a associação da ingestão proteica habitual sobre os desfechos analisados. Nossos resultados sugerem que, independente da ingestão habitual de proteínas, 24 semanas de TR podem melhorar a composição corporal, força muscular e aptidão funcional de mulheres idosas, enquanto 12 semanas de destreinamento não parecem ser suficientes para reverter completamente as alterações induzidas pelo treinamento em mulheres idosas fisicamente independentes.Item Associação da poluição aérea com o desempenho de identificação olfatória de moradores de São Paulo: um estudo transversal(2024-03-21) Scussiatto, Henrique Ochoa; Fornazieri, Marco Aurélio; Pinto, Jayant M.; Bhayani, Mihir K.; Zaninelli, Tiago Henrique; Hohmann, Miriam Sayuri NagashimaObjetivo: A exposição a material particulado de 10 µm ou menos de diâmetro (MP10) tem sido implicada em doenças pulmonares e cardiovasculares. No entanto, o efeito do MP10 no olfato não foi bem estabelecido. Estimamos os níveis individuais de exposição aguda e crônica ao MP10 em uma grande coorte brasileira e os relacionamos à capacidade de identificar odores. Métodos: Adultos paulistas (n=1.358) foram recrutados em áreas com diferentes níveis de poluição atmosférica. Para verificar a exposição individual à poluição atmosférica, as médias de 30, 60, 90, 180 e 364 dias de MP10 foram interpoladas para os CEPs dos sujeitos por meio do método de krigagem. O desempenho da identificação olfativa foi testado usando o Teste de Identificação de Olfato da Universidade da Pensilvânia (UPSIT®). Regressões lineares múltiplas foram utilizadas para calcular o efeito da poluição do ar no desempenho da identificação olfativa, controlando variáveis demográficas e outras variáveis que afetam o sentido do olfato. Resultados: As exposições agudas ao MP10 foram relacionadas a piores pontuações UPSIT®, incluindo 30- (ß = -0,94, intervalo de confiança [IC] de 95% -0,98, -0,89), 60- (ß = -1,09, IC 95% = - 1,13, -1,04) e intervalos de 90 dias (ß = -1,06, IC 95% -1,10, -1,02) (referência para ß: aumento de 1 µm/m3 na exposição a MP10 por ponto de diminuição na pontuação UPSIT®). Exposições crônicas também foram associadas a pior olfato nos intervalos de 180 dias (ß = -1,06, IC 95% -1,10, -1,03) e 364 dias (ß = -0,87, IC 95% -0,90, -0,84). Assim como em trabalhos anteriores, homens, idosos, pessoas de baixa renda e baixa escolaridade demonstraram pior desempenho olfativo. Conclusão: A exposição aguda e crônica ao MP10 está fortemente associada ao desempenho de identificação olfativa em adultos brasileiros. Compreender os mecanismos subjacentes a estas relações poderia ajudar a melhorar a função quimiossensorial com um grande impacto na saúde públicaItem Acurácia do potencial evocado auditivo de média e longa latência em identificar alterações de processamento auditivo central em adultos(2024-03-12) Pelaquim, Andressa; Fornazieri, Marco Aurélio; Gil, Daniela; Didoné, Dayane Domeneghini; Moreira, Estefânia Gastaldello; Silva, Danilo Rodrigues Pereira da; Sanfins, Milaine DominiciINTRODUÇÃO: O processamento auditivo central se refere à eficiência e à efetividade com que o Sistema Nervoso Auditivo Central utiliza a informação auditiva. O potencial evocado auditivo de média e longa latência são exames eletrofisiológicos objetivos, utilizados para complementar a avaliação comportamental do processamento auditivo central. No entanto, não há estudos que investigaram se esses potenciais são realmente acurados para identificar alterações no processamento auditivo central, em uma amostra sem outras patologias associadas. OBJETIVO: Mensurar a acurácia do Potencial Evocado Auditivo de Média e Longa Latência em identificar adultos com alterações no processamento auditivo central. MÉTODO: Estudo transversal. Setenta e três indivíduos foram divididos em grupo controle com processamento auditivo central normal e grupo estudo com processamento auditivo central alterado. Os participantes realizaram à avaliação audiológica básica, eletrofisiológica e avaliação comportamental do processamento auditivo central. A normalidade dos dados foi verificar pelo teste de Shapiro – Wilk e os dados paramétricos foram analisados pelo teste t de Student. Os dados não paramétricos foram verificados com o teste de Mann – Whitney. Foram utilizados testes diagnósticos e a chance de alteração na avaliação comportamental do processamento auditivo central foi verificada pela regressão logística e pelo teste Exato de Fisher. RESULTADOS: Os potenciais evocados auditivos de média e longa latência apresentaram baixa sensibilidade e acurácia. O potencial evocado auditivo de longa latência apresentou resultados significantes (p < 0,01 e OR = 6,3; IC 95%: 2-19,6), bem como os seus subcomponentes P1-N1-P2 (p = 0,010 e OR 6,76 (IC: 1,4 – 32,5) e N2-P300 (p=0,039 e OR =3,60; IC95% = 1,16 – 11,2). Ao analisar os resultados dos potenciais evocados auditivos frente os resultados obtidos em habilidade auditiva, não foi identificada associação. CONCLUSÕES: Os potenciais evocados auditivos de média e longa latência apresentaram baixa acurácia para identificar alterações de processamento auditivo central em adultos, com limiares auditivos normais e sem comorbidades associadas. Dessa forma, esses potenciais não devem ser utilizados para o rastreamento e nem como método isolado para definição de diagnóstico de transtorno do processamento auditivoItem Experiências adversas na infância e sua relação com sintomas depressivos e ansiosos, qualidade de vida e obesidade em adolescentes e jovens(2024-03-11) Moriya, Renato Mikio; Nunes, Sandra Odebrecht Vargas; Machado, Regina Célia Bueno; Araújo, Eduardo José de Almeida; Silva, José Luciano Tavares da; Oliveira, Carlos Eduardo Coral de; Reiche, Edna Maria VissociIntrodução: Múltiplos tipos de experiências adversas na infância (EAI), incluindo os abusos físico, sexual e psicológico, as negligências física e emocional (maus-tratos) e as experiências familiares adversas (AFE) são considerados fatores de risco para uma pobre qualidade de vida e piores desfechos em saúde física e mental de adolescentes e jovens. As intervenções digitais mostraram-se eficazes para reduzirem os sintomas depressivos e no manejo de peso em adolescentes com sobrepeso ou obesidade. Objetivos: Avaliar as EAI e suas relações com a gravidade dos sintomas depressivos e ansiosos, obesidade e qualidade de vida em adolescentes e jovens; avaliar intervenções com tecnologia digital como ferramenta para redução de peso em adolescentes com sobrepeso ou obesidade. Materiais e Métodos: Inicialmente, foram inseridos 62 adolescentes e jovens atendidos nas Clínicas Neuropsiquiátrica Palhano e dei Bambini, de Londrina, Paraná, Brasil. Os participantes foram avaliados pelas seguintes escalas e pelos questionários: Escala de Avaliação para Depressão de Hamilton 17 itens (HDRS17), Escala de Avaliação para Ansiedade de Hamilton (HAM-A), Avaliação de Qualidade de Vida da OMS (WHOQOL-BREF), Escala de Estresse Percebido-10 ítens, Escala de perda de controle da alimentação, Escala de incapacidade de Sheehan (SDS), Questionário sobre Experiências Adversas na Infância (ACE) e Questionário Global de Atividade Física. Também, foram avaliadas as medidas antropométricas, como índice de massa corpórea (IMC) e circunferência abdominal. Posteriormente, foram avaliados 153 pacientes atendidos na Clínica Neuropsiquiátrica, divididos em dois grupos: < 4 EAI e = 4 EAI. Paralelamente, foram realizadas duas revisões sistemáticas, para verificar a associação das EAI com obesidade/sobrepeso; e se as intervenções com tecnologia digital reduziam o peso em adolescentes com sobrepeso/obesidade. Resultados: Os resultados foram apresentados e discutidos em dois artigos originais e duas revisões sistemáticas. No primeiro artigo, os participantes que vivenciaram = 4 tipos de EAI apresentaram mais transtorno depressivo maior, pontuações mais altas na Escala de Estresse Percebido e menor qualidade de vida do que aqueles com < 4 tipos de EAI. Pontuações mais altas na Escala de Estresse Percebido e pontuações mais baixas no WHOQOL-BREF foram associadas a prevalência de sintomas depressivos e ansiosos mais graves. No segundo artigo, verificou-se que, após 24 semanas de intervenção com tecnologias digitais, houve melhora na prática de atividade física em ambos os grupos; diminuiu a gravidade dos sintomas depressivos no grupo com < 4 EAI e diminuição do comprometimento funcional no grupo com = 4 EAI. Pontuações mais altas no HAM-A e na escala de HDRS17 > 7 e falta de atividades físicas foram associadas a maiores escores de EAI. No terceiro artigo, foram incluídos 28 estudos com um total de 327.437 participantes. Adolescentes que relataram = 4 EAI, principalmente os abusos sexual e físico e negligência estiveram mais associados ao sobrepeso ou obesidade. No quarto artigo, foram incluídos oito estudos com 823 adolescentes. Os resultados mostraram que as intervenções digitais foram associadas ao IMC, mas não ao escore-z de IMC. Conclusão: Os achados contribuíram para compreensão da associação de EAI e desfechos clínicos em adolescentes e jovens, como baixa qualidade de vida e maior gravidade de sintomas depressivos e ansiosos. O emprego da intervenção digital psicoeducativa contribuiu para redução da gravidade dos sintomas depressivos em indivíduos com < 4 EAI. A revisão sistemática sobre associação entre diferentes eventos de EAI e sobrepeso ou obesidade na adolescência, mostrou evidências de que exposição a maus-tratos do tipo abusos físico e sexual e negligência e a múltiplos tipos de EAI, foram associadas a sobrepeso/obesidade. Em relação à revisão sistemática sobre o emprego de intervenções digitais direcionadas para adolescentes com sobrepeso/obesidade, concluiu-se que esta estratégia foi eficaz para a redução do IMC (mas não do escore z do IMC)Item Avaliação de disfunção cognitiva, trauma na infância, inflamação e metabolismo em transtornos do humor(2024-03-07) Congio, Ana Carolina de Souza; Nunes, Sandra Odebrecht Vargas; Verri Junior, Waldiceu Aparecido; Fornazieri, Marco Aurelio; Soares, Maria Rita Zoéga; Oliveira, Carlos Eduardo Coral de; Urbano, Mariana RagassiIntrodução: Os transtornos do humor, representados primordialmente por transtorno depressivo maior (TDM) e transtorno bipolar (TB), constituem transtornos prevalentes e com grande risco de cronicidade e incapacidade progressiva, contribuindo substancialmente para a sobrecarga de doenças no mundo e o total de anos vividos com incapacidade. A disfunção cognitiva é considerada característica central no TDM e marcador traço no TB, podendo persistir mesmo em períodos de eutimia. A presença de trauma na infância é associada a características de pior prognóstico nos transtornos do humor, como maior recorrência de episódios, persistência de sintomas subclínicos, resistência ao tratamento e prejuízo cognitivo. A história de adversidades de vida precoce também é relacionada a alterações inflamatórias e metabólicas em indivíduos com transtorno do humor. Objetivos: O primeiro estudo teve como objetivo examinar a associação entre disfunção cognitiva, história de trauma na infância, biomarcadores inflamatórios e metabólicos, funcionamento e qualidade de vida em pacientes com TDM (n = 27), pacientes com TB (n = 42) e indivíduos sem transtornos do humor (n = 40), assim como comparar tal associação entre os três grupos. No segundo estudo, foi investigada as semelhanças e diferenças da associação entre trauma na infância, qualidade de vida, funcionamento e biomarcadores inflamatórios e metabólicos em pacientes com TB em fase depressiva (n = 58), pacientes com TB em fase de remissão de sintomas (n = 28) e em indivíduos sem transtornos do humor (n = 81). Métodos: Os sujeitos do estudo foram avaliados por entrevista clínica estruturada com questionário e as seguintes escalas: Escala de Avaliação da Depressão de Hamilton de 17 itens (HDRS17), Escala de Avaliação de Ansiedade de Hamilton (HAM-A), Questionário de Trauma na Infância (CTQ), Escala Internacional de Atividade Física (IPAC), forma curta, Escala de Incapacidade de Sheehan (SDS) e Escala Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde, versão abreviada (WHOQOL-BREF). A performance cognitiva foi avaliada por Teste da Trilha partes A (TMT-A) e B (TMT-B), Teste de Stroop e Testes de Fluência Verbal (VF) fonêmica e semântica. Foi calculado o índice de massa corporal (IMC) e dosados biomarcadores inflamatórios e metabólicos como, interleucina 17 (IL-17), interleucina 1 beta (IL-1?), proteína C reativa de alta sensibilidade (hs-PCR), leptina e perfil lipídico. A remissão dos sintomas de humor foi definida por pontuações menor ou igual a 7 na HDRS17 e menor ou igual a 12 na YMRS. Resultados: Pacientes com TB foram menos ativos fisicamente no domínio lazer quando comparado aos controles. Nível de hs-PCR = 5 mg/L foi significativamente associado a história de abuso sexual e abuso físico na infância e com pior performance cognitiva nos grupos de pacientes com transtorno do humor, principalmente no grupo de indivíduos com TB. Foi constatada correlação negativa significativa entre a pontuação TMT-B e a pontuação total do WHOQOL-BREF. O grupo de pacientes com TB em episódio depressivo apresentou maior IMC e níveis mais elevados de IL-17, leptina e triglicerídeos, além de mais história de trauma na infância quando comparado ao grupo controle. O grupo com TB em fase depressiva também apresentou maior incapacidade funcional e menor qualidade de vida quando comparado com o grupo de pacientes com TB em fase de remissão e com os controles. Verificou-se ainda, no grupo em fase depressiva, correlação positiva entre abuso sexual na infância e IMC, entre o abuso sexual na infância e níveis de PCR e entre abuso sexual na infância e circunferência abdominal. A história de abuso sexual na infância foi ainda correlacionada a menor qualidade de vida, mais dias laborais subprodutivos e absenteísmo no grupo com em fase depressiva do TB. Conclusões: Os resultados apoiam a hipótese de que níveis de hs-PCR = 5 mg/L podem predizer disfunção cognitiva, abuso sexual na infância e comportamento sedentário em transtornos do humor. Adversidades da infância, níveis mais elevados de IL-17, leptina e triglicerídeos e alterações no metabolismo podem desempenhar um papel na patogênese da depressão bipolar. Limitações: Amostra de conveniência e com predomínio de indivíduos do sexo feminino. Trauma na infância foi medido retrospectivamenteItem Complicações pós-operatórias em pacientes oncológicos admitidos na terapia intensiva(2024-06-12) Albanese, Silvia Paulino Ribeiro; Grion, Cíntia Magalhães Carvalho; Mezzaroba, Ana Luiza; Almeida, Sílvio Henrique Maia de; Fornazieri, Marco Aurélio; Larangeira, Alexandre SanchesIntrodução: Os pacientes submetidos a cirurgias oncológicas enfrentam uma série de fatores de risco específicos que podem exercer uma influência significativa tanto no desfecho do procedimento quanto na recuperação pós-operatória. Objetivo: Realizar uma caracterização epidemiológica dos fatores prognósticos em pacientes cirúrgicos oncológicos internados em Unidade de Terapia Intensiva no pós-operatório imediato. Métodos: Estudo longitudinal retrospectivo realizado no Hospital do Câncer de Londrina. A população de estudos foi constituída por 299 pacientes em pós-operatório imediato admitidos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Câncer de Londrina (HCL) no período de julho a dezembro de 2021. Dentre esses, 23% dos casos foram excluídos pelos critérios do estudo, restando então 229 casos para análise. Resultados: Quanto à composição por sexo na amostra do estudo, constatou-se que 51% casos correspondiam ao sexo masculino. A mediana da idade foi maior entre os pacientes não sobreviventes (70 anos) quando comparada aos sobreviventes (62 anos). Observou-se que 86,4% casos apresentavam comorbidades conforme escore de Charlson, destacando-se hipertensão arterial sistêmica (31,4%), seguida por diabetes mellitus (32,3%) e cardiopatia 19,2%. O maior contingente de pacientes que preencheram os critérios de inclusão no estudo originou-se das seguintes especialidades cirúrgicas: neurocirurgia 26,6%, aparelho digestivo 16,5%, coloproctologia 14,8%, cirurgia torácica 10,4%, urologia 10,0%, cirurgia de cabeça e pescoço 7,8% e outras especialidades cirúrgicas 3,5%. O sangramento ocorreu em 37,0% dos casos entre os não sobreviventes e foi categorizado como pequeno em 57,5% casos, médio em 31,0% casos e grande em 11,5% casos. As readmissões na UTI ocorreram em 6,9% dos casos, e as reoperações em 7,4%. Algumas recomendações do protocolo ACERTO observadas na amostra do estudo demonstraram associação com redução das complicações. Destacam-se as seguintes variáveis em relação à adesão ao projeto ACERTO: realimentação precoce 32% nas primeiras 6 horas, 56,6% com reposição volêmica de cristaloides no intraoperatório = 30 mL/Kg, profilaxia para náuseas e vômito no intraoperatório 93% e no pós-operatório imediato 100%. Em relação a realimentação pós-operatória observou-se maior ocorrência de complicações nos casos que houve maior demora em iniciar a realimentação apresentando p= 0,0018. Pacientes com complicações pós-operatórias tiveram um tempo cirúrgico maior (205 min) comparado aos que não tiveram complicações (147 min; p = 0,00). No pós-operatório, o balanço hídrico positivo no primeiro dia foi maior entre os não sobreviventes (1.478,4 ml) em comparação aos sobreviventes (786,2 ml; p = 0,010). Os pacientes que não foram submetidos ao uso de antiemético profilático no intraoperatório apresentaram complicações em 87,5% dos casos, enquanto 67,1% dos pacientes que receberam essa profilaxia não tiveram complicações. Conclusão: Este estudo identificou uma alta frequência de complicações no período pós-operatório e uma taxa de mortalidade de 11,8% durante a internação. As complicações mais associadas ao risco de óbito foram infecciosas, respiratórias, renais e relacionadas à coagulação. Idade e escore SOFA foram fatores de risco independentes para morte. A adesão ao protocolo ACERTO foi boa e associou-se à redução das complicações pós-operatórias em pacientes oncológicos.Item Efeitos de diferentes proporções entre carboidratos e proteínas presentes na dieta sobre a força muscular, composição corporal e biomarcadores de risco cardiovascular em mulheres idosas submetidas a um programa de treinamento resistido(2024-02-06) Fernandes, Rodrigo dos Reis; Cyrino, Edilson Serpeloni; Silva, Danilo Rodrigues Pereira da; Barbosa, Décio Sabbatini; Avalar, Michele Caroline de Costa Trindade; Nabuco, Hellen Clair GarcezA ingestão de carboidratos e proteínas é fundamental para se atingir os benefícios de um programa de treinamento. Portanto, esta investigação analisou o impacto de 12 semanas de treinamento resistido (TR) sobre a força muscular, composição corporal e biomarcadores de risco cardiovascular em mulheres idosas treinadas, de acordo com a proporção de carboidratos e proteínas ingeridas na alimentação habitual. Duzentas e oitenta e quatro mulheres idosas (> 60 anos) foram selecionadas e alocadas em quatro grupos, por meio de quartis, conforme a proporção de ingestão média entre carboidratos e proteínas dietéticas (Q1 = 4:1; Q2 = 3,4:1; Q3 = 2,8:1 e Q4 = 1,5:1). A força muscular foi analisada a partir de testes de uma repetição máxima (1-RM), a composição corporal por absortometria radiológica de dupla energia e o risco cardiovascular por meio do comportamento de biomarcadores metabólicos. O programa de TR foi composto por oito exercícios para o corpo inteiro que foram executados em três séries de 10-15 RM, em três sessões semanais, em dias alternados. Nenhuma interação grupo vs. tempo (P < 0,05) foi encontrada para as variáveis analisadas. Entretanto, o TR resultou em aumentos de força muscular, massa muscular e redução da glicose em jejum (P < 0,05), independente da proporção entre carboidratos e proteínas ingerida na alimentação habitual. Por outro lado, nenhuma modificação que pudesse ser atribuída ao TR ou, ainda, a proporção entre carboidratos e proteínas ingerida na alimentação habitual foi encontrada para distribuição da gordura corporal, colesterol total, HDL-c, LDL-c, triglicerídeos e proteína C-reativa (P > 0,05). Nossos resultados sugerem que o TR parece promover hipertrofia muscular, aumento da força muscular e redução da glicose em jejum, independente da proporção entre carboidratos e proteínas ingerida na alimentação habitual, em mulheres idosas.Item Alterações imunológicas em pacientes esquizofrênicos e esquizoafetivos e familiares biológicos(2004-11-26) Nunes, Sandra Odebrecht Vargas; Itano, Eiko Nakagawa; Watanabe, Maria Angélica Ebara; Venancio, Emerson José; Elkis, Hélio; Borelli, Sueli DonizetiObjetivos: Com o objetivo de determinar as características clínicas e imunológicas associadas à esquizofrenia e ao transtorno esquizoafetivo, o presente trabalho avaliou dados clínicos e mensurou os níveis séricos de interleucina-6 (IL-6), receptor solúvel de interleucina-2 (sIL-2R), interleucina-2 (IL-2), alfa (a) 1,2 beta e gama globulina, imunoglobulinas (Ig), anticorpos anti-hipocampo, e do sangue total foram genotipadas moléculas de HLA classe I e II, a detecção do vírus da Borna e contagem de células matadoras naturais (NK), em pacientes esquizofrênicos, esquizoafetivos, familiares biológicos e controles saudáveis. Métodos: Os critérios de exclusão foram indivíduos menores de 18 anos e maiores de 55 anos, portadores de doenças crônicas ou submetidos a tratamento que afetasse o sistema imunológico. Foram selecionados 50 pacientes esquizofrênicos e esquizoafetivos, 48 controles saudáveis, 41 familiares em primeiro grau sem transtorno mental e 48 familiares em primeiro grau com transtorno de humor. Todos os sujeitos foram submetidos à entrevista clínica estruturada para o DSM-IV, transtornos do Eixo I (SCID-I versão clínica). Os métodos utilizados para medidas imunológicas foram: ELISA e/ou quimioluminescência (interleucinas, IgE e anticorpos anti-hipocampo), eletroforese (a1, a2, gama, beta globulina e albumina), nefelometria (IgA, IgG e IgM), citometria de fluxo (NK), SSP-PCR (HLA) e RT-PCR (Doença do vírus da Borna –VDB). Resultados: A duração média da doença nos pacientes esquizofrênicos e esquizoafetivos foi de 15,341 ± 9,90 anos e a idade média de início da doença foi de 22,4 ± 7,371 anos. Não houve diferença significativa no gênero (p = 0,057), idade (p = 0,96), albumina (p = 0,64) e índice de massa corpórea (Kg/m2) (p = 0,07) entre pacientes, controles e familiares. Pacientes e familiares com e sem transtorno de humor tiveram significativamente maiores níveis séricos de IL-6 pelo método de quimioluminescência (p = 0,008) e ELISA (p = 0,003). A dosagem de a2 globulina foi significativamente maior entre pacientes do que entre controles (p = 0,002). Não houve diferença significativa em relação a sIL-2R (p = 0,1), IL-2 (p = 0,8), NK (p = 0,07), IgE (p = 0,06), IgG (p = 0,64) e IgM (p = 0,51) entre pacientes, familiares e controles. Pacientes, familiares com transtorno de humor e familiares sem transtorno mental tiveram maiores valores de auto-anticorpos dirigidos contra o hipocampo, 0,167 ± 0,077, 0,158 ± 0,058, 0,164 ± 0.092, respectivamente, do que os controles, 0,143 ± 0,037, mas não significativos (p = 0,53). A associação positiva com HLA B*15 foi encontrada significativamente maior nos pacientes, familiares com transtorno de humor e familiares sem transtorno mental (p = 0,003) do que em controles saudáveis. A associação negativa com HLA B*35 foi encontrada significativamente maior nos familiares sem transtorno mental (p = 0,03) do que nos controles saudáveis. A VDB teve significativamente maior presença nos pacientes e familiares biológicos do que nos controles (p = 0,04). Conclusão: Os resultados sugerem a existência de envolvimento imunológico ou inflamatório e mecanismos imunogenéticos em pacientes esquizofrênicos, esquizoafetivos e em familiares biológicos.Item Avaliação da capacidade de exercício por meio de testes de campo na saúde e na doença: valores de referência para o incremental shuttle walking test e reprodutibilidade do teste de caminhada de 6 minutos em doença pulmonar obstrutiva crônica(2012-08-23) Fujii, Nidia Aparecida Hernandes; Pitta, Fábio de Oliveira; Dal Corso, Simone; Teixeira, Denilson de Castro; Ferreira Filho, Olavo Franco; Mazzuco, Tânia LongoTestes de campo como o incremental shuttle walk test (ISWT) e o teste de caminhada de 6 minutos (TC6) são amplamente utilizados para avaliar a capacidade de exercício de pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Apesar da vasta literatura existente sobre esses testes, valores de referência do ISWT ainda não foram solidamente estabelecidos, e a reprodutibilidade do TC6 é inconsistente. Objetivos: investigar quais variáveis determinam o ISWT em indivíduos saudáveis, bem como estabelecer uma equação de valores de referência do ISWT; e investigar a reprodutibilidade do TC6 em pacientes com DPOC, quantificar o efeito aprendizado existente entre dois TC6 e estudar os fatores determinantes de mudanças no segundo TC6. Métodos: No primeiro estudo, 242 indivíduos saudáveis realizaram dois ISWT e tiveram avaliados peso, altura e índice de massa corpórea (IMC). No segundo estudo, 1514 pacientes com DPOC realizaram dois TC6 em dias subsequentes e foram submetidos à avaliação de composição corporal, dispneia e comorbidades (índice Charlson). Resultados: Gênero, idade e IMC foram preditores independentes dos valores de referência do ISWT (ISWTpred=1449,701–(11,735*idade)+(241,897*gênero)–(5,686*IMC); r2=0,71; p<0,0001). No segundo estudo, o coeficiente de correlação intraclasse (CCI) entre os dois TC6 foi de 0,93 (p<0,0001), embora os pacientes tenham apresentado distância percorrida significativamente maior no segundo teste (27m (IC95%: -37-107). Os fatores determinantes do aumento no segundo TC6 foram: primeiro TC6<350m, índice Charlson<2 e IMC<30 kg.m-2. Conclusões: A maior parte da variação do ISWT em indivíduos saudáveis é explicada por idade, gênero e IMC. Baseada nessas variáveis, uma equação para predição de valores de referência do ISWT foi estabelecida. Alto CCI foi observado entre os dois TC6 em pacientes com DPOC, embora um efeito aprendizado significativo tenha ocorrido. Desempenho ruim no primeiro TC6, poucas comorbidades e ausência de obesidade foram associados ao aumento da distância percorrida no segundo teste.Item Avaliação de fatores associados ao tempo para o óbito de pacientes críticos em um Hospital Universitário Público(2020-07-01) Mezzaroba, Ana Luiza; Grion, Cíntia Magalhães Carvalho; Carrilho, Cláudia Maria Dantas de Maio; Cardoso, Lucienne Tibery Queiroz; Almeida, Silvio Henrique Maia de; Delfino, Vinicius Daher AlvaresIntrodução: Entre os pacientes não sobreviventes internados em unidade de terapia intensiva (UTI), uma parte apresenta mortalidade mais precoce e geralmente relacionada à gravidade do diagnóstico inicial da internação e os demais possuem evolução favorável quanto à doença inicial mas morrem mais tardiamente por complicações relacionadas à internação. A sepse destaca-se como uma das principais causadoras de disfunção de múltiplos órgãos e determinante de mortes precoces e tardias em pacientes críticos. O conhecimento dos fatores associados ao tempo para o óbito de pacientes internados em UTI possui implicações organizacionais e éticas. O reconhecimento desses fatores poderia melhorar a avaliação prognóstica dos pacientes e auxiliar no tratamento e otimização de recursos, com atuação mais agressiva e direta sobre fatores específicos mais comumente relacionados ao óbito. Objetivo: Identificar os fatores associados ao tempo para o óbito de pacientes críticos em uma UTI geral de um hospital universitário público terciário. Métodos: Estudo longitudinal retrospectivo realizado por meio da coleta de dados dos prontuários dos pacientes internados na UTI do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina (HU/UEL), entre janeiro de 2008 e dezembro de 2017. Dados gerais foram coletados de todos os pacientes inseridos no estudo até o desfecho hospitalar e também foram coletados dados da internação na UTI, como presença de doença crônica, necessidade de ventilação mecânica e de diálise, uso de drogas vasoativas e os escores Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II (APACHE II), Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) do primeiro dia de internação na UTI e Therapeutic Intervention Scoring System 28 (TISS 28). Para a análise estatística, algumas definições foram estabelecidas. Os pacientes não sobreviventes na UTI foram divididos em três grupos conforme o tempo para o óbito após admissão na UTI: precoce (até 5 dias), intermediário (6 a 28 dias) e tardio (mais de 28 dias). Foram considerados sépticos os pacientes que tinham o diagnóstico de sepse anotado na admissão na UTI. Resultados: Foram analisados dados de 6.596 pacientes. A mediana de idade dos pacientes internados foi de 60 (intervalo interquartílico-ITQ 45-73) anos, com predomínio do sexo masculino (56,9%) e a maioria proveniente da sala de emergência (56,2%). A mediana do escore SOFA foi 6 (ITQ 3-11). Os pacientes avaliados tiveram mortalidade de 32,9% na UTI e 43,3% de mortalidade hospitalar. Foi observado que quanto maior o número de disfunções orgânicas à admissão na UTI, maiores as taxas de mortalidade. Entre as disfunções orgânicas analisadas, nenhuma se destacou com maior associação com morte em comparação às outras. As maiores taxas de morte ocorreram no grupo intermediário (47,9%). O diagnóstico de sepse na admissão da UTI foi associado com maior taxa de mortalidade na UTI (48,8%) e hospitalar (61,6%). O diagnóstico de sepse não foi associado com diferença na proporção de mortes precoces ou tardias quando comparado aos outros diagnósticos. A análise multivariada identificou idade maior que 60 anos (hazard ratio-HR 1,009; intervalo de confiança-IC95% 1,005-1,013; p<0,001), sexo masculino (HR 1,192; IC95% 1,046-1,358; p=0,009), uso de ventilação mecânica na admissão na UTI (HR 1,476; IC95% 1,161-1,876; p=0,001), realização de diálise na UTI (HR 2,297; IC95% 1,966-2,684; p<0,001) e SOFA de admissão na UTI maior que 6 (HR 1,319; IC 95% 1,292-1,345; p<0,001) como fatores de risco para morte na UTI. Conclusões: Foi descrito o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos na UTI de um hospital terciário ao longo de dez anos. A proporção de mortes intermediárias e tardias foi maior do que a morte precoce nos pacientes analisados e o diagnóstico de sepse não foi associado a mudanças nesse padrão. Entre as disfunções orgânicas analisadas, nenhuma se destacou com maior associação com morte em comparação às outras. O diagnóstico de sepse foi associado a maior mortalidade quando comparado a pacientes não sépticos.Item Pregabalina altera a performance reprodutiva de camundongos machos e promove malformações na prole de camundongos fêmeas e ratas(2023-02-23) Mestre, Viviane de Fátima; Salles, Maria José Sparça; Dionísio, Andressa de Freitas Mendes; Venturini, Danielle; Reiche, Edna Maria Vissoci; Moreira, Estefânia GastaldelloA pregabalina é um fármaco pertencente ao grupo gabapentinoides neuromodelador com ação antiepilética e analgésica. Tem sido administrada em dor neuropática, fibromialgia, transtorno de ansiedade generalizada e como adjuvante para epilepsia. O efeito analgésico da pregabalina se dá pela sua capacidade de ligar-se à subunidade da proteína a2-d dos canais de cálcio voltagem-dependentes. Considerando a escassez de estudo sobre o tratamento de pregabalina em homens em idade fértil e mulheres gestantes, este trabalho teve como objetivo avaliar as possíveis alterações causadas pelo fármaco quando administrado em camundongos durante a espermatogênese; após exposição pré-natal na prole de camundongos fêmeas e após exposição pré-natal na prole de ratas sobre a odontogênese e osso trabecular da mandíbula. Para a análise da fertilidade masculina e malformação da prole, camundongos machos receberam diariamente via gavagem, 200 mg/kg de pregabalina por um período de 45 dias; após este período esses animais foram acasalados com fêmeas não tratadas. Para a avaliação dos parâmetros maternos e malformações na prole, camundongos prenhes foram tratadas com pregabalina (200 mg/kg), via gavagem do 5º dia ao 17º dia de prenhez. No 18º dia de prenhez as fêmeas foram submetidas a eutanásia e realizada a laparotomia para a avaliação do desenvolvimento intrauterino. Os fetos foram analisados quanto às malformações congênitas externas, viscerais e esqueléticas. Para a análise da odontogênese e do osso trabecular da mandíbula, ratas prenhes foram tratadas com pregabalina (200 mg/kg) do 5° dia de prenhez ao dia antecessor ao parto (20° dia). No pós-natal dia 30, foram selecionados aleatoriamente 8 filhotes de cada grupo para análise do primeiro molar inferior direito e do osso trabecular adjacente utilizando a microtomografia computadorizada. A administração da pregabalina em camundongos machos mostrou um aumento significativo da medida dos testículos (P = 0,009), alterações morfológicas dos espermatozoides (P < 0,0001), diminuição no escore de Johnsen (P = 0,0002), aumento das células de Leydig (P = 0,0002) e diminuição do nível da testosterona (P = 0,0152). Além disso, a análise dos parâmetros da prole mostrou diminuição significativa do peso da placenta (P = 0,0001), do peso (P = 0,0035) e comprimento dos fetos (P = 0,003), da taxa de viabilidade fetal (P = 0,0458) e aumento significativo do número de reabsorções (P = 0,003) e da perda pós-implantação (P =0,0458). As anomalias significativas observadas na prole foram alteração do tamanho dos rins (P = 0,0058), metacarpos e falanges ausentes (P < 0,0001), alteração do esterno (P < 0,0001) e vértebras torácicas supranumerárias (P = 0,003). A administração da pregabalina em camundongos fêmeas prenhes apontou aumento significativo na taxa de reabsorção (P = 0,041) e diminuição significativa do peso da placenta (P < 0,0001), do comprimento (P = 0,0249) e peso dos fetos (P = 0,0484) e da viabilidade fetal (P = 0,0038). Foi verificado que 67,5% dos fetos eram pequenos para a idade de prenhez (P < 0,0001). As malformações observadas foram ventriculomegalia fetal (P < 0,0001) e ossificação incompleta do osso supraoccipital (P < 0,0001). Quanto a análise da administração da pregabalina em ratas prenhes, houve diminuição significativa de ganho de peso materno (P = 0,0139) e de filhotes vivos (P = 0,0213). Durante o acompanhamento pós-natal, houve uma diminuição significativa do peso (F=2,67; P=0,048) e do comprimento (F=9,49; P<0,0001) da prole e atraso da erupção dos dentes incisivos (P = 0,001). A análise do primeiro molar inferior direito, utilizando a microtomografia computadorizada, mostrou diminuição significativa do esmalte (P = 0,0043). A avaliação do tecido ósseo trabeculado adjacente ao primeiro molar mostrou que a pregabalina foi capaz de aumentar significativamente o percentual de volume ósseo (P = 0,0208) e diminuir o volume (P = 0,0266) e percentual de poros abertos (P = 0,0208). Na análise histológica, nenhuma alteração na organização celular foi observada. Em conclusão, o tratamento com pregabalina produziu efeitos tóxicos sobre a função reprodutiva de camundongos machos, efeito embriotóxico na prole durante a gestação nos dois modelos animais além de potencial efeito teratogênico.Item Avaliação comportamental e do sistema endocanabinoide em filhotes de ratos expostos ao paracetamol durante a gestação(2023-02-02) Klein, Rodrigo Moreno; Moreira, Estefânia Gastaldello; Lisboa, Sabrina Francesca de Souza; Estanislau, Célio Roberto; Kirsten, Thiago Berti; Bambini Junior, VictórioO paracetamol é um fármaco de venda livre utilizado como analgésico/antipirético por aproximadamente 40-50% das gestantes mundialmente. Embora estudos epidemiológicos venham sugerindo que a exposição uterina ao paracetamol seja um fator de risco para transtornos do neurodesenvolvimento, causalidade e modos de ação de sua possível ação neurotoxicante do desenvolvimento são incertas. Entre as hipóteses levantadas, mas ainda não testadas, estão disfunção do sistema endocanabinoide (eCB) e ativação imune-inflamatória. Desta forma, objetivamos avaliar os efeitos da exposição gestacional ao paracetamol sobre comportamento e efeitos comportamentais de um fármaco canabinoide, além de possíveis alterações sobre marcadores neuroquímicos relevantes para sinalização endocanabinoide e inflamação. Para isto, ratas prenhes receberam paracetamol (350 mg/kg) ou água por gavage, do dia gestacional 6 até o nascimento da prole. Medidas de toxicidade geral e reprodutiva incluíram peso corporal das progenitoras e dos filhotes até o desmame. Avaliamos o comportamento de filhotes com 10 (busca pelo ninho), 24 (campo aberto), 25 (estereotipia comportamental induzida pela apomorfina, enterramento das bolinhas de gude) 30 (teste das três câmaras) dias de idade 30 min após injeção do agonista canabinoide WIN 55,212-2 (0.3 mg/kg, via intraperitoneal) ou veículo. Reconhecimento do objeto novo e placa quente e comportamento social de brincar foram avaliados em filhotes com 25 ou 30 dias, respectivamente. Quantificamos as concentrações do eCB 2-araquidonoilglicerol (2-AG) e do lipídio pró-inflamatório fator ativador de plaquetas (PAF) bem como a expressão genica das principais enzimas de síntese e degradação de 2-AG, diacilglicerol lipase alfa e beta (DAGL-a e DAGL-ß) e monoacilglicerol lipase, além dos marcadores inflamatórios ciclooxigenase-2 e interleucina 1 beta em regiões encefálicas de ratos com 22 dias de idade. O protocolo de exposição não afetou as medidas de toxicidade geral. Entretanto, filhotes expostos apresentaram hiperatividade no campo aberto e maior enterramento de bolinhas de gude independentemente do sexo. Fêmeas expostas apresentaram maior estereotipia comportamental induzida por apomorfina e passaram mais tempo na área central do campo aberto. Injeção prévia de agonista canabinoide modificou a resposta comportamental no teste de busca pelo ninho, induzindo efeitos opostos em fêmeas expostas e não expostas. Além disso, aumento nas concentrações de 2-AG no córtex pré-frontal e de PAF no córtex-prefrontal, estriado e cerebelo foi observado em machos e fêmeas expostos. A exposição diminuiu a expressão gênica cerebelar de DAGL-ß, uma sintase de 2-AG. Os resultados apontam para alterações no sistema eCB e inflamação como modos de ação pelo qual o paracetamol prejudica o neurodesenvolvimento e altera o comportamento da prole em decorrência da exposição gestacional.Item Efeito da mudança de modelo de triagem para admissão na unidade de terapia intensiva no desfecho de pacientes graves(2022-05-03) Larangeira, Alexandre Sanches; Grion, Cíntia Magalhães Carvalho; Carrilho, Alexandre José Faria; Cardoso, Lucienne Tibery Queiroz; Mezzaroba, Ana Luiza; Estanislau, Célio RobertoIntrodução: Considerando o desequilíbrio entre a demanda e a disponibilidade de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e profissionais com formação especializada, é necessário escolher quem será admitido. Estabelecer critérios para triar pacientes é uma forma de gerenciar os recursos e racionalizar a decisão do profissional responsável pela triagem. A base da triagem do paciente grave é o prognóstico, que pode ser avaliado por meio de escores de gravidade, de disfunções orgânicas e de quantidade de trabalho da equipe. Objetivo: Analisar o efeito da implementação de novo modelo de priorização e triagem para admissão em unidade de terapia intensiva no desfecho de pacientes graves. Métodos: Foi realizado um estudo longitudinal retrospectivo, envolvendo pacientes adultos admitidos em UTI de hospital universitário no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2017. Foram excluídos os pacientes com tempo de permanência menor que 24 horas e as readmissões na UTI durante a mesma internação hospitalar. O desfecho primário foi considerado estado vital na saída do hospital. Os escores avaliados no estudo foram o Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE II), Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) e Therapeutic Intervention Scoring System (TISS 28). Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com o período do estudo. Foram considerados período pré mudança do modelo de triagem os anos de 2013 a 2014 (período 1). Até o final do ano 2014 o protocolo institucional para triagem e admissão em UTI era fundamentado no critério cronológico (primeiro a chegar, primeiro a receber tratamento). Os anos de 2015 a 2017 foram considerados período pós mudança do modelo de triagem (período 2). A partir do início do ano 2015 foi implantado um modelo de priorização baseado na diretriz da Society of Critical Care Medicine, que leva em consideração a gravidade e a possibilidade de recuperação do paciente. O nível de significância utilizado foi de 5% e as análises foram realizadas utilizando-se o programa SPSS Statistics for Windows versão 19. Resultados: Foram analisados 3.283 pacientes, sendo que 1.227 foram admitidos no período 1 e 2.056 no período 2. Os pacientes admitidos no período 2 do estudo eram mais velhos, com menor proporção de doenças crônicas, tinham valor médio do escore APACHE II e do escore TISS 28 maiores comparados aos pacientes do período 1. O diagnóstico de sepse foi maior no segundo período do estudo. Foi observado aumento do número de admissões ao longo do período de estudo. No período 2 os pacientes apresentaram uma tendencia a permanecer menor tempo internados na UTI e no hospital e tiveram menor mortalidade na saída da UTI e do hospital. Conclusões: A mudança do modelo de triagem, de um modelo cronológico para um modelo de priorização resultou em melhora do desempenho de uma unidade de terapia intensiva, com aumento do número de admissões, redução da taxa de mortalidade hospitalar, além de uma tendência de redução do tempo de permanência hospitalar.