01 - Doutorado - Letras

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    Materialidades do cinema na literatura
    Souza, Gustavo Ramos de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Marques, Bárbara Cristina; Pereira, Volmir Cardoso; Machado, Rosemeri Passos Baltazar; Martoni, Alex Sandro
    Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre as relações entre cinema e literatura sob a perspectiva das materialidades das mídias Tal aproximação teórica permite repensar tanto os meios de transmissão quanto a especificidade midiática A tese que proponho é que essa materialidade se baseia nas relações, isto é, trata-se de uma materialidade relacional Em vez de analisar a literatura no cinema, como sói nas pesquisas entre essas duas mídias, opto pelo caminho inverso: são analisados dois romances do escritor norte-americano Paul Auster: The Book of Illusions e Man in the Dark, a fim de verificar de que maneira as materialidades do cinema se atualizam no objeto literário Com o intuito de comprovar essa hipótese, divido este trabalho em três momentos: no momento teórico, baseando-me sobretudo na obra de Hans Ulrich Gumbrecht, apresento os estudos das materialidades em oposição ao modelo hermenêutico que impera nos estudos literários; em seguida, a partir de Jacques Derrida e Gilles Deleuze, procedo a uma crítica ao conceito de presença gumbrechtiano e intento uma reconfiguração do campo das materialidades, pensando-o não a partir da presença, mas segundo a relação No momento crítico, primeiramente realizo uma revisão do estado da arte dos estudos sobre literatura e cinema, enfatizando as contribuições de Sergei Eisenstein, Walter Benjamin, Claude Edmonde-Magny, entre outros; depois, empreendo uma discussão sobre o específico fílmico, desde a teoria da montagem dos soviéticos até os debates mais recentes em torno do dispositivo Por fim, no momento analítico, observo as diversas formas que o cinema assume nos dois romances de Auster – porém, sempre considerando que não existe uma definição única de cinema, isto é, as relações que caracterizam os muitos cinemas possíveis variam não só de um romance ao outro, mas também dentro de cada romance
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    Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector
    Alves, Joyce; Corrêa, Alamir Aquino [Orientador]; Limberti, Rita de Cássia Aparecida Pacheco; Godoy, Maria Carolina de; Nolasco, Edgar Cézar; Silva, Telma Maciel da
    Resumo: Essa tese caracteriza Clarice Lispector como cronista perceptora, a partir do estudo e da análise de suas crônicas reunidas na coletânea A descoberta do mundo (1981) Observo de modo particular as crônicas cujos temas estão relacionados à fome, à miséria, ao lugar da mulher pobre na sociedade carioca, entre outros assuntos de ordem social e que me permitem apontar na proposta da cronista certo engajamento no que tangem as causas sociais Nesse sentido, apresento o momento histórico no qual as crônicas foram produzidas com o intuito de entender o que é que se havia de perceber naqueles tempos Chamo a atenção, sobretudo, para a evidente desigualdade social que acometia especialmente a cidade do Rio de Janeiro entre as décadas de 196 e 197, período no qual as crônicas foram escritas Na época, o Brasil sofria com a ditadura militar e com as ações opressoras por meio da censura que limitava as manifestações artísticas, o que não intimidou Clarice Lispector A ousadia tímida da cronista transforma-se em parresía literária graças ao caráter denunciativo de seus textos Baseio-me, ainda, em arcabouço teórico que gira em torno da crônica enquanto gênero literário de origem jornalística, bem como nas teorias que me permitem explicar a apurada percepção da cronista Michel Foucault, em O governo de si e dos outros (21), e Gilles Deleuze e Félix Guattari, em Kafka por uma literatura menor (215), são autores essenciais para a concatenação deste raciocínio a que me proponho Entretanto, Walter Mignolo, em Histórias locais/Projetos globais (23), constitui um dos principais fios condutores da presente tese, sobretudo no que diz respeito ao que o autor chama de pensamento liminar A perceptora Clarice Lispector promove rupturas com as propostas do projeto cultural moderno conduzindo o leitor a uma mudança de lugar epistêmico A percepção da cronista volta-se para o marginal e a partir daí o leitor é direcionado sem, no entanto, fixar-se num único ponto de vista, o que denota a liminaridade do pensamento
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    Intersecções entre autoficção cênica e metateatro no teatro contemporâneo : zonas crepusculares
    Lima, Ricardo Augusto de; Pascolati, Sonia Aparecida Vido [Orientador]; Monteiro, Gabriela Lírio; Flory, Alexandre; Gimenéz, Diego; Simon, Luiz Carlos Santos
    Resumo: Meu objetivo neste estudo é analisar a produção teatral contemporânea sob um dos aspectos que, a meu ver, são mais frequentes: a autoficção Utilizo-me desse termo e não de autobiografia devido à impossibilidade de um teatro autobiográfico nos moldes de Philippe Lejeune (28), conforme escreve Patrice Pavis (28, p 375), em seu Dicionário de teatro, visto tratar-se de uma ficção presente assumida por personagens imaginários Desta forma, recorro ao conceito de Serge Doubrovsky (1977) para verificar em qual medida, na realização cênica, o hibridismo de ficção e realidade na criação alcança outros níveis de significação e representatibilidade que não seriam percebidos na ficção em prosa É, portanto, justamente o mesmo ponto que impossibilita o teatro autobiográfico que será a manifestação dessa ambiguidade: o corpo, a voz e o espaço cênico como instâncias sempre duplas no teatro, parte ficção e parte referencial, que multiplicam os níveis de enunciação e promovem novas leituras e estruturas críticas para o teatro e sua relação com a realidade e, portanto, com ele mesmo Por isso, o reconhecimento ou sinalização da autoficção no texto dramático promove no espectador um rompimento da ilusão teatral similar a outros recursos metadramáticos, como quebra da quarta parede, teatro dentro do teatro, intertextualidade e personagens com consciência dramática A partir do momento em que a ambiguidade é instaurada, o texto mergulha o leitor/espectador em um jogo de dúvida e desdobramentos, no qual nenhum ponto se torna fixo para que o espectador situe sua percepção do real Desta forma, o texto dramático se torna um discurso crítico por ser o responsável pelo questionamento da instância, até então estável, da ficção, além de questionar, é claro, o que é teatro Para tanto, tomo como corpus para exemplificação dos tipos de autoficção que se percebem nas produções contemporâneas os seguintes textos dramáticos e espetáculos: Luís Antônio-Gabriela, de Nelson Baskerville e Verônica Gentilin (211); Conversas com meu pai, de Alexandre Dal Farra e Janaina Leite (213); Tebas Land (213) e La ira de Narciso (215), ambas de Sergio Blanco Em todas elas, o jogo entre real e ficcional é nítido e consciente, instaurados de forma crítica por meio da dúvida em relação à identidade dos personagens protagonistas Para chegar, porém, até elas, mostro como, desde o momento tido como instaurador de uma crise no drama (SZONDI, 21) uma voz dramática anseia por dizer eu sem máscaras na cena, como o faziam, ou ao menos intentavam, na escrita autobiográfica Transito pelo século XX, da Suécia de Strindberg ao subjetivismo moderno de Jorge Andrade, na tentativa de evidenciar uma mudança no paradigma da representação que dá base para o irrompimento do real na cena, seja subjetivamente ou de forma direta A criação de uma verdade em cena, mesmo que seja uma "verdade inventada", uma possibilidade de Uma versão, mesmo que um pouco turva, de um Real que nunca é alcançado
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    Entre sujeito e objeto : representações femininas em Ibsen
    Silva, Vicentônio Regis do Nascimento; Pascolati, Sonia Aparecida Vido [Orientador]; Álvaro, Mirla Cisne; Rauen, Margarida Gandara; Leite, Suely; Simon, Luiz Carlos Santos
    Resumo: Considerado um dos grandes nomes da dramaturgia moderna, Henrik Ibsen (1828-196) dedicou boa parte de sua obra a explicitar os problemas da família burguesa, concedendo destaque à mulher, que não usufruía da liberdade nem dos benefícios capitalistas destinados ao homem Com a publicação de Casa de bonecas, provoca alvoroço nos palcos e na sociedade Os movimentos conservadores e os progressistas/feministas – tanto os do século XIX quanto os do século XX – combatem ou ratificam suas obras Nossa tese repousa na concepção de que, em sua maioria, suas personagens femininas são sujeitos (históricos e de direito) que se sobrepõem às mulheres (reais) do século XIX A construção da imagem da mulher (silenciada por mecanismos de dominação simbólica, (re)transmitidos e (re)produzidos por meio da Igreja, da Educação e do Trabalho) e a concepção da mulher-sujeito ocorrem pela perspectiva de, entre outros, Michelle Perrot, Michel Foucault, Alain Touraine, Pierre Bourdieu e Simone de Beauvoir A propriedade sobre o corpo e a vida integra o patrimônio do marido/sujeito/proprietário a quem cabe as decisões sobre a mulher/objeto/propriedade Nas obras analisadas – Casa de bonecas (1879), Um inimigo do povo (1882), O pato selvagem (1884), A dama do mar (1888), Hedda Gabler (189), Solness, o construtor (1892), John Gabriel Borkman (1896) – independentemente da condição de protagonista ou de personagem secundária, os modelos femininos opõem-se aos da história: as personagens femininas têm voz (recorrem ao discurso, ferramenta de libertação), vez (instauram espaços) e liberdade (sexual e afetiva, aplicando suas escolhas ao casamento, à família, à maternidade e ao corpo) A emancipação ocorre pelo discurso, trajeto de definição de si por si mesmo e de si pelo, com, para e contra o outro, construindo-se identidades por meio de conflitos internos e externos A definição do sujeito dramatúrgico ocorre pelo modelo actancial de base greimasiana e aprofundado, no âmbito dramatúrgico, por Anne Ubersfeld, acompanhado do referencial teórico da Análise do Discurso e da Semiótica de Linha Francesa A constituição do sujeito histórico erige-se na comparação das práticas e representações da mulher do século XIX, geralmente delineada como mulher-objeto, às das mulheres ibsenianas, construídas como mulher-sujeito cujas ações ainda seriam consideradas ousadas até mesmo após o início da Guerra Fria
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    A anatomia da vingança : uma leitura da obra romanesca de Moacir Japiassu
    Batista, Sidinei Eduardo; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de [Orientador]; Martins, Geraldo Vicente; Brito, Luciana; Vieira, Miguel Heitor Braga; Batista, Adilson
    Resumo: Nosso objetivo, neste trabalho, é propor uma anatomia para a vingança e as suas motivações Pretendemos defender a tese de que as mais variadas paixões podem levar um indivíduo a se vingar, seja pela ambição e pelo sentimento de rejeição, caso de Caim, seja pela motivação passional amorosa e pela defesa da honra, como o faz o prefeito Sizenando Coelho, que inicia uma guerra em um dos romances de Japiassu De modo objetivo, pretendemos apontar algumas das paixões que alteram a psique da personagem, levando-a a uma nova condição social e identitária, principalmente quando isso ocorre como efeito da busca que um sujeito empreende por um determinado objetovalor, e este se torna, de algum modo, inatingível a ponto de o sujeito passar a considerar sua impossibilidade como consequência das ações de outros sujeitos que, ao contrário dele, possuem o objeto-alvo de seu desejo Para realizar essa proposta, adotamos, como suporte teórico, a semiótica de linha francesa, mais precisamente a semiótica das paixões Essa escolha se justifica porque o estudo das paixões tornou-se - nas últimas décadas - ponto destacado nos estudos Semióticos, Sociológicos e Filosóficos, assim como sempre o foi na psicologia A semiótica, portanto, passou a interessar-se pelo que ela define como estados de alma do sujeito: efetivamente, pelo estudo das emoções humanas No entanto, a semiótica define a paixão como um arranjo de elementos linguísticos, vez que essa paixão é vista como uma construção textual, ou uma paixão representada A partir dessa delimitação, a semiótica tornou-se um método analítico dos mais eficazes para a abordagem do texto literário e para os Estudos Literários
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    Ecos de esquizolinguagem em Clarice Lispector e Antonin Artaud
    Skeika, Jhony Adelio; Pascolati, Sonia Aparecida Vido [Orientador]; Oliveira, Silvana; Silva, Ceres Vittori; Migliozzi, Luiz Carlos; Silva, Marta Dantas da
    Resumo: Esta pesquisa analisa a construção da escrita literária de Clarice Lispector e Antonin Artaud, a fim de sustentar a ideia de que esses dois autores exercitam expressões de uma linguagem experimental, desfragmentada, multifacetada, híbrida, que mistura diversos signos de maneira insólita; dicções literárias daquilo que, a partir dos estudos dos filósofos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari, chamo de Esquizolinguagem O trabalho está dividido em 4 partes, as quais têm a pretensão de funcionar pela lógica de platô – “uma região contínua de intensidades, vibrando sobre ela mesma, e que se desenvolve evitando toda orientação sobre um ponto culminante ou em direção a uma finalidade exterior” (BATESON apud DELEUZE; GUATTARI, 1995, p 33) Embora isso seja meio paradoxal, já que uma tese pretende criar um discurso, se não inédito, original sobre um determinado objeto, o que implicaria conceber conclusões, esta pesquisa não pretende estabelecer uma teoria estanque sobre a obra de Artaud e de Lispector, mas antes verificar as zonas de convergência e conexão entre as produções desses autores, procurando delinear traços da estética do discurso artístico-literário exercitado nos textos escolhidos No primeiro platô acompanhamos o passeio do esquizofrênico pela máquina capitalista, procurando refletir sobre as confluências entre a noção de esquizofrenia que norteia este trabalho e o território da linguagem, onde se territorializa o sujeito esquizo O segundo platô é o espaço de intensidades clariceanas, remontando o percurso da linguagem na obra de Clarice Lispector até chegar ao processo doloroso de escritura de Água viva (1973) Procuro conectar as discussões sobre a (in)eficiência da língua humana e seu escape para a pintura, música, linguagem do corpo, silêncio, etc a alguns quadros que foram pintados pela autora, isso na tentativa de perceber um projeto estético-literário acontecendo na produção de Lispector O terceiro platô esboça a dinâmica de escritura de Antonin Artaud e o amadurecimento da proposta chamada de Teatro da Crueldade, também refletindo sobre os diversos signos evocados em sua pictografia (DERRIDA, 1998) As obras que ganham maior atenção são Les sorts (1937-1939), Artaud le Mômo (1947), Suppôts et suppliciations (1947) e 5 dessins pour assassiner la magie (1948) – textos que estiveram no foco das minhas pesquisas durante o estágio doutoral PDSE na Université Paris X (Nanterre, La Défense, França), que aconteceu entre setembro de 214 e maio de 215 Por fim, o quarto platô procura abordar, a partir da ótica da Esquizoanálise (DELEUZE; GUATTARI, 1995, 21), uma conduta de construção literária a partir de uma linguagem multifacetada, híbrida, deslocada, insólita, etc, e que, em alguns casos, rompe com o sistema da língua – a Esquizolinguagem –, procurando nos textos de Artaud e Lispector algumas características possíveis desse procedimento esquizo de criação Todavia, como indicado no título do trabalho, o que alcanço são apenas vislumbres e ecos dessa expressão de linguagem Portanto, o movimento analítico exercitado no âmbito desta tese é o de territorializar algumas características dessa expressão esquizo que podem ser percebidas na produção desses autores, especificamente, nos textos escolhidos
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    Crônica, ensino e masculinidades : articulações possíveis
    Arruda, Renata Beloni de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Bianchini, Luciane Guimarães Batistella; Sant'Anna, Jaime dos Reis; Godoy, Maria Carolina de; Alves, Regina Célia dos Santos
    Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre as articulações possíveis do ensino de literatura, por intermédio de textos de crônica, com as questões de gênero, mais especificamente sobre as masculinidades Para isso, elegemos como foco de análise materiais didáticos dedicados ao primeiro ano do Ensino Médio e recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático, com o intuito de verificar o tratamento dispensado à crônica, presentes nesses materiais, e a inclusão do gênero nos estudos literários As questões relacionadas ao ensino de literatura e à problemática que envolve o assunto tornaram-se fundamentais para a discussão de novas formas de produção e recepção de obras literárias e o papel das instituições de ensino neste novo cenário Junto aos questionamentos sobre leitura e, particularmente sobre a leitura de textos literários, apontamos para as especificidades que o texto literário traz consigo, incluindo, além de questões estéticas e particularidades composicionais, temas como as masculinidades e seus entrelaçamentos na sociedade contemporânea As crônicas selecionadas para este trabalho, todas do escritor brasileiro Fabrício Carpinejar, abordam as configurações das masculinidades e proporcionam ao leitor reflexões sobre os desdobramentos desta temática, além de possuírem características que possibilitam a abordagem do caráter híbrido da crônica, ao transitar entre a literatura e o jornalismo
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    A casa-grande de Freyre e suas implicações nas tendas de Amado
    Shinkawa, Bárbara Poli Uliano; Rio Doce, Cláudia Camardella [Orientador]; Feldman, Alba Krishna Topan; Simon, Cristiano Gustavo Biazzo; Fernandes, Frederico Augusto Garcia; Godoy, Maria Carolina de
    Resumo: Esta tese é um estudo comparativo entre discursos de origens distintas, mas de ideais próximos Discursos produzidos entre autores de áreas diferentes, porém com um mesmo objetivo: exaltar a mestiçagem Jorge Amado, leitor assumido de Freyre, expressou literariamente em Tenda dos Milagres alguns dos conceitos de mestiçagem declarados por Gilberto Freyre Os dois autores foram responsáveis, sem talvez quererem ter sido, pelo ideal ainda hoje alimentado de uma nação unida pela mestiçagem sem barreiras, ou seja, pela mistura de cores e credos sem fim Tal fato desencadeou, como Healey aponta (1996), a partir de meados da década de 194, quase uma peregrinação ao Brasil de pesquisadores curiosos para saber como o país teria resolvido um assunto tão sério quanto a discriminação racial Para mostrar essa aproximação de ideal, praticamente uma crença professada por Freyre e Amado, corroboram para nosso trabalho vários autores como Adolfo, Munanga, Hall, Woodward, Derrida, Bourdieu, Candido, Bosi, DaMatta, Schwarcz, Araújo, entre outros igualmente importantes para trabalhar com as questões de ordem sociológica e antropológica, bem como literária, já que nosso trabalho também observa a confluência de áreas e ideais envolvidos na produção amadiana A pesquisa traça no decorrer de sua construção pontos em comum, semelhantes e até divergentes no pensamento de Freyre e Amado, no que tange à mestiçagem, além de analisar como o escritor baiano expressou a influência recebida por Freyre na construção do mestiço (ideal) Pedro Archanjo Entendemos, após o desenvolvimento desta pesquisa, que Jorge Amado recebeu influências de Gilberto Freyre e compartilhou de ideais do escritor pernambucano Todavia, Amado não reproduziu simplesmente as tendências recebidas, ele as releu Assim, a mestiçagem é mais que um tema para Jorge Amado, é um instrumento essencial de sua criação literária
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    De gregos a baianos : canção, literatura e teatro nas tramas rapsódicas de Maria Bethânia
    Forin Junior, Renato; Pascolati, Sonia Aparecida Vido [Orientador]; Silva, Alexandra Moreira da; Matos, Edilene Dias; Celano, Diego Emanuel Giménez; Fernandes, Frederico Augusto Garcia
    Resumo: A tese toma como objeto a obra da intérprete Maria Bethânia, mais especificamente a forma que ela concebeu junto do diretor Fauzi Arap entre os anos 196-197 e refinou ao longo de cinco décadas de trajetória artística, com diferentes encenadores: o “espetáculo de música teatralizado” O roteiro destes shows é pensado a partir da minuciosa organização intertextual de fragmentos literários e canções Tal dramaturgia, feita de quadros sucessivos, dialoga com signos de várias naturezas durante a realização cênica Estes dados nos levam – a despeito da crítica – a destacar a essência teatral da forma e servem de base para nossa principal hipótese: o espetáculo de música teatralizado de Maria Bethânia anuncia no Brasil características da cena contemporânea, que se tornariam paradigmáticas nos palcos a partir dos anos 198 Para comprovar a proposição, analisamos trechos de vários shows da intérprete à luz da teoria do drama, sem perder de vista os estudos de literatura e oralidade Nossa principal base teórica é o francês Jean-Pierre Sarrazac, para quem a “rapsódia” regressa da ancestralidade grega para se transformar em uma das qualidades peculiares do drama moderno e contemporâneo Assim, o texto teatral torna-se um jogo de construção a partir de colagens e montagens, e o autor é uma espécie de engenheiro que organiza esses elementos – exatamente como ocorre na obra de Bethânia Adotamos ainda outros conceitos como o transbordamento, a poeticidade, o teatro dos possíveis, a fragmentação, o drama-da-vida, o íntimo, a (crise da) mimesis, o metateatro e o trágico (do) cotidiano, sempre tendo como norte a pertinência à obra da intérprete baiana Antes, nossas reflexões centram-se sobre o fenômeno da canção popular brasileira Lançamos a possibilidade de compreendê-la como um lugar de reencontro entre filosofia e poesia, estas instâncias segregadas pelo racionalismo de Platão O filósofo condena a textura performativa da palavra poética e a conduz ao silêncio ocidental A partir destes argumentos – e tomando como referência a transformação de um dos primeiros mitos femininos da voz, as sereias –, estabelecemos uma ponte sincrônica entre o Brasil e a Grécia Arcaica (mitopoética, não contaminada pelo logocentrismo insonoro) Nossa proposta é compreender a cultura brasileira a partir da rapsodização, cuja marca é a mistura, a amálgama, a heterogeneidade – na linha da Antropofagia e do Tropicalismo Nossos intérpretes são neorrapsodos: como os antigos poetas gregos, elaboram obras autorais a partir da costura (“rhaptein”, em grego, significa “costurar”) de múltiplos textos-tecidos e realizam-nas plenamente em uma performance interartística
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    A narrativa insólita de A viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki
    Andreo, Marcelo Castro; Cézar, Adelaide Caramuru [Orientador]; Limoli, Loredana; Santos, Adilson dos; Demétrio, Sílvio Ricardo; Leite, Suely
    Resumo: O objetivo deste trabalho é demonstrar e analisar o percurso narrativo no qual o diretor japonês Hayao Miyazaki apresenta a evolução de sua personagem principal, a menina Chihiro, no longa-metragem de animação A Viagem de Chihiro (21) Este percurso apresenta-se em duas ambientações, os mundos primário e secundário, aqui chamados de mundo-aqui e outro-mundo Serão historiados os filmes de Miyazaki produzidos no Studio Ghibli, com protagonistas femininas, e, especialmente, seus traços que remetem ao maravilhoso e ao fantástico, partindo-se previamente das definições destes termos dadas pelo crítico Tzvetan Todorov, seguidas por outras visões neste campo nos trabalhos das teóricas Irène Bessière e Maria Nikolajeva Tendo essas definições em mente, será analisada a inserção do modo fantástico e das modalidades de interpretação nos filmes selecionados de maneira a presentar o trajeto do diretor rumo ao fantástico que resultou no longa-metragem A viagem de Chihiro Para examinar o filme escolhido, utilizar-se-á um processo indutivo de análise do longa-metragem de animação sequência a sequência, tendo como ferramentas de análise principais os estudos sobre funções e esferas de ação desenvolvidas pelo folclorista russo Vladímir Propp na década de 192, na obra Morfologia do conto maravilhoso O acompanhamento do processo de maturação da heroína será observado através da evolução de algumas funções de Propp e da sua relação com outros personagens, pertencentes a outras esferas de ação proppianas As sequências da animação, objetos desta observação, serão comparadas com o conceito de rito de passagem do antropólogo Arnold Van Geenep Paralelamente, serão estudadas as fontes religiosas, mitológicas e folclóricas japonesas nas quais o diretor Hayao Miyazaki inspirou-se, por meio dos trabalhos das antropólogas Gergana Petkova, Birgit Staemmler e Carmen Blacker, da crítica literária Noriko Reider e do psicólogo Hayao Kaway Espera-se, assim, observar as múltiplas leituras que se podem extrair da narrativa de A Viagem de Chihiro sem a necessidade de se ater a uma distinção reducionista de realidade ou fantasia, aproveitando as modalidades narrativas miméticas e simbólicas como os fatores que propiciam a movimentação entre as interpretações da obra, vendo seus aspectos paralelos de narrativa maravilhosa e fantástica
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    Intersecções literárias entre a narrativa noir e as fotonovelas policiais
    Silva, Daniela Maria Nazaré da; Joanilho, André Luiz [Orientador]; Guimarães, Valéria dos Santos; Prado, Márcio Roberto do; Silva, Telma Maciel da; Leite, Suely
    Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar as fotonovelas como suporte intermídias Pensando em sua estrutura impura, entende-se esse material de leitura como o resultado da conjugação de variadas expressões artísticas Assim, por meio da união de fotografias, elementos próprios do cinema, com componentes emprestados das histórias em quadrinhos (HQS), originam-se as fotonovelas, um meio de leitura autêntico, cujo papel essencial é representar as mais variadas narrativas Em geral, associa-se as fotonovelas às histórias românticas, cujos protagonistas são um casal apaixonado que enfrenta os mais penosos obstáculos para a concretização do amor No entanto, pretende-se demonstrar no decorrer desse trabalho, as diferentes histórias que percorreram o mercado editorial Sendo assim, circularam nas Editoras de revistas, fotonovelas religiosas, góticas, de terror, de ficção científica, policiais, entre outras, sendo as últimas, objeto de estudo dessa tese Ao se fazer uma análise desse material, almeja-se demonstrar como as narrativas policiais foram bem adaptadas pelas fotonovelas Levando em conta a presença de diálogos como principal elemento estrutural de romances e contos noir, o suporte intermídias aqui estudado, propicia suas adaptações, possibilitando, dessa forma, que as fotonovelas policiais publicadas pelas Revistas da Editora Vecchi, pudessem adentrar no “cânone” de narrativas noir Partindo dessa assertiva, destacar-se-á a construção narrativa dessas fotonovelas em relação com alguns romances e/ou contos noir, evidenciando o diálogo existente entre seus detetives, suas aventuras, bem como considerando suas divergências, pelo fato de as narrativas sofrerem adaptações conforme a estrutura e características dos veículos onde são divulgadas Levando em conta a dinamicidade que permeia essas aventuras detetivescas, as fotonovelas funcionam, harmoniosamente, como um suporte intermídias das narrativas noir
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    A boca e o inferno : uma análise da produção literária de Ana Miranda
    Martins, Denis Pereira; Joanilho, André Luiz [Orientador]; Joanilho, Mariângela Peccioli Galli; Brito, Luciana; Vieira, Miguel Heitor Braga; Carreri, Márcio Luiz
    Resumo: Ana Maria Nóbrega Miranda teve seu lançamento no mundo literário com um livro de poesias intitulado Anjos e demônios (1978), entretanto, passou a ter visibilidade literária como romancista no final da década de 8, com o lançamento de Boca do Inferno Trata-se de uma biografia romanceada do poeta Gregório de Matos, traduzida para mais de vinte idiomas A obratornou-se um clássico respeitado no campo da literatura Subsidiada por leituras e mais leituras de textos do Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos, a obra possui como cenário Salvador, no final do século XVII Atenta à riqueza da linguagem empregada, utiliza-se de palavras vulgares para fazer jus a Gregório de Matos, apelidado como Boca do Inferno Neste romance, de maneira crítica, Miranda visa mostrar uma terra marcada pela libertinagem, corrupção e luta pelo poder, retoma uma época em que o país se resumia em governantes corruptos e povo sem voz, sem autonomia Dentro de sua proposta de literatura, o autor torna-se um historiador, um pesquisador Utilizando-se do novo Romance Histórico, produz narrativas que focalizam acontecimentos integrantes da história oficial e, por vezes, definidores da própria constituição física das fronteiras brasileiras e também aquelas que promovem a revisão do percurso desenvolvido pela história literária nacional Esse fazer literário, muito bem recebido pelo mercado editorial brasileiro, faz de Ana Miranda uma autora com um estilo único e recorrente As vozes são múltiplas: onde acaba Vieira e começa Ana Miranda, onde é Gregório de Matos, ou o que restou dele em nossa memória? Essa tese visa analisar tais vozes romanceadas por meio do intertexto e do interdiscurso Será feita a comparação do texto de Boca do Inferno e outros textos que podem ter sido influência na construção do romance
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    Entre gaguejos : Hilst, Beckett e os limites da linguagem
    André ,Willian; Alves, Regina Célia dos Santos [Orientador]; Barbosa, Sidney; Tofalini, Luzia Aparecida Berfoffa; Silva, Telma Maciel da; Vieira, Miguel Heitor Braga
    Resumo: Este trabalho tem por objetivo propor uma aproximação entre alguns textos de Hilda Hilst e Samuel Beckett, desencadeando uma reflexão sobre o problema filosófico das limitações da linguagem Nas produções de ambos os autores, são recorrentes situações em que a linguagem empregada se mostra falha, insuficiente, ora por meio de narrativas cujos personagens não conseguem estabelecer comunicação com o contexto que os cerca, ora por meio de tentativas confusas de descrição, que não se completam A análise comparada visa a comprovar a tese de que existe um teor comum a percorrer certa parcela das literaturas hilstiana e beckettiana, e de que uma reflexão sobre os limites da linguagem se constitui como via de acesso das mais adequadas para a leitura/compreensão de seus textos Para sustentar tal leitura, propomos uma reflexão que, em termos metafóricos, se traduz na elaboração de uma “poética do gaguejo” Além do devido suporte crítico sobre as obras dos dois autores, nosso principal referencial teórico-filosófico, baseado na crítica da linguagem, é constituído por Ludwig Wittgenstein, Fritz Mauthner e Friedrich Nietzsche
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    Kafka e Schopenhauer : zonas de vizinhança
    Mendonça, Maurício Arruda; Santos, Volnei Edson dos [Orientador]; Alves, Regina Célia dos Santos; Lamas, Angela; Brum, José Thomaz; Demétrio, Silvio Ricardo
    Resumo: Na presente tese abordo as obras O Castelo; Aforismos de Zürau e Cadernos G e H; Na colônia penal e O caçador Graco, de autoria do escritor Franz Kafka; relacionando-as com obras O Mundo como Vontade e como Representação; Acréscimos à Doutrina do sofrimento do Mundo e Metafísica da Morte – Sobre a morte e sua relação com indestrutibilidade de nosso ser em si, do filósofo Arthur Schopenhauer Meu objetivo é demarcar zonas de vizinhança entre a literatura de Kafka e a filosofia de Schopenhauer, procurando demonstrar que Kafka foi leitor atento da obra do filósofo da Vontade, pormenor este pouco estudado entre os especialistas da obra kafkiana
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    Para além do nitrato de prata : análise do duplo especular em contos da literatura ocidental
    Jota, Cátia Cristina Sanzovo; Cézar, Adelaide Caramuru [Orientador]; Gama-Khali, Marisa Martins; Limoli, Loredana; Santos, Adilson dos; Rio Doce, Cláudia Camardella
    Resumo: Coisa de magia, símbolo por excelência O espelho, longe de ser meramente um objeto refletor ou uma peça de decoração, transcende sua função reprodutora Ele abre as portas do imaginário e instala-se no cotidiano do homem, no folclore popular, na cultura, na psicologia, na ciência, na filosofia e nas artes em geral Desde o início, o homem procurou um meio de conhecer-se a si mesmo e encontrou no nitrato de prata o instrumento perfeito para tal empreendimento Entretanto, conhecer-se implica uma das jornadas mais difíceis que qualquer ser humano pode tentar completar, pois conhecer-se é defrontar-se com um outro, ao mesmo tempo estranho e familiar A literatura toma o espelho como mote a fim de expressar, por meio da palavra, esse caminho tortuoso percorrido pelo homem em busca de seu verdadeiro “eu” Assim, objetivo da tese é levantar e discutir a hipótese de o espelho funcionaria como uma ferramenta extremamente eficaz para se desvendar o universo do personagem Para tanto, foram selecionados sete contos da literatura ocidental para análise: “O espelho” (1885), de Anton Tchekov; “Cadáveres insepultos” (1893), de Aluísio Azevedo; “O forasteiro” (1921), de Howard Phillip Lovecraft; “A dama no espelho: uma reflexão” (1929), de Virgina Woolf; “O espelho” (1938), de Gastão Cruls; “Imagem” (1967), de Luiz Vilela; e “Espelho” (1983), de Marcio Barbosa Dessa forma, a tese foi divida em três capítulos O primeiro é destinado ao estudo dessa entidade obscura que é o duplo O segundo intenciona investigar o espelho e suas ramificações Por fim, o terceiro capítulo objetiva apresentar a análise dos contos selecionados Dentre os estudiosos que serviram de base teórica para a tese, tem-se Freud, Otto Rank, Umberto Eco, Edgar Morin, Julia Kristeva, Nicole Bravo, Sabine Melchio-Bonnet, Jean-Paul Sartre, Jean Pierre Vernant, entre vários outros A conclusão é que a reflexão e a inversão proporcionadas pelo espelho possibilitam uma visibilidade maior da personagem, não só ao próprio personagem, mas também aos olhos do leitor Além disso, conclui-se que quando o personagem se deixa dominar por seu duplo especular, o enredo torna-se cíclico e o desfecho irônico Por outro lado, quando o personagem despoja-se de seu duplo, dá o primeiro passo na direção do conhecimento de si mesmo
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    A tradição teletranscriada : oralidade e propaganda em Hoje é dia de Maria
    Pantoja, Ana Claudia Freitas; Fernandes, Frederico Augusto Garcia [Orientador]; Silva, Acir Dias da; Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato; Silva, Marta Dantas da; Pascolati, Sonia Aparecida Vido
    Resumo: A presente tese dedica-se à análise da microssérie Hoje é dia de Maria – primeira jornada – produto ficcional teledramatúrgico seriado brasileiro, veiculado na maior emissora do país no ano de 25, sob direção de Luiz Fernando Carvalho O programa é inspirado nos contos populares de circulação oral compilados por Sílvio Romero e Câmara Cascudo entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX A pesquisa tem caráter interdisciplinar, contemplando conceitos oriundos da Literatura, Antropologia e Comunicação Audiovisual, à luz das discussões desenvolvidas no âmbito dos Estudos Culturais Investiga-se como a atração midiática realiza a trancriação de textos poéticos orais tradicionais para o formato televisivo, a partir do diálogo interartes e de princípios da comunicação tecnoestética, seguindo a denifição de Denise Azevedo Duarte Guimarães A hipótese que se delineia na pesquisa é de que Hoje é dia de Maria não se consitui apenas em uma iniciativa adaptativa de grande porte, mas também se configura como um tipo peculiar de propaganda das poéticas e da cultura oral tradicional brasileira Além dos três autores supracitados, entre os principais teóricos que embasam a tese destacam-se: Paul Zumthor, Jean-Noël Pelen, Jesús Martin-Barbero, Linda Hutcheon, Nestor Garcia Canclini, Roger Chartier, Diana e Mário Corso, Rogério Covaleski, Umberto Eco, Carlo Ginzburg, Anna Maria Balogh, Bruno Bettelheim, Everardo Rocha, Frederico Fernandes, dentre outros
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    Modos de apropriação do discurso literário : modelos escolar e digital
    Soares, Samuel Ronobo; Joanilho, André Luiz [Orientador]; Gruner, Clóvis Mendes; Joanilho, Mariângela Peccioli Galli; Oliveira, Vanderléia da Silva; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de
    Resumo: O objetivo do presente trabalho é investigar os modos de apropriação do discurso literário no meio escolar e no digital Para a realização da pesquisa, adotamos o conceito de Literatura como fato social que abriga instâncias, instituições e indivíduos acercados por condições econômicas, culturais e históricas específicas Também utilizamos o conceito de Letramento Literário e o de Prática de Letramento Literário, que forneceram a base para pensarmos os modos como os dois espaços se apropriam do discurso literário Como pressuposto básico, a pesquisa considera que as práticas que orientam a inserção de Letramento Literário nesses meios são igualmente parecidas, ou seja, há uma coordenação de elementos ou regras específicas que permite a inserção do sujeito no discurso literário Para isso, foram analisados três livros didáticos destinados ao ensino médio e a rede social SKOOB Por um lado, os materiais, com o objetivo de formar um tipo específico de bem cultural ou uma concepção de Literatura com foco na nacionalidade, recorrem a certos mecanismos como, por exemplo, resumos de obra, inserção do discurso da crítica especializada, biografias de autores e periodização literária De outro lado, com finalidade mais comercial, a rede social SKOOB, ainda que esteja no domínio virtual, se utiliza dos mesmos procedimentos, formando, assim, um modelo de Letramento Literário Digital O que os diferencia, então, são os papéis desempenhados pelos sujeitos No meio escolar, há uma verticalidade dos modos de apropriação do literário, de forma que a construção do conhecimento ocorre a partir de instâncias reguladoras (crítica, universidade e livros didáticos etc) No digital, não há essa hierarquização do conhecimento: o participante pode transitar ora como formador de uma prática (ao elencar a sua lista de Literatura) ora como receptor (quando observa as práticas dos outros participantes), sobreposição que contribui para um novo ethos Conclui-se, portanto, que mesmo os objetivos sendo distintos, os dois meios utilizam modos de apropriação do literário que os fazem participar da mesma ordem discursiva Porém, no meio digital, abre-se a possibilidade de que outras práticas de Letramento Literário sejam efetivadas
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    Crônicas brasileiras do final do século XX : uma reflexão a respeito da comunicação de massa na exposição da intimidade
    Arruda, Ângela Maria Pelizer de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Félix, Idemburgo Pereira Frazão; Mariano, Silvana A.; Alves, Regina Célia S.; Godoy, Maria Carolina de
    Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo verificar as reflexões trazidas pelas crônicas do final do século XX acerca da exposição da intimidade, principalmente quando esta se dá por meio da comunicação de massa Levando em consideração que o texto cronístico se apresenta como um relato dos acontecimentos cotidianos, acreditamos ser o gênero ideal para tais apontamentos Para isso, utilizaremos como fundamentação teórica textos dos diversos campos do saber que abordam as questões da intimidade, com o intuito de encontrar subsídios para compreender o lugar e a representação das relações íntimas na literatura, bem como a sua configuração nos espaços públicos e privados Além disso, abordaremos brevemente algumas considerações a respeito da crônica, numa relação desta com o jornal, com a literatura e com a própria intimidade No momento da análise, buscaremos apresentar textos cronísticos das décadas de 198 e 199 que abordem o tema aqui proposto, com o intuito de refletirmos como o gênero, a partir de suas particularidades, expõem o tema e levam o leitor a refletir sobre ele Dessa forma, pretendemos mostrar como a literatura, pode ser vista como uma representação das transformações sociais, principalmente em se tratando da crônica, gênero que se dispõe a estar tão próximo do leitor e dos movimentos que envolvem sua existência
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    Um "condor" no sertão paulista : a construção da imagem do bandido Dioguinho
    Carvalho, Nilce Camila de; Joanilho, André Luiz [Orientador]; Abreu, Márcia Azevedo de; Duarte, Regina Horta; Dantas, Marta; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de
    Resumo: Diogo da Rocha Figueira, mais conhecido por Dioguinho, foi um bandido que atuou no interior paulista no final do século XIX Seus crimes foram cometidos entre os anos de 1894 e 1897, a maioria de cunho político a mando dos poderosos coronéis da região que dominavam as pequenas vilas e cidades no contexto da cultura cafeeira Dioguinho espalhava terror pelas cidades onde passava Sua fama de bandido cruel e sanguinário percorreu toda a região de Ribeirão Preto alimentando a imaginação popular Sobre a vida, crimes e aventuras de Dioguinho há cinco narrativas, escritas por delegados, jornalistas e folcloristas, algumas mesclam relatos orais e documentos escritos atribuindo certo enfoque local às descrições Existem também filmes, cordéis, canções, entre outras produções Com base nessas fontes de variados gêneros, a intenção dessa pesquisa é analisar as diversas representações do afamado bandoleiro em diferentes épocas e lugares enfatizando algumas tentativas atuais de utilizar a sua imagem como um elemento de demarcação identitária tanto ao nível individual quanto, e sobretudo, a nível coletivo Com tantas criações, recriações, fusões entre fatos reais e fictícios, o que resta é a história de um homem cuja vida e morte foram transformadas em lendas, as quais podem ser desconstruídas e analisadas a fim de perceber as intrincadas relações existentes entre a memória que foi construída e reconstruída pelos autores em diferentes períodos, com objetivos e motivações diversas, e as mudanças e continuidades nas representações da imagem de Dioguinho que, mesmo após um século e perpassando várias gerações, continuam presentes e produzindo significados para aqueles que dela se apropriam
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    A esperança em tempos sombrios : a produção poética brasileira da primeira metade do século XX
    Fuza, Patrícia Josiane Tavares da Cunha; Corrêa, Alamir Aquino [Orientador]; Ramos, Tânia Regina Oliveira; Ferraz, Francisco César Alves; Simon, Luiz Carlos Santos; Kaimoti, Ana Paula Macedo Cartapatti
    Resumo: A função desse estudo crítico é analisar como se desenvolveu o sentimento esperança na produção poética brasileira da primeira metade do século XX, período em que suas premissas de existência, como a percepção de um futuro possível, abalaram-se profundamente, dada a atmosfera de medo e incerteza instaurada no Brasil e no mundo Em 1949, o filósofo alemão Ernst Bloch ao publicar sua obra máxima, Das Prinzip Hoffnung (O Princípio Esperança), dividida em três volumes, trouxe à baila a discussão sobre esse afeto, expondo um longo inventário daquilo que, sob a forma de sonhos e utopias, é portador de esperança A partir do que enxergava no passado e no presente, Bloch esboçou os contornos de um futuro possível, em que o homem reconquiste a si mesmo, ultrapasse o reino da alienação e realize um mundo novo Para tanto, nessa nova perspectiva blochiana, a esperança passaria de uma utopia inerte e contemplativa para uma ação de transformação do homem e da sociedade No entanto, na primeira metade do século XX, o otimismo de Ernst Bloch em relação à esperança de um mundo melhor chocou-se com uma dura realidade: a escuridão, o horror e o caos que marcaram duas grandes guerras mundiais Escuridão essa capaz de turvar os olhos do homem e, cegando-o, impedi-lo de vislumbrar o futuro possível proposto por Bloch Face às notícias das mortes em massa, dos genocídios, somados ao regime ditatorial instaurado no Brasil, restou ao homem a triste constatação de sua fragilidade e finitude, num contexto em que ele próprio encontrava-se naufragado em sua luta vã em busca de respostas para sua dura existência Esse luto interminável lhe gerou um transbordamento de emoções como o medo, a angústia, o desespero, a melancolia, a incerteza e, principalmente, a desesperança, como foi possível perceber nos três primeiros capítulos dessa pesquisa Configurou-se, assim, em grande parte da produção poética brasileira estudada, a negação do sentimento esperança proposto por Bloch No entanto, ainda que em menor medida, também foram detectados alguns focos de esperança em poemas do período, conforme apresenta o capítulo IV – “Mas viveremos” Discutiu-se a dialética blochiana que fez do fracasso, do medo e da morte motivos para que o homem supere o sofrimento presente e busque o futuro do ainda-não Para tanto, foram elencadas as formas de consolação usadas pelos poetas para atenuarem seu sofrimento, bem como as imagens poéticas da esperança Dentre elas, destacou-se o arquétipo da aurora como a representação do nascer de um novo dia e, assim, da certeza de que todo o sofrimento é passageiro e dará lugar à vida nova Ademais, foi reiterado o papel da escrita como um fortíssimo ato de resistência à situação vivida