Efeitos da periodontite na gestação, desenvolvimento fetal e pós-natal em filhotes de ratas Wistar
Data
2024-01-22
Autores
Sestario, Camila Salvador
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Resumo
A periodontite é uma inflamação crônica em resposta ao acúmulo e não remoção da placa bacteriana que provoca a destruição dos tecidos periodontais de suporte e tem impactos sistêmicos. Na gestação, as flutuações hormonais aumentam os efeitos inflamatórios, tornando as gestantes mais suscetíveis à periodontite. Este estudo investigou os efeitos da periodontite no desenvolvimento intrauterino e embriofetal de ratas Wistar. No primeiro estudo, a periodontite foi induzida em 15 ratas no grupo doença periodontal induzida (DPI) por meio do uso de ligadura com fio de algodão nº 40 nos primeiros molares superiores. Após 14 dias, os grupos DPI e C (grupo controle, n=15) foram acasalados com machos saudáveis. Após 20 dias, as ratas foram submetidas a eutanásia, laparotomia e histerectomia para avaliar o desenvolvimento intrauterino, incluindo o número de reabsorções, perda pós-implantação, taxa de reabsorção e viabilidade fetal. Além disso, foram examinadas as malformações congênitas ósseas e viscerais na prole. No segundo estudo, ratas prenhes foram divididas em dois grupos, o grupo C e o grupo DPI (n=12). A periodontite foi induzida nos primeiros molares superiores 14 dias antes do acasalamento. O parto ocorreu ao 21º dia de gestação, e quatro filhotes de cada ninhada foram avaliados por 30 dias para verificar o desenvolvimento físico, motor, reflexivo e a erupção dos incisivos. As alterações nos primeiros molares e no tecido ósseo alveolar foram avaliadas em animais de 30 dias usando microtomografia e análise histopatológica. Os dados paramétricos foram analisados pelo teste t de Student e os não paramétricos pelo teste de Mann-Whitney, com um nível de significância de 5%. Os resultados do primeiro estudo revelaram um aumento do número de reabsorções (p=0,0003), perdas pós-implantação (p=0,0002) e redução da viabilidade fetal (p=0,0002) nos fetos do grupo DPI quando comparados aos do grupo C. Os fetos do grupo DPI apresentaram peso (p= < 0,0001) e tamanho (p= < 0,0001) inferiores ao grupo C. O grupo DPI apresentou hematomas (7,0%) e alteração de forma e/ou ausência nos ossos do esterno (12,6%) e ausência de costelas (11,6%). No segundo estudo, não houve diferenças no ganho de peso corporal materno (p>0,05), porém o grupo DPI apresentou menor número de filhotes vivos em relação a C (p=0,03). Os filhotes do grupo DPI apresentaram diminuição de peso (p<0,0001), comprimento (p<0,0001), atraso no crescimento de pelos (p= 0,01) e erupção dos dentes incisivos (0,001). Os filhotes do grupo DPI apresentaram atraso no endireitamento postural (p=0,01) na marcha adulta (p=0,01) e na geotaxia negativa (p=0,01). Não foram observadas anomalias de desenvolvimento nos primeiros molares superiores. No entanto, grupo DPI apresentou diminuição no número de trabéculas ósseas (p=0,02) e aumento na distância entre as trabéculas (p= 0,007). Não houve correlação entre o baixo peso e o atraso nos marcadores físicos e reflexológicos, indicando independência dessas variáveis. Sua relação parece estar associada à Doença Periodontal Induzida (DPI). Os resultados indicam que o surgimento da periodontite na gravidez está ligado a reduções na viabilidade fetal, baixo peso ao nascer, e o desenvolvimento de malformações ósseas e hemorragia perinatal. A periodontite gestacional pode ter impactos importantes na saúde dos filhotes, afetando seu desenvolvimento físico, habilidades motoras, erupção dentária, e a estrutura óssea maxilar.
Descrição
Palavras-chave
Biofilme Dentário, Gengivite, Gravidez, Teratogênese, Ratas Wistar