Alternância do [b] e [v] nas capitais nordestinas a partir dos dados do projeto ALiB
Data
2025-02-27
Autores
Souza, Gabriel Correia de
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Resumo
A alternância entre [b] e [v] é um fenômeno linguístico com raízes no latim vulgar que se manifesta nas línguas românicas, incluindo o português brasileiro. Sua persistência e variação regional o tornam relevante para os estudos de Dialetologia e Geolinguística, contribuindo para a compreensão das identidades linguísticas no Brasil. Apesar disso, há uma lacuna nos estudos geolinguísticos sobre suas manifestações no português brasileiro, especialmente nas variantes regionais. Pesquisas como as de Alves (2017) sobre hispanófonos em Brasília, Araújo (2021) acerca de mudanças fonológicas ligadas a essa alternância, e os trabalhos de Reis Altino (2019) e Reis Kailer (2019) nas regiões Centro-Oeste e Sul fornecem o embasamento teórico para esta investigação. Neste contexto, a dissertação analisa a alternância de [b] e [v] nas capitais do Nordeste brasileiro, buscando compreender suas manifestações fonológicas e as variações entre os falantes da região. A pesquisa utilizou dados do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), abrangendo 401 respostas de 72 informantes nas nove capitais nordestinas, extraídas das questões 008 (travesseiro), 018 (varrer) e 149 (assobio) do Questionário Fonético-Fonológico, e 049 (vagem), 108 (sovaco), 109 (sovaqueira) e 170 (vaso-sanitário) do Questionário Semântico-Lexical. A metodologia, fundamentada na dialetologia, combinou análises qualitativas e quantitativas, com catalogação dos dados em tabelas e elaboração de mapas linguísticos para visualização das variações dialetais. Os resultados revelam que o fenômeno, longe de estar em declínio, mantém-se ativo como um traço histórico e pancrônico. Em “vaso”, a prevalência quase total de [v] indica baixa alternância com [b], enquanto em “varrer” as ocorrências de [b] são raras, sugerindo influências socioculturais ou contextuais. Já em “assobiar” e “assobio”, observa-se um equilíbrio entre [b] e [v], inclusive em nível idioletal, sem hierarquia clara de prestígio, apontando para uma variação estável e flexível. O estudo também destaca a relevância de “vagem”, cujo equilíbrio entre [b] e [v] demanda maior investigação, e de “vaso”, cuja estabilidade em [v] sugere sua utilidade para confirmar padrões fonológicos. Essas observações contribuem para os próximos volumes do ALiB, orientando a decisão sobre a cartografia de formas específicas. Assim, a pesquisa evidencia a complexidade do fenômeno no Nordeste, reforçando sua natureza pancrônica e indicando que a alternância entre [b] e [v] reflete tanto uma herança linguística quanto a manutenção de formas concorrentes, influenciadas por fatores socioculturais e pragmáticos. Os achados abrem caminho para estudos futuros a fim de aprofundar o entendimento das dinâmicas dialetológicas e fonológicas do português brasileiro
Descrição
Palavras-chave
dialetologia, fonologia, português brasileiro, ALiB, Estudos da linguagem, Línguas românicas, Língua portuguesa, Brasil, Brazil