Aprender a desaprender para reaprender: balaio de sabenças-educações a partir da circularidade horizontal dos afetos

Data

2024-08-29

Autores

Lopes, Fábio Cardoso

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Resumo

O intuito precípuo e estruturante do presente trabalho teórico abarcou a problematização da imposição epistêmica unilateral como axioma constitutivo da modernidade ocidental e eurocentrada, ancorada na imposição vertical de um modelo de educação singular. Neste cenário, as diferenças e assimetrias são transmutadas em desigualdades e hierarquizadas sob o ranço colonialista. A partir disso, o escopo primordial da pesquisa era pensar-sentir outras possibilidades de educações transgressoras e desobedientes ao cânone eurocentrado inserido na lógica colonial-capital-moderna-ocidental. A justificativa dessa análise se faz necessária no sentido de ampliar as compreensões de saberes-fazeres implicados nas diversas existências alheias à parametrização mono-epistêmica. Sobretudo, vislumbrar outras sendas que contemplem a vida em comunhão entre os vastos viventes e a mãe-Terra. Para tanto, dividimos a produção escrita em dois grandes blocos contendo ramificações internas. Desta forma, numa primeira dobra (escopo didático), nos apoiamos nas leituras de autores/as do coletivo modernidade/colonialidade, dentre outros/as pesquisadores/as, para contextualizar suas aproximações, atravessamentos e afetações no contemporâneo, ou seja, uma sucinta tentativa de rastrear seus resquícios e nuances atualizadas no tempo atual. Como resultado, numa segunda dobra, realizamos uma lacônica discussão crítica-reflexiva com teóricos/as da contemporaneidade acerca das reverberações das colonialidades nos modos/formas de subjetivação e de educação imersos na lógica da sociedade performática atravessada pelo capitalismo neoliberal, como ressonâncias do processo contínuo de globalização-colonização. Propomos ainda algumas breves e pontuais reflexões atinentes à educação singular cooptada pela colonização, que ecoa na formulação de um tipo específico de saber e de modelação de indivíduos aptos e adequados à reprodução das demandas coloniais. Por fim, tentamos colorir algumas outras veredas indisciplinadas à imposição epistêmica como possíveis trajetos insurgentes e desobedientes ao instituído pelo olho grande colonial. Caminhamos amparados pelos alentos teóricos e alianças afetivas com Krenak, Nêgo Bispo, Simas e Rufino, em confluência com outros/as pensadores/as que discorrem acerca do pensar-sentir um mundo onde outros mundos caibam e sejam possíveis/viáveis de existirem através dos encontros lambuzados nas cuias das circularidades horizontais dos afetos. Com base nas discussões conduzidas durante o trabalho, foi possível perceber o quanto o nosso sistema de ensino ainda reproduz um modelo/formato violento, brutal, enlatado e encaixotado, mediante parâmetros eurocêntricos de produção e validação de conhecimento. Isso acaba por inviabilizar, esvaziar e silenciar uma vasta gama de construções teórico-práticas e de vivências, experiências e permanências antagônicas à padronagem monolítica. Essa monocultura do saber contribui para o encarceramento das formas de ser e estar no mundo, muitas vezes gerando adoecimento e sofrimento em decorrência da imposição vertical e hierárquica de uma modelagem específica, em conformidade à manutenção do poder de uma elite privilegiada, que ainda regula nossas existências baseadas em referências idealizadas do ser, saber e poder atualizadas no espectro colonial. Em virtude disso, propomos o balaio de sabenças-educações como um antídoto às práticas escolarizantes e ao sistema de educação singular-colonial, pela via da cuia dos afetos que cirandam um outro mundo possível onde caibam vários mundos

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Palavras-chave

Modernidade/Colonialidade, Epistemologias, Educações, Contracolonialidade

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