Ebós nas paisagens literárias contemporâneas: a constituição de uma poética afrorreligiosa brasileira

Data

2025-06-06

Autores

Santos, James Rios de Oliveira

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Resumo

Esta pesquisa objetiva atestar a existência de uma poética afrorreligiosa emergente na literatura nacional, mais precisamente em narrativas contemporâneas. Trata-se de uma vertente literária que, enquanto conceito, é subsidiária da Literatura Afrobrasileira – terminologia proposta pelo pesquisador Eduardo de Assis Duarte (2014) para conceituar o conjunto de obras afro-identificadas. Para consecução do trabalho, foram eleitas para análise de narrativas de diferentes gêneros e destinadas a públicos distintos, com o objetivo de evidenciar a presença das regularidades dessa poética nestas produções. Foram tomadas como objeto de investigação, portanto, sete obras literárias, quais sejam, Torto Arado (2021) (romance), de Itamar Vieira Júnior; As Ayabás do Rei (2017) (romance), de Cléo Martins; O corpo encantado das ruas (2020) (crônicas) e pedrinhas miudinhas (2019) (crônicas), de Luiz Antônio Simas; Um Exu em Nova Yorque (2018) (contos), de Cidinha da Silva; Sortilégio (2022) (teatro), de Abdias do Nascimento; Omo-obá: histórias de princesa (2009) (narrativa infantil), de Kiusam de Oliveira. A tese está dividida em quatro capítulos intitulados: “Lati ?ii aw?n ?n?n: para abrir os caminhos”; “Epistemes na encruzilhada: um ebó para a crítica literária brasileira”; “As paisagens dos terreiros e da literatura afrorreligiosa brasileira” e “A poética afrorreligiosa brasileira: indicadores textuais”. No curso da discussão, buscou-se empreender uma revisão das representações afrorreligiosas em algumas obras da literatura nacional, quais sejam, Catimbó (1990), de Sabino de Campos; O Feiticeiro (2005), de Xavier Marques; Jubiabá (2015) e Capitães da Areia (2018) de Jorge Amado. Excetuando a obra de Amado, constatou-se, durante esta revisão, que as demais narrativas não estabelecem correspondências coerentes e positivas com as realidades culturais da população negra, em especial, com suas as manifestações religiosas. No âmbito do debate sobre o discurso crítico, chegou-se à conclusão de que, apesar de importantes em determinado momento, a crítica produzida acerca dessas produções por estudiosos estrangeiros como Gregory Rabassa e David Brookshaw não deu cabo de realizar uma leitura profícua de suas religiosidades. Adveio daí a justificativa para, nesta discussão, a mobilização de outros referenciais afro-brasileiros como Prandi (2001), Odé Kileuy e Vera de Oxaguiã (2009), Paradiso (2020a) (2020b), Rufino (2019) Sodré (2019), Oliveira (2021) para viabilizar as análises das obras literárias vinculadas, ao menos, a três importantes expressões religiosas: ao Candomblé, à Umbanda e ao Jarê. Os estudos atinentes à filosofia da paisagem empreendidos, sobretudo, por Michel Collot (2013), ganharam revelo nesta tese por oferecerem subsídios teóricos e críticos capazes de estabelecerem, a título de melhor compreensão, a diferença entre uma poética Realista Animista produzida no continente africano e uma Literatura Afrorreligiosa Brasileira, produzida em território nacional. Os indicadores textuais matizados por Duarte (2014) para conceituar a literatura afro-brasileira foram, no último capítulo deste trabalho, retomados a fim de descortinar a estreita vinculação entre as duas modalidades literárias.

Descrição

Palavras-chave

Literatura afrorreligiosa brasileira, Literatura afro-brasileira, Paisagem, Religiões de matriz Africana, Literatura afro-brasileira - Estudo e ensino, Estudos literários, Cultos afro-brasileiros, Identidade cultural, Gêneros literários, Paisagem urbana

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