01 - Doutorado - Letras
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Item Amor e masculinidades em contos brasileiros contemporâneos (1967-2009)Costa, Rafael Magno de Paula; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Pandolfi, Maira Angélica; Cordeiro, Isabel Cristina; Silva, Marta Dantas da; Vieira, Miguel Heitor BragaResumo: Esta tese tem como objetivo apresentar a constituição ficcional do amor em confluência com as identidades masculinas heterossexuais Parte-se inicialmente do mapeamento das teorias dos estudos masculinos, relacionando-as ao tema do amor em contos brasileiros, a partir do recorte temporal de 1967 até 29 Para tanto, utiliza-se desse arcabouço teórico por meio de estudos desenvolvidos por pesquisadores de diferentes áreas, como Connell (25), Welzer-Lang (24), Costa (22), Cecchetto (24), Nolasco (1995), Goldenberg (2), Barasch (1997), entre outros No segundo capítulo, são levantadas as teorias que tratam do amor, seja no âmbito dos relacionamentos formais ou informais Autores como Foucault (25), Kipnis (25), Giddens (1993), Bauman (24), Bruckner (214), Del Priore (215) entre outros, são trazidos auferindo um escopo teórico sobre o amor, primeiramente num aspecto histórico para, num segundo momento, refletir sobre o amor nos contextos mais recentes A partir dessas teorias, foi possível delinear uma transformação do comportamento masculino em face da conquista amorosa representada nos contos A partir da dinâmica amorosa entre homens e mulheres, os contos preconizam uma mudança do perfil masculino, contrastando comportamentos e conflitos no interior das masculinidades representadas na ficção Esse traço evidencia uma nova configuração na dinâmica do sentido de relacionamento amoroso O texto literário, em confluência com as teorias sociais de gênero, possibilita um entendimento maior de como o amor é representado, considerando aspectos como representações masculinas, conquistas femininas e “as crises do amor” Os contos analisados apresentam nuances que evidenciam uma transformação no perfil masculino, considerando que os homens, apresentados em contos da atualidade, estão mais propensos para as relações afetivas Por outro lado, as relações ocasionais, fugazes, ou “líquidas”, como prefere Bauman, também são pautadas e discutidas à medida que quebram tradições cristalizadas, tal como a ideia do “amor para sempre” O paradigma do compromisso como noção de “amor eterno” é contraposto com a teoria de Giddens sobre o amor confluente, ou seja, relacionamento afetivo temporário, desvinculado da noção de paixão eterna Assim, aspectos masculinos que anteriormente eram tradicionalmente comuns, como frieza e indiferença diante dos sentimentos afetivos, bem como uma dissociação entre amor e sexo, na atualidade sofrem mudanças e a maioria dos contos evidencia uma necessidade de entender as relações sexuais e afetivas em um conjunto Nesse sentido, as conquistas femininas possibilitaram o surgimento de uma nova mulher, livre dos paradigmas que a prendiam aos relacionamentos decadentes Ao procurar pela experiência amorosa, os homens representados nos contos evidenciam estar mais propensos ao exercício de um amor sexual vinculado ao sentimento afetivo O sentido de relação amorosa, ao contrário de como foi compreendido no passado, como “mera posse”, é perpassado de carga emotiva e nasce da necessidade de interação amorosa com essa nova mulherItem A anatomia da vingança : uma leitura da obra romanesca de Moacir JapiassuBatista, Sidinei Eduardo; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de [Orientador]; Martins, Geraldo Vicente; Brito, Luciana; Vieira, Miguel Heitor Braga; Batista, AdilsonResumo: Nosso objetivo, neste trabalho, é propor uma anatomia para a vingança e as suas motivações Pretendemos defender a tese de que as mais variadas paixões podem levar um indivíduo a se vingar, seja pela ambição e pelo sentimento de rejeição, caso de Caim, seja pela motivação passional amorosa e pela defesa da honra, como o faz o prefeito Sizenando Coelho, que inicia uma guerra em um dos romances de Japiassu De modo objetivo, pretendemos apontar algumas das paixões que alteram a psique da personagem, levando-a a uma nova condição social e identitária, principalmente quando isso ocorre como efeito da busca que um sujeito empreende por um determinado objetovalor, e este se torna, de algum modo, inatingível a ponto de o sujeito passar a considerar sua impossibilidade como consequência das ações de outros sujeitos que, ao contrário dele, possuem o objeto-alvo de seu desejo Para realizar essa proposta, adotamos, como suporte teórico, a semiótica de linha francesa, mais precisamente a semiótica das paixões Essa escolha se justifica porque o estudo das paixões tornou-se - nas últimas décadas - ponto destacado nos estudos Semióticos, Sociológicos e Filosóficos, assim como sempre o foi na psicologia A semiótica, portanto, passou a interessar-se pelo que ela define como estados de alma do sujeito: efetivamente, pelo estudo das emoções humanas No entanto, a semiótica define a paixão como um arranjo de elementos linguísticos, vez que essa paixão é vista como uma construção textual, ou uma paixão representada A partir dessa delimitação, a semiótica tornou-se um método analítico dos mais eficazes para a abordagem do texto literário e para os Estudos LiteráriosItem A ancestralidade no centro da narrativa, em Lueji de PepetelaMendes, Ana Claudia Duarte; Adolfo, Sérgio Paulo [Orientador]; Bonnici, Thomas; Wielewicki, Vera Helena Gomes; Fernandes, Frederico Augusto Garcia; Silva, Marta Dantas daResumo: No presente trabalho analisamos o romance Lueji, de Pepetela, a partir dos estudos sobre a cultura banto, destacando a religiosidade africana e o culto aos ancestrais Buscamos entender como a ancestralidade está presente no mundo imaginário e no tecido textual do romance Para tanto, dividimos o trabalho em dois momentos, o primeiro voltado para a análise da constituição do mundo imaginário, as ideias e o enredo Essa leitura foi desenvolvida nos dois primeiros capítulos, privilegiando a trajetória das personagens femininas, Lueji e Lu, buscando entender a influência da cultura banto na ordenação da vida, tanto na sociedade tradicional, quanto na contemporaneidade Nesse sentido, recorremos aos estudos sobre memória coletiva, mito e identidade, a fim de compreender o processo de construção, preservação e atualização do mito no romance No terceiro capítulo, estudamos as vozes do narrador e as vozes masculinas presentes no texto e na estrutura textual, analisando como as ideias criaram a polifonia Baseados nessas análises procedemos à afirmação da ancestralidade como central no romance Lueji, tanto na estrutura quanto no mundo imaginárioItem Angorôs dobrados engolem as próprias caudas : estudo de vivências criativasMelo, Henrique Furtado de; Godoy, Maria Carolina de [Orientador]; Feldman, Alba Krishna Topan; Rodrigues, Flávio Luis Freire; Fernandes, Frederico Augusto; Silva, Marta Dantas da; Lima, Sheila Oliveira [Coorientadora]Resumo: O trabalho que deságua nesta tese vem sendo construído desde a iniciação científica e do mestrado Amparados fundamentalmente no conceito de escrevivência de Conceição Evaristo, na psicanálise winnicottiana e na esquizoanálise de Deleuze e Guattari, chegamos aqui a partir de investigações a respeito da vivência artística como (re)tomada de poder sobre meios de produção de subjetividades Esta tese parte de um processo que identificamos em situações de mediação artística em que as histórias de vida e os relatos de contato com a arte se misturam, produzindo um material, também artístico e narrativo, ao qual demos o nome de “sobrescrita” O texto que resulta desta pesquisa se divide em três ensaios que abordam diferentes aspectos do sistema de vivência artística/criativa comunitária, ao qual a sobrescrita está vinculada O primeiro ensaio tem como foco a essencialidade do conceito de empatia para o funcionamento do sistema No segundo, buscamos compreender o estado de atrofia do impulso criativo, resultante da instabilidade dos sistemas de vivência artística/criativa comunitária Por fim, o terceiro ensaio busca alinhavar as reflexões dos dois anteriores em diálogo com as noções de leitor crítico e leitor criativo, para que o conceito de sistema de vivência artística/criativa comunitário seja melhor pavimentado Por meio das análises dos percursos conceituais dos dois primeiros ensaios, costurados pelas narrativas de Conceição Evaristo, Michael Ende e dos mediadores escutados, tencionamos apresentar o sistema de vivência artística/criativa comunitária como um elemento essencial para a manutenção do equilíbrio psicológico e social humanoItem Antropocentrismo e suas contestações : o discurso trapaceiro e a toxicopoética em Future home of the living God e A história de AnimalGomes, Celina de Oliveira Barbosa; Fernandes, Frederico Augusto Garcia [Orientador]; Thabet, Tamer; Feldman, Alba Krishna Topan; Godoy, Maria Carolina de; Leite, SuelyResumo: Os romances Future Home of the Living God, da escritora ameríndia Louise Erdrich, e A História de Animal, do indiano Indra Sinha, são narrativas pós-coloniais escritas em primeira pessoa e que apresentam reflexos da complexa relação com o colonizador europeu em seus enredos, como o hibridismo cultural e a crise identitária; tópicos comuns em textos desse tipo e na produção de autores caracterizados por um status intersticial, como o são os escritores em questão Porém, mais do que a esperada tensão entre colonizador e colonizado vista nas literaturas de ex-colônias, o primeiro capítulo deste trabalho analisa o estabelecimento da doutrina da razão (PLUMWOOD, 22), do antropocentrismo/humanismo racionalista e do logocentrismo nos contextos dos romances Essas ideologias se apresentam de modo exacerbadamente predatório, distinguindo, pela linguagem, os ditos humanos racionais/listas de humanos subjugados e de não-humanos; o que implicou em um imperialismo ecológico que configurou uma feição pós-natural do mundo característica da própria morte do planeta nas narrativas Valendo-se da retórica apocalíptica, então, os autores indicam nos textos os efeitos da violência racionalista, linguística e ecológica que levou à falência da vida como se conhece Porém, diante da linguagem descontruída e sorrateira das obras, considerada segundo a concepção da Desconstrução de Jacques Derrida, esta mesma investigação coloca em evidência, nos capítulos seguintes, a fragilidade dos constructos hegemônicos linguísticos causadores dessa violência e segregação racionalistas Sob o viés do discurso trapaceiro de Future Home of the Living God e da narrativa picaresca de A História de Animal, a análise desenvolvida neste trabalho enfatiza o caráter meramente representativo da linguagem; esta que, sendo marcada pela indecidibilidade, é incapaz de definir os entes e de promover hierarquizações como as propostas pelo antropocentrismo Em outras palavras, diante das evidências do antropocentrismo e de seus efeitos predatórios para o mundo, ficcionalizados nos romances, buscou-se – por meio da consideração do teor desagregado e instável de sua linguagem – mostrar a suscetibilidade de termos e de arranjos discursivos sobre os quais se apoia o humanismo racionalista Precisamente, foram estabelecidas as hipóteses de que Future Home of the Living God e A História de Animal debilitam o antropocentrismo racionalista por conta de suas narrativas descontruídas e ardilosas; e o fazem, o texto de Indra Sinha, sobretudo, configurando uma toxicopoética, sintomática do próprio discurso trapaceiro de Erdrich Sua comprovação se deu pela constatação da natureza polissêmica dos discursos das obras literárias, a qual embarga sentidos estanques e as “certezas” decorrentes deles, por meio de uma enunciação entorpecente que se difunde por toda a investigação Isso concorre não só para o questionamento das fronteiras que separam os entes, como interroga a legitimidade de conceitos provenientes do antropocentrismo há tempos empregados por outras ideologias hegemônicas como justificativa para o estabelecimento e manutenção de diferentes relações de poder e de opressãoItem Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice LispectorAlves, Joyce; Corrêa, Alamir Aquino [Orientador]; Limberti, Rita de Cássia Aparecida Pacheco; Godoy, Maria Carolina de; Nolasco, Edgar Cézar; Silva, Telma Maciel daResumo: Essa tese caracteriza Clarice Lispector como cronista perceptora, a partir do estudo e da análise de suas crônicas reunidas na coletânea A descoberta do mundo (1981) Observo de modo particular as crônicas cujos temas estão relacionados à fome, à miséria, ao lugar da mulher pobre na sociedade carioca, entre outros assuntos de ordem social e que me permitem apontar na proposta da cronista certo engajamento no que tangem as causas sociais Nesse sentido, apresento o momento histórico no qual as crônicas foram produzidas com o intuito de entender o que é que se havia de perceber naqueles tempos Chamo a atenção, sobretudo, para a evidente desigualdade social que acometia especialmente a cidade do Rio de Janeiro entre as décadas de 196 e 197, período no qual as crônicas foram escritas Na época, o Brasil sofria com a ditadura militar e com as ações opressoras por meio da censura que limitava as manifestações artísticas, o que não intimidou Clarice Lispector A ousadia tímida da cronista transforma-se em parresía literária graças ao caráter denunciativo de seus textos Baseio-me, ainda, em arcabouço teórico que gira em torno da crônica enquanto gênero literário de origem jornalística, bem como nas teorias que me permitem explicar a apurada percepção da cronista Michel Foucault, em O governo de si e dos outros (21), e Gilles Deleuze e Félix Guattari, em Kafka por uma literatura menor (215), são autores essenciais para a concatenação deste raciocínio a que me proponho Entretanto, Walter Mignolo, em Histórias locais/Projetos globais (23), constitui um dos principais fios condutores da presente tese, sobretudo no que diz respeito ao que o autor chama de pensamento liminar A perceptora Clarice Lispector promove rupturas com as propostas do projeto cultural moderno conduzindo o leitor a uma mudança de lugar epistêmico A percepção da cronista volta-se para o marginal e a partir daí o leitor é direcionado sem, no entanto, fixar-se num único ponto de vista, o que denota a liminaridade do pensamentoItem A boca e o inferno : uma análise da produção literária de Ana MirandaMartins, Denis Pereira; Joanilho, André Luiz [Orientador]; Joanilho, Mariângela Peccioli Galli; Brito, Luciana; Vieira, Miguel Heitor Braga; Carreri, Márcio LuizResumo: Ana Maria Nóbrega Miranda teve seu lançamento no mundo literário com um livro de poesias intitulado Anjos e demônios (1978), entretanto, passou a ter visibilidade literária como romancista no final da década de 8, com o lançamento de Boca do Inferno Trata-se de uma biografia romanceada do poeta Gregório de Matos, traduzida para mais de vinte idiomas A obratornou-se um clássico respeitado no campo da literatura Subsidiada por leituras e mais leituras de textos do Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos, a obra possui como cenário Salvador, no final do século XVII Atenta à riqueza da linguagem empregada, utiliza-se de palavras vulgares para fazer jus a Gregório de Matos, apelidado como Boca do Inferno Neste romance, de maneira crítica, Miranda visa mostrar uma terra marcada pela libertinagem, corrupção e luta pelo poder, retoma uma época em que o país se resumia em governantes corruptos e povo sem voz, sem autonomia Dentro de sua proposta de literatura, o autor torna-se um historiador, um pesquisador Utilizando-se do novo Romance Histórico, produz narrativas que focalizam acontecimentos integrantes da história oficial e, por vezes, definidores da própria constituição física das fronteiras brasileiras e também aquelas que promovem a revisão do percurso desenvolvido pela história literária nacional Esse fazer literário, muito bem recebido pelo mercado editorial brasileiro, faz de Ana Miranda uma autora com um estilo único e recorrente As vozes são múltiplas: onde acaba Vieira e começa Ana Miranda, onde é Gregório de Matos, ou o que restou dele em nossa memória? Essa tese visa analisar tais vozes romanceadas por meio do intertexto e do interdiscurso Será feita a comparação do texto de Boca do Inferno e outros textos que podem ter sido influência na construção do romanceItem Caleidoscópio amazônico : a oralidade em som, imagem e movimentoFerreira, Alexandre Ranieri; Fernandes, Frederico Augusto Garcia [Orientador]; Silva, Telma Maciel da; Rolim, Anderson Teixeira; Simões, Maria do Socorro; Pascolati, Sonia Aparecida Vido; Portela, Manuel José de Freitas [Coorientador]Resumo: O debate sobre o uso das mídias é um tema antigo entre os grupos ligados às poéticas orais Tanto o uso delas no registro da pesquisa de campo quanto nas adaptações midiáticas de narrativas orais para outros formatos como a televisão, teatro ou outros meios multimidiáticos Algumas dessas questôes vêm sendo discutidas desde o começo do uso dos primeiros gravadores, quiçá, desde o uso da caneta e do papel, concomitante à performance oral Retomo esta discussão nesta tese a partir da adaptação das narrativas orais coletadas pelo Projeto IFNOPAP (O Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense) que deram origem ao CD-ROM Caleidoscópio Amazônico: uma aventura em imagens e cores [1999], desenvolvido pela equipe do mesmo projeto vinculado à UFPA (Universidade Federal do Pará) com recursos da UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) Nesta tese é feito um confronto entre mídia e oralidade, pensando nos seguintes aspectos: a) As noções de Etnotexto com “E” maiúsculo e etnotexto com “e” minúsculo (PELEN, 21) e de que forma, nos processos de transposições midiáticas (RAJEWSKY, 212), um vai transformando-se no outro; b) os métodos de pesquisa adotados em poéticas orais e sua relação com o processo de desenraizamento das narrativas; c) a transformação das narrativas orais e o percurso movente (ZUMTHOR, 1993) pelo qual passaram até a formação do produto final Discuto a questão do método de coleta, gravação e transcrição do Projeto IFNOPAP, e o uso de mídias nesse processo não apenas no que concerne à existência material dos registros, mas tendo em conta a própria performance como uma mídia que usa o corpo e a voz como objeto de mediação (mídia) e como um começo do processo de desenraizamento Trato das transcrições e a relação das mesmas com o imaginário da região, o seu significado e o que podem representar dentro das múltiplas comunidades da Amazônia paraense, fazendo uso não somente das narrativas que deram origem ao Caleidoscópio, mas de outras do acervo do IFNOPAP, com vistas a entender o percurso movente das mesmas Analiso as recriações escritas em comparação com as transcrições e as inúmeras variantes das mesmas histórias para entender o que as narrativas perderam em termos de espontaneidade ou ganharam em recursos midiáticos nesse processo Trabalho efetivamente com os sons, as imagens e as animações em simbiose não apenas com esses elementos, mas estabelecendo comparações com os processos que precederam à construção do CD-ROM como adaptação midiática Outras teorias como da Hibridação (CANCLINI, 215) e da Multimodalidade (KRESS, 21) serviram de arcabouço teórico deste estudo Os objetivos propostos foram alcançados seguindo o método cartográfico (DELEUZE; GUATTARI, 1993)Item O caráter unheimlich da poética de Murilo RubiãoFranzim, Mariana Silva; Silva, Marta Dantas da [Orientador]; Iannace, Ricardo; Nunes, Sandra Regina Chaves; Rio Doce, Cláudia Camardella; Corrêa, Alamir AquinoResumo: O escritor mineiro Murilo Rubião (1916-1991) publicou, exclusivamente, contos curtos, os quais eram reescritos múltiplas vezes e, então, novamente publicados – e, quanto mais reescrevia os contos, mais estes diminuíam de tamanho Nesta tese, tomando como objeto o conto “Marina, a Intangível”, meu objetivo é investigar o caráter unheimlich (conceito de Freud) da poética rubiana O caráter singular do objeto definiu, como método de pesquisa, a análise comparativa que leva em conta o processo de criação (sem ser crítica genética) a partir da “escuta poética” do objeto; o método, por sua vez, determinou a estrutura da tese No entanto, no desenvolvimento da análise, tomo com exemplo métodos de investigação interessados não no universal, mas no singular, e penso a teoria também por meio de imagens (imagens visuais e esquemas textuais visuais semelhantes a quadros constituem a tese e estruturam a análise tanto quando a escrita) Partindo da hipótese de que, por meio da sua relação singular com a escrita, Rubião criou uma poética unheimlich, analiso o conto em comparação a escritos do próprio autor (outros contos publicados em livros, contos esparsos, uma novela inacabada, depoimentos sobre o processo de escrita, manuscritos consultados no arquivo literário do autor) e a obras de outros artistas e de outras linguagens (poemas, romances, pinturas, esculturas, filmes e músicas) Abordo a fortuna crítica e a teoria literária com enfoque nos processos de criação, bem como a obra rubiana desvinculada de gêneros literários, e ressalto a importância da investigação de detalhes e aspectos mínimos do conto analisado, buscando relações de afinidade entre as obras cotejadas “Marina, a Intangível” é uma metanarrativa que apresenta a angústia sentida pelo escritor (Rubião) durante o processo de criação, angústia que é semelhante à sensação unheimlich, tal como descrita por Freud As obras comparadas compartilham uma assinatura unheimlich, perceptível em detalhes e aspectos poéticos, que não pode ser definida simplesmente por operações formais ou temas fixos As análises comparativas revelam semelhanças pelas quais é possível circundar o aspecto unheimlich da poética rubiana Concluo que o Unheimliche não é só um tema, mas define a relação de Rubião com a escritaItem Cartografia de poéticas orais de região Sul do Brasil : os estudos folclóricos e a poesia oral (1945-1995)Jardim, Marcelo Rodrigues; Fernandes, Frederico Augusto Garcia [Orientador]; Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato; Leite, Mário Cezar Silva; Cézar, Adelaide Caramuru; Silva, Marta Dantas daResumo: O principal objetivo desta tese é cartografar conceitos, perspectivas e práticas relativos à pesquisa de poesia oral na região Sul do Brasil, realizada pelos estudos folclóricos entre 1945 e 1995 Contextualiza-se o desenvolvimento desses estudos ao serem analisadas publicações representativas do período A pesquisa foca, em especial, folcloristas os quais possibilitam um panorama do que era discutido e estudado na época A metodologia consiste, basicamente, de levantamento e análise bibliográfica de publicações referentes a estudos folclóricos nessa região, as quais apresentam relevância para entender perspectivas e verificar práticas de abordagem da poesia oral A tese encontra-se dividida da seguinte forma: conceitos e perspectivas que envolvem o termo folclore (objeto de estudo) e Folclore (disciplina/área do conhecimento), concepções e posicionamentos relativos a semelhanças e diferenças entre literatura e poesia oral, perspectivas e práticas de folcloristas relativas ao processo de construção de fonte e aos métodos de abordagem e análise da poesia oral, pressupostos e práticas quando são enfocadas a formação e a afirmação de identidadesItem A casa-grande de Freyre e suas implicações nas tendas de AmadoShinkawa, Bárbara Poli Uliano; Rio Doce, Cláudia Camardella [Orientador]; Feldman, Alba Krishna Topan; Simon, Cristiano Gustavo Biazzo; Fernandes, Frederico Augusto Garcia; Godoy, Maria Carolina deResumo: Esta tese é um estudo comparativo entre discursos de origens distintas, mas de ideais próximos Discursos produzidos entre autores de áreas diferentes, porém com um mesmo objetivo: exaltar a mestiçagem Jorge Amado, leitor assumido de Freyre, expressou literariamente em Tenda dos Milagres alguns dos conceitos de mestiçagem declarados por Gilberto Freyre Os dois autores foram responsáveis, sem talvez quererem ter sido, pelo ideal ainda hoje alimentado de uma nação unida pela mestiçagem sem barreiras, ou seja, pela mistura de cores e credos sem fim Tal fato desencadeou, como Healey aponta (1996), a partir de meados da década de 194, quase uma peregrinação ao Brasil de pesquisadores curiosos para saber como o país teria resolvido um assunto tão sério quanto a discriminação racial Para mostrar essa aproximação de ideal, praticamente uma crença professada por Freyre e Amado, corroboram para nosso trabalho vários autores como Adolfo, Munanga, Hall, Woodward, Derrida, Bourdieu, Candido, Bosi, DaMatta, Schwarcz, Araújo, entre outros igualmente importantes para trabalhar com as questões de ordem sociológica e antropológica, bem como literária, já que nosso trabalho também observa a confluência de áreas e ideais envolvidos na produção amadiana A pesquisa traça no decorrer de sua construção pontos em comum, semelhantes e até divergentes no pensamento de Freyre e Amado, no que tange à mestiçagem, além de analisar como o escritor baiano expressou a influência recebida por Freyre na construção do mestiço (ideal) Pedro Archanjo Entendemos, após o desenvolvimento desta pesquisa, que Jorge Amado recebeu influências de Gilberto Freyre e compartilhou de ideais do escritor pernambucano Todavia, Amado não reproduziu simplesmente as tendências recebidas, ele as releu Assim, a mestiçagem é mais que um tema para Jorge Amado, é um instrumento essencial de sua criação literáriaItem A cidade nas crônicas de Antônio MariaAntonio, Luciano; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Viegas, Ana Cristina Coutinho; Simões Junior, Álvaro Santos; Silva, Telma Maciel da; Godoy, Maria Carolina deResumo: O escritor pernambucano Antônio Maria ainda ocupa uma posição menor na cronística brasileira, mesmo tendo publicado mais de três mil crônicas nos principais jornais cariocas na década de 195-196 Entre as várias temáticas do autor, o olhar para a cidade do Rio de Janeiro ganha destaque Nessas crônicas, Maria, às vezes, se coloca como um turista que “passeia” pela cidade, em outras, aponta aspectos do cotidiano e, nos plantões na delegacia de Copacabana, escreve pelo viés do repórter policial A partir da análise desses três aspectos dentro da temática urbana, verificamos o modo como as diferentes imagens da cidade revelam também o estilo do escritor, a sua contribuição para o perfil híbrido da crônica brasileira e também o papel da mídia na configuração deste gênero literário Observamos ainda como a vida pessoal e profissional podem ser reconfiguradas na escrita de suas crônicas que abordam o espaço A leitura dos textos e o cotejo com a sua biografia, incluindo o seu diário íntimo, sugerem também os caminhos tomados pelo escritor na ficcionalização dos aspectos de sua intimidade na produção de seus textos Por fim, mais do que tratar as imagens do Rio de Janeiro na obra de Antônio Maria, apontamos os elementos que conferem às crônicas maior densidade literária, atentando, especialmente para duas características primordiais da sua escrita: o humor irônico e a capacidade de tornar o assunto leve, instigante, desviando-se de soluções fáceis ou de qualquer pensamento dogmáticoItem Como eu cheguei até aqui : os relatos de si no monólogo polifônicoStuchi, Marina; Pascolati, Sonia Aparecida Vido [Orientador]; Figueiredo, Eurídice; Lima, Ricardo Augusto de; Silva, Marta Dantas da; Leite, SuelyResumo: A escrita deste trabalho se configura como um entrelaçamento de pesquisa acadêmica, relato pessoal e criação artística e assim acredito me aproximar do meu objeto de pesquisa, me entender como sujeito e refletir como artista Opto pelo uso da primeira pessoa já aqui nesse momento buscando a aproximação dessas três Marinas – a pesquisadora, a mulher e a atriz – que irão se apresentar e resumir o processo de uma pesquisa acadêmica cujo objetivo principal é defender a constituição de uma nova forma dramática que possui a potencialidade de abrigar as escritas de si no teatro contemporâneo, a qual denomino monólogo polifônico Na cena 1, a Marina acadêmica problematiza os conceitos de monólogo, aparte e solilóquio com o intuito de mostrar seus diferentes usos na dramaturgia ocidental, assim como situa historicamente a substituição da intersubjetividade pela intrasubjetividade em textos teatrais do final do século XIX Fiz esse percurso com dois objetivos principais: 1) situar historicamente a crescente atenção da dramaturgia para aspectos condizentes à subjetividade; 2) acompanhar as transformações do monólogo, que de elemento do drama passa a forma dramática na modernidade Acredito que o monólogo ao se descolar da forma do drama já nasce livre de regras de composição e se configura no teatro contemporâneo como uma forma híbrida, aberta e diversificada Na cena 2, a Marina mulher se descobre como pesquisadora e objeto de pesquisa ao mesmo tempo ao teorizar sobre as escritas de si no teatro e investigar a relação entre o falar de si no monólogo polifônico, no qual o ator passa a ser o dramaturgo de sua própria obra, e a performance Ainda nessa mesma cena, apresento as obras que compõem o corpus da tese – Ficção (212) da Cia Hiato; BR-Trans (213) de Silvero Pereira; Conversas com meu pai (214) de Alexandre Dal Farra a partir de experimentações de Janaina Leite; Helena vadia (216) de Pamella Villanova; O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu (216) dramaturgia de Jo Clifford encenada por Renata Carvalho no Brasil; Grazi Ellas (217) dramaturgia de Aguinaldo Souza e Rafael Avansini a partir de material de Mel Campus; O Arquipélago (219) de Pablito Kucarz; e Mulher, como você se chama? (219) de Janaina Matter – e problematizo como o íntimo tem a potência de se constituir como político, instaurando novas formas de discussão e reflexão Para tanto, dialogo com a(s) teoria(s) feminista(s) com o intuito de refletir acerca do silenciamento das minorias, levando a uma das questões centrais da pesquisa: sobre o que e quem fala nos monólogos que partem dos relatos pessoais dos atores/atrizes na dramaturgia contemporânea brasileira Na cena 3, a Marina artista reflete como se configuram formalmente as escritas de si no monólogo polifônico ao destacar como elementos constituintes das obras pelo menos cinco aspectos fundamentais: a presença de elementos autobiográficos do artista, a implosão do conceito de personagem dramática, a inserção da alteridade via polifonia, o intertexto na composição dramatúrgica organizado pelo autor rapsodo e o metateatro e sua relação com a autoficçãoItem (Con)figurações femininas nos desvãos da ordem patriarcalLima, Marcos Hidemi de; Nascimento, Gizêlda Melo do [Orientador]; Rapucci, Cleide Antonia; Kamita, Rosana Cássia; Alves, Regina Célia dos Santos; Joanilho, André Luiz; Batista, Raimunda de Brito; Fernandes, Frederico Augusto GarciaResumo: Essa tese utiliza duas linhas teóricas de compreensão dos mecanismos de funcionamento da sociedade brasileira, com seus reflexos na literatura, empregadas por Roberto Reis e Roberto Schwarz Do primeiro, as metáforas núcleo e nebulosa, presentes em A permanência do círculo (1987) como definições específicas para os ocupantes do poder e os despossuídos em geral, na pesquisa que o autor empreende a respeito da presença da hierarquia na esfera social que possui homologia com as personagens literárias Do último, a lógica do favor, estudada sobretudo em Ao vencedor as batatas (1977) enquanto característica cultural e identitária que, ao mesmo tempo em que apazigua e oculta os conflitos entre as classes, fortemente molda as relações sociais entre os integrantes dos segmentos financeiramente privilegiados e os dos segmentos integrados pelos desvalidos Estes se singularizam pelo anseio de ascensão socioeconômica, mediante atitudes subservientes para aproximarem-se do primeiro grupo, a fim de fugirem ao estigma da pobreza Com o objetivo de verificar a manifestação das lógicas acima expostas e a permanência ou não da ordem patriarcal, a pesquisa utiliza como porto de partida Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis, aqui servindo como referencial comparativo para as demais obras, para empreender a análise dos romances Clara dos Anjos (1948 – publicação póstuma), de Lima Barreto, S Bernardo (1934), de Graciliano Ramos, Crônica da casa assassinada (1959), de Lúcio Cardoso, e Ópera dos mortos (1967), de Autran Dourado Nos enredos dessas obras, centrados nas três primeiras décadas do século XX (a exceção fica por conta do romance oitocentista de Machado), os relacionamentos afetivos entre suas figuras masculinas e femininas continuam sendo assinalados por um confronto em que as últimas, independentemente de sua posição social, permanecem numa situação de desvantagem em relação às primeiras, comprovando que as transgressões femininas apenas promovem rachaduras na constituição dos valores patriarcaisItem Um "condor" no sertão paulista : a construção da imagem do bandido DioguinhoCarvalho, Nilce Camila de; Joanilho, André Luiz [Orientador]; Abreu, Márcia Azevedo de; Duarte, Regina Horta; Dantas, Marta; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira deResumo: Diogo da Rocha Figueira, mais conhecido por Dioguinho, foi um bandido que atuou no interior paulista no final do século XIX Seus crimes foram cometidos entre os anos de 1894 e 1897, a maioria de cunho político a mando dos poderosos coronéis da região que dominavam as pequenas vilas e cidades no contexto da cultura cafeeira Dioguinho espalhava terror pelas cidades onde passava Sua fama de bandido cruel e sanguinário percorreu toda a região de Ribeirão Preto alimentando a imaginação popular Sobre a vida, crimes e aventuras de Dioguinho há cinco narrativas, escritas por delegados, jornalistas e folcloristas, algumas mesclam relatos orais e documentos escritos atribuindo certo enfoque local às descrições Existem também filmes, cordéis, canções, entre outras produções Com base nessas fontes de variados gêneros, a intenção dessa pesquisa é analisar as diversas representações do afamado bandoleiro em diferentes épocas e lugares enfatizando algumas tentativas atuais de utilizar a sua imagem como um elemento de demarcação identitária tanto ao nível individual quanto, e sobretudo, a nível coletivo Com tantas criações, recriações, fusões entre fatos reais e fictícios, o que resta é a história de um homem cuja vida e morte foram transformadas em lendas, as quais podem ser desconstruídas e analisadas a fim de perceber as intrincadas relações existentes entre a memória que foi construída e reconstruída pelos autores em diferentes períodos, com objetivos e motivações diversas, e as mudanças e continuidades nas representações da imagem de Dioguinho que, mesmo após um século e perpassando várias gerações, continuam presentes e produzindo significados para aqueles que dela se apropriamItem Configurações passionais da saudade e da nostalgia no discurso musical do fadoMorettini, Thays Caroline Barroca Ribeiro; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de [Orientador]; Martins, Geraldo Vicente; Contani, Miguel Luiz; Vieira, Miguel Heitor Braga; Fernandes, Frederico Augusto GarciaResumo: A Semiótica revela-se como campo de estudo que compreende a significação e a organização de diversas manifestações, sejam elas de caráter verbal, visual, musical, dentre outras Esta tese propõe-se a compreender a significação da saudade e da nostalgia no discurso musical do fado Tais paixões são definidas, no âmbito desta pesquisa, como paixões da falta Para pensar a configuração destes estados de alma, o presente estudo tem como corpus canções de fadistas e intérpretes do fado português A tese está estruturada em uma apresentação e em quatro capítulos O primeiro capítulo trata dos aspectos musicais do fado, do percurso musical e das confluências da canção no contexto cultural da nação portuguesa O segundo capítulo apresenta os fundamentos epistemológicos semióticos que articulam a base teórica da pesquisa, na qual são contempladas as fases da Semiótica, a Semiótica das Paixões, a aspectualização e a intensidade da paixão, a espera fiduciária, a representação discursiva das paixões e os modos semióticos de existência Além do arcabouço da Semiótica standard, há o enfoque para os conceitos basilares da Semiótica da Canção, cujos estudos centram-se na obra de Luiz Tatit O terceiro capítulo discorre sobre a fortuna crítica da saudade e da nostalgia, debruçando-se sobre algumas leituras de pesquisadores que versam sobre estas paixões no que tange à sua definição O quarto capítulo desenvolve considerações acerca da configuração discursiva da saudade e da nostalgia, tendo em vista a distinção fundamental entre estas paixões na discursivização das canções que constituem o corpus da pesquisa O aporte teórico da tese sustenta-se nos trabalhos da Semiótica francesa, de Greimas e de Fontanille, na abordagem da Semiótica da Canção, de Luiz Tatit e na contribuição de demais pesquisadores cujas obras constituem uma fortuna crítica em torno da literatura que versa sobre a saudade e a nostalgia A metodologia da tese é de caráter dedutivo Desse modo, as canções que constituem o corpus da pesquisa servem como base para ilustrar a discursivização dos estados de alma da saudade e da nostalgia por meio da perspectiva semiótica O recorte deste corpus foi delimitado pela recorrência da saudade e da nostalgia no fado, as canções foram extraídas do “Portal do Fado” (http://wwwportaldofadonet/) As canções selecionadas para a composição do corpus são: “Saudade das saudades”, de Maria Teresa de Noronha; “Desfado”, de Ana Moura; “Fado da saudade”, de Carlos do Carmo; “Saudades do Brasil em Portugal”, de Amália Rodrigues; “A saudade”, de Carlos Ramos e “Nostalgia (É noite na Mouraria)”, de Amália Rodrigues Nos fados em questão, pode-se evidenciar a relação entre um enunciador e o seu objeto-valor Nesta relação, são suscitados elementos de caráter eufórico, cujos valores são positivos e elementos de caráter disfóricos, cujos valores são negativos A disforia é o processo por meio do qual a saudade e a nostalgia configuram-se no discurso musical do fado como paixões da falta No percurso da tese, verifica-se a distinção fundamental entre a saudade e a nostalgia, centrada nos seguintes elementos: o sentimento de falta, a memória, a lembrança, o passado, a possibilidade de conjunção, a intensidade da paixão, as modalidades e a macrossintaxe passional No percurso gerativo destas paixões, verificou-se que o objetovalor é representado pela pessoa amada do enunciador, por quem ele nutre um grande valor afetivo ou por um espaço e tempo que não são mais acessíveis ao sujeito da falta Verificou-se que os estados passionais resultantes da perda, tais como a tristeza, a angústia, a resignação e a melancolia constituem a macrossintaxe passional que caracteriza a saudade e a nostalgia como paixões da ausência as quais, por sua vez, possuem intersecções sêmicas em seu percurso gerativo do sentido Ambas se referem a um enunciador que se vê privado de seu objeto-valor A pesquisa aponta para a definição da saudade centrada na possibilidade da conjunção, bem como na impossibilidade Em contrapartida, a definição da nostalgia centrase na impossibilidade da conjunção As duas paixões são durativas, pois prolongam-se temporalmente no percurso do sujeito da falta Embora ambas possuam uma significação quase sinonímica, diferem-se pela presença de semas positivos e/ou negativos, no que tange à saudade e a recorrência de semas negativos no que tange à nostalgia, tendo em vista as suas construções discursivas A saudade “brilha sozinha no coração de todas as ausências” (Lourenço, 1999, p15), é o pulsar da esperança da alma portuguesa representada pelo discurso musical do fado, e a nostalgia nutre-se do valor da ausência, a qual categoriza a resignação contínua decorrente da perda do objeto As configurações passionais da saudade e da nostalgia definem-se pelo sentimento de falta, pela inexorabilidade do tempo, pela espera frustrada e pelo ressoar das distâncias e dos contínuos que estão no cerne da alma portuguesaItem A construção da figura religiosa no romance de cavalariaMedeiros, Márcia Maria de; Silva, Joaquim Carvalho da [Orientador]; Corrêa, Alamir Aquino; Rapucci, Cleide AntoniaResumo: A presente tese tem por objetivo analisar a construção da figura religiosa no romance de cavalaria Para tanto, foram escolhidas duas personagens, a saber, o Merlim e a Melusina O primeiro, por representar o total e completo enlace entre a cultura pagã e a cultura cristã, mostrando claramente o substrato mesclado da cultura medieval A segunda pelas nuances ricas em detalhes que permitem ao estudioso construir o complexo contexto em que a mulher se delineava como Eva, a pecadora e Maria, a redentora Para conseguir esse intuito, se tentou construir o que seria o arquétipo da religiosidade medieval, inserindo nesse contexto as idéias inerentes ao imaginário da época que trabalham com elementos como belicismo, contratualismo e maniqueísmo A posteriori, se percorre o ambiente da historiografia literária, desvendando as nuances em que o romance de cavalaria foi escrito, para culminar com a análise da construção das figuras religiosas a partir das duas personagens escolhidasItem Corpo e castelo em Sade e KafkaGheti, André; Silva, Marta Dantas da [Orientador]; Pinezi, Gabriel Victor Rocha; Alves, Sílvio César dos Santos; Nalli, Marcos Alexandre Gomes; Celano, Diego Emanuel GiménezResumo: Esta tese objetiva compreender relações efetuadas entre corpo e castelo a partir de duas obras literárias, Os cento e vinte dias de Sodoma do Marquês de Sade, e O Castelo de Frank Kafka Nelas, os castelos exercem, cada um à sua maneira, o seu poder sobre os personagens envolvidos em relações de dominação que produzem determinados corpos A partir da análise dessas obras, a tese aponta que houve uma gradual transformação nos mecanismos de controle sobre os corpos Os referidos castelos apresentam certas características que remetem às origens desse tipo de construção Castelos são imponentes, localizam-se no alto e são uma defesa eficaz contra inimigos estrangeiros Essas características estão presentes tanto no castelo sadiano como no kafkiano Os corpos, por sua vez, são considerados em sua materialidade O protagonista de Assim falou Zaratustra (218) oferece a possibilidade de compreender a corporeidade enquanto grande razão, constituído de uma multiplicidade de forças que procuram domínio O castelo de Silling, da obra de Sade, pertence a um libertino que, junto de três amigos, envia quarenta e duas pessoas para dentro dessa construção Não existe a possibilidade de ninguém entrar ou sair do castelo de Silling Dentro dele prevalecem regras inflexíveis propícias à libertinagem O castelo, que é uma escola da libertinagem, efetua o domínio sobre os corpos por meio do regulamento elaborado pelos quatro amigos e ensina os personagens sobre o modo de viver libertino Qualquer infração a uma das regras resulta em um castigo doloroso sobre o corpo infrator Com a contribuição de Vigiar e Punir (212) é possível observar que no castelo de Silling existem, simultaneamente, tanto a presença de um modo de punição atrelado ao Antigo Regime, os suplícios, como ao do mundo pós-revoluções burguesas, o modelo prisional Foucault também auxilia esta tese na medida em que consegue fornecer ferramentas que auxiliam tanto na compreensão desses dois modelos punitivos, como no desenvolvimento de saberes e poderes responsáveis pela transformação dos sistemas penais realizadas nas sociedades europeias a partir do século XVIII As instituições sociais passam a adotar o modelo prisional para um melhor controle sobre os corpos que se tornam dóceis mediante a disciplina, os exercícios e a vigilância Essa maneira de exercício do poder sobre os corpos está presente no castelo da obra de Kafka No castelo kafkiano a administração disciplina os corpos dos personagens mediante leis, regulamentos, inquéritos, ofícios etc O castelo vigia os corpos incessantemente e os personagens são obedientes às autoridades Max Weber auxilia a compreensão de alguns aspectos da obra a partir de noções como o desencantamento do mundo e a compreensão da burocracia enquanto um tipo ideal de dominação legal-racional No castelo de Kafka, o controle sobre os corpos não ocorre a partir da força física, mas do controle do tempo, espaço e mentalidade dos personagensItem Crônica, ensino e masculinidades : articulações possíveisArruda, Renata Beloni de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Bianchini, Luciane Guimarães Batistella; Sant'Anna, Jaime dos Reis; Godoy, Maria Carolina de; Alves, Regina Célia dos SantosResumo: O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre as articulações possíveis do ensino de literatura, por intermédio de textos de crônica, com as questões de gênero, mais especificamente sobre as masculinidades Para isso, elegemos como foco de análise materiais didáticos dedicados ao primeiro ano do Ensino Médio e recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático, com o intuito de verificar o tratamento dispensado à crônica, presentes nesses materiais, e a inclusão do gênero nos estudos literários As questões relacionadas ao ensino de literatura e à problemática que envolve o assunto tornaram-se fundamentais para a discussão de novas formas de produção e recepção de obras literárias e o papel das instituições de ensino neste novo cenário Junto aos questionamentos sobre leitura e, particularmente sobre a leitura de textos literários, apontamos para as especificidades que o texto literário traz consigo, incluindo, além de questões estéticas e particularidades composicionais, temas como as masculinidades e seus entrelaçamentos na sociedade contemporânea As crônicas selecionadas para este trabalho, todas do escritor brasileiro Fabrício Carpinejar, abordam as configurações das masculinidades e proporcionam ao leitor reflexões sobre os desdobramentos desta temática, além de possuírem características que possibilitam a abordagem do caráter híbrido da crônica, ao transitar entre a literatura e o jornalismoItem A crônica-canção de Chico BuarqueOliveira, Marcelo Pessoa de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Gonçalves, Aguinaldo José; Fernandes, Luiz Carlos; Santos, Frederico Augusto Garcia dos; Santos, Volnei Edson dos; Mafra, Núbio Delanne Ferraz; Pascolati, Sonia Aparecida VidoResumo: Nosso trabalho investiga a assimilação de características das crônicas de escritores como Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, João do Rio, Carlos Heitor Cony, Machado de Assis na canção de Chico BuarqueO presente trabalho focou, portanto, os estudos literários e culturais Esses estudos prevêem a interconexão entre mídia, literatura e sociedade, a partir de relações simbólicas ocorrentes entre o gênero literário crônica e os versos cantados de Chico Buarque Chico Buarque, ao assimilar em sua canção elementos próprios da produção em prosa, exercita uma aproximação com a prática literária de nossos maiores cronistas Essa aproximação se deixa melhor notar, quando Chico Buarque realiza em suas letras o trabalho que seria próprio de um cronista de jornalAssim, depois de breve discussão sobre a música, a letra e a canção, no capítulo Crônica: facetas e diálogos, há um breve histórico da crítica do século XX, enfatizando a ideia da crônica como gênero literário Noutro capítulo tratamos da narrativa de Estorvo, romance aqui considerado como uma crônica alongada No capítulo A Crônica-canção de Chico Buarque, lidamos diretamente com as canções Para guiar estes confrontos entre crônica e canção, utilizamos as classificações do gênero crônica apresentadas por José Marques de Melo, colocando-as próximas das discussões realizadas por outros pensadores como Antônio Cândido, Davi Arrigucci Jr e Massaud Moisés No capítulo Analisando o Corpus, estudamos as letras de Chico Buarque comparando-as com o gênero crônica literária Finalmente, percebemos que o poema musicado de Chico Buarque pode ser visto como crônica-canção, uma vez que produto das experiências socioculturais das pessoas em seu dia a dia