Mal, ruína e vestígios da memória do holocausto : uma leitura dos silêncios de Gonçalo M. Tavares
Data
2021-11-07
Autores
Curanishi, Fernanda Tonholi Sasso
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Resumo
A literatura, tal qual as demais artes, é um terreno de representação sensível da realidade material. Assim, o que a vida apresenta de forma seca e impactante, a literatura ameniza com o poético e o ficcional embebidos em uma verossimilhança que, não raro, transforma o choque em surpresa. Considerando a Segunda Guerra Mundial e os campos de concentração como um crasso exemplo do real, esse estudo intenta investigar, a partir dos romances de Gonçalo M. Tavares Jerusalém (2006) e Uma menina está perdida em seu século à procura do pai (2015), de que formas o autor constrói significados que rememoram esse evento, cuja gravidade é acentuada pela ideia de mal banalizado, cunhado por Arendt enquanto tentava compreender o mecanismo que conduzia as experiências dos campos de extermínio. Dessa forma, pairando sob a conclusão de que o mal outrora aplicado pode surgir novamente em qualquer período após a Segunda Guerra, compreendemos a importância de fixar tal acontecimento na memória coletiva, a fim de que se torne possível uma reflexão crítica ante a iminência de novas aplicações da barbárie. Ao mesmo tempo, demonstramos, ainda, as formas pelas quais Tavares ressignifica o fenômeno da escrita literária, uma vez que se vale dos silêncios e suas implicações para tecer duas narrativas excepcionais, que podem nos dizer mais sobre a realidade de nossos dias do que supomos.
Descrição
Palavras-chave
Silêncio, Memória, Mal, Guerra, Holocausto, Ficção portuguesa - História e crítica, Holocausto judeu (1939-195), Mal na literatura