01 - Doutorado - Letras
URI Permanente para esta coleção
Navegar
Navegando 01 - Doutorado - Letras por Data de Publicação
Agora exibindo 1 - 20 de 105
Resultados por página
Opções de Ordenação
Item Amor e masculinidades em contos brasileiros contemporâneos (1967-2009)Costa, Rafael Magno de Paula; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Pandolfi, Maira Angélica; Cordeiro, Isabel Cristina; Silva, Marta Dantas da; Vieira, Miguel Heitor BragaResumo: Esta tese tem como objetivo apresentar a constituição ficcional do amor em confluência com as identidades masculinas heterossexuais Parte-se inicialmente do mapeamento das teorias dos estudos masculinos, relacionando-as ao tema do amor em contos brasileiros, a partir do recorte temporal de 1967 até 29 Para tanto, utiliza-se desse arcabouço teórico por meio de estudos desenvolvidos por pesquisadores de diferentes áreas, como Connell (25), Welzer-Lang (24), Costa (22), Cecchetto (24), Nolasco (1995), Goldenberg (2), Barasch (1997), entre outros No segundo capítulo, são levantadas as teorias que tratam do amor, seja no âmbito dos relacionamentos formais ou informais Autores como Foucault (25), Kipnis (25), Giddens (1993), Bauman (24), Bruckner (214), Del Priore (215) entre outros, são trazidos auferindo um escopo teórico sobre o amor, primeiramente num aspecto histórico para, num segundo momento, refletir sobre o amor nos contextos mais recentes A partir dessas teorias, foi possível delinear uma transformação do comportamento masculino em face da conquista amorosa representada nos contos A partir da dinâmica amorosa entre homens e mulheres, os contos preconizam uma mudança do perfil masculino, contrastando comportamentos e conflitos no interior das masculinidades representadas na ficção Esse traço evidencia uma nova configuração na dinâmica do sentido de relacionamento amoroso O texto literário, em confluência com as teorias sociais de gênero, possibilita um entendimento maior de como o amor é representado, considerando aspectos como representações masculinas, conquistas femininas e “as crises do amor” Os contos analisados apresentam nuances que evidenciam uma transformação no perfil masculino, considerando que os homens, apresentados em contos da atualidade, estão mais propensos para as relações afetivas Por outro lado, as relações ocasionais, fugazes, ou “líquidas”, como prefere Bauman, também são pautadas e discutidas à medida que quebram tradições cristalizadas, tal como a ideia do “amor para sempre” O paradigma do compromisso como noção de “amor eterno” é contraposto com a teoria de Giddens sobre o amor confluente, ou seja, relacionamento afetivo temporário, desvinculado da noção de paixão eterna Assim, aspectos masculinos que anteriormente eram tradicionalmente comuns, como frieza e indiferença diante dos sentimentos afetivos, bem como uma dissociação entre amor e sexo, na atualidade sofrem mudanças e a maioria dos contos evidencia uma necessidade de entender as relações sexuais e afetivas em um conjunto Nesse sentido, as conquistas femininas possibilitaram o surgimento de uma nova mulher, livre dos paradigmas que a prendiam aos relacionamentos decadentes Ao procurar pela experiência amorosa, os homens representados nos contos evidenciam estar mais propensos ao exercício de um amor sexual vinculado ao sentimento afetivo O sentido de relação amorosa, ao contrário de como foi compreendido no passado, como “mera posse”, é perpassado de carga emotiva e nasce da necessidade de interação amorosa com essa nova mulherItem A esperança em tempos sombrios : a produção poética brasileira da primeira metade do século XXFuza, Patrícia Josiane Tavares da Cunha; Corrêa, Alamir Aquino [Orientador]; Ramos, Tânia Regina Oliveira; Ferraz, Francisco César Alves; Simon, Luiz Carlos Santos; Kaimoti, Ana Paula Macedo CartapattiResumo: A função desse estudo crítico é analisar como se desenvolveu o sentimento esperança na produção poética brasileira da primeira metade do século XX, período em que suas premissas de existência, como a percepção de um futuro possível, abalaram-se profundamente, dada a atmosfera de medo e incerteza instaurada no Brasil e no mundo Em 1949, o filósofo alemão Ernst Bloch ao publicar sua obra máxima, Das Prinzip Hoffnung (O Princípio Esperança), dividida em três volumes, trouxe à baila a discussão sobre esse afeto, expondo um longo inventário daquilo que, sob a forma de sonhos e utopias, é portador de esperança A partir do que enxergava no passado e no presente, Bloch esboçou os contornos de um futuro possível, em que o homem reconquiste a si mesmo, ultrapasse o reino da alienação e realize um mundo novo Para tanto, nessa nova perspectiva blochiana, a esperança passaria de uma utopia inerte e contemplativa para uma ação de transformação do homem e da sociedade No entanto, na primeira metade do século XX, o otimismo de Ernst Bloch em relação à esperança de um mundo melhor chocou-se com uma dura realidade: a escuridão, o horror e o caos que marcaram duas grandes guerras mundiais Escuridão essa capaz de turvar os olhos do homem e, cegando-o, impedi-lo de vislumbrar o futuro possível proposto por Bloch Face às notícias das mortes em massa, dos genocídios, somados ao regime ditatorial instaurado no Brasil, restou ao homem a triste constatação de sua fragilidade e finitude, num contexto em que ele próprio encontrava-se naufragado em sua luta vã em busca de respostas para sua dura existência Esse luto interminável lhe gerou um transbordamento de emoções como o medo, a angústia, o desespero, a melancolia, a incerteza e, principalmente, a desesperança, como foi possível perceber nos três primeiros capítulos dessa pesquisa Configurou-se, assim, em grande parte da produção poética brasileira estudada, a negação do sentimento esperança proposto por Bloch No entanto, ainda que em menor medida, também foram detectados alguns focos de esperança em poemas do período, conforme apresenta o capítulo IV – “Mas viveremos” Discutiu-se a dialética blochiana que fez do fracasso, do medo e da morte motivos para que o homem supere o sofrimento presente e busque o futuro do ainda-não Para tanto, foram elencadas as formas de consolação usadas pelos poetas para atenuarem seu sofrimento, bem como as imagens poéticas da esperança Dentre elas, destacou-se o arquétipo da aurora como a representação do nascer de um novo dia e, assim, da certeza de que todo o sofrimento é passageiro e dará lugar à vida nova Ademais, foi reiterado o papel da escrita como um fortíssimo ato de resistência à situação vividaItem Os (des)caminhos da Exu-poética : nas encruzilhadas afrossurrealistas da criação de CrioloAndrade, Lucas Toledo de; Rio Doce, Cláudia Camardella [Orientador]; Fernandes, Alexandre de Oliveira; Cota, Débora; Silva, Marta Dantas da; Vieira, Miguel Heitor BragaResumo: Busca-se nesta tese analisar a produção de Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, um artista paulistano com uma obra de diversas facetas, percebendo seus álbuns, seus videoclipes, suas performances em shows, suas falas em entrevistas, suas composições e os ritmos presentes em suas canções como elementos constituintes de um único tecido textual que se expande, reconstrói-se e desconstrói-se constantemente, rasurando o binário e o conservador texto-Brasil Para isso, criou-se a noção de Exu-poética, que nasce a partir do olhar para a produção desse artista e almeja, por meio de um emaranhado de referenciais teóricos e do entendimento de Exu, enquanto metáfora da linguagem artística, pensar a “confusão” imagética, sonora e temática presente em Criolo Sendo assim, as reflexões-encruzilhadas presentes nesta tese podem oferecer, por meio da Exu-poética e da interpretação da elaboração artística de Criolo, (des)caminhos para a compreensão das afrobrasilidades na contemporaneidadeItem Corpo e castelo em Sade e KafkaGheti, André; Silva, Marta Dantas da [Orientador]; Pinezi, Gabriel Victor Rocha; Alves, Sílvio César dos Santos; Nalli, Marcos Alexandre Gomes; Celano, Diego Emanuel GiménezResumo: Esta tese objetiva compreender relações efetuadas entre corpo e castelo a partir de duas obras literárias, Os cento e vinte dias de Sodoma do Marquês de Sade, e O Castelo de Frank Kafka Nelas, os castelos exercem, cada um à sua maneira, o seu poder sobre os personagens envolvidos em relações de dominação que produzem determinados corpos A partir da análise dessas obras, a tese aponta que houve uma gradual transformação nos mecanismos de controle sobre os corpos Os referidos castelos apresentam certas características que remetem às origens desse tipo de construção Castelos são imponentes, localizam-se no alto e são uma defesa eficaz contra inimigos estrangeiros Essas características estão presentes tanto no castelo sadiano como no kafkiano Os corpos, por sua vez, são considerados em sua materialidade O protagonista de Assim falou Zaratustra (218) oferece a possibilidade de compreender a corporeidade enquanto grande razão, constituído de uma multiplicidade de forças que procuram domínio O castelo de Silling, da obra de Sade, pertence a um libertino que, junto de três amigos, envia quarenta e duas pessoas para dentro dessa construção Não existe a possibilidade de ninguém entrar ou sair do castelo de Silling Dentro dele prevalecem regras inflexíveis propícias à libertinagem O castelo, que é uma escola da libertinagem, efetua o domínio sobre os corpos por meio do regulamento elaborado pelos quatro amigos e ensina os personagens sobre o modo de viver libertino Qualquer infração a uma das regras resulta em um castigo doloroso sobre o corpo infrator Com a contribuição de Vigiar e Punir (212) é possível observar que no castelo de Silling existem, simultaneamente, tanto a presença de um modo de punição atrelado ao Antigo Regime, os suplícios, como ao do mundo pós-revoluções burguesas, o modelo prisional Foucault também auxilia esta tese na medida em que consegue fornecer ferramentas que auxiliam tanto na compreensão desses dois modelos punitivos, como no desenvolvimento de saberes e poderes responsáveis pela transformação dos sistemas penais realizadas nas sociedades europeias a partir do século XVIII As instituições sociais passam a adotar o modelo prisional para um melhor controle sobre os corpos que se tornam dóceis mediante a disciplina, os exercícios e a vigilância Essa maneira de exercício do poder sobre os corpos está presente no castelo da obra de Kafka No castelo kafkiano a administração disciplina os corpos dos personagens mediante leis, regulamentos, inquéritos, ofícios etc O castelo vigia os corpos incessantemente e os personagens são obedientes às autoridades Max Weber auxilia a compreensão de alguns aspectos da obra a partir de noções como o desencantamento do mundo e a compreensão da burocracia enquanto um tipo ideal de dominação legal-racional No castelo de Kafka, o controle sobre os corpos não ocorre a partir da força física, mas do controle do tempo, espaço e mentalidade dos personagensItem Do homo viator ao homo regressus : a (mito)poética do retorno em Tutaméia (Terceiras estórias), de João Guimarães RosaBatista, Eliane; Cézar, Adelaide Caramuru [Orientador]; Tofalini, Luzia Aparecida Berloffa; Aquati, Cláudio; Santos, Adilson dos; Brito, LucianaResumo: Partindo do princípio de que a temática da viagem, da travessia, é considerada pela crítica como um fio condutor que perpassa toda a produção literária de João Guimarães Rosa, esta tese tem por objetivo demonstrar que a temática do retorno configura-se, também, peça de fundamental relevância para a decifração das veredas trilhadas pelo autor, particularmente, em Tutaméia (Terceiras Estórias) (1967), sua derradeira obra publicada em vida Ao participar de um concurso de contos, em 1937, Guimarães Rosa utiliza o pseudônimo de Viator, antecipando um dos pontos centrais de sua produção poética, a condição do homo viator, do homem que está sempre a caminho Se o processo da viagem é composto por três etapas, sendo elas, a partida, a travessia e o retorno, encontramos nesta última uma ação dotada de vasta simbologia, tão merecedora de atenção quanto às outras duas, pois, a nosso ver, se as personagens de Guimarães Rosa tornam-se particulares por refletirem o homo viator, da mesma forma, suas ações encontram-se totalmente plasmadas pela condição do homo regressus, ou seja, do homem que retorna A tese defendida baseia-se na premissa de que o ato de retornar, em Tutaméia (Terceiras Estórias), adentra as esferas do mítico e concretiza uma (mito)poética do retorno, perceptível pelo trabalho que Rosa realiza com a linguagem e pela presença de uma matriz mítica, na grande maioria dos contos, quase que de A a Z, uma vez que esses se encontram dispostos em ordem alfabética Nessa perspectiva, o trabalho estrutura-se em três capítulos, sendo que, no primeiro, tecemos algumas considerações sobre a inserção de Tutaméia (Terceiras Estórias) em uma dimensão mítica, revelando seu caráter enigmático; no segundo capítulo, destacamos a abrangência da temática do retorno, presente desde os primórdios da humanidade e a estreita relação que possui com a narrativa ficcional, considerada uma arte de retorno aos mitos e aos ritos da Antiguidade, como apresentam os críticos Northrop Frye, E M Meletínski e Sérgio Vicente Motta No terceiro capítulo, selecionamos para a análise os contos “Arroio-das-Antas”, “Sinhá Secada” “Barra da Vaca”, “Droenha”, “Curtamão” “Presepe”, “Desenredo”, “Reminisção”, “Estoriinha”, “Estória nº 3”, “Grande Gedeão”, “No prosseguir”, “Rebimba, o bom”, “Antiperipléia” e “Zingarêsca”, por acreditarmos que, neles, a possibilidade de retorno, ou não, tende a ocasionar consequências bastante profundas no desenrolar dos fatos e na vida das personagensItem Configurações passionais da saudade e da nostalgia no discurso musical do fadoMorettini, Thays Caroline Barroca Ribeiro; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de [Orientador]; Martins, Geraldo Vicente; Contani, Miguel Luiz; Vieira, Miguel Heitor Braga; Fernandes, Frederico Augusto GarciaResumo: A Semiótica revela-se como campo de estudo que compreende a significação e a organização de diversas manifestações, sejam elas de caráter verbal, visual, musical, dentre outras Esta tese propõe-se a compreender a significação da saudade e da nostalgia no discurso musical do fado Tais paixões são definidas, no âmbito desta pesquisa, como paixões da falta Para pensar a configuração destes estados de alma, o presente estudo tem como corpus canções de fadistas e intérpretes do fado português A tese está estruturada em uma apresentação e em quatro capítulos O primeiro capítulo trata dos aspectos musicais do fado, do percurso musical e das confluências da canção no contexto cultural da nação portuguesa O segundo capítulo apresenta os fundamentos epistemológicos semióticos que articulam a base teórica da pesquisa, na qual são contempladas as fases da Semiótica, a Semiótica das Paixões, a aspectualização e a intensidade da paixão, a espera fiduciária, a representação discursiva das paixões e os modos semióticos de existência Além do arcabouço da Semiótica standard, há o enfoque para os conceitos basilares da Semiótica da Canção, cujos estudos centram-se na obra de Luiz Tatit O terceiro capítulo discorre sobre a fortuna crítica da saudade e da nostalgia, debruçando-se sobre algumas leituras de pesquisadores que versam sobre estas paixões no que tange à sua definição O quarto capítulo desenvolve considerações acerca da configuração discursiva da saudade e da nostalgia, tendo em vista a distinção fundamental entre estas paixões na discursivização das canções que constituem o corpus da pesquisa O aporte teórico da tese sustenta-se nos trabalhos da Semiótica francesa, de Greimas e de Fontanille, na abordagem da Semiótica da Canção, de Luiz Tatit e na contribuição de demais pesquisadores cujas obras constituem uma fortuna crítica em torno da literatura que versa sobre a saudade e a nostalgia A metodologia da tese é de caráter dedutivo Desse modo, as canções que constituem o corpus da pesquisa servem como base para ilustrar a discursivização dos estados de alma da saudade e da nostalgia por meio da perspectiva semiótica O recorte deste corpus foi delimitado pela recorrência da saudade e da nostalgia no fado, as canções foram extraídas do “Portal do Fado” (http://wwwportaldofadonet/) As canções selecionadas para a composição do corpus são: “Saudade das saudades”, de Maria Teresa de Noronha; “Desfado”, de Ana Moura; “Fado da saudade”, de Carlos do Carmo; “Saudades do Brasil em Portugal”, de Amália Rodrigues; “A saudade”, de Carlos Ramos e “Nostalgia (É noite na Mouraria)”, de Amália Rodrigues Nos fados em questão, pode-se evidenciar a relação entre um enunciador e o seu objeto-valor Nesta relação, são suscitados elementos de caráter eufórico, cujos valores são positivos e elementos de caráter disfóricos, cujos valores são negativos A disforia é o processo por meio do qual a saudade e a nostalgia configuram-se no discurso musical do fado como paixões da falta No percurso da tese, verifica-se a distinção fundamental entre a saudade e a nostalgia, centrada nos seguintes elementos: o sentimento de falta, a memória, a lembrança, o passado, a possibilidade de conjunção, a intensidade da paixão, as modalidades e a macrossintaxe passional No percurso gerativo destas paixões, verificou-se que o objetovalor é representado pela pessoa amada do enunciador, por quem ele nutre um grande valor afetivo ou por um espaço e tempo que não são mais acessíveis ao sujeito da falta Verificou-se que os estados passionais resultantes da perda, tais como a tristeza, a angústia, a resignação e a melancolia constituem a macrossintaxe passional que caracteriza a saudade e a nostalgia como paixões da ausência as quais, por sua vez, possuem intersecções sêmicas em seu percurso gerativo do sentido Ambas se referem a um enunciador que se vê privado de seu objeto-valor A pesquisa aponta para a definição da saudade centrada na possibilidade da conjunção, bem como na impossibilidade Em contrapartida, a definição da nostalgia centrase na impossibilidade da conjunção As duas paixões são durativas, pois prolongam-se temporalmente no percurso do sujeito da falta Embora ambas possuam uma significação quase sinonímica, diferem-se pela presença de semas positivos e/ou negativos, no que tange à saudade e a recorrência de semas negativos no que tange à nostalgia, tendo em vista as suas construções discursivas A saudade “brilha sozinha no coração de todas as ausências” (Lourenço, 1999, p15), é o pulsar da esperança da alma portuguesa representada pelo discurso musical do fado, e a nostalgia nutre-se do valor da ausência, a qual categoriza a resignação contínua decorrente da perda do objeto As configurações passionais da saudade e da nostalgia definem-se pelo sentimento de falta, pela inexorabilidade do tempo, pela espera frustrada e pelo ressoar das distâncias e dos contínuos que estão no cerne da alma portuguesaItem A presença de estratégias de descolonização na obra de Lima BarretoNeves, José Eugênio das; Adolfo, Sérgio Paulo [Orientador]; Bonnici, Thomas; Duarte, Eduardo de Assis; Aquino, Regina Helena Machado; Fernandes, Frederico AugustoResumo: As teorias pós-coloniais demonstram que o colonialismo é um domínio de dupla face: física e intelectual Enquanto a primeira é ostensiva, manifestando-se por meio de ocupação militar e tutela política e econômica; a segunda tem como característica a imposição da língua e da cultura europeia Enquanto há certo grau de libertação no que tange à primeira (independência política), persiste uma dominação quase que total na segunda É necessário, então, uma descolonização no campo intelectual e os escritores oriundos das ex-colônias exercem papel importante nessa tarefa Um exame dos escritos de Lima Barreto nos mostra que foi um dos escritores brasileiros que se ocupou desse trabalho Para comprovar essa afirmação, dividimos nossa tese em três capítulos O primeiro trata do colonialismo e de sua dupla face de dominação, com destaque para o intelectual, demonstrando que influência esse domínio tem na literatura das ex-colônias Além disso, traça um breve histórico das teorias pós-coloniais, destacando as estratégias de descolonização O segundo retrata um perfil do contexto histórico em que Lima Barreto produziu a sua obra, descrevendo como se comportavam seus colegas da “cidade letrada” em relação à dominação cultural europeia e fazendo uma contraposição entre seu comportamento e o de nosso pesquisado Em acréscimo a isso, investiga em que fontes teóricas bebeu o autor carioca para construir sua visão literária e de mundo, que se mostra avançada em relação à maioria de seus colegas No terceiro, por fim, comprovamos através de exemplos a presença, quer na linguagem, quer na temática, de elementos que demonstram que a literatura limana desempenha um relevante papel no campo da descolonizaçãoItem Fotogramas e fragmentos : literatura e cinema em O Fotógrafo, de Cristovão Tezza, e Short Cuts : cenas da vida, de Robert AltmanMarques, Bárbara Cristina; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Müller Junior, Adalberto; Silva, Marciano Lopes e; Alves, Regina Célia dos Santos; Oliveira, Vanderléia da SilvaResumo: Esta tese propõe-se a analisar o romance O Fotógrafo (24), de Cristóvão Tezza, e o filme Short Cuts: cenas da vida (1993), de Robert Altman, tendo em vista a noção de fragmentação A inserção do filme de Altman nesse trabalho funcionou como uma espécie de contraponto cinematográfico para o romance de Tezza, pois, afinal, a ideia primeira era tratar das relações entre literatura e cinema a partir do lugar do texto literário Isto é, avaliar as implicações de uma influência de elementos do cinema no romance Sem adentrar nos domínios das adaptações e transposições fílmicas, uma parte significativa da tese é dedicada às discussões a respeito da relação entre os dois registros, desde o surgimento do cinema Nesse sentido, nessa primeira parte, procurei refletir, baseada tanto em um instrumental teórico e crítico da área da cinematografia, quanto daquele do campo literário, de que modo e em que medida a incorporação de uma linguagem cinematográfica alterava os procedimentos de representação da prosa de ficção Na segunda parte, voltada para a leitura e análise dos dois objetos escolhidos, orientei minha avaliação a partir de alguns critérios de ordem compositiva, buscando em alguns teóricos reflexões acerca dessa noção de uma escritura fragmentária A partir daí, procurei analisar o modo como se dava o procedimento da montagem e, portanto, a organização dos vários pequenos enredos (entendidos como fragmentos), relacionando-o com algumas questões igualmente significativas em obras dessa natureza: justaposição de cenas, subtração de uma narração linear; desintegração do espaço-temporal; agenciamento dos inúmeros eventos simultâneos; questões relativas aos cortes de cena e das repetições das mesmasItem Literatura espetacular e violência : o teatro-ficção de Sérgio Sant'AnnaGongora, Anderson Possani; Corrêa, Regina Helena Machado Aquino [Orientador]; Umbach, Rosani Úrsula Ketzer; Junqueira, Renata Soares; Corrêa, Alamir Aquino; Pascolati, Sonia Aparecida VidoResumo: Sendo a obra literária capaz de recriar e questionar a realidade histórica por meio da ficção, esta tese objetiva analisar a temática da violência, sua representação e espetacularização ficcional em algumas obras de caráter híbrido do escritor contemporâneo Sérgio Sant’Anna Como corpus de análise, as narrativas escolhidas foram: Um romance de geração: teatro-ficção (198), A tragédia brasileira: romance-teatro (1987) e Um crime delicado (1997) No Brasil, a frustração de uma época contraditória, acentuada pela ditadura militar (1964 a 1984) levou a uma tentativa de compreensão das experiências vividas pela sociedade em suas diferentes instâncias: política, econômica, cultural, entre outras No contexto de lutas populares e de radicalização ideológica, muitos escritores assumiram por tarefa o jogo que existe entre os destinos da nação e a reconstrução de uma subjetividade que aos poucos foi sendo esfacelada pela violência e pela chamada sociedade do espetáculo Nesse movimento de contestação e de ressignificação do posicionamento social por meio da literatura, destaca-se a obra de Sérgio Sant’Anna por ter sido escrita sob ou sobre a ditadura Nessa perspectiva, refletindo ainda que a cultura humana pode ser comparada a um jogo, em que há aproximações e (re)apropriações do conhecimento, e que o texto ficcional também é constituído por jogos narrativos entre o narrador, que pode se constituir como “eu” soberano mediante o “outro”, esta tese procura defender que alguns textos literários vão além das limitações de um realismo considerado brutal Ela analisa o discurso que há nos textos selecionados pelo viés da temática da violência em sua manifestação física e/ou simbólica, na expectativa de verificar se a presença do “novo homem”, ou seja, o homem pós-ditadura militar, se confirma como ação condizente com seus anseios contemporâneos de liberdade Analisa também como esse sujeito pode controlar suas paixões e instintos para que não caia no paradigma de homem violento Outro fator relevante diz respeito ao estudo de como a violência é representada na obra de Sant’Anna em consonância com as outras artes, especialmente a arte dramática Ao assumirem um caráter híbrido de representação que une literariedade e teatralidade, os textos de Sant’Anna proporcionam um interessante diálogo entre a Literatura e o Teatro Esse fator torna-se, portanto, indispensável como mais uma proposta de representação dos dramas existenciais de personagens que se veem acuadas em tempos de opressãoItem Presença do pensamento utópico nos romances de Lima BarretoMatsuda, Alice Atsuko; Alves, Regina Célia dos Santos [Orientador]; Maretti, Maria Lídia Lichtscheidi; Zappone, Mirian Hisae Yaegashi; Nascimento, Gizêlda Melo do; Santos, Volnei Edson dosResumo: A presente tese teve como objetivo verificar como se configurou o pensamento utópico nos romances de Lima Barreto Os romances analisados foram: Recordações do escrivão Isaías Caminha (199), Triste fim de Policarpo Quaresma (1911 em folhetim e 1916 em livro), Numa e a ninfa (1915 em folhetim e 1917 em livro), Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919), Clara dos Anjos (1948 – publicação póstuma) Partiu-se do pressuposto de que o romancista tinha uma postura de um romantismo revolucionário ou utópico, de acordo com os tipos ideais descritos por Michel Löwy, uma vez que transpareceu nas críticas de seus textos a insatisfação com o momento presente, porém havia esperança na transformação da sociedade Lima Barreto, para suscitar essas mudanças, utilizou-se da literatura, pois, para ele, a literatura não devia ser apenas contemplativa, mas também militante, devia ter uma função social, preocupar-se com a solidariedade e com as relações humanas, tendo a função de melhorar o convívio entre os homens Com uma postura extemporânea, distante das ideias que vigoravam sobre arte e literatura, foi contra o discurso hegemônico, demonstrando uma visão além de sua época Como os filósofos, segundo a concepção de Nietzsche, representou a “má consciência do seu tempo” O estudo proposto é pertinente, visto que possibilita uma leitura na perspectiva da crítica sociológica, ao procurar na estrutura dos romances do escritor a questão da utopia Além disso, foi possível rever a crítica de suas obras, já que fora discriminado por muitos anos, marginalizado no meio literário pelos estudiosos da época que não perceberam a modernidade e a riqueza de seus textos A metodologia utilizada foi a de pesquisa exploratória que, por meio de levantamento bibliográfico sobre o assunto, possibilitou aprofundar o tema proposto Para que se compreenda como o pensamento utópico se apresenta nos romances de Lima Barreto, primeiramente, realizou-se um levantamento das questões teóricas acerca do conceito de utopia Em seguida, contextualizou-se o escritor na historiografia literária brasileira para depois investigar como o pensamento utópico de Lima Barreto transparece nos seus textos As análises revelaram que o pensamento utópico permeia os romances do escritor, ao trazer à tona o sentimento da humanidade, denunciando as injustiças, as discriminações dos menos privilegiados da sociedade e o abuso do poder da elite burguesa Constatou-se que o pensamento utópico está presente na luta contra a postura eugenista; na questão do espaço, ao discutir a exclusão da camada menos privilegiada da sociedade; na representação de grupos sociais marginalizados: negros, pobres, mulheres; na presença de protagonistas que fracassaram, mas que tinham ideais de transformação social, como Isaías, Policarpo Quaresma, Gonzaga de Sá, Clara dos Anjos Verificou-se que, por meio da literatura, Lima Barreto procurou transformar a sociedade para que fosse mais fraterna, solidária e justaItem A ficcionalidade da narrativa em primeira pessoaSilva, Edson Ribeiro da; Joanilho, André Luiz [Orientador]; Cruz, Antônio Donizete da; Joanilho, Mariângela Peccioli Galli; Cézar, Adelaide Caramuru; Fernandes, Frederico Augusto GarciaResumo: O presente estudo aborda a ficcionalidade da narrativa em primeira pessoa O ponto de partida para a reflexão empreendida aqui é a teoria elaborada por Hamburger, para quem a primeira pessoa seria fingimento, e não ficção Refletindo sobre tal teoria, adota-se aqui o conceito de ficção elaborado por Iser, mas com atenção também para outros teóricos A ficção é vista como uma espécie de jogo, em que cada obra cria suas regras de acordo com a intencionalidade do autor e as possibilidades de recepção, pelo leitor A narrativa em primeira pessoa, pelas especificidades técnicas que desenvolveu, sobretudo a partir do início do século XX, aparece como uma intensificação daqueles elementos que desvelam a natureza fictícia da obra Aborda-se, assim, o foco narrativo e o tempo como sendo, dentre esses elementos, aqueles que exibem com maior intensidade essa natureza Após uma visão sobre as teorias acerca da ficção, aborda-se a transformação operada nesse foco em direção a formas que se evidenciam como ficcionais A análise de três obras representativas da moderna literatura brasileira especifica modos diversos de o ficcional revelar-seItem A violência nos contos e crônicas da segunda metade do século XXDalla Palma, Moacir; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Cézar, Adelaide Caramuru; Vidal, Ariovaldo José; Nascimento, Gizêlda Melo do; Weinhardt, MarileneResumo: Esta Tese analisa contos e crônicas da segunda metade do século XX nos quais a violência se faz presente Num primeiro momento, buscou-se levar a efeito considerações historiográficas e teóricas acerca da natureza da violência Os textos que foram utilizados para efetivação de tal fim não dizem respeito à literatura propriamente dita Psicologia, Psicanálise, Filosofia, Antropologia e Sociologia atenderam aos objetivos visados Reservou-se espaço para um levantamento acerca da representação da violência na Literatura Universal Fizeram-se presentes especialmente a Bíblia Sagrada, Homero, Dante, Machado de Assis e Graciliano Ramos Trabalhou-se estudos teóricos sobre o suicídio, considerado, nesta Tese, como auto-violência Utilizou-se como comprovação de sua representação na Literatura Ocidental Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe Fechando este primeiro momento, fez-se um estudo das concepções culturais da Pós-Modernidade, visando identificar o vínculo delas com a temática da violência na literatura contemporânea Num segundo momento, analisou-se a representação da violência nos contos da segunda metade do século XX Para efetivar este fim, elegeu-se narrativas curtas de quatro autores representativos da Literatura Brasileira Contemporânea Na contística de Rubem Fonseca percebeu-se que, embora o autor revele o conflito entre os estratos sociais, a violência se apresenta como satisfação dos instintos Em Dalton Trevisan tem-se a representação da violência nas relações afetivas Já Luiz Vilela prefere retratar as situações em que o ser humano prefere aniquilar a própria vida, ao invés de agredir seu semelhante Por fim, em Márcia Denser notou-se que a violência está vinculada com a condição da mulher liberada em busca do direito ao prazer sexual Num terceiro momento, analisou-se as crônicas da segunda metade do século XX Com este selecionou-se também quatro autores Nas crônicas de Rubem Braga encontra-se a defesa dos valores humanistas de solidariedade e de tolerância como antídotos para a diminuição das situações de violência na sociedade Já em Carlos Drummond de Andrade, a violência do assalto torna-se motivo para fazer humor, conduzindo à reflexão sobre a capacidade humana de enfrentar situações traumatizantes Em Affonso Romano de Sant’Anna destaca-se a falha nas organizações institucionais como a geradora da violência social nos grandes centros urbanos Enfim, nas crônicas de Martha Medeiros vislumbrou-se uma violência do enunciador do discurso, o qual se refere preconceituosamente em relação às mulheres ainda objeto de machismo Conclui-se que no conto a violência é representada de maneira mais crua e chocante, enquanto na crônica é mais suave e bem-humorada Ambos os gêneros, conquanto de forma diversa, trabalham a realidade sócio-cultural da contemporaneidade, representando as angústias do homem contemporâneoItem Interdiscursividade na potência do falso : cosmogonia yanomami e etnopoética de Claudia AndujarHata, Luli; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de [Orientador]; Klein, Alberto Carlos Augusto; Contani, Miguel Luiz; Godoy, Maria Carolina de; Fernandes, Frederico Augusto GarciaResumo: Este trabalho apresenta a relação interdiscursiva entre a mitologia Yanomami, publicada no livro Folk Literature of Yanomami Indians (199) e presente em A queda do céu: palavras de um xamã yanomami (215), e as fotografias da série Sonhos, de Claudia Andujar, publicada no livro A vulnerabilidade do ser (25) As imagens desta série resultam de fusões de fotografias feitas por Andujar em momentos e locais diferentes Segundo suas palavras, a intenção é trazer ao público não índio a beleza e a riqueza do conhecimento mítico dos Yanomami Essa afirmativa justifica a busca, neste trabalho, pelos elementos que tecem a interdiscursividade, especialmente quando grande parte dos estudos e análises sobre sua obra demonstram o desconhecimento sobre a cosmogonia yanomami, e os esforços resultam em frases que assumem a incapacidade de compreensão Na medida em que a cosmogonia yanomami é trazida à tona, verifica-se que o trabalho de manipulação empreendido pela fotógrafa, intervenção que claramente é compreendida como falseamento de uma imagem fotográfica ou, em outras palavras, ficcionalização de um dado da realidade, paradoxalmente se constrói uma verdade: a verdade mítica yanomami É a potência do falso que instaura uma verdade, segundo a concepção de fabulação de Deleuze É esta a tese defendida neste trabalho: fabulação, a potência do falso, é o conceito que permite compreender o discurso imagético de Andujar Quanto mais falso aos olhos da sociedade ocidental, mais se revela a verdade daquele que Deleuze identifica como pobre: o dominado, o marginalizado, o outro O aporte teórico da pesquisa precisou ser amplo para responder a questões antropológicas, imagéticas, filosóficas, culturais, literárias, artísticas e sensíveis Empreendeu-se a tarefa de identificar nas fotografias de Andujar o que provoca a estesia no público não índio que, mesmo sem possibilidade de compreensão racional, é mobilizado pelas imagens Em seguida, buscou-se compreender a mitologia e o Yanomami, a partir de uma antropologia profundamente inspirada em Deleuze, que propõe a noção de perspectivismo Por fim, as fotografias da série Sonhos são analisadas de forma a extrair os mitos e a cosmogonia dos Yanomami, a partir da abordagem da Semiótica Discursiva, com apoio na Semiótica Plástica e nas teorias sobre a imagem e o pensamento simbólico É nesse trabalho de revelação do sagrado nas imagens de Andujar que se evidencia a fabulação por ela empreendidaItem De gregos a baianos : canção, literatura e teatro nas tramas rapsódicas de Maria BethâniaForin Junior, Renato; Pascolati, Sonia Aparecida Vido [Orientador]; Silva, Alexandra Moreira da; Matos, Edilene Dias; Celano, Diego Emanuel Giménez; Fernandes, Frederico Augusto GarciaResumo: A tese toma como objeto a obra da intérprete Maria Bethânia, mais especificamente a forma que ela concebeu junto do diretor Fauzi Arap entre os anos 196-197 e refinou ao longo de cinco décadas de trajetória artística, com diferentes encenadores: o “espetáculo de música teatralizado” O roteiro destes shows é pensado a partir da minuciosa organização intertextual de fragmentos literários e canções Tal dramaturgia, feita de quadros sucessivos, dialoga com signos de várias naturezas durante a realização cênica Estes dados nos levam – a despeito da crítica – a destacar a essência teatral da forma e servem de base para nossa principal hipótese: o espetáculo de música teatralizado de Maria Bethânia anuncia no Brasil características da cena contemporânea, que se tornariam paradigmáticas nos palcos a partir dos anos 198 Para comprovar a proposição, analisamos trechos de vários shows da intérprete à luz da teoria do drama, sem perder de vista os estudos de literatura e oralidade Nossa principal base teórica é o francês Jean-Pierre Sarrazac, para quem a “rapsódia” regressa da ancestralidade grega para se transformar em uma das qualidades peculiares do drama moderno e contemporâneo Assim, o texto teatral torna-se um jogo de construção a partir de colagens e montagens, e o autor é uma espécie de engenheiro que organiza esses elementos – exatamente como ocorre na obra de Bethânia Adotamos ainda outros conceitos como o transbordamento, a poeticidade, o teatro dos possíveis, a fragmentação, o drama-da-vida, o íntimo, a (crise da) mimesis, o metateatro e o trágico (do) cotidiano, sempre tendo como norte a pertinência à obra da intérprete baiana Antes, nossas reflexões centram-se sobre o fenômeno da canção popular brasileira Lançamos a possibilidade de compreendê-la como um lugar de reencontro entre filosofia e poesia, estas instâncias segregadas pelo racionalismo de Platão O filósofo condena a textura performativa da palavra poética e a conduz ao silêncio ocidental A partir destes argumentos – e tomando como referência a transformação de um dos primeiros mitos femininos da voz, as sereias –, estabelecemos uma ponte sincrônica entre o Brasil e a Grécia Arcaica (mitopoética, não contaminada pelo logocentrismo insonoro) Nossa proposta é compreender a cultura brasileira a partir da rapsodização, cuja marca é a mistura, a amálgama, a heterogeneidade – na linha da Antropofagia e do Tropicalismo Nossos intérpretes são neorrapsodos: como os antigos poetas gregos, elaboram obras autorais a partir da costura (“rhaptein”, em grego, significa “costurar”) de múltiplos textos-tecidos e realizam-nas plenamente em uma performance interartísticaItem A raiva na literatura : uma leitura de As Mulheres de TijucopapoMachado, Serafina Ferreira; Nascimento, Gizêlda Melo do [Orientador]; Ramos, Tânia Regina Oliveira; Rapucci, Cleide Antonia; Silva, Marta Dantas da; Alves, Regina Célia dos SantosResumo: O presente trabalho tem como objetivo uma análise do romance As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto, centrada na questão da raiva, observando este sentimento como uma forma de comunicação que revela importantes informações sobre os obstáculos opressivos encontrados pelas pessoas, sinalizando a necessidade de mudança Através de um diálogo com as teorias de Lowen (1997), Spelman (1989), Thomas (1993), e outros, demonstraremos que este sentimento influencia a vida da protagonista Rísia, tornando-se a grande temática da obra A presença da raiva no romance permite a aplicação do sentimento ao universo linguístico do texto e à própria condição existencial da narradora Destacaremos, na obra, uma linguagem metafórica, sendo que as metáforas da raiva permitem verificar como estas construções carregadas de projeções universais traduzem fatores culturais e contextuais em sua convencionalização lexical Esta análise metafórica será fundamentada pelos teóricos Lakoff e Johnson (22), Lakoff e Kovecses (1987), Kovecses (1999, 2) Observaremos, também, a raiva como base de uma estética Baseando-se nos estudos de Theodor Adorno (1988) demonstraremos que a tensão da obra é reveladora de uma tensão externa Ou seja, a realidade conflitiva e tensa, não pode formular-se somente em nível temático, mas, igualmente em âmbito formal Desta forma, o romance se estrutura tal qual um labirinto revelador do caos interior da protagonista; caos que se reflete na estrutura da obra, marcada pela completa dissolução de categorias tradicionais como espaço, tempo da narrativa, personagens Acima de tudo, a raiva, no romance, pode ser entendida como forma de empoderamento, como transgressão e transformação de uma realidade social, traduzindo o objetivo da protagonista Rísia em descobrir-se, de (re)tecer sua identidadeItem A crônica-canção de Chico BuarqueOliveira, Marcelo Pessoa de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Gonçalves, Aguinaldo José; Fernandes, Luiz Carlos; Santos, Frederico Augusto Garcia dos; Santos, Volnei Edson dos; Mafra, Núbio Delanne Ferraz; Pascolati, Sonia Aparecida VidoResumo: Nosso trabalho investiga a assimilação de características das crônicas de escritores como Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, João do Rio, Carlos Heitor Cony, Machado de Assis na canção de Chico BuarqueO presente trabalho focou, portanto, os estudos literários e culturais Esses estudos prevêem a interconexão entre mídia, literatura e sociedade, a partir de relações simbólicas ocorrentes entre o gênero literário crônica e os versos cantados de Chico Buarque Chico Buarque, ao assimilar em sua canção elementos próprios da produção em prosa, exercita uma aproximação com a prática literária de nossos maiores cronistas Essa aproximação se deixa melhor notar, quando Chico Buarque realiza em suas letras o trabalho que seria próprio de um cronista de jornalAssim, depois de breve discussão sobre a música, a letra e a canção, no capítulo Crônica: facetas e diálogos, há um breve histórico da crítica do século XX, enfatizando a ideia da crônica como gênero literário Noutro capítulo tratamos da narrativa de Estorvo, romance aqui considerado como uma crônica alongada No capítulo A Crônica-canção de Chico Buarque, lidamos diretamente com as canções Para guiar estes confrontos entre crônica e canção, utilizamos as classificações do gênero crônica apresentadas por José Marques de Melo, colocando-as próximas das discussões realizadas por outros pensadores como Antônio Cândido, Davi Arrigucci Jr e Massaud Moisés No capítulo Analisando o Corpus, estudamos as letras de Chico Buarque comparando-as com o gênero crônica literária Finalmente, percebemos que o poema musicado de Chico Buarque pode ser visto como crônica-canção, uma vez que produto das experiências socioculturais das pessoas em seu dia a diaItem Crônica, ensino e masculinidades : articulações possíveisArruda, Renata Beloni de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Bianchini, Luciane Guimarães Batistella; Sant'Anna, Jaime dos Reis; Godoy, Maria Carolina de; Alves, Regina Célia dos SantosResumo: O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre as articulações possíveis do ensino de literatura, por intermédio de textos de crônica, com as questões de gênero, mais especificamente sobre as masculinidades Para isso, elegemos como foco de análise materiais didáticos dedicados ao primeiro ano do Ensino Médio e recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático, com o intuito de verificar o tratamento dispensado à crônica, presentes nesses materiais, e a inclusão do gênero nos estudos literários As questões relacionadas ao ensino de literatura e à problemática que envolve o assunto tornaram-se fundamentais para a discussão de novas formas de produção e recepção de obras literárias e o papel das instituições de ensino neste novo cenário Junto aos questionamentos sobre leitura e, particularmente sobre a leitura de textos literários, apontamos para as especificidades que o texto literário traz consigo, incluindo, além de questões estéticas e particularidades composicionais, temas como as masculinidades e seus entrelaçamentos na sociedade contemporânea As crônicas selecionadas para este trabalho, todas do escritor brasileiro Fabrício Carpinejar, abordam as configurações das masculinidades e proporcionam ao leitor reflexões sobre os desdobramentos desta temática, além de possuírem características que possibilitam a abordagem do caráter híbrido da crônica, ao transitar entre a literatura e o jornalismoItem Como eu cheguei até aqui : os relatos de si no monólogo polifônicoStuchi, Marina; Pascolati, Sonia Aparecida Vido [Orientador]; Figueiredo, Eurídice; Lima, Ricardo Augusto de; Silva, Marta Dantas da; Leite, SuelyResumo: A escrita deste trabalho se configura como um entrelaçamento de pesquisa acadêmica, relato pessoal e criação artística e assim acredito me aproximar do meu objeto de pesquisa, me entender como sujeito e refletir como artista Opto pelo uso da primeira pessoa já aqui nesse momento buscando a aproximação dessas três Marinas – a pesquisadora, a mulher e a atriz – que irão se apresentar e resumir o processo de uma pesquisa acadêmica cujo objetivo principal é defender a constituição de uma nova forma dramática que possui a potencialidade de abrigar as escritas de si no teatro contemporâneo, a qual denomino monólogo polifônico Na cena 1, a Marina acadêmica problematiza os conceitos de monólogo, aparte e solilóquio com o intuito de mostrar seus diferentes usos na dramaturgia ocidental, assim como situa historicamente a substituição da intersubjetividade pela intrasubjetividade em textos teatrais do final do século XIX Fiz esse percurso com dois objetivos principais: 1) situar historicamente a crescente atenção da dramaturgia para aspectos condizentes à subjetividade; 2) acompanhar as transformações do monólogo, que de elemento do drama passa a forma dramática na modernidade Acredito que o monólogo ao se descolar da forma do drama já nasce livre de regras de composição e se configura no teatro contemporâneo como uma forma híbrida, aberta e diversificada Na cena 2, a Marina mulher se descobre como pesquisadora e objeto de pesquisa ao mesmo tempo ao teorizar sobre as escritas de si no teatro e investigar a relação entre o falar de si no monólogo polifônico, no qual o ator passa a ser o dramaturgo de sua própria obra, e a performance Ainda nessa mesma cena, apresento as obras que compõem o corpus da tese – Ficção (212) da Cia Hiato; BR-Trans (213) de Silvero Pereira; Conversas com meu pai (214) de Alexandre Dal Farra a partir de experimentações de Janaina Leite; Helena vadia (216) de Pamella Villanova; O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu (216) dramaturgia de Jo Clifford encenada por Renata Carvalho no Brasil; Grazi Ellas (217) dramaturgia de Aguinaldo Souza e Rafael Avansini a partir de material de Mel Campus; O Arquipélago (219) de Pablito Kucarz; e Mulher, como você se chama? (219) de Janaina Matter – e problematizo como o íntimo tem a potência de se constituir como político, instaurando novas formas de discussão e reflexão Para tanto, dialogo com a(s) teoria(s) feminista(s) com o intuito de refletir acerca do silenciamento das minorias, levando a uma das questões centrais da pesquisa: sobre o que e quem fala nos monólogos que partem dos relatos pessoais dos atores/atrizes na dramaturgia contemporânea brasileira Na cena 3, a Marina artista reflete como se configuram formalmente as escritas de si no monólogo polifônico ao destacar como elementos constituintes das obras pelo menos cinco aspectos fundamentais: a presença de elementos autobiográficos do artista, a implosão do conceito de personagem dramática, a inserção da alteridade via polifonia, o intertexto na composição dramatúrgica organizado pelo autor rapsodo e o metateatro e sua relação com a autoficçãoItem A boca e o inferno : uma análise da produção literária de Ana MirandaMartins, Denis Pereira; Joanilho, André Luiz [Orientador]; Joanilho, Mariângela Peccioli Galli; Brito, Luciana; Vieira, Miguel Heitor Braga; Carreri, Márcio LuizResumo: Ana Maria Nóbrega Miranda teve seu lançamento no mundo literário com um livro de poesias intitulado Anjos e demônios (1978), entretanto, passou a ter visibilidade literária como romancista no final da década de 8, com o lançamento de Boca do Inferno Trata-se de uma biografia romanceada do poeta Gregório de Matos, traduzida para mais de vinte idiomas A obratornou-se um clássico respeitado no campo da literatura Subsidiada por leituras e mais leituras de textos do Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos, a obra possui como cenário Salvador, no final do século XVII Atenta à riqueza da linguagem empregada, utiliza-se de palavras vulgares para fazer jus a Gregório de Matos, apelidado como Boca do Inferno Neste romance, de maneira crítica, Miranda visa mostrar uma terra marcada pela libertinagem, corrupção e luta pelo poder, retoma uma época em que o país se resumia em governantes corruptos e povo sem voz, sem autonomia Dentro de sua proposta de literatura, o autor torna-se um historiador, um pesquisador Utilizando-se do novo Romance Histórico, produz narrativas que focalizam acontecimentos integrantes da história oficial e, por vezes, definidores da própria constituição física das fronteiras brasileiras e também aquelas que promovem a revisão do percurso desenvolvido pela história literária nacional Esse fazer literário, muito bem recebido pelo mercado editorial brasileiro, faz de Ana Miranda uma autora com um estilo único e recorrente As vozes são múltiplas: onde acaba Vieira e começa Ana Miranda, onde é Gregório de Matos, ou o que restou dele em nossa memória? Essa tese visa analisar tais vozes romanceadas por meio do intertexto e do interdiscurso Será feita a comparação do texto de Boca do Inferno e outros textos que podem ter sido influência na construção do romanceItem Crônicas brasileiras do final do século XX : uma reflexão a respeito da comunicação de massa na exposição da intimidadeArruda, Ângela Maria Pelizer de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Félix, Idemburgo Pereira Frazão; Mariano, Silvana A.; Alves, Regina Célia S.; Godoy, Maria Carolina deResumo: A presente pesquisa tem como objetivo verificar as reflexões trazidas pelas crônicas do final do século XX acerca da exposição da intimidade, principalmente quando esta se dá por meio da comunicação de massa Levando em consideração que o texto cronístico se apresenta como um relato dos acontecimentos cotidianos, acreditamos ser o gênero ideal para tais apontamentos Para isso, utilizaremos como fundamentação teórica textos dos diversos campos do saber que abordam as questões da intimidade, com o intuito de encontrar subsídios para compreender o lugar e a representação das relações íntimas na literatura, bem como a sua configuração nos espaços públicos e privados Além disso, abordaremos brevemente algumas considerações a respeito da crônica, numa relação desta com o jornal, com a literatura e com a própria intimidade No momento da análise, buscaremos apresentar textos cronísticos das décadas de 198 e 199 que abordem o tema aqui proposto, com o intuito de refletirmos como o gênero, a partir de suas particularidades, expõem o tema e levam o leitor a refletir sobre ele Dessa forma, pretendemos mostrar como a literatura, pode ser vista como uma representação das transformações sociais, principalmente em se tratando da crônica, gênero que se dispõe a estar tão próximo do leitor e dos movimentos que envolvem sua existência