02 - Mestrado - Estudos da Linguagem

URI Permanente para esta coleção

Navegar

Submissões Recentes

Agora exibindo 1 - 20 de 317
  • Item
    Alternância do [b] e [v] nas capitais nordestinas a partir dos dados do projeto ALiB
    (2025-02-27) Souza, Gabriel Correia de; Altino, Fabiane Cristina; Romano, Valter Pereira; Kailer, Dircel Aparecida
    A alternância entre [b] e [v] é um fenômeno linguístico com raízes no latim vulgar que se manifesta nas línguas românicas, incluindo o português brasileiro. Sua persistência e variação regional o tornam relevante para os estudos de Dialetologia e Geolinguística, contribuindo para a compreensão das identidades linguísticas no Brasil. Apesar disso, há uma lacuna nos estudos geolinguísticos sobre suas manifestações no português brasileiro, especialmente nas variantes regionais. Pesquisas como as de Alves (2017) sobre hispanófonos em Brasília, Araújo (2021) acerca de mudanças fonológicas ligadas a essa alternância, e os trabalhos de Reis Altino (2019) e Reis Kailer (2019) nas regiões Centro-Oeste e Sul fornecem o embasamento teórico para esta investigação. Neste contexto, a dissertação analisa a alternância de [b] e [v] nas capitais do Nordeste brasileiro, buscando compreender suas manifestações fonológicas e as variações entre os falantes da região. A pesquisa utilizou dados do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), abrangendo 401 respostas de 72 informantes nas nove capitais nordestinas, extraídas das questões 008 (travesseiro), 018 (varrer) e 149 (assobio) do Questionário Fonético-Fonológico, e 049 (vagem), 108 (sovaco), 109 (sovaqueira) e 170 (vaso-sanitário) do Questionário Semântico-Lexical. A metodologia, fundamentada na dialetologia, combinou análises qualitativas e quantitativas, com catalogação dos dados em tabelas e elaboração de mapas linguísticos para visualização das variações dialetais. Os resultados revelam que o fenômeno, longe de estar em declínio, mantém-se ativo como um traço histórico e pancrônico. Em “vaso”, a prevalência quase total de [v] indica baixa alternância com [b], enquanto em “varrer” as ocorrências de [b] são raras, sugerindo influências socioculturais ou contextuais. Já em “assobiar” e “assobio”, observa-se um equilíbrio entre [b] e [v], inclusive em nível idioletal, sem hierarquia clara de prestígio, apontando para uma variação estável e flexível. O estudo também destaca a relevância de “vagem”, cujo equilíbrio entre [b] e [v] demanda maior investigação, e de “vaso”, cuja estabilidade em [v] sugere sua utilidade para confirmar padrões fonológicos. Essas observações contribuem para os próximos volumes do ALiB, orientando a decisão sobre a cartografia de formas específicas. Assim, a pesquisa evidencia a complexidade do fenômeno no Nordeste, reforçando sua natureza pancrônica e indicando que a alternância entre [b] e [v] reflete tanto uma herança linguística quanto a manutenção de formas concorrentes, influenciadas por fatores socioculturais e pragmáticos. Os achados abrem caminho para estudos futuros a fim de aprofundar o entendimento das dinâmicas dialetológicas e fonológicas do português brasileiro
  • Item
    Humor a qualquer preço : uma análise do cômico ácido nas tiras os fradinhos de Henfil
    (2023-12-15) Jesus, Amanda Carolina Pereira de; Borges, Maria Isabel; Queluz, Maria Lopes Pinheiro; Ferreira, Claudia Cristina
    Este trabalho é sobre as tiras Os Fradinhos, de Henfil, produzidas durante a ditadura militar brasileira. O objetivo principal é caracterizar o humor ácido nas tiras publicadas entre 1971 e 1980. O objeto de estudo faz parte da revista Fradim, em quinze números: 1, 2, 3, 8, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 25, 30, 31. Os Fradinhos são dois frades dominicanos, chamados Baixim e Cumprido, que possuem características físicas e personalidades opostas. A tira cômica consiste em um gênero discursivo cuja característica principal é a construção de uma expectativa, que é rompida, gerando o efeito humorístico (Ramos, 2011; 2012; 2017). As bases teóricas principais são: Cagnin (2014), Acevedo (1990) e Ramos (2012), para o estudo da linguagem dos quadrinhos. Para compreender o humor, foram considerados: Bergson (2018), Propp (1992), Ramos (2011), Eagleton (2020) e Travaglia (1989a; 1989b; 1990; 1991; 1995). O trabalho se divide em quatro etapas: contextualização sócio-histórica; análise do funcionamento dos recursos da linguagem dos quadrinhos nas tiras cômicas; compreensão das características gerais do humor, identificando especificidades do humor ácido; estabelecer a concepção do humor ácido, conforme Magalhães (2008; 2010) e verificar a manifestação do humor ácido, em conexão com a linguagem dos quadrinhos. Entre as estratégias identificadas para a acidez do humor nas tiras cômicas, destacam-se a humilhação, intimidação, sadismo e ridicularização, mostradas a partir de temáticas potencialmente ácidas e a revelação das verdades que a sociedade busca mascarar, como preconceitos, hipocrisia e corrupção. Além disso, a representação de tipos humanos contribui para a construção do cômico-ácido, sendo mulheres, negros (ricos, pobres), jogadores de futebol e homens ricos. Tais estratégias são construídas por meio da linguagem dos quadrinhos, confirmando sua autonomia para contar histórias e produzir sentidos.
  • Item
    Vocabulário bilíngue Português-Libras de algumas doenças infecciosas causadas por protozoários.
    (2025-04-01) Adriano, Siloé Pawe Bispo; Andrade, Otávio Goes de; Durão, Adja Balbino de Amorim Barbieri; Luchi, Marcos
    A área terminológica da Língua Brasileira de Sinais (doravante, Libras) está continuamente em expansão. A necessidade de criação de sinais-termo em várias áreas das especialidades é percebida no trabalho realizado pelos Tradutores e Intérpretes de Libras, incluindo os que atuam na área da saúde. Essa necessidade surge, pois há termos da área técnica em Língua Portuguesa que não existem sinal-termo equivalente em Libras, o que dificulta o trabalho dos intérpretes de Libras, devido à pressão do tempo que geralmente ocorre no ato interpretativo. O objetivo desta pesquisa foi realizar um levantamento de sinais-termo em Libras de algumas doenças infecciosas causadas por protozoários, a saber: Doença de Chagas, Toxoplasmose, Malária, Amebíase, Giardíase, Tricomoníase, Criptosporidiose, Leishmaniose Tegumentar e Leishmaniose Visceral, com o objetivo de propor um vocabulário bilíngue monodirecional, na direção Português-Libras. Foi necessário consultar dicionários de Libras e sites, como o YouTube, para verificar quais dessas doenças possuem e quais não possuem sinais-termo registrado. Foram encontrados sinais-termo para as seguintes doenças: Malária, Amebíase, Tricomoníase e Leishmaniose Visceral. A partir desses dados, foram desenvolvidas reuniões com a comunidade surda para criação e validação dos sinais-termo que não foram encontrados equivalentes em Libras. O resultado foi a criação do vocabulário proposto com uma microestrutura, contendo a definição de cada sinal-termo, classe gramatical, exemplo de uso em contexto, notas informativas, com essas informações tanto em Língua Portuguesa como também em Libras. Ao difundir o vocabulário bilíngue Português-Libras de algumas doenças infecciosas causadas por protozoários, espera-se colaborar com o crescimento da terminologia na área da saúde em Libras e o acesso às informações de saúde sobre cada uma dessas doenças em Libras.
  • Item
    Léxico especializado da linguística contrastiva na direção inglês-espanhol-português: levantamento de sinais-termo em Libras.
    (2025-03-31) Adriano, Isaque Bispo; Andrade, Otávio Goes de; Durão, Adja Balbino de Amorim Barbieri; Luchi, Marcos
    A escassez de obras de referência especializadas acessíveis e a carência de validação e difusão de sinais-termo em Língua Brasileira de Sinais (Libras) para áreas especializadas do conhecimento são desafios persistentes enfrentados pela comunidade surda brasileira no ensino superior. Este estudo teve como objetivo investigar a disponibilidade de sinais-termo em Libras na área da Linguística Contrastiva (LC), analisando obras e ferramentas de consulta, a fim de verificar o grau de acessibilidade desse campo do conhecimento para consulentes da comunidade surda. Para tanto, propôs-se a elaboração de um léxico especializado de LC baseado em corpus, na direção inglês-espanhol-português, seguido pelo levantamento dos sinais-termo tomando-se como referência o par linguístico português-Libras. Fundamentado nos pressupostos da Terminologia, da abordagem da Semântica Lexical, da Linguística de Corpus (LdC) e em um panorama geral da LC, o estudo adotou uma metodologia mista, combinando abordagens quantitativa e qualitativa na análise dos corpora. Após a seleção e adequação dos textos que compuseram os corpora em inglês, espanhol e português, bem como a escolha dos corpora de referência, utilizou-se o software AntConc para a extração automática de termos (EAT). A ferramenta Keyword gerou uma lista de candidatos a termos em cada corpus. As ferramentas KWIC, Cluster, N-Gram, Collocate, Wordcloud, Plot, Word e File View auxiliaram no processo de validação humana e na identificação de termos compostos. A seleção dos termos para composição do léxico foi direcionada pelos quatro critérios da Semântica Lexical propostos por L’Homme (2020). Após a análise e validação humana dos termos em cada corpus, realizou-se a fusão dos dados, resultando em um léxico especializado da LC com 175 verbetes, dispostos em ordem alfabética a partir do inglês, na direção inglês-espanhol-português. Em seguida, buscou-se realizar o levantamento do registro de sinais-termo em Libras para os termos validados em português. A procura foi realizada em dicionários e em buscas no site YouTube. Dos 175 termos, foram localizados potenciais sinais-termo para 36. Esta pesquisa trouxe reflexões sobre o desenvolvimento terminológico da LC na língua portuguesa e evidenciou a necessidade de validar, registrar e difundir sinais-termo em Libras para áreas especializadas do conhecimento. No caso da LC, assim como em outros campos especializados, muitos termos ainda não foram registrados em Libras, destacando a urgência de iniciativas que promovam a acessibilidade linguística para a comunidade surda.
  • Item
    Variação do objeto direto anafórico na fala da Região Centro-Oeste do Brasil : um estudo com dados do Alib
    (2024-04-23) Ferreira, Josué Marques; Kailer, Dircel Aparecida; Pereira, Marília Silva Vieira; Baronas, Joyce Elaine de Almeida
    Embasado na Sociolinguística Variacionista Quantitativa (Labov, 2008; Weinreich; Labov; Herzog, 2006) e na Geolinguística (Cardoso, 2010), este trabalho discute um fenômeno morfossintático relacionado ao uso de pronomes pessoais do caso reto de 3ª pessoa em posição de objeto direto — ocorrência que se manifesta por meio de diferentes variantes, tanto na fala (inclusive a monitorada) quanto na escrita. Trata-se do uso de pronomes pessoais do caso reto de 3ª pessoa em posição de objeto direto. Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar o uso das diversas formas utilizadas no acusativo (objeto direto), e suas formas variáveis, nas capitais da Região Centro-Oeste do Brasil: Cuiabá, Goiânia e Campo Grande. A dissertação tem os seguintes objetivos específicos: a) fazer um levantamento das variantes encontradas nas capitais da Região Centro-Oeste do Brasil; b) verificar as variáveis independentes que contribuem para a utilização de determinada variante; c) investigar a frequência de preenchimento das variantes do objeto direto anafórico. As informações utilizadas nesta investigação fazem parte do banco de dados do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). O corpus constitui-se de recortes da fala de informantes de nível fundamental e superior de escolaridade, estratificados segundo variáveis sociais, sendo: sexo (feminino e masculino) e faixa etária (faixa I: 18 a 30; e faixa II: - 50 a 65 anos).
  • Item
    A constituição do Maracatu de Baque Solto como patrimônio cultural imaterial brasileiro à luz dos estudos discursivos foucaultianos
    (2025-02-28) Souto, Juliana de Barros; Machado, Rosemeri Passos Baltazar; Arias Neto, José Miguel; Cordeiro, Isabel Cristina
    O Maracatu de Baque Solto, também conhecido como Maracatu Rural, é uma manifestação cultural com origem em uma brincadeira nos momentos de descanso durante o corte de cana nos engenhos de açúcar da Zona da Mata Norte de Pernambuco, aproximadamente entre o final do século XIX e o início do século XX. Em 2014, essa expressão foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, após a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE), em conjunto com uma equipe de pesquisadores e integrantes dos grupos de Maracatu, elaborar um Dossiê de candidatura. Esse documento apresentou aspectos históricos, geográficos e sociais que foram avaliados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), resultando no reconhecimento oficial do Maracatu Rural. O objetivo deste estudo é compreender a constituição do Maracatu de Baque Solto como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro a partir da perspectiva teórico-metodológica dos estudos discursivos desenvolvidos pelo filósofo Michel Foucault. Para isso, analisamos o processo utilizando, inicialmente, os conceitos de proveniência e emergência, com o intuito de demonstrar a irrupção do documento que possibilitou o reconhecimento do título. Em seguida, identificamos procedimentos de controle de produção discursiva no corpus de pesquisa – o Dossiê do Maracatu de Baque Solto –, especialmente no bloco “Registro e Salvaguarda”, para evidenciar a teia de relações de poder que permearam esse processo. As análises confirmam a tese foucaultiana de que os discursos estão inseridos em uma ordem, sendo selecionados, organizados e controlados, e que, por meio deles, os poderes se exercem, configurando um jogo de relações entre os sujeitos. Por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental de caráter qualitativo, este trabalho contribui para a compreensão da história como um campo de forças no qual saberes e poderes influenciam e moldam a trajetória das práticas sociais e dos processos de subjetivação dos sujeitos.
  • Item
    Levantamento de teses e dissertações com foco na análise e na descrição do espanhol como língua estrangeira/adicional (2013-2022)
    (2023-10-09) Quessada, Caroline Nunes Candido da Silva; Andrade, Otávio Goes de; Durão, Adja Balbino de Amorim Barbieri; Silveira, Marcelo
    Ainda são poucos os repertórios bibliográficos sobre os estudos realizados na área da Linguística Contrastiva (LC), centrados especificamente na descrição e na análise do espanhol como língua estrangeira/adicional de aprendizes brasileiros. Essa escassez justifica e impulsiona a realização desta investigação de mestrado, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina, a qual tem por objetivo central fazer um levantamento de estudos da Linguística Contrastiva no Brasil no que se refere as teses e as dissertações defendidas junto aos programas de Pós-Graduação stricto sensu que envolvem a descrição e a análise da língua espanhola, com foco no ensino e na aprendizagem de estudantes brasileiros. A fonte de dados desta pesquisa é o Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no período que abrange os anos 2013 a 2022, a partir de vinte termos combinados e filtros de refinamento para seleção dos trabalhos. Ao total, foram encontradas no referido site, 15 produções (11 dissertações de mestrado e 4 teses de doutorado) advindas de instituições de ensino superior difundidas pelas cincos regiões do país. A análise dos estudos coletados deu-se a partir dos objetivos específicos: 1) classificar as pesquisas segundo os modelos de análise da LC; 2) indicar a fonte de dados das pesquisas; 3) apresentar os objetivos centrais das pesquisas; 4) destacar as áreas em que há menos estudos contrastivos; 5) identificar as instituições de Pós-Graduação (stricto sensu) e as regiões do país onde se desenvolveram as pesquisas. Como resultados de nossa investigação, constatou-se que a produção da área da LC com vistas à descrição e à análise de interlíngua de aprendizes brasileiros de espanhol encontra-se em desenvolvimento, com muitas lacunas a serem preenchidas. Espera-se que esta investigação bibliográfica, de cunho qualitativo e quantitativo, não sirva apenas de objeto de reflexão e discussão, mas que esse olhar retrospectivo propicie também subsídios para a produção de pesquisas para aqueles que queiram dar continuidade aos estudos contrastivistas, possibilitando uma prospecção de campo ainda pouco explorado pelos estudiosos de LC, com vistas à descrição e à análise linguística do espanhol como língua estrangeira/adicional.
  • Item
    Constituições brasileiras: uma análise semântico-lexical
    (2023-02-27) Conceição, Alana de Andrade da; Altino, Fabiane Cristina; Tacla, Silvia Regina; Silveira, Marcelo
    Essa dissertação analisa o léxico presente nas constituições brasileiras escritas no decorrer da história do país, enquanto democracia, tendo como ponto de partida o estudo das relações produzidas entre os estudos da linguagem e o discurso jurídico, através da história da língua escrita utilizada no Brasil em cada período da história constitucional brasileira. Esta pesquisa vincula-se ao Projeto “Para a História do Português Brasileiro” (PHPB), projeto este que estuda a história do Português no Brasil, a partir de manuscritos transcritos e demais documentos que possam contar a história linguística do português falado e escrito no território nacional. Investigamos os efeitos de sentido possíveis pelo viés da semântica lexical e da história sociopolítica das escolhas lexicais de cada legislador em cada período constitucional das constituições brasileiras desde o império até a constituição cidadã de 1988. Para tanto, revisitamos as contribuições teóricas da História do Português (FARACO, 2019), da Linguística Histórica (FARACO, 2006) e das propostas metodológicas da Linguística de Corpus (SARDINHA, 2004). Foram examinados os dados dos corpora constitucionais por meio das escolhas lexicais dos legisladores pela perspectiva diacrônica. Sendo assim, pretende-se contribuir para a ampliação do conhecimento da história da língua utilizada no Brasil com o corpus jurídico das constituições. A pesquisa identificou, ao final, por meio das análises, que as escolhas lexicais dos legisladores sofreram influência da situação política de cada época e refletem os aspectos da história sociopolítica da nação. Como resultado, verificamos uma relação muito produtiva entre os estudos da História do Português, da Linguística Histórica e a abordagem do texto jurídico constitucional.
  • Item
    A morfossintaxe da negação na língua Kaingang : uma análise preliminar
    (2024-02-27) Zilli, Leticia Gabriele; Silveira, Marcelo; Domingues, Gislaine; Miranda, Maxwell Gomes
    A presente dissertação funda-se a partir de teóricos do Funcionalismo, Payne (1985, 1997) e Givón (1979, 2001), com base em seus estudos sobre a negação. Partindo disso, o trabalho visa estudar as formas de negação da língua Kaingang, com o objetivo geral de descrever os processos morfossintáticos envolvidos na formação de construções negativas na língua Kaingang, demonstrando uma compreensão sobre como a negação é expressa nessa língua indígena brasileira, o que permitirá contribuir, por meio da descrição linguística, com a elaboração de uma Gramática Pedagógica da língua. Essa gramática é muito relevante, pois a comunidade Kaingang da Terra Indígena Apucaraninha, localizada próximo a Tamarana-PR carece de materiais pedagógicos para o ensino da língua materna, portanto a elaboração de uma gramática da língua, se faz necessária. Diante disso, foram escolhidos exemplos de negação da obra Brilhos na Floresta, de Noêmia Ishikawa, de gravações feitas na Terra Indígena Apucaraninha, dos registros em glossários e exemplos de orações feitos quando dos primeiros contatos dos não indígenas com os Kaingang, bem como de alguns versículos da Bíblia. Os resultados mostram que a língua Kaingang possui várias partículas negativas, como tu, tum, tug, vó, nejé, ker, jãtu, pijé, cada qual com uma particularidade, sendo a palavra tu considerada padrão em orações declarativas.
  • Item
    Formação continuada de professores em ensino de inglês para fins específicos no âmbito do programa Paraná Fala Inglês – UEL : uma trajetória autoetnográfica
    (2024-03-18) Belo, Areta Estefane; Gimenez, Telma Nunes; Gamero, Raquel; Ortenzi, Denise Ismênia Bossa Grassano
    Nesse estudo, apresento a minha trajetória de professora de Inglês para Fins Específicos (IFE) no Programa Paraná Fala Inglês (PFI) e como discente do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, ambos situados na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Baseado no conceito de comunidades de prática (WENGER, 1998), que propicia o entendimento de como a formação de professores pode ocorrer em um contexto sociocultural a partir de diferentes níveis de participação, busquei analisar e interpretar os episódios formativos e os posicionamentos identitários que fui assumindo ao longo da minha prática docente, entre 2021 e 2023. Além disso, abordo sobre o meu papel de mestranda, que influenciou a minha práxis, entre os anos de 2022 e 2023. Ancorei-me na autoetnografia, tida como a metodologia dessa pesquisa, a fim de relatar as minhas percepções a respeito das interações com os membros da comunidade de prática do PFI do estudo, que são três coordenadoras institucionais, duas coordenadoras pedagógicas, quatro professores e três secretários. A geração de dados foi composta pelo registro de notas de campo e diários reflexivos que revelam aspectos de como esse processo ocorreu. Apresento nesta pesquisa eventos formativos (COSTA, 2018), que foram analisados sob as lentes do referencial sobre comunidades de prática (WENGER,1998). Desta forma, destaco os papéis que exerci no percurso de transformação identitária, como professora e como pesquisadora e que demonstram que a minha trajetória foi marcada pela busca por aprimoramento nessas áreas que me levou de membra novata a experiente. Ademais, as reflexões tecidas sobre a minha trajetória apontam para a negociação constante entre mim e a comunidade de prática do PFI, marcada por posicionamentos coerentes com meus valores pessoais e profissionais e pelo orgulho profissional atrelado ao exercício da docência.
  • Item
    Proposta lexicográfica para um vocabulário do açaí em Libras
    (2024-04-09) Balieiro, Fabrício Martins; Andrade, Otávio Goes de; Durão, Adja Balbino de Amorim Barbieri; Silveira, Marcelo
    Esta pesquisa tem como objetivo verificar as variantes dos sinais que correspondem a: açaí, açaizal, açaí azedo, açaí branco, açaí fino, açaí grosso, apanhar açaí, batedeira de açaí, churamba, debulhar açaí, peconheiro, roer açaí, servir açaí. Para tanto, traçamos um panorama histórico da Libras e tecemos uma discussão sobre a construção de metodologias para a inclusão dos surdos no âmbito educacional, também discorremos sobre as características do açaí como alimento e como recurso econômico. O Arcabouço teórico está ancorado na Sociolínguistica e na Metalexicografia. A metodologia é composta por pesquisa bibliográfica, documental e de campo. A abordagem da pesquisa é qualitativa e o instrumento de coleta de dados foi um questionário, aplicado via Google Forms, para Professores de Libras, Tradutores Intérpretes de Libras e Comunidade surda em geral, residentes no Arquipélago do Marajó. Como resultado do cotejo da literatura pesquisada com a análise dos dados coletados, apresentamos uma proposta lexicográfica de sinais para a constituição de um vocabulário do açaí marajoara em Libras.
  • Item
    Variação linguística como marca identitária na universidade
    (2024-02-07) Silva, Ana Paula; Kailer, Dircel Aparecida; Botassini, Jacqueline Ortelan Maia; Ferreira, Cláudia Cristina
    Esta pesquisa tem como propósito central investigar a presença de variação linguística na fala culta de estudantes, oriundos de regiões distintas, dos cursos de Letras, Direito e Pedagogia na Universidade Estadual de Londrina (UEL), utilizando os princípios teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008; 2010). O estudo possui o objetivo geral de descrever as variantes morfofonológicas desses alunos, buscando entender se enfrentaram situações de constrangimento, estigma ou preconceito linguístico, além de avaliar as variantes predominantes e analisar a constituição da identidade linguística desses informantes no ambiente universitário. As hipóteses levantadas sugerem que estudantes de diferentes localidades e anos de curso podem apresentar variações linguísticas distintas, e as variantes cultas devem prevalecer na fala dos universitários, independentemente do curso ou ano. Em se tratando do construto teórico, este estudo se embasa em autores como Brandão e Oliveira (1996), Orlandi (1995; 1996; 2002), Hall (1997), Eckert (2000; 2012), Woodward (2000), Bagno (2005), Guy (2001), Labov (2008), Weinreich, Labov e Herzog (2008), Faraco (2008), Freitag e Lima (2010), entre outros. Para atingir os objetivos estabelecidos, foi empregado um roteiro de entrevista, baseado em modelos anteriores de Pinto e Fraga (2011), Botassini (2013) e Oushiro (2015), aplicado a 12 alunos estratificados em sexo, idade, curso e ano de graduação. Quatro variantes linguísticas foram analisadas quantitativamente: palatalização de /t/ e /d/, variantes róticas, /s/ como marca de plural e apagamento de /d/ no gerúndio. Em adição à análise quantitativa, analisou-se também, num segundo momento, qualitativamente as respostas obtidas nas entrevistas com os 12 participantes. Os resultados revelaram que os estudantes tendem a se aproximar das variantes que consideram de prestígio de outros sujeitos do mesmo grupo, como a realização do /s/ como marca de plural de forma categórica pelos estudantes do curso de Letras, mesmo em trechos mais espontâneos da fala. Ademais, notou-se que a norma culta predominou na fala de todos os participantes. Em suma, este estudo contribui para a compreensão da variação linguística na fala de estudantes universitários, destacando a importância da identidade linguística e das práticas discursivas no contexto acadêmico.
  • Item
    Joana e a construção do humor nas tiras da série “Bichinhos de Jardim” : as relações com a tecnologia
    (2023-12-14) Cominato, Alisson Rodrigo Bertan; Borges, Maria Isabel; Oliveira, Lolyane Cristina Guerreiro de; Santos, Roberto Elísio dos
    Busca-se, neste trabalho, compreender como se dá a construção do humor a partir do olhar da personagem Joana, nas tiras cômicas da série “Bichinhos de Jardim”. Criação de Clara Gomes, a joaninha ganhou visibilidade nos últimos anos devido à sua perspectiva pragmática e irônica em relação a temáticas da atualidade. Frequentemente seu posicionamento crítico é o responsável pelo desfecho cômico nas tiras. Para tanto, um levantamento de 184 tiras cômicas, disponibilizadas no blogue bichinhosdejardim.com, entre os anos de 2009 e 2021, foi feito considerando o protagonismo de Joana e a temática da tecnologia. Com isso, é investigada a concepção de humor da joaninha sob a perspectiva de teóricos da área (Alberti, 1999; Bergson, 2018; Propp, 1992; Minois, 2003; Ramos, 2011; Santos, 2014, 2017), em conjunto com estudos acerca da linguagem dos quadrinhos (Acevedo, 1990; Cagnin, 2014; Ramos, 2007, 2011, 2012, 2017). Conclui-se, pois, que Gomes utiliza tanto o texto quanto a expressividade visual para gerar efeitos cômicos. Temáticas como relações online, influência da internet na sociedade e saúde mental são abordadas de forma ácida, expondo criticamente os comportamentos induzidos pelas redes sociais e a interação humana com a tecnologia, valendo-se do exagero e do absurdo como ferramentas proeminentes. O humor de Joana, embora se dê por um viés que a coloque em um lugar de maturidade maior que o dos humanos, também a permite se equiparar a eles, tornando as tiras mais relacionáveis. A presença do notebook e demais ferramentas tecnológicas expõem a interferência da tecnologia e a suscetibilidade do homem.
  • Item
    A gramática de valências e a língua Kaingang: um contraste com a língua portuguesa
    (2023-02-15) Souza, Carolina Maciel de; Silveira, Marcelo; Garcia, Maria José Guerra de Figueiredo; Miranda, Maxwell Gomes
    Esta dissertação tem como objetivo auxiliar na elaboração de uma gramática pedagógica do Kaingang, com bases conceituais advindas da teoria da Gramática de Valências. O termo valência foi inicialmente adotado pelo linguista francês Lucien Tesnière, cujo conceito influenciou o desenvolvimento de modelos de gramática de dependência na Europa e na Rússia. Este estudo é embasado na Gramática de Valências e contribui para a descrição da estrutura da Língua Kaingang, utilizando-se do contraste com a Língua Portuguesa. Assim sendo, descrevemos a estrutura da língua Kaingang à luz da Gramática de Valências e suas relações de dependência, contrastando com a Língua Portuguesa, para contribuir com a elaboração de uma gramática pedagógica da Língua Kaingang.
  • Item
    Sequência didática do gênero textual poema: diálogos com multimodalidade e educação linguística em língua inglesa com crianças
    (2023-03-28) Rao, Isabela Andrelo; Tonelli, Juliana Reichert Assunção; Ferreira, Claudia Cristina; Liberali, Fernanda Coelho
    Ancorado à corrente teórico-metodológica do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999; SCHNEUWLY, 2011), e à perspectiva da educação linguística em língua inglesa com crianças (KAWACHI-FURLAN; MALTA, 2020; KAWACHI-FURLAN; TONELLI, 2021), o presente trabalho apresenta uma proposta de ensino do gênero poema (RAO; TONELLI, 2022), a partir da pilotagem de uma sequência didática (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2011) com crianças de 8 a 12 anos no centro de idiomas de uma instituição pública, durante o período de ensino remoto emergencial. Alinhados ao ensino por uma abordagem multimodal (BEZEMER et al., 2012; KRESS, 2010) e voltada à construção e de expansão de repertórios comunicativos (BUSCH, 2012, 2015, 2017; HALL; CHENG; CARLSON, 2006), objetivamos i) descrever as capacidades de linguagem mobilizadas por meio do trabalho com o dispositivo sequência didática do gênero poema para o acesso e a expansão de repertórios comunicativos; e ii) identificar as manifestações de engajamento dos alunos em seu processo de apropriação do gênero, no intuito de propor adaptações no dispositivo. Analisamos quatorze atividades realizadas pelos alunos a partir da pilotagem da sequência didática, mediante a categorização dos cinco grupos de capacidades de linguagem (DOLZ; PASQUIER; BRONCKART, 1993; CRISTOVÃO; STUTZ, 2011; DOLZ, 2015; LENHARO; 2016) e das manifestações de engajamento de natureza i) visual, ii) sonora, iii) gestual, iv) espacial, e v) linguística (BEZEMER et al., 2012). Em relação ao primeiro objetivo apresentado, os resultados das análises nos permitiram sintetizar subgrupos de repertórios comunicativos (HALL; CHENG; CARLSON, 2006), sendo elas referentes aos repertórios cultural, escolar, linguístico, psicológico, familiar, tecnológico, artístico e social. As análises também demonstraram que, a partir do contato com o gênero de forma mediada pelo instrumento de ensino, ocorreu a mobilização das capacidades de linguagem atreladas à emergência de vivências anteriores (BUSCH, 2012) que, ainda que não sempre relacionadas a experiências com a língua inglesa, constituíram-se como experiências significativas (BUSCH, 2017) que foram acessadas em momentos de ensino-aprendizagem. Quanto ao segundo objetivo de pesquisa, as manifestações de engajamento identificadas nos permitiram arguir sobre a crucialidade do papel da L1 no trabalho com crianças em um contexto de ensino de língua adicional, além de apontar que o dispositivo sequência didática apresenta um caráter flexível para um trabalho com crianças em ambiente digital, e possibilidades para exploração de recursos modais menos frequentemente abordados, como os gestuais, espaciais e sonoros, que, sem ignorar as potencialidades e complexidades do gênero lírico, contribuíram para que aspectos de fruição, como a apreciação estética e performática, fossem incorporados, apesar das limitações do contexto.
  • Item
    Os estudos sobre as masculinidades em O Muro de Pedras, de Elisa Lispector
    (2023-03-31) Loução, Giordana Di Paula Ferro; Simon, Luiz Carlos Santos; Costa, Rafael Magno de Paula; Dias, Ellen Mariany da Silva
    Os estudos sobre as masculinidades, antes provenientes das áreas de Antropologia e Psicanálise, dentre outras, vêm surgindo na área da Literatura. Podemos perceber um interesse entre estudiosos como Simon, Canassa, Miskolci e J. Travis, mas as pesquisas das masculinidades em Literatura ainda vêm sendo construídas, ao passo que os estudos voltados a personagens femininos são em números consideravelmente maiores, e tais estudos se ampliam de forma gradativa. As masculinidades na literatura fluem ao ponto de possibilitar novos estudos em obras canônicas e não canônicas. No caso, a presente pesquisa tem a intenção de analisar os personagens masculinos contidos no romance O Muro de Pedras (1963) de Elisa Lispector sob os aspectos comportamentais, suas quali-dades - descritas pelo narrador e pela percepção da protagonista - e suas ações mediante o relacionamento com Marta ao longo do enredo. Para esse feito recorremos às historio-grafias literárias de Bosi, Moisés, Stegagno-Picchio, Massaud Moisés, Werneck Sodré e estudos sobre as masculinidades de outras áreas do conhecimento, como os de Connell, Messerschmidt, Trevisan e Muszkat, JJ Bola, Lerner, além dos pesquisadores da área literária Simon e Canassa.
  • Item
    Entre “Isso é utópico!” e “There are no owners”: modos de agir e interagir de professores em formação sobre Inglês como Língua Franca em um experimento didático formativo
    (2024-03-28) Elias, Ana Beatriz Beraldo; El Kadri, Michele Salles; Ferreira, Claudia Cristina; Rosado, Leonardo Coelho Corrêa; Molinari, Andressa Cristina
    O conceito de Inglês como Língua Franca (ILF) tem sido amplamente debatido na comunidade acadêmica, devido à sua complexidade de definição, implicações para o uso e ensino aprendizagem da língua e também em vista de sua inclusão na versão mais recente da Base Comum Nacional Comum Curricular (BNCC). Diante disso, pesquisas apontam para a necessidade de refletir sobre a perspectiva de ILF na formação inicial de professores (Diniz de Figueiredo; Siqueira, 2021; Gimenez, 2015; Duboc; 2019; El Kadri, 2010a, 2010b, 2013), a fim de preparar futuros profissionais para lidar com questões pertinentes ao ILF na carreira docente. Assim, como objetivo geral, almejamos compreender os posicionamentos e atitudes de dois professores em formação inicial participantes do programa Residência Pedagógica em relação à perspectiva de Inglês como Língua Franca durante suas trajetórias em um experimento didático formativo. Além disso, como objetivos específicos, analisamos os modos de agir e interagir desses professores no processo de construção e negociação de significados sobre ILF. Esta pesquisa é qualitativainterpretativista, se baseia na abordagem sócio-histórica e está fundamentada nas pesquisas de André (2013), Bortoni-Ricardo (2008), Cohen; Manion; Morrison (2007), Denzin (2018), Fairclough (2003), Freitas (2002) e Gil (2002). Os dados foram coletados por meio de seis encontros síncronos conduzidos por três formadoras via Google Meet e as atividades produzidas no Google Classroom por esses dois alunos. Com isso, almejamos responder a seguinte pergunta de pesquisa: quais são os posicionamentos e atitudes de dois alunos do 4º ano de Letras Inglês e participantes do programa Residência Pedagógica em relação ao conceito de ILF ao longo de um experimento didático formativo? Os dados selecionados para compor o corpus desta pesquisa foram analisados considerando o caráter gradual do fenômeno de aprendizagem e a natureza colaborativa do processo de construção de sentidos e os modos de agir e interagir (Fairclough, 2003; El Kadri, 2014). Como limitação deste estudo podemos citar o contexto remoto em que se deu o experimento, devido à pandemia de Covid-19. Os resultados apontam para a oscilação entre posicionamentos e atitudes favoráveis ou não ao ILF, marcados pelos modos de agir e interagir mais frequentes: compartilhar experiências pessoais (Calvo; El Kadri; Gimenez, 2020), expressar opiniões (El Kadri, 2014), avaliar o tópico discutido (Calvo; El Kadri; Gimenez, 2020), demonstrar abertura para aprender (Calvo; El Kadri; Gimenez, 2020) e, contraditoriamente, demonstrar pouca abertura para aprender.
  • Item
    “Mulher é bicho esquisito, todo mês sangra”: discurso e controle dos corpos
    (2023-11-26) Serpeloni, Manuela da Silva; Machado, Rosemeri Passos Baltazar; Guerreiro, Lolyane Cristina; Witzel, Denise Gabriel
    Esta pesquisa situa-se na área de Análise de Discurso de linha francesa, campo teórico que lida com a fluidez e o movimento dos sentidos, a partir da articulação entre o discurso e suas condições de produção. Por meio de tal dispositivo, pretendemos explorar a temática do corpo da mulher cis submetido aos tabus e crenças acerca da menstruação, devido aos mecanismos biopolíticos de controle dos corpos, assim, intentamos, para além do aspecto biológico, analisar os desdobramentos da menstruação por um viés social, refletindo atravessamentos e modos de existência outros. O corpus deste trabalho pertence ao campo publicitário, mais especificamente ao discurso propagandístico, esfera extremamente orientada para o sujeito interlocutor e de grande abrangência social, refletindo atravessamentos ideológicos recorrentes. A análise se dará por meio de propagandas de produtos de higiene menstrual de diferentes marcas e em diferentes recortes temporais, tendo como conceitos-chave a noção de corpo, política e modos de vida (perspectiva foucaultiana). Assim, buscamos analisar as mudanças ao longo do tempo na relação entre a tríade sociedade, mulher e corpo, sob o ponto de vista da ruptura, ou seja, da história sob perspectiva. Nesse sentido, destacamos a ascensão do discurso de empoderamento do corpo e de novos produtos no mercado, que têm possibilitado ao sujeito uma maior conscientização sobre si, entretanto, ainda atrelados a uma lógica capitalista que pode se mascarar em forma de discursos distintos.
  • Item
    Gírias do sistema prisional paranaense: a linguagem dos presídios ultrapassando seus muros
    (2014-07-16) Silva, William Fernandes Rabelo da; Altino, Fabiane Cristina; Busse, Sanimar; Aguilera, Vanderci de Andrade
    A linguagem não é apenas produto cognitivo, de caráter estritamente subjetivo, uma vez que é instrumento de ação e mudança no mundo exterior, recebendo deste os principais estímulos para sua efetivação, podendo, pois, ser compreendida como atividade absolutamente social. O vocabulário gírio, diante da dinâmica social e estrutural da língua, pode representar a máxima da relação indivíduo e corpo coletivo, pois é conhecida como linguagem hermética de grupos específicos, os quais a utilizam como construto simbólico do pertencimento e identidade, e também como instrumento de exclusão e segregação. Seguindo esse raciocínio, procuramos demonstrar, entre outros, que as gírias, advindas do Sistema Prisional Paranaense, não têm espaço de circulação delimitado. Nossa hipótese é que a gíria, enquanto língua falada, é dotada de contínuo movimento que não compreende espaços físicos, mas sociais, culturais, étnicos e políticos, de modo a servir de variante social a inúmeros grupos, acompanhando indivíduos e passando a constituir não somente suas personalidades, mas como estes sujeitos observam e descrevem seus mundos. Logo, se as variantes linguísticas, em eterno devir, tornam-se independentes dos estímulos e lugares de sua criação, emancipando-se, podemos observar esta ação de adoção de linguagem criptológica por meio da análise e descrição do comportamento linguístico em diferentes comunidades, comparandoas, i. é, de vocábulos gírios utilizados seja por detentos seja por moradores, necessitando, pois, do cruzamento de fatores sociais que comprovem este fenômeno. Para tanto, conciliamos as orientações teórico-metodológicas da sociolinguística de Labov (2008) com as práticas e fundamentos geolinguísticos de Cardoso (2010; 2012) resultando em procedimentos e instrumentos que nos permitiram a produção das células dos informantes, a coleta de dados significativos e a análise das variantes sociais com bases estatísticas; ademais, as considerações sobre vocábulos gírios são derivadas dos trabalhos de Cabello (1991; 2002) e Preti (1997; 2007). Entre os objetivos da dissertação, destacamos: (i) descrever o uso ou reconhecimento de vocábulos gírios dos presídios pela comunidade selecionada; (ii) verificar principais recorrências destes vocábulos restritos em relação direta com fatores sociais específicos; (iii) identificar o perfil social de quem faça uso das gírias. Por fim, as conclusões destacam: o resultado do perfil do informante que reconhece/utiliza as gírias; a obtenção das recorrências conforme cada fator extralinguístico e por campo semântico; a extensa possibilidade de análise futura de ocorrências em outras comunidades e a contribuição aos estudos da gíria e à Sociolinguística.
  • Item
    As provas de espanhol dos vestibulares da UEL, da UEM e da UFPR: capacidades de linguagem e outros conhecimentos exigidos.
    (2007-01-29) Sánchez, Natalia Labella; Cristovão, Vera Lúcia Lopes; Durão, Adja de Amorim Barbieri; Daher, Maria del Carmen Fátima González
    Desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para ensino fundamental e médio, a maioria dos vestibulares brasileiros de instituições públicas de ensino superior passou a avaliar os conhecimentos de Língua Estrangeira (LE) – incluindo o espanhol – por meio da leitura. Embora o ensino deste idioma ainda não faça parte da grade curricular da grande maioria das escolas do Paraná, é comum os programas dos vestibulares informarem que avaliarão os conhecimentos em LE de acordo com os conhecimentos proporcionados pelo ensino médio. De certa forma, isso pressupõe que o perfil das provas de espanhol indica os conhecimentos que as instituições preconizam como adequados a esse nível de ensino. Além disso, o vestibular é um processo seletivo que marca a passagem do estudante do ensino médio para o ensino superior e afere os conhecimentos que as instituições entendem como fundamentais para serem utilizados em seus cursos de graduação. Considerando esses aspectos, o principal objetivo desta pesquisa foi analisar as provas de espanhol dos vestibulares paranaenses mais procurados pelos alunos de Londrina (UEL, UEM e UFPR), verificando que tipo de leitura e quais conhecimentos foram priorizados por estas instituições entre os anos de 2003 e 2006. Para isso, com base nos pressupostos teóricos do interacionismo sócio-discursivo (BRONCKART, 2003; 2006), utilizaram-se as definições de capacidades de linguagem (DOLZ; PASQUIER; BRONCKART, 1993; DOLZ; SCHNEUWLY, 1998; 2004), visto que as três ordens dessas capacidades – capacidade de ação, discursiva e lingüístico-discursiva – viabilizaram um olhar detalhado sobre os tipos de conhecimentos que deveriam ser mobilizados para responder às questões. Sob essa lente, a análise das provas forneceu uma ampla base de dados, permitindo verificar – qualitativa e quantitativamente – (1) quais capacidades de linguagem foram privilegiadas; (2) quais foram os outros conhecimentos também exigidos; (3) se houve uma relação entre os gêneros presentes na prova e a elaboração de questões que exigiram mais capacidades; e (4) se houve coerência entre o texto do programa e o que, de fato, as instituições avaliaram. Essas informações revelaram quais conhecimentos cada instituição privilegiou e de que forma isso foi avaliado por meio da leitura