01 - Doutorado - Letras
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Navegando 01 - Doutorado - Letras por Autor "Alves, Regina Célia dos Santos"
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Item As paisagens e as “cousas das partes do oriente” em Machado de Assis(2022-05-04) Santos, Cíntia Machado; Alves, Regina Célia dos Santos; Santos, Adilson dos; Wolff, Ana Cristina Fernandes Pereira; Simon, Luíz Carlos Santos; Mello, Maria Elizabeth Chaves deEste trabalho tem por objeto investigar a presença do Oriente na prosa de ficção de Machado de Assis, um problema "ainda virgem na crítica deste autor", para tomar de empréstimo as palavras de Jean-Michel Massa (2000, p. 30). O Oriente machadiano figura em suas crônicas e contos como expediente para dissertar sobre a realidade brasileira, em consonância com a tese defendida pelo escritor no ensaio “Instinto de Nacionalidade” (1873), de que seja possível ao escritor tratar das coisas do seu país e época, ainda quando fale “de assuntos remotos no tempo e no espaço” (CL, 1962, p. 135). Em oposição ao modelo hegemônico que interpreta a paisagem como uma substância (ousia) que é pura exterioridade, a paisagem machadiana segue uma “lógica predicativa”, atrelada às ideias de representação e de uma relação suplementar entre o sujeito e o mundo, operando de forma a ressaltar semelhanças entre realidades opostas e revelar conexões entre elementos dicotômicos. Portanto, como contraponto da figuração idealizada da paisagem e do brasileiro "típicos”, tidos como ícones da representação nacional e de uma literatura genuinamente brasileira, esta “paisagem do Oriente” na ficção do autor vigorará como mecanismo para a contestação do exotismo romântico, do detalhismo e cientificismo naturalistas e das teses do racismo científico. Nestes termos, estruturado em três capítulos, este trabalho volta-se primeiramente para o percurso histórico que leva à instituição da paisagem e do indígena como símbolos brasileiros, recuperando, ainda, a fortuna crítica sobre a paisagem machadiana. O segundo capítulo intenta delinear, a partir da crítica literária e da ficção do escritor, a concepção de machadiana de paisagem e sua censura às estéticas hegemônicas de sua época, particularmente o exotismo tematizado no retrato oriental dos contos “Luís Soares” e “A chinela turca”. Por fim, o terceiro capítulo parte da ideia de uma geografia imaginativa, de Edward Said, para fundamentar o percurso de classificação do brasileiro entre os povos “exóticos” e a atribuição de sentido primitivo e selvagem à paisagem tropical brasileira no discurso europeu, tal qual o desenho do Oriente associado ao orientalismo, elencando os problemas associados a este paradigma sob a ótica machadiana a partir da leitura de suas crônicas e contos, apresentando os artifícios da “paisagem oriental” de Machado de Assis como dispositivo retórico para discorrer sobre as questões brasileiras e promover a literatura do país: a representação de paisagens quiméricas, do flâneur, o intertexto, entre outros recursos que, somados a alusões à geografia e outras “cousas” orientais corroboram a construção deste Oriente, estranhamente “brasileiro”, na obra do escritor.Item (Con)figurações femininas nos desvãos da ordem patriarcalLima, Marcos Hidemi de; Nascimento, Gizêlda Melo do [Orientador]; Rapucci, Cleide Antonia; Kamita, Rosana Cássia; Alves, Regina Célia dos Santos; Joanilho, André Luiz; Batista, Raimunda de Brito; Fernandes, Frederico Augusto GarciaResumo: Essa tese utiliza duas linhas teóricas de compreensão dos mecanismos de funcionamento da sociedade brasileira, com seus reflexos na literatura, empregadas por Roberto Reis e Roberto Schwarz Do primeiro, as metáforas núcleo e nebulosa, presentes em A permanência do círculo (1987) como definições específicas para os ocupantes do poder e os despossuídos em geral, na pesquisa que o autor empreende a respeito da presença da hierarquia na esfera social que possui homologia com as personagens literárias Do último, a lógica do favor, estudada sobretudo em Ao vencedor as batatas (1977) enquanto característica cultural e identitária que, ao mesmo tempo em que apazigua e oculta os conflitos entre as classes, fortemente molda as relações sociais entre os integrantes dos segmentos financeiramente privilegiados e os dos segmentos integrados pelos desvalidos Estes se singularizam pelo anseio de ascensão socioeconômica, mediante atitudes subservientes para aproximarem-se do primeiro grupo, a fim de fugirem ao estigma da pobreza Com o objetivo de verificar a manifestação das lógicas acima expostas e a permanência ou não da ordem patriarcal, a pesquisa utiliza como porto de partida Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis, aqui servindo como referencial comparativo para as demais obras, para empreender a análise dos romances Clara dos Anjos (1948 – publicação póstuma), de Lima Barreto, S Bernardo (1934), de Graciliano Ramos, Crônica da casa assassinada (1959), de Lúcio Cardoso, e Ópera dos mortos (1967), de Autran Dourado Nos enredos dessas obras, centrados nas três primeiras décadas do século XX (a exceção fica por conta do romance oitocentista de Machado), os relacionamentos afetivos entre suas figuras masculinas e femininas continuam sendo assinalados por um confronto em que as últimas, independentemente de sua posição social, permanecem numa situação de desvantagem em relação às primeiras, comprovando que as transgressões femininas apenas promovem rachaduras na constituição dos valores patriarcaisItem Crônica, ensino e masculinidades : articulações possíveisArruda, Renata Beloni de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Bianchini, Luciane Guimarães Batistella; Sant'Anna, Jaime dos Reis; Godoy, Maria Carolina de; Alves, Regina Célia dos SantosResumo: O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre as articulações possíveis do ensino de literatura, por intermédio de textos de crônica, com as questões de gênero, mais especificamente sobre as masculinidades Para isso, elegemos como foco de análise materiais didáticos dedicados ao primeiro ano do Ensino Médio e recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático, com o intuito de verificar o tratamento dispensado à crônica, presentes nesses materiais, e a inclusão do gênero nos estudos literários As questões relacionadas ao ensino de literatura e à problemática que envolve o assunto tornaram-se fundamentais para a discussão de novas formas de produção e recepção de obras literárias e o papel das instituições de ensino neste novo cenário Junto aos questionamentos sobre leitura e, particularmente sobre a leitura de textos literários, apontamos para as especificidades que o texto literário traz consigo, incluindo, além de questões estéticas e particularidades composicionais, temas como as masculinidades e seus entrelaçamentos na sociedade contemporânea As crônicas selecionadas para este trabalho, todas do escritor brasileiro Fabrício Carpinejar, abordam as configurações das masculinidades e proporcionam ao leitor reflexões sobre os desdobramentos desta temática, além de possuírem características que possibilitam a abordagem do caráter híbrido da crônica, ao transitar entre a literatura e o jornalismoItem Cura pela palavra: a ressignificação da herança intergeracional em narrativas de filiação brasileiras(2022-11-22) Silva, Taysa Cristina da; Fernandes, Frederico Augusto Garcia; Trevisan, Ana Lúcia; Oliveira, Vanderléia da Silva; Simon, Luiz Carlos; Alves, Regina Célia dos SantosEsta tese pauta-se na seguinte proposição de investigação: parte das narrativas de filiação brasileiras contemporâneas manifestam, por meio da reelaboração literária, a representação de um caminho de cura para os traumas intergeracionais de famílias imigradas no Brasil. As três obras que compõem o corpus de investigação desta pesquisa – A chave de casa (2010), de Tatiana Salem Levy; A imensidão íntima dos carneiros (2015), de Marcelo Maluf; e A resistência (2015), de Julián Fuks – apresentam características convergentes tanto em relação aos elementos estético-discursivos que as estruturam, como ao eixo temático que as compõe. Além de se configurarem como narrativas de filiação (VIART, 2008), as obras em análise não apenas perpassam questões temáticas referentes à imigração de famílias no Brasil, mas utilizam a escrita literária como locus privilegiado de rememoração, compreensão, reelaboração e, sobretudo, ressignificação do passado familiar e da herança intergeracional de seus narradores. Além do deslocamento físico, as obras enfocam, cada uma a seu modo, o deslocamento interior de seus protagonistas. Por meio da fabulação, as personagens mergulham nos recônditos da memória familiar para compreender o presente, se autoconhecer e, assim, dar sentido a sua existência. É por meio dessa conexão realizada através da escrita que o fazer literário pode ser compreendido como um caminho para cura dessas feridas, o qual se manifesta pela palavra. Restringindo-se então a tal proposição, a pesquisa foi dividida em três partes. O primeiro momento se preocupou em delinear um breve panorama das narrativas de filiação no Brasil. Para tanto, foram estabelecidas três categorias estético-discursivas que se manifestam como procedimentos composicionais recorrentes nas produções brasileiras voltadas às questões de filiação. Alinhada a uma concepção psicanalítica, dedico a segunda parte à compreensão de como as heranças genealógicas são ressignificadas a partir das narrativas de filiação. Além disso, o capítulo analisou aspectos relacionados à memória familiar (intergeracional) herança e transmissão. Por fim, o terceiro capítulo, tentou compreender o caráter performativo da literatura, isto é, como a palavra, enquanto linguagem adentra a potência da realização, desempenhando, assim, a representação um ato de cura para os traumas intergeracionais de famílias imigradas no Brasil.Item Fotogramas e fragmentos : literatura e cinema em O Fotógrafo, de Cristovão Tezza, e Short Cuts : cenas da vida, de Robert AltmanMarques, Bárbara Cristina; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Müller Junior, Adalberto; Silva, Marciano Lopes e; Alves, Regina Célia dos Santos; Oliveira, Vanderléia da SilvaResumo: Esta tese propõe-se a analisar o romance O Fotógrafo (24), de Cristóvão Tezza, e o filme Short Cuts: cenas da vida (1993), de Robert Altman, tendo em vista a noção de fragmentação A inserção do filme de Altman nesse trabalho funcionou como uma espécie de contraponto cinematográfico para o romance de Tezza, pois, afinal, a ideia primeira era tratar das relações entre literatura e cinema a partir do lugar do texto literário Isto é, avaliar as implicações de uma influência de elementos do cinema no romance Sem adentrar nos domínios das adaptações e transposições fílmicas, uma parte significativa da tese é dedicada às discussões a respeito da relação entre os dois registros, desde o surgimento do cinema Nesse sentido, nessa primeira parte, procurei refletir, baseada tanto em um instrumental teórico e crítico da área da cinematografia, quanto daquele do campo literário, de que modo e em que medida a incorporação de uma linguagem cinematográfica alterava os procedimentos de representação da prosa de ficção Na segunda parte, voltada para a leitura e análise dos dois objetos escolhidos, orientei minha avaliação a partir de alguns critérios de ordem compositiva, buscando em alguns teóricos reflexões acerca dessa noção de uma escritura fragmentária A partir daí, procurei analisar o modo como se dava o procedimento da montagem e, portanto, a organização dos vários pequenos enredos (entendidos como fragmentos), relacionando-o com algumas questões igualmente significativas em obras dessa natureza: justaposição de cenas, subtração de uma narração linear; desintegração do espaço-temporal; agenciamento dos inúmeros eventos simultâneos; questões relativas aos cortes de cena e das repetições das mesmasItem Uma história feita de cadernos : o arquivo literário de Adelino MagalhãesSilva, Stela de Castro Bichuette da; Corrêa, Regina Helena Machado Aquino [Orientador]; Alves, Lourdes Kaminski; Barzotto, Leoné Astride; Corrêa, Alamir Aquino; Alves, Regina Célia dos SantosResumo: O objetivo deste trabalho é trazer ao conhecimento da comunidade acadêmica o arquivo inédito do escritor Adelino Magalhães (1887-1969) de posse de sua família desde sua morte Para essa primeira apresentação, tomou-se a decisão de pesquisar no arquivo dois importantes projetos de Adelino Magalhães, a saber, as “Vesperais Literárias” e o Centro de Cultura Brasileira (CCB), projetos inéditos haja vista não haver nenhum estudo sistematizado sobre esses eles Tanto as “Vesperais Literárias” e o CCB, ambos tiveram longa duração entre 1921-1927 A pesquisa abrange as “Vesperais Literárias”, acontecidas em 1921, e o CCB Optou-se pelas “Vesperais Literárias”, de 1921, por serem as primeiras e, por elas serem a mola impulsora para a criação do CCB Sobre o CCB, decidiu-se pesquisar o seu ideário nacionalista confeccionado sob o nome de “Programa Geral do Centro” e as sessões dessa agremiação durante o ano de 1923 A escolha pelas sessões do primeiro ano do CCB deu-se pelo fato delas serem em maior número, ao todo trinta e duas sessões e, ainda, porque seria mais prudente seguir certa linearidade cronológica na pesquisa O trabalho encontra sua justificativa na necessidade de dar voz ao arquivo de Adelino Magalhães e, ainda, de que novas vertentes de pesquisa sobre a figura ainda pouco conhecida do autor comecem a florescer bem como a urgência do tratamento técnico e material pelos diversos saberes especializados para que parte da nossa história literária e cultural não se percaItem Kafka e Schopenhauer : zonas de vizinhançaMendonça, Maurício Arruda; Santos, Volnei Edson dos [Orientador]; Alves, Regina Célia dos Santos; Lamas, Angela; Brum, José Thomaz; Demétrio, Silvio RicardoResumo: Na presente tese abordo as obras O Castelo; Aforismos de Zürau e Cadernos G e H; Na colônia penal e O caçador Graco, de autoria do escritor Franz Kafka; relacionando-as com obras O Mundo como Vontade e como Representação; Acréscimos à Doutrina do sofrimento do Mundo e Metafísica da Morte – Sobre a morte e sua relação com indestrutibilidade de nosso ser em si, do filósofo Arthur Schopenhauer Meu objetivo é demarcar zonas de vizinhança entre a literatura de Kafka e a filosofia de Schopenhauer, procurando demonstrar que Kafka foi leitor atento da obra do filósofo da Vontade, pormenor este pouco estudado entre os especialistas da obra kafkianaItem La chanson de Roland : o cantar de Roldão : manuscrito Digby 23bCosta, Ronald Ferreira da; Fernandes, Frederico Augusto Garcia [Orientador]; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de; Alves, Regina Célia dos Santos; Visalli, Angelita Marques; Collin, Luci Maria Dias; Rosell, Antoni [Coorientador]Resumo: A Tese apresenta como resultado uma tradução bilíngue, crítica e comentada da Chanson de Roland, composta pela apresentação paleográfica do manuscrito de Oxford Digby 23b, com sua transcrição em Anglo-Normando e a tradução poética à língua portuguesa: O cantar de Roldão A este resultado antecedem, como primeira parte da Tese, estudos críticos embasados na tradição filológica europeia Inicialmente, apresenta-se um panorama do gênero épico medieval, os cantares de gesta, suas características e as hipóteses de origem do gênero até hoje teorizadas Em seguida traça uma contextualização com os estudos da dinastia carolíngia em seus aspectos ético, político e histórico, que se podem reconhecer no cantar Acerca de sua pré-história, apresentam-se as hipóteses mais trabalhadas e aceitas no âmbito da filologia europeia quanto à data de composição de um prototípico cantar, do qual se fez copiar o Manuscrito de Oxford, seu limite de anterioridade possível e o de posterioridade O aspecto da autoria é estudado a partir de uma hipótese de identificação de Turoldus que aparece no explicit do cantar e, a seguir, os principais personagens do poema são tratados em suas características literárias e históricas, quando cabe Abordamos ainda o evento histórico da batalha de Roncesvales e consideramos a constituição da matéria lendária do cantar no transcurso do tempo Então apresentamos o enredo tal como se lê no poema e seus aspectos formais, bem como o processo tradutológico, apresentando-o com alguma ênfase ao ritmo dos versos, o que mais revela do ineditismo do trabalho, apontando às possibilidades performáticas da tradução A segunda parte constitui-se, propriamente, da transcrição do manuscrito e da tradução, do idioma original, Anglo-Normando, à língua portuguesa, de todos os 42 versos do cantar em decassílabos assonantados no ritmo de martelo agalopado Estas, transcrição e tradução, acompanham-se de notas críticas e comentários de ordem filológica, paleográfica, poética e literária A divisão que se apresenta na segunda parte, não presente no manuscrito, é proposta como forma de facilitar a leitura, compreensão e referência do narrado, nos 35 episódios que se distribuem nas quatro partes do cantar, a saber, a traição, a derrota, a vitória e a justiçaItem A leveza calvinianaGodoi, Natalia Guerra Brisola Gomes; Brito, Luciana [Orientador]; Santurbano, Patrícia Peterle Figueiredo; Martins, Ricardo André Ferreira; Alves, Regina Célia dos Santos; Godoy, Maria Carolina deResumo: O presente trabalho tem como foco a leveza, a primeira característica literária apresentada por Italo Calvino em seu livro Seis propostas para o próximo milênio (1987) Segundo o autor italiano, ela se fazia presente em parte significativa das prosas e poesias universais e seria uma das justificativas para a permanência da literatura ao longo da história humana A leveza poderia assumir diversas configurações estéticas e posicionamentos ideológicos, dependendo do escritor que dela fizesse uso Porém, apesar da amplitude do conceito, nenhum estudo se havia detido sobre ele Mostrou-se necessária, portanto, uma investigação mais atenta do termo, a fim de difundir no cenário acadêmico o hábito de utilizá-lo de forma mais comprometida com a concepção de leveza defendida por Calvino Para tanto, recorremos a artigos, conferências e entrevistas, entre outros escritos do autor, objetivando compreender com maior profundidade as ideias correlacionadas ao tema, tais como a perspectiva distanciada, o posicionamento político, a ironia melancólica e o despojamento da linguagem Também pressupusemos e comprovamos a existência de pontos de conexão da leveza com as demais propostas do conjunto – rapidez, exatidão, visibilidade e multiplicidade –, visto que Calvino prezava pela harmonia geométrica em suas composições Por fim, averiguamos como a leveza mostrou-se presente em algumas narrativas do próprio autor, observando as técnicas de estrutura, discurso e conteúdo temático utilizadas para gerar tal efeito Nesse momento da pesquisa, distinguimos duas manifestações bastante específicas do conceito, por nós denominadas de leveza fabular e leveza constelar Examinamos o primeiro tipo nos romances A trilha dos ninhos de aranha (1947) e O cavaleiro inexistente (1959), ao passo que evidenciamos o segundo em As cosmicômicas (1965) e As cidades invisíveis (1972) Assim, constatamos a possibilidade de um mesmo autor fazer usos distintos da leveza em seus textos, de acordo com a fase de vida em que os concebe Foi o que ocorreu na escrita de Italo Calvino, utilizando uma estratégia insólita e divertida nos primeiros anos de sua carreira e depois empregando um método combinatório e reflexivo num período de maior maturidade O que podemos concluir é que, do início ao fim, sua ficção sempre foi alçada pela levezaItem O narratário em alguns contos de Tutaméia (terceiras estórias) de João Guimarães RosaVerri, Valda Suely da Silva; Cézar, Adelaide Caramuru [Orientador]; Marchezan, Luiz Gonzaga; Limoli, Loredana; Alves, Regina Célia dos Santos; Fernandes, Frederico Augusto GarciaResumo: Nosso trabalho trata da análise de alguns contos da obra Tutaméia (Terceiras Estórias) de João Guimarães Rosa, com vistas à figura do narratário Para tanto, procuramos mostrar a importância desta categoria da narrativa que pouca atenção recebeu até hoje por parte da crítica literária e que, fazendo-se presente de forma, às vezes mais, às vezes menos, explícita, no texto, interfere significativamente na construção do discurso do narrador A relação de comunicação entre narrador e narratário situa-se no nível do enunciado do texto Assim, buscamos também reconstruir uma outra relação de comunicação que se situa no nível da enunciação, que é a de enunciador e enunciatário, mostrando sempre o papel ativo que se reserva a este último, o qual se constitui num co-autor do texto Nossa pesquisa discute ainda como, na obra em questão, o diálogo entre narrador e narratário pode conduzir o leitor ao nível da enunciação, onde é possível entrever questões relativas ao próprio ato de narrar, bem como sobre o processo de criação da ficção narrativa e, em alguns contos, da criação artística de modo mais geral São seis os contos selecionados para análise, tendo como critério de escolha a presença do narratário mencionada no discurso do narrador: “Antiperipléia”, “- Uai, eu?”, “Curtamão”, “Desenredo”, “Se eu seria personagem” e “Reminisção” Para o desenvolvimento deste trabalho, o referencial teórico principal é a terminologia de Gerard Genette sobre a narrativa, de Gerald Prince sobre o narratário e o conceito de dialogismo de Mikhail Bakhtin, sendo que este último nos auxilia na análise da relação de comunicação entre enunciador e enunciatárioItem A raiva na literatura : uma leitura de As Mulheres de TijucopapoMachado, Serafina Ferreira; Nascimento, Gizêlda Melo do [Orientador]; Ramos, Tânia Regina Oliveira; Rapucci, Cleide Antonia; Silva, Marta Dantas da; Alves, Regina Célia dos SantosResumo: O presente trabalho tem como objetivo uma análise do romance As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto, centrada na questão da raiva, observando este sentimento como uma forma de comunicação que revela importantes informações sobre os obstáculos opressivos encontrados pelas pessoas, sinalizando a necessidade de mudança Através de um diálogo com as teorias de Lowen (1997), Spelman (1989), Thomas (1993), e outros, demonstraremos que este sentimento influencia a vida da protagonista Rísia, tornando-se a grande temática da obra A presença da raiva no romance permite a aplicação do sentimento ao universo linguístico do texto e à própria condição existencial da narradora Destacaremos, na obra, uma linguagem metafórica, sendo que as metáforas da raiva permitem verificar como estas construções carregadas de projeções universais traduzem fatores culturais e contextuais em sua convencionalização lexical Esta análise metafórica será fundamentada pelos teóricos Lakoff e Johnson (22), Lakoff e Kovecses (1987), Kovecses (1999, 2) Observaremos, também, a raiva como base de uma estética Baseando-se nos estudos de Theodor Adorno (1988) demonstraremos que a tensão da obra é reveladora de uma tensão externa Ou seja, a realidade conflitiva e tensa, não pode formular-se somente em nível temático, mas, igualmente em âmbito formal Desta forma, o romance se estrutura tal qual um labirinto revelador do caos interior da protagonista; caos que se reflete na estrutura da obra, marcada pela completa dissolução de categorias tradicionais como espaço, tempo da narrativa, personagens Acima de tudo, a raiva, no romance, pode ser entendida como forma de empoderamento, como transgressão e transformação de uma realidade social, traduzindo o objetivo da protagonista Rísia em descobrir-se, de (re)tecer sua identidadeItem Superfícies e subterrâneos : significações de morte, perda e renascimento em Ciranda de PedraLima, Carina Bertozzi de; Corrêa, Alamir Aquino [Orientador]; Rio Doce, Cláudia Camardella; Limoli, Loredana; Adolfo, Sérgio Paulo; Alves, Regina Célia dos SantosResumo: O principal objetivo deste trabalho é analisar o espelhamento do processo de morte, perda e renascimento que ocorre no romance Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles, tanto no plano físico, denominado neste trabalho como a superfície, quanto no plano psicológico de Virgínia, a protagonista do romance, o qual chamaremos de subterrâneo No plano físico, é possível vislumbrar na trajetória da personagem um processo de morte e perda, simbolizado tanto pela morte física quanto pela morte de certas ilusões, como a falta de pertencimento social que ela vivencia, e que a conduz posteriormente a um renascimento simbólico Serão estudados os processos psicológicos, antropológicos e sociológicos que Virgínia, a personagem principal, vivencia ao longo de sua infância e adolescência, e que determinam, em sua vida adulta, suas atitudes de vingança e destruição contra os outros personagens que impediram sua entrada em seu círculo social e afetivo, mas que ao final do romance também a conduzem a um renascimento simbólico No plano psicológico, este mesmo processo será analisado sob a ótica das teorias junguianas acerca da relação entre a psicologia e a alquimia Utilizaremos a simbologia das etapas alquímicas como um caminho de libertação, a fim de apontar a maneira como a protagonista vivencia no plano psíquico o mesmo processo de morte perda e renascimento do plano físico, simbolizado na psique pelo processo de completa harmonia psicológica, denominado por Jung de individuação Além do espelhamento entre os planos físico e psíquico, será verificada também a maneira como ocorre o imbricamento dos dois processos, na medida em que não permanecem separados, e acabam por se influenciar mutuamenteItem Vida, criação e linguagem enquanto acontecimento em O amor louco, de André BretonSilva, Vanessa Tavares da; Silva, Marta Dantas da [Orientador]; Willer, Cláudio Jorge; Giubilato, Giovanni Jan; Fernandes, Frederico Augusto Garcia; Alves, Regina Célia dos Santos; Weber, José Fernandes [Coorientador]Resumo: Esta tese consiste numa proposição de leitura de O Amor Louco, do surrealista francês André Breton, com o objetivo de evidenciar o que há de revolucionário na narrativa poética segundo o pensamento do próprio autor nos Manifestos do Surrealismo, assim como em Nadja e em Arcano 17 A perspectiva revolucionária da proposição bretoniana, por sua vez, guarda uma relação significativa com o pensamento fenomenológico do filósofo alemão Martin Heidegger, cujas investigações buscam o sentido de ser O propósito de ambos, por caminhos distintos, coloca em relevo a crítica ao que há de alienante e crônico no projeto moderno de civilização, ainda hoje vigente, o que atesta a atualidade de suas ideias e a consequente necessidade de retomá-las Em termos “metodológicos”, a proposição de leitura ora apresentada se dará a partir do encontro, na narrativa poética bretoniana, com a perspectiva da não dualidade, sendo um dos objetivos da tese demonstrá-la como uma visão, apontada pelo próprio autor, o que torna possível o paralelo com o pensamento heideggeriano Estruturalmente, a tese está dividida em duas partes No capítulo introdutório da primeira parte, busca-se contextualizar o pensamento bretoniano desde o âmbito do surrealismo, chegando às possibilidades de relação com a perspectiva heideggeriana Nos capítulos seguintes, intitulados, respectivamente, Amor e Plano da Linguagem, são pormenorizados aspectos basilares da tese, evidenciando as relações entre vida, criação e linguagem enquanto acontecimento a partir do destaque do amor como uma experiência transfiguradora A segunda parte consiste na proposição de leitura inicialmente mencionada e também está subdivida em capítulos No primeiro deles, intitulado O Amor Louco, apresentamos a perspectiva dos principais autores para a constituição do caminho trilhado, assim como algumas considerações sobre a constituição da narrativa a partir da experiência não dual com a linguagem, com a qual Breton tende à totalidade, uma de suas premissas Nesse mesmo capítulo, a partir do tópico Fundação, iniciamos a proposição de leitura, propriamente dita, da narrativa poética, enlevando o pensamento que considera o amor como experiência de radicalidade na transfiguração do estado de coisas vigente Nos dois capítulos seguintes, Centralidade e Desdobramentos, temos a sequência da leitura conforme a configuração de OAL, permeada por considerações a partir do pensamento dos principais autores desta caminhada Nesses, que podem ser considerados os momentos mais analíticos da tese, as questões evidenciadas na primeira parte são retomadas, tendo como eixo, sobretudo, a narrativa poética