02 - Mestrado - Saúde Coletiva
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Item O exercício de transver o cuidado à pessoa com deficiência(2022-10-13) Figueira, Desirée Ariane Modos; Bortoletto, Maira Sayuri Sakay; Seixas, Clarissa Terenzi; Lima, Josiane Vivian Camargo deA luta por direitos das pessoas com deficiência vem ganhando visibilidade no mundo desde a década de 70. Embora o Brasil tenha avançado na instituição de marcos legais para a garantia dos direitos das pessoas com deficiência, percebe-se a necessidade de produzir movimentos permanentes nos diversos âmbitos, jurídico, político e das próprias pessoas com deficiência em torno da legitimação da ideia de deficiência para além de um corpo disfuncional. Romper com a norma que impõe padrões e controles é um desafio para a sociedade, que além de não aceitar o diferente, age com preconceito e discriminações. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo cartografar a produção do cuidado à pessoa com deficiência que resiste em um mundo normativo. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa de abordagem cartográfica. A escolha do município se deu por se tratar de um importante polo econômico, referência para a região de saúde, além de conter uma significativa população de pessoas com deficiência e não possuir um centro especializado de referência. Como guia dessa cartografia, foi escolhido um usuário cidadão surdo, que após sofrer um evento de violência ficou paraplégico e, em razão disso, passou a ter comprometimentos de saúde que até hoje demandam cuidados específicos de diferentes serviços de saúde. No decorrer da pesquisa foi possível acessar algumas narrativas sobre o usuário em questão, e, a partir delas, identificou-se um recorrente relato sobre sua recusa à cartela de serviços ofertados pelas equipes de saúde. Este usuário sofreu com o preconceito e o julgamento moral. Foi julgado como uma vida que vale menos e isso refletiu de forma negativa na produção do seu cuidado. Recebeu diferentes rótulos, o de apenado, resistente e de usuário de difícil relacionamento. Além dos rótulos, carrega em seu corpo marcas de diferentes violências: físicas, emocionais e institucional. Essas marcas o compõem e refletem em seu modo de agir e em suas escolhas relacionadas ao cuidado que deseja para si. O encontro com Alexandre possibilitou um deslocamento no sentido de reconhecer a sua potência de vida e sua resistência para existir nesse mundo normativo. Reconhecemos que ele se apresenta como alguém capaz de ir contra os padrões hegemônicos socialmente instituídos. Seu posicionamento de resistência se efetiva em favor dos seus desejos, e no movimento que ele produz para ter seu corpo respeitado e sua existência reconhecida. Para além de aprendizados sobre as dificuldades e a violência sofrida pela pessoa com deficiência, as cartografias do território do cuidado em saúde de Alexandre evidenciam a necessidade de fomentar o debate sobre qual horizonte ético-político tem sido tomado como base para o agir dos trabalhadores de saúde no cuidado às pessoas com deficiência. Impõe-se o desafio de transver a deficiência no corpo para que sejam reconhecidas e legitimadas outras formas de existência e esse é um aprendizado que precisa ser compartilhado com gestores, trabalhadores e demais usuários do SUS.Item Dor musculoesquelética crônica em usuários da atenção primária à saúde de seis municípios de pequeno porte do estado do Paraná : caracterização, fatores associados e tratamento(2024-02-28) Tsuzuki, Letícia Taynara; Loch, Mathias Roberto; Caldarelli, Pablo Guilherme; Ziegler, Flavia Guilherme Gonçalves; Guerra, Paulo Henrique de AraújoA dor musculoesquelética crônica é caracterizada como uma dor persistente que afeta diretamente o(s) osso(s), articulação(ões), músculo(s) ou tecido(s) mole(s) relacionado(s). O objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de dor musculoesquelética crônica em usuários da Atenção Primária à Saúde (APS) em municípios de pequeno porte do estado do Paraná e seus fatores associados. Foi realizado um estudo transversal, de amostragem intencional, no qual foram realizadas 1878 entrevistas com usuários com 18 anos, da APS de seis municípios com menos de 20 mil habitantes no Paraná. Para identificar os usuários com dor musculoesquelética crônica, foi realizada a pergunta: “Você sente algum tipo de dor muscular há seis meses ou mais?”, caso a resposta fosse positiva, havia questões para caracterização da dor. Variáveis sociodemográficas e de saúde foram consideradas variáveis independentes. Para a análise descritiva, usou-se a frequência absoluta e relativa, razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas foram obtidas mediante regressão de Poisson com variância robusta. A prevalência de dor musculoesquelética crônica foi de 55,8%. Considerando as análises ajustadas, observou-se maior prevalência entre as mulheres (RP=1,30; IC=1,17-1,43), entre os sujeitos com 25 a 39 anos (RP=1,25; IC=1,01-1,55), com 40 a 59 anos (RP=1,80; IC=1,46-2,21) e com mais de 60 anos (RP=2,12; IC=1,69-2,66) em comparação aos de 18 e 24 anos, em usuários com ensino superior e especialização (RP=0,72; IC=0,61-0,84) a razão de prevalência foi menor, em comparação aos usuários com até o nível fundamental incompleto. Ademais, observou-se associação com autopercepção negativa de saúde (RP=1,51; IC=1,38-1,64), diagnóstico de hipertensão (RP=1,16; IC=1,06-1,26), diabetes (RP=1,19; IC=1,08-1,30), hipercolesterolemia (RP=1,10; IC=1,01-1,21), doenças reumáticas (RP=1,41; IC=1,31-1,53) e depressão (RP=1,28; IC=1,18-1,39). Apresentam alta prevalência de dor moderada ou intensa (84,9%) e a dor interferia de maneira moderada ou extrema nas atividades diárias de 72,7%. A região lombar foi a apontada como sendo o local mais frequente de dor com maior prevalência (22,5%). Os resultados indicam alta prevalência de dor crônica nos usuários da APS dos municípios de pequeno porte investigados, portanto, é necessário a promoção de ações e políticas públicas voltadas as especificidades desses municípios.Item O uso problemático de internet e a sua relação com transtornos alimentares em estudantes universitários(2024-08-13) Souza, Patrícia de Jesus; Guidoni, Camilo Molino; Girotto, Edmarlon; Oltramari, Karine; González, Alberto Durán; Alfieri, Daniela FrizonIntrodução: A internet é necessária para vida cotidiana contemporânea. Porém a literatura científica traz evidências de que o uso excessivo de internet pode trazer prejuízos para a saúde. Entres os tipos de uso disfuncional de internet, o uso problemático de internet é considerado um tipo de dependência digital que pode trazer prejuízos para a saúde física e mental, e para o desempenho no trabalho e nos estudos. O uso problemático de internet está associado ao desenvolvimento de algumas enfermidades, como doenças psiquiátricas, tais como os transtornos alimentares. Objetivo: Investigar a relação do uso problemático de internet e de transtornos alimentares em estudantes universitários. Casuística e métodos: Foi realizado um estudo transversal e descritivo a partir da aplicação de um questionário online. A população de estudo foi composta pelos estudantes de graduação da Universidade Estadual de Londrina que participaram da primeira fase do Projeto GraduaUEL que foi um estudo transversal realizado no ano de 2019 com objetivo de estudar as condições de vida e saúde desses estudantes. A coleta dos dados foi realizada através de um questionário online enviado em 2023 para 2.565 alunos, destes 214 responderam e após aplicação dos critérios de exclusão, 74 alunos compuseram a amostra estudada. Para medir o uso problemático de internet foi utilizado a versão brasileira do instrumento “Questionário de Uso Problemático de Internet” ou “PIQUE-SF-9/UPI-9” e para a triagem da presença de transtornos alimentares foi utilizada a versão brasileira para o questionário “SCOOF”. Foram coletadas variáveis sociodemográficas e do estado de saúde dos estudantes além do tempo de uso de rede social. Para classificação dos estudantes que apresentaram uso problemático de internet foi realizado o cálculo de percentil. Os alunos que obtiveram pontuação acima do percentil 75 (pontuações maiores que 24 pontos na escala “PIQUE-SF-9/UPI-9”) foram considerados usuários problemáticos de internet. Para verificar a associação entre o desfecho e as variáveis independentes foi feito o cálculo da medida de razão de prevalência (RP), através da regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: O percentual de estudantes com o uso problemático de internet foi de 20,3%. Quanto a presença de transtorno alimentar, 33,8% alunos apresentaram triagem positiva. O uso problemático de internet associou-se positivamente com a presença de transtornos alimentares na população estudada (RP: 2,46; IC95%: 1,31 – 4,59; p = 0,005). Outra variável que apresentou associação com transtornos alimentares foi ter sentido vergonha do corpo frequentemente/muito frequentemente ou sempre (RP: 6,33; IC95%: 1,63 – 24,51; p = 0,008). Conclusão: Os resultados encontrados apontam para o uso problemático de internet como um fator importante que pode influenciar na construção de hábitos alimentares, e consequentemente, prejudicar o desenvolvimento de uma relação mais saudável com o corpo e com a comida na população jovem adulta.Item Construindo interdisciplinaridade ou a difícil arte de derrubar muros e construir pontes: uma experiência psicodramática com residentes do núcleo ampliado da saúde da família(2024-03-25) Oliveira, Paulo Cesar de; Gonzáles, Alberto Durán; Brito, Valéria Cristina de Albuquerque; Lima, Josiane Vivian Camargo de; Marino, Marilia Josefina; Baduy, Rossana StaevieEste trabalho estuda a possibilidade de, através do método psicodramático,desenvolver práticas interdisciplinares e interprofissionais com dois grupos de residentes que atuam em Unidades Básicas de Saúde da cidade de Londrina e que fazem parte da Residência Multiprofissional de Saúde da Família ofertada pelo Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Londrina. Apresenta a evolução brasileira do sistema do cuidado em saúde desde o início do século XX até chegar ao surgimento das equipes do Núcleo Ampliado da Saúde da Família (NASF). Justifica-se esse trabalho pelo entendimento das diretrizes que criam o NASF de que suas equipes devem ter na interdisciplinaridade a principal força transformadora. Descrevem como se dá a formação de grupos, as principais forças que agem facilitando essa formação. Retrata o Psicodrama e seus ramos como a ciência que estuda e trata esses fenômenos relacionais. Aponta caminhos que ajudam a encontrar formas de se estabelecer grupos com mais disponibilidade para percepção de alteridades, inclusive nos papéis profissionais. O grande desafio do trabalho é dar resposta à necessidade de amparar-se os grupos mesmo depois de construídos como tal.Item O trabalho multiprofissional na atenção primária à saúde e a gestão municipal(2024-07-03) Matheus, Larissa Cristina Caruzo; Carvalho, Brígida Gimenez; Mendonça, Fernanda de Freitas; Félix, Sarah Beatriz Coceiro Meirelles; Stefanello, Sabrina; Nunes, Elisabete de Fátima Polo de AlmeidaA produção sobre o trabalho multiprofissional na saúde teve início nas décadas de 1950 e 1960, e apontou a necessidade de uma remodelação dos processos de trabalho, a redefinição da finalidade e a busca por novas tecnologias de atuação. No Brasil, é possível reconhecer essa proposta nos ideais da Reforma Sanitária, na década de 1970, com vistas a um sistema de saúde universal e igualitário, que foi conquistado em 1988, com promulgação da Constituição Federal (CF) e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A CF orientou também os moldes do atual federalismo brasileiro, com autonomia, principalmente política e administrativa, e em certa medida, financeira dos três entes: União, Estados e Municípios. A descentralização da gestão, também chamada de municipalização, incumbiu os municípios da organização e prestação de serviços de saúde local, mas manteve o poder indutor das políticas do ente federal. As gestões municipais ordenam o cuidado da Atenção Primária à Saúde (APS) por meio das equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), e em 2008 ganharam reforço das equipes dos Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF), para aumento das estratégias de cuidado e trabalho colaborativo multiprofissional. O trabalho colaborativo pode ser executado dentro de um espectro contingencial com variações das atividades multiprofissionais. Este estudo buscou analisar os aspectos da gestão municipal que influenciam a atuação e limitações do trabalho multiprofissional na APS. Realizou-se um estudo qualitativo em nove municípios da macrorregião norte do Paraná. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas, a partir de um roteiro semiestruturado, aos gestores municipais de saúde e coordenadores de APS, no período de julho a agosto de 2022, associado ao levantamento de dados secundários extraídos por meio do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), sobre: equipes multiprofissionais, cadastro de profissionais na APS, tipo de vínculo, categorias profissionais e financiamento da APS. Os resultados caracterizaram administrativamente os municípios e os gestores, a atuação das equipes multiprofissionais e as limitações do trabalho multiprofissional. Predomínio de municípios de pequeno porte, e de municípios com equipes multiprofissionais cadastradas, modalidades de contratação mais robustas em municípios de grande porte, bem como maior quantitativo de profissionais associada a presença de profissionais da residência multiprofissional. Elevados gastos em APS nos municípios de pequeno porte, com ausência de equipes multiprofissionais. Evidenciou-se que os municípios de maior porte são os que apresentam características do trabalho multiprofissional mais próxima do proposto para o NASF. Os altos gastos em APS, não se mostraram fator determinante para a multiprofissionalidade. A formação acadêmica dos atores, na área da saúde e com cursos de pós-graduação estiveram presentes em municípios com organizações do trabalho na lógica multiprofissional. Os entrevistados apontam como fatores limitantes para o trabalho multi: a formação acadêmica, o baixo comprometimento dos profissionais com o trabalho, a dificuldade de compreensão do modelo matricial e a visão hegemônica do cuidado, por parte da maioria dos envolvidos (gestores, coordenadores profissionais da APS e população). Observou-se que os gestores e coordenadores de APS podem não se reconhecer como parte essencial para concretização do trabalho multiprofissional, considerando que suas percepções sobre os impasses da multiprofissionalidade são direcionadas de forma mais frequente para outros indivíduos e aspectos, sem qualquer menção a possíveis fragilidades da gerência e pouco citaram estratégias de melhoria para efetivação do trabalho multiprofissional.Item Centro de Atenção Psicossocial – CAPS: uma cartografia(2024-04-05) Campos, Lauane Rafaela de Brito; Melchior, Regina; Grandi, Ana Lucia De; Baduy, Rossana StaevieO panorama que temos hoje no que se refere à política pública e ao entendimento - mais ou menos coletivo - do campo da Saúde Mental é fruto de um processo cujas raízes históricas e políticas podem ser encontradas em uma série de acontecimentos que, articulados e entrelaçados com a efervescência do período de redemocratização e principalmente com a Reforma Sanitária, fundaram a Reforma Psiquiátrica no Brasil. De toda uma série de acontecimentos históricos para o cenário da Luta Antimanicomial, a criação do primeiro CAPS do país, chamado de Professor Luís da Rocha Cerqueira, inaugurado em 1987 na cidade de São Paulo, foi o grande marco da concretização da nova proposta de atendimento à saúde mental. A partir de então, o CAPS passou a figurar como elemento central na organização do novo modelo de atenção à saúde mental, até os dias atuais. Esta pesquisa qualitativa, de abordagem cartográfica, teve por objetivo mapear a relação entre a oferta de serviços do CAPS e a necessidade dos usuários, trazendo para a análise a afetação do sujeito-pesquisador quando do encontro com seu objeto-pesquisado. Os resultados, a começar pela análise da dificuldade de acesso ao campo para realizar da pesquisa, passando pela observação das relações entre os atores desta cena e chegando, finalmente, à observação e escuta dos usuários, apontaram uma multiplicidade de fatores que, na constituição do serviço, podem constituir barreiras em vez de instituir cuidado em saúde: a insuficiência numérica do serviço diante da demanda; o arranjo escolhido pela gestão para a organização do serviço; o esvaziamento da proposta terapêutica do CAPS. Apesar, destas barreiras, no entanto, foi possível perceber que o encontro é o verdadeiro¬ locus de produção de cuidado, pois neste espaço, a despeito dos entraves da macropolítica, é possível estabelecer vínculo, reconhecer e recolher os afetos que se organizam sob a forma de discurso e de demanda e organizar uma oferta, qualquer que seja ela, pensada e dirigida para aquela necessidade de saúde que se apresenta.Item Repercussões das políticas federais, no trabalho da gestão da APS em municípios da macrorregião norte do Paraná(2024-04-19) Silva, Viviane Granado Barreira da; Carvalho, Brígida Gimenez; Lima, Luciana Dias de; Silva, João Felipe Marques daA Constituição Federal e as normativas do Ministério da Saúde instituíram mecanismos para descentralizar as políticas públicas de saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), atribuindo responsabilidades para cada esfera de governo. Nos últimos anos ocorreram mudanças importantes Atenção Primária à Saúde (APS), porta de entrada preferencial para a atenção à saúde do SUS, com a publicação da Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) 2017 e do Programa Previne Brasil (PPB). Este estudo teve como objetivo analisar as alterações no trabalho das equipes gestoras da saúde decorrentes da implantação das políticas públicas para a APS, a partir de 2017, em nove municípios da macrorregião norte do Paraná. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, e integra uma pesquisa maior denominada “Mudanças nas regras de transferência de recursos federais do Sistema Único de Saúde: implicações e desafios para o financiamento e a organização da Atenção Primária à Saúde no Brasil”. A seleção de nove municípios se deu pela análise de indicadores de financiamento da saúde, visando contemplar na seleção a diversidade de municípios da macrorregião norte do Paraná. As entrevistas, ocorridas entre junho a setembro de 2022, foram realizadas presencialmente, nas secretarias de saúde dos municípios, a partir de um roteiro semiestruturado, tendo como participantes os nove gestores municipais de saúde e nove coordenadores da APS. A análise das entrevistas seguiu a metodologia de análise de discurso. Os resultados foram organizados nas seguintes categorias: características das equipes gestoras; apropriação e posicionamento dos gestores sobre as políticas da APS; mudanças ocorridas no processo de trabalho e desafios encontrados frente à essas mudanças. A maior parte dos municípios da pesquisa são de pequeno porte e as equipes gestoras compostas pelos secretários de saúde e coordenadores da atenção básica, tendo o predomínio de mulheres, na faixa etária de 36 a 51 anos. Verificou-se que sete gestores tinham ensino superior completo, cinco deles com formação na área da saúde e seis possuíam até três anos de atuação na área de gestão como secretário de saúde, apenas um gestor referiu não ter experiência anterior na saúde. A coordenação da APS é composta por profissionais com ensino superior em saúde, a maioria enfermeiras, sendo oito pós-graduadas, a maioria em saúde coletiva, sete possuíam mais de quatro anos de atuação na coordenação da APS. Foram identificados diferentes níveis de apropriação dos entrevistados a respeito das políticas da APS a partir de 2017, evidenciando distintos entendimentos e a maioria demonstrou posicionamento favorável às novas políticas. Foram relatadas mudanças nos processos de trabalho em saúde, para o cadastramento da população no sistema e-SUS e para o monitoramento dos indicadores do Previne Brasil. A implantação do prontuário eletrônico foi à mudança mais impactante, e menos da metade dos municípios pesquisados optaram por adotar o sistema público (e-SUS), principalmente devido à falta de suporte técnico do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde. Também se constituem em desafios: funcionários mais antigos com dificuldades em lidar com sistemas eletrônicos e municípios com áreas rurais muito extensas e sem acesso à internet. O referencial teórico utilizado possibilitou a análise das repercussões da implantação de políticas públicas, como a PNAB e o PPB, no trabalho das equipes gestoras, considerando como as responsabilidades estão sendo compartilhadas, como a cooperação entre os entes está sendo promovida ou desafiada, bem como a falta de suporte técnico pode criar obstáculos institucionais.Item Política de financiamento da atenção primária à saúde e suas implicações nos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde(2024-05-17) Romagnolli, Ana Paula Bazzo; Mendonça, Fernanda de Freitas; Felix, Sarah Beatriz Coceiro Meirelles; Evedove, André Ulian DallO Sistema Único de Saúde (SUS) representa o sistema público de saúde brasileiro com a missão de proporcionar acesso universal, integral e com equidade à saúde para todos os cidadãos, estabelecida através de seus princípios doutrinários. No entanto, o financiamento da Atenção Primária à Saúde (APS) tem enfrentado obstáculos. A introdução do Programa Previne Brasil (PPB) em 2019, juntamente a alterações políticas como a Emenda Constitucional 95 e a revisão do Programa Nacional da Atenção Básica (PNAB) em 2017, levanta questões sobre o impacto dessas medidas nos princípios do SUS. Diante disso, questiona-se o quanto a nova política de financiamento da APS tenciona para fortalecer ou não os princípios do SUS. A pesquisa teve como objetivo analisar a evolução normativa do PPB na gestão da Atenção Primária e suas implicações nos princípios doutrinários do SUS. Trata-se de um estudo qualitativo que utilizou a análise das portarias publicadas entre 2019 e 2022 como fonte de dados. Os documentos foram obtidos por meio do Sistema Saúde Legis com o assunto Previne Brasil. Outra estratégia de busca foi conduzida através da análise das próprias portarias, identificando aquelas que faziam referência ao PPB em seu conteúdo, mesmo que não tivessem sido inicialmente capturadas pelo Saúde Legis. Os resultados apontaram que o PPB passou por ajustes desde sua implementação, evidenciados por 30 portarias entre 2019 e 2022. O eixo da capitação ponderada concentrou o maior número de portarias, assim como o ano de 2020. No que se refere ao conteúdo das portarias, estas abordam desde a definição de alguns regramentos, instituição de incentivos e definições de metas, porém ganham destaque o volume de atos que estabelecem a prorrogação das normas sobre o cadastramento e o atingimento dos indicadores de desempenho. Posto isso, verificou- se que as alterações produzidas por essa nova política de financiamento apresentam aspectos que podem tanto fortalecer quanto fragilizar os princípios do SUS. Por mais que algumas das medidas do PPB tenham coerência com os princípios do SUS, não se pode negar que a densidade dos elementos que prejudicam a implementação dos princípios do SUS são muito maiores e, portanto, no conjunto da obra seria arriscado afirmar que esse programa iria ofertar benefícios para APS.Item O afeto presente nas práticas de autoatenção e seus efeitos na formação de uma saúde integrativa(2024-03-08) Registro, Milena; Durán González, Alberto; Cedeno, Alejandra Astrid León; Bortoletto, Maira Sayuri Sakai; Silva, Anaxsuell Fernando daOs processos de saúde e doença no Ocidente são sobretudo determinados pelo modelo biomédico cartesiano de caráter hegemônico, responsável por induzir o que se entende por atenção em saúde, atuando assim, como uma ferramenta de controle social mediante à imposição de uma norma de bem-estar. A crítica a esse modelo médico é necessária para não apenas expor as relações de poder que influenciaram o curso histórico dos processos de saúde e doença, mas também para que avancemos na discussão de saúde como um conceito ampliado e plural. Os processos de saúde e doença são reflexos de sistemas culturais que contribuem para o conhecimento da existência de outros modelos de atenção qualificados, e de outras formas não institucionais de se produzir saúde. A existência de redes informais em saúde apresenta-se nesta pesquisa enquanto práticas de autoatenção no protagonismo de sujeitos e coletivos que buscam encontrar e criar soluções para suas demandas de saúde, mediante sua própria realidade e subjetividade, guiando-se pelo afeto que permite articular de maneira fluída diferentes dimensões epistemológicas e práticas em prol dos seus desejos. O objetivo da pesquisa, portanto, é de compreender e demonstrar como a autoatenção articula afetivamente distintas formas de cuidado para a formação de uma saúde mais integrativa, tendo como local empírico de estudo a associação comunitária Ciranda da Cultura em Londrina, Paraná. Trata-se de um espaço autogestionado, sobretudo por mulheres e adolescentes, que fornece e fomenta atividades cooperativas gratuitas à comunidade por meio do trabalho em rede. Por meio de uma análise qualitativa etnográfica em colaboração à metodologia cartográfica, realizaram-se encontros participativos com a intenção de produzir mapas afetivos que ilustrassem as linhas de força e os movimentos de desejo que dão forma ao que nomeio como Cirandas da Autoatenção. Como resultado preliminar teve-se a concepção de que o afeto atua como potência dessas práticas que, ao não evitar as subjetividades, extrapolam os limites protocolares dos modelos de atenção formalizados, contribuindo para o rompimento de ciclos de dependência diagnóstico terapêutica, assim devolvendo e produzindo autonomia às pessoas em campos de força micropolítica. As considerações da pesquisa são de que a prática de autoatenção encaminha a saúde para um cuidado não genérico, que se aproxima dos fluxos de vida das pessoas como uma prática integrativa no reflexo de suas necessidades e desejos.Item A estratégia apoiador Cosems e a rede colaborativa no SUS(2024-04-03) Martins, Marina Sidineia Ricardo; Carvalho, Brígida Gimenez; Melchior, Regina; Bertussi, Débora Cristina; Silva, João Felipe Marques daO Projeto Apoiadores/Rede Colaborativa, é uma iniciativa que contribui para o fortalecimento da gestão municipal e regionalização no SUS. Apesar de possuir diretrizes de uma rede nacional, a organização e funcionamento do Projeto Apoiadores/Rede Colaborativa é diferente em cada um dos estados da federação. Nesse sentido, apoiado às contribuições dos referenciais do federalismo brasileiro e do apoio institucional, essa pesquisa tem como objetivo analisar o processo de implementação do Projeto Apoiadores – Rede Colaborativa para Fortalecimento da Gestão Municipal do SUS, no Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida nos vinte e seis estados da federação. A coleta de dados deu-se em duas etapas: a primeira baseou-se em análise documental e a segunda se deu por meio de formulário eletrônico (google forms®) com questões fechadas e abertas aplicados aos coordenadores de apoio dos Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), sujeitos da pesquisa. Utilizou-se da técnica de análise do conteúdo para a etapa de investigação documental e, o software Office Excel®, para o tratamento dos dados obtidos pelo questionário eletrônico. Os resultados apresentam o percurso histórico da implantação do projeto apoiadores no Brasil – Estratégia Apoiador Cosems (EAC), nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro; e análise das principais peculiaridades do apoio institucional no Brasil. Entre elas destacam-se: a implementação da EAC nos estados como um fator relevante para o fortalecimento dos Cosems; a precarização nas relações de vínculo trabalhista dos apoiadores; a importância da EPS para a atuação prática do apoio e sua formação; e, a necessidade do monitoramento e avaliação da EAC nos estados.Item Cuidados paliativos na atenção básica : produção de um corpo cartográfico(2024-02-21) Marques, Emilly Pennas Marciano; Melchior, Regina; Feuerwerker, Laura Camargo Macruz; Lopes, Maria Lucia da SilvaOs cuidados paliativos, são ofertados aos indivíduos acometidos por doença grave com ameaça da continuidade da vida, objetivando o alívio do sofrimento biopsicossocial e espiritual para melhora da qualidade de vida do indivíduo e seus familiares. Não estamos falando sobre a possibilidade de cura ou não, mas do cuidado na finitude, considerando a morte como parte da vida. Trata-se da conexão entre a ciência e a humanidade, da integralidade do cuidado sob todas as suas dimensões, centrado no usuário e respeitando sua autonomia. O trabalho em saúde é em fundamento coletivo e os cuidados paliativos colocam em evidência essa característica e apresenta inúmeros desafios. É uma situação delicada, de nossa finitude, que é um tema sensível tanto para os trabalhadores como para os usuários, para que se alcance e promova o apoio e conforto necessário, decompondo o ordinário e compondo-se do singular. Por se tratar de um processo eminentemente longitudinal, os CP guardam estreita relação com a Atenção Básica (AB), que tem como uma de suas características acompanhar seus usuários na horizontalidade de seus cuidados, No entanto, o CP muitas vezes é compreendido como uma especialidade ou uma assistência restrita ao âmbito hospitalar, o que o coloca de certa forma distante da AB ou apenas alvo de ações pontuais. Assim, os usuários em cuidado paliativo frequentemente enfrentam um vazio assistencial, com dificuldades de acesso e de um cuidado realizado em rede. Desta maneira, o objetivo desta pesquisa foi cartografar a produção dos cuidados paliativos na AB e dar visibilidade às possibilidades e barreiras para sua produção. Para isso, recorremos a cartografia como intercessor metodológico, que possibilitou o tracejo de mapas da produção viva do trabalho e do cuidado em seu espaço micropolítico, por meio da estratégia do usuário-guia, que é como um fio condutor nos guiando pela rede de cuidado. A pesquisa aconteceu de dezembro de 2022 à maio de 2023, em uma unidade básica de saúde do município de Londrina. Durante essa cartografia, foi possível observar que o cuidado paliativo está presente, mesmo que não intencionalmente no território e de alguma forma alguns usuários entraram na linha de produção do cuidado da AB. Outros tiveram suporte familiar, especialmente no luto e apesar de algumas ofertas de suporte da Unidade Básica de Saúde, alguns usuários não foram alcançados pelo cuidado da equipe. Nos encontros com os usuários, foi possível observar o quão reconfortante é, a segurança que traz para a família e para o usuário, ter sua rede de cuidados organizada, saber quando e para onde vai se algo acontecer. Sobre o Processo de Trabalho, os trabalhadores enfrentam diversos atravessamentos que endurecem a produção do cuidado enquanto trabalho vivo. Conversas com os trabalhadores nos deram pistas dessa captura e algumas repercussões das forças biopolíticas e mercadológicas que operam em uma lógica de linha de produção no processo de trabalho dos serviços de saúde, que frequentemente resultam em sobrecarga aos trabalhadores que desejam ofertar uma boa assistência, mas não conseguem pois são interceptados pelo modelo hegemônico compartimentalizado do cuidado. Diante disso, nossas conclusões tornam-se provisórias, uma vez que o trabalho em saúde é um processo intensamente relacional e orgânico, mas marcado por apostas e disputas de projetos mais ou menos produtores de vida. Os trabalhadores podem ser dispositivos potentes para disputar outras agendas e modos de cuidado, que problematizam e dão visibilidade às múltiplas possibilidades de arranjos, no entanto, enfrentam diariamente um grande desafio com a falta de recursos, perda de integrantes da equipe por diversos motivos, dificuldade do cuidado compartilhado com outros serviços e pontos da rede e a grande demanda gerencial e territorial, gerando sobrecarga e adoecimento da equipe. É de extremamente importante e urgente que haja espaços que possibilitem a reflexão da prática e das apostas feitas no espaço micropolítico que ocupamos, que sejam investidas forças e recursos financeiros, institucionais, políticos, processuais ou não, sejam eles governamentais ou instituído pelas próprias equipes na disputa de uma AB mais forte.Item Prevalência do uso de práticas integrativas e complementares por usuários da atenção primária à saúde de seis municípios de pequeno porte do estado do Paraná(2024-02-28) Grégio, Grasiele Sastre; Loch, Mathias Roberto; Martins, Eleine Aparecida Penha; Girotto, Edmarlon; Silva, Milene Zanoni daIntrodução: As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) contemplam uma variedade de recursos terapêuticos e racionalidades médicas não convencionais. Essas práticas integram os serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e têm na atenção primária à saúde o local preferencial para sua inserção. Objetivo: Investigar a prevalência e identificar os fatores associados ao uso das PICS entre usuários da atenção primária à saúde de municípios de pequeno porte do estado do Paraná. Métodos: Estudo transversal descritivo e quantitativo, com dados coletados por entrevistadores previamente treinados. Foram convidados a responder o questionário pessoas que aguardavam por atendimento em unidades de atenção primária à saúde dos municípios selecionados. Consideraram-se três variáveis dependentes: uso geral das PICS, uso de plantas medicinais/fitoterapia e uso de PICS exceto plantas medicinais/fitoterapia. Fatores sociodemográficos, comportamentais e de saúde foram as variáveis independentes. Realizou-se a análise descritiva dos dados, e verificaram-se as associações por meio do teste Qui-quadrado de Pearson, com significância estatística 5% (p-valor < 0,05) e regressão de Poisson com variância robusta, IC 95% e p-valor < 0,05. Resultados: A amostra foi composta por 1.878 pessoas. A prevalência de uso geral das PICS foi de 51,2%; de plantas medicinais/fitoterapia, 45,7%; e de PICS exceto plantas medicinais/fitoterapia, 14,7%. Destas, as mais prevalentes foram meditação (6,2%) e auriculoterapia (2,9%). A análise ajustada para o uso geral das PICS demonstrou maior prevalência entre pessoas do sexo feminino (RPa= 1,20, IC95%: 1,07-1,34), com 40 anos ou mais (40 a 59 anos, RPa= 1,35, IC95%: 1,11-1,65; = 60 anos, RPa= 1,50, IC95%: 1,20-1,88), brancas ou amarelas (RPa= 1,20, IC95%: 1,08-1,33), com ensino superior completo (Rpa= 1,17, IC95%: 1,02-1,35), que praticavam atividade física no tempo livre (Rpa= 1,27, IC95%: 1,17-1,38), que realizaram consulta com profissional de saúde (não médico) (Rpa= 1,26, IC95%: 1,12-1,41), que receberam visita domiciliar (Rpa= 1,18, IC95%: 1,07-1,29), com diagnóstico de neoplasia (Rpa= 1,21, IC95%: 1,02-1,44) e presença de dor crônica musculoesquelética (Rpa= 1,25, IC95%: 1,13-1,38). Em relação ao uso de plantas medicinais/fitoterapia, observaram-se as mesmas associações, exceto para escolaridade. Quanto ao uso de PICS exceto plantas medicinais, houve maior prevalência nas pessoas com 25 anos ou mais (25 a 39 anos RPa= 1,78, IC95%: 1,13-2,81; 40 a 59 anos, RPa= 1,84, IC95%: 1,15-2,96; = 60 anos, RPa= 1,83, IC95%: 1,03-3,25), maiores níveis de escolaridade (médio completo, RPa= 2,03, IC95% 1,45-2,85; superior completo, RPa= 3,70, IC95%: 2,59-5,27), que praticavam atividade física no tempo livre (RPa= 1,44, IC95%: 1,16-1,80) e que realizaram consulta com profissional de saúde (não médico) (RPa= 1,40, IC95%: 1,02-1,91). Conclusão: Os resultados demonstraram que cerca de metade dos usuários investigados referiram uso de pelo menos uma PICS, sendo plantas medicinais/fitoterapia a prática com prevalência bastante superior às demais. O uso das PICS foi maior entre pessoas do sexo feminino, com 40 anos ou mais, com ensino superior completo, que praticavam atividade física no tempo livre, que realizaram consulta com profissional da saúde, que receberam visita domiciliar, que referiram diagnóstico de neoplasia e com dor crônica musculoesquelética.Item Organização da gestão do trabalho nos municípios e repercurssões na atenção primaria à saúde(2024-02-23) Felisbino, Pricila; Carvalho, Brígida Gimenez; Gil, Célia Regina Rodrigues; Santini, Stela Maris LopesCom a criação do SUS, o trabalho em saúde ganhou novos desafios e a Gestão do Trabalho maior visibilidade. Visando analisar como está organizada a Gestão do Trabalho nos municípios, quais as estratégias são desenvolvidas na APS, os tipos de vínculos e como isso repercute na atuação dos profissionais, na percepção dos entrevistados e os desafios enfrentados nessa área, realizou-se um estudo qualitativo, por meio de entrevistas com equipes gestoras, em nove municípios da macrorregião norte do Estado do Paraná. Foram entrevistados secretários municipais de saúde e coordenadores da Atenção Primária à Saúde (APS), utilizando-se um roteiro semiestruturado, no período de julho a agosto de 2022. Os resultados foram analisados por meio da análise de discurso, e apresentados em quatro categorias: caracterização dos entrevistados; organização da Gestão do Trabalho, as estratégias desenvolvidas pelos municípios; as modalidades de vínculos trabalhistas adotadas na APS e sua influência na atuação dos profissionais e os desafios da Gestão do Trabalho. Os resultados apontam que quase metade dos gestores (44%) não possuem formação superior ou formação específica na área da saúde. A maioria deles (56%) possui carreira pública municipal e dos nove municípios estudados, apenas dois possuem departamento de gestão do trabalho, sendo eles os de grande porte. A maioria dos municípios utiliza uma ou mais ferramentas de gestão do trabalho como: avaliação de desempenho, Educação Permanente em Saúde (EPS) e Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS). Sobre as formas de admissão dos profissionais, apesar da maioria ser contratado com vínculos estáveis, estatutário e Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), nota-se uma tendência de aumento de vínculos precários, condição esta presente em todos os municípios, por meio de contratações terceirizadas, por pessoa jurídica ou pessoa física e contratos temporários e, a categoria médica é a mais apresenta vínculos precários. Apesar de não ser consenso, o contrato temporário e terceirizado foram citados como vantajosos por diversos motivos como o fato do profissional ser substituído com facilidade pela empresa e não entrar como índice na folha de pagamento. Para os entrevistados há diferença na atuação do profissional dependendo do tipo de vínculo que ele possui. Entre as vantagens estão, os concursados porque criam vínculo e têm motivação profissional e podem assumir cargos de coordenação nos serviços. Entre as desvantagens, após concluir estágio probatório, o profissional altera sua forma de atuação no trabalho. Os contratos temporários foram considerados um problema e os entrevistados reconhecem esta modalidade como de contratação precária uma vez que os profissionais se sentem inseguros pela instabilidade no trabalho. Entre os desafios relacionados à Gestão do Trabalho está a grande rotatividade dos profissionais e o não preenchimento de vagas por concurso público, majoritariamente pelo profissional médico, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que dificulta para que os municípios realizem concursos públicos, além da formação profissional e perfil dos profissionais inadequados para atuarem na APS. Os achados da pesquisa reforçam que muitos são os desafios da Gestão do Trabalho na APS, mesmo que o gestor seja comprometido e que tenha um setor especifico para de Gestão do Trabalho, isso não é suficiente para mudar a situação da gestão dos trabalhadores. O maior desafio se atribui adequar a força de trabalho às exigências do Sistema Único de Saúde (SUS) e a necessidade de superar as barreiras econômicas, políticas, éticas e burocráticas para garantir acesso integral à população usuária do SUS.Item Acolhimento com avaliação e classificação de risco: o significado para o usuário(2010-11-30) Miranda, Juranda Maia de; Garanhani, Mara Lúcia; Nunes, Elisabete de Fátima Pólo de Almeida; Rodrigues, Inês GimenesAs práticas de humanização nos serviços de saúde constituem-se em desafios para todos os profissionais da área da saúde na atualidade. Estudos sobre as perspectivas do usuário em relação a tais práticas são relevantes para fornecerem dados que possam contribuir efetivamente para o aperfeiçoamento da produção do cuidado nos serviços de saúde. O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva com o objetivo de compreender a percepção do usuário sobre a prática de Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco (AACR), em um pronto socorro de um hospital público estadual, de porte secundário da região sul no município de Londrina-Pr. Buscou-se revelar o significado do AACR para os usuários atendidos nesse serviço utilizando como técnica de coleta de dados a entrevista semi-estruturada, realizada no período de novembro de 2009. Os participantes da pesquisa foram usuários adultos, acima de 18 anos, classificados na cor verde e azul que aguardavam atendimento médico na recepção do hospital, totalizando 19 pacientes. A análise dos dados realizou-se mediante a análise do discurso de acordo com Martins e Bicudo, a qual desvelou o significado do AACR em três categorias temáticas: acolhimento é ter acesso ao serviço de saúde; é submeter-se ao processo de AACR e; é ser cuidado com competência. Os resultados revelaram também o sofrimento do usuário quando há demora no atendimento médico, mesmo depois de ter se submetido à prática do AACR. Os usuários também expressaram satisfação com o serviço oferecido, sentiram-se acolhidos e consideram válida a metodologia do AACR, revelando um vínculo positivo com a instituição. Eles relacionaram o atendimento de suas necessidades com a consulta médica, com a competência dos profissionais da saúde e com a informação sobre o seu risco de saúde. O tempo de espera foi um fator marcante para eles. Concluímos que o acolhimento para os usuários está associado ao acesso aos serviços de saúde e ao atendimento de suas necessidades, muitas vezes representado pelo atendimento médico.Item Tecendo redes em meio ao isolamento: desafio de uma Mãe-Usuária-Guia na produção do cuidado do filho autista(2023-02-23) Araujo, Liz Bárbara Esteves; Melchior, Regina; Baduy, Rossana Staevie; Santos, Nereida Lucia Palko dosA produção do cuidado é uma temática de interesse do campo da saúde pública, principalmente a dinâmica estabelecida pelos usuários para compô-la. No entanto, existem cenários onde o estabelecimento de redes para este cuidado está fragilizado. É o caso das pessoas com deficiência (PCDs). Eles estão constantemente buscando formas de existir frente às dificuldades impostas por uma sociedade normativa, e é neste espaço de força inventiva que se dá a potência do cuidado. Para adentrar este universo, o presente trabalho teve como objetivo analisar a rede de produção do cuidado da pessoa autista em um município de grande porte na região norte do estado do Paraná. A pesquisa ocorreu majoritariamente no ano de 2020, durante a pandemia de COVID-19, porém foram tomadas todas as medidas de proteção necessárias. A cartografia foi o caminho de pesquisa escolhido considerando a proximidade do grupo com o referencial teórico e interesse das pesquisadoras. Para isso fez-se uso dos dispositivos mãe-cidadã-guia (MCG) e usuário-cidadão-guia (UCG). Uma vez escolhido o UCG, um adolescente autista, deu-se início às visitas presenciais conforme a disponibilidade da mãe, do filho e da pesquisadora, considerando o contexto do momento. A partir daí, foi se tecendo as redes operadas por eles. Foram múltiplos encontros com a família, vizinhos e profissionais, a fim de identificar os caminhos percorridos pelo UCG e sua mãe. Ficou evidente que o isolamento da família, existente antes mesmo da pandemia, é o principal impedimento para a construção de uma rede mais robusta. Este isolamento, por se apresentar em diversas dimensões e de maneira multifatorial, aumenta a condição de vulnerabilidade em que vivem, visto que a vida se molda na perspectiva de exclusão social. Mãe e filho residem em uma chácara afastada, na zona rural do município. Adicionado ao isolamento geográfico, observou-se que as inúmeras experiências de preconceito e repúdio ao corpo do filho autista, violentamente os afastaram da produção de vida em sociedade e principalmente das redes de cuidado. Outro motivo que os afastava da rede era a forte influência de uma voluntária de uma instituição de caridade do município, exercida sobre a família, que ao suprir as necessidades da família contribuía para o afastamento deles da rede instituída. A partir dessa vivência percebe-se que a exclusão social enfrentada pelas PCD é uma constante e grande parte do esforço para sair dessa condição e lutar pelo acesso é das mães e famílias, que vão em busca da produção do cuidado. Fica evidente que as políticas públicas não alcançam os que, por diferentes motivos, não chegam até os serviços, fazendo com que eles busquem novas rotas de acesso. Histórias como esta, se repetem em outros territórios. Observou-se também, as dificuldades da mãe e do filho para terem acesso à direitos garantidos às PCDs, como por exemplo o recebimento do Benefício de Prestação Continuada. É preciso que trabalhadores e cidadãos lutem pela melhoria do financiamento das políticas de saúde e social. Deem espaço à educação permanente para desconstrução de preconceitos e apropriação dos direitos já garantidos às PCD. Por fim, faz-se necessário a apropriação das políticas públicas, como o Plano Viver Sem Limites, por parte dos serviços, a fim de uma maior articulação entre eles, buscando assegurar os direitos duramente conquistados e diminuir as barreiras para as PCD.Item A arte na produção do cuidado sob a ótica dos profissionais de saúde dos centros de atenção psicossociais de um município de médio porte(2023-04-25) Almeida, Letícia Salgado; González, Alberto Durán; Melchior, Regina; Soares, Magda Ribeiro de CastroConsiderando os processos de transição do cuidado em saúde mental do modelo asilar para o de base comunitária, os Centros de Atenção Psicossociais se constituem como principal estratégia de serviços substitutivos aos manicômios. Estudos apontam a inserção da arte nos mais diversos contextos e ações em saúde, podendo estar presente na prevenção e promoção, na gestão e no tratamento de saúde, contribuindo para prevenir doenças, para o desenvolvimento humano e com o cuidado em saúde mental. Dessa forma, essa pesquisa teve por objetivo discutir os processos de cuidado dentro dos CAPS Álcool e Drogas e Infantojuvenil, assim como compreender a correlação entre arte e saúde na percepção dos trabalhadores, averiguando os desafios e potenciais dessa integração dentro desses centros. Tratou-se de uma investigação qualitativa de caráter analítico, realizada através de entrevistas semiestruturadas com treze profissionais do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil e do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas de um município de médio porte localizado no estado do Paraná, e os dados foram analisados por meio do referencial metodológico da Análise de Conteúdo de Bardin (2016). Observou-se que o uso da arte nas CAPS está envolto em dificuldades e preconceitos por parte da comunidade e trabalhadores como um todo, a qual afasta alternativas que não as medicamentosas do tratamento de usuários, crianças e adolescentes. Dificuldades como a falta de material, preparo dos profissionais da saúde, de conhecimento sobre a Arte como terapia, considerando um contexto de pandemia, isolou a arte do cuidado. A partir da pesquisa de como os profissionais de saúde dos CAPS compreendem a arte na produção do cuidado, foi possível perceber a necessidade de ampliar a concepção da oferta do mesmo e, portanto, de ações em saúde, buscando a ruptura da visão biomédica e hospitalocêntrica e principalmente resgatando princípios da Reforma Sanitária e Psiquiátrica que nos dias atuais encontram-se ameaçados.Item Dor em professores da educação básica : associação com atividade física e tempo vendo televisãoSantos, Mayara Cristina da Silva; Mesas, Arthur Eumann [Orientador]; Girotto, Edmarlon; Gabani, Flávia Lopes; Araújo, Paula Cristina Alves; Girotto, Edmarlon [Coorientador]Resumo: Introdução: Os sintomas dolorosos, quer sejam de caráter crônico ou agudo, têm consequências para a saúde individual e os serviços de saúde Certos comportamentos, como a inatividade física e o tempo vendo televisão, estão potencialmente relacionados à etiologia e cronificação desses sintomas No entanto, não está claro como as mudanças ou a manutenção desses comportamentos podem afetar a incidência, a persistência ou a frequência de dor geral ou da dor crônica musculoesquelética Objetivo: Investigar a associação entre dor crônica musculoesquelética e percepção de dor, durante o dia ou antes de dormir, com a prática de atividade física e o tempo vendo televisão em professores da educação básica Objetivos específicos: 1) Analisar a associação longitudinal da mudança na prática de atividade física no lazer e do tempo vendo televisão com a incidência e a persistência de dor crônica musculoesquelética; e 2) Analisar a relação entre a prática de atividade física no tempo livre, autorreferida em entrevista pessoal, e a sensação de dor durante o dia ou antes de dormir, registrada pelo próprio indivíduo ao longo de sete dias consecutivos Métodos: Os objetivos específicos foram contemplados na forma de dois estudos, com resultados e discussões abordados separadamente A população estudada fez parte do projeto Pró-Mestre, que aborda questões de saúde, estilo de vida e trabalho de professores da rede pública Professores das 2 escolas de maior porte do município de Londrina, PR, Brasil, que atuavam em sala de aula ao menos um período da semana e eram responsáveis por uma ou mais disciplinas foram incluídos no estudo e entrevistados em duas ocasiões: entre 212 e 213 (baseline) e após 24 meses (follow-up) No follow-up, uma subamostra de professores preencheu um diário de atividades durante sete dias consecutivos Para o desfecho dor crônica musculoesquelética considerou-se a percepção de sintomas dolorosos há 6 meses ou mais nas seguintes regiões: ombros, braços, costas, joelhos, pernas e pés Definiu-se como dor durante o dia e dor antes de dormir quando esse sintoma era reportado ao menos uma vez ao longo de sete dias As variáveis independentes foram a atividade física no lazer (ou no tempo livre) e o tempo vendo televisão diariamente Para as análises de associação, utilizou-se a regressão logística Resultados: Um total de 527 professores foram estudados para contemplar o primeiro objetivo Aumentar o tempo de lazer dedicado à prática de atividade física (mudar =12 para >12 minutos de AFL semanalmente) associou-se com menor chance de dor crônica musculoesquelética persistente (odds ratio, OR=,3; intervalo de confiança de 95%, IC95%=,11-,79) em comparação com manter-se fisicamente inativo Um total de 141 professores foram estudados para contemplar o segundo objetivo Entre esses, praticar mais de 24 minutos por semana de atividade física no tempo livre associou-se com uma chance menor de reportar dor durante o dia (OR=,18; IC95%=,6-,54) e antes de dormir (OR=,28; IC95%=,1-,79), entretanto, as associações perderam significância estatística após o ajuste pelo escore de sintomas depressivos Conclusões: Em síntese, este estudo mostrou que, comparado com se manter inativo, passar a praticar mais de duas horas de atividade física no lazer semanalmente é um comportamento associado com menor chance de persistência de dor crônica musculoesquelética Além disso, praticar mais de quatro horas semanais de atividade física no tempo livre está relacionado com menor frequência de dor durante o dia ou antes de dormir, independente dos principais confundidores, exceto sintomas depressivosItem Organização do processo de trabalhado vivenciado durante um programa de qualificação da Atenção Primária à SaúdeBeraldi, Mariana Lectícia; Mendonça, Fernanda de Freitas [Orientador]; Lopes, Maria Lúcia da Silva; Félix, Sarah Beatriz Coceiro MeirellesResumo: A Educação Permanente em Saúde (EPS) constitui-se em uma estratégia que busca transformar as práticas profissionais e a organização do processo de trabalho a partir das demandas do próprio trabalho Ela atua como componente do Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (APSUS), ocorrido no ano de 211 a 218, que corresponde a um programa do governo do Estado do Paraná que propõe a melhoria da Atenção Primária à Saúde (APS) em todo o Estado para que ela possa exercer seu papel de coordenadora do cuidado Como segunda etapa do programa, ocorre a tutoria, que busca contribuir com as equipes de saúde a incorporar mudanças e adequações do processo de trabalho e para isso utiliza-se de um instrumento norteador que impulsiona a prática dos profissionais, o Selo da Qualidade O selo da qualidade em sua segunda etapa, etapa prata, visa aferir o gerenciamento dos processos O objetivo deste estudo foi analisar a organização do processo de trabalho vivenciada durante um programa de qualificação da APS A pesquisa ocorreu com profissionais de uma Unidade de Saúde da Família (USF), localizada no município de Londrina, Paraná, participante do processo de tutoria, buscando a certificação da qualidade do nível prata O estudo foi feito com todos os trabalhadores da unidade, incluindo profissionais residentes que atuavam juntamente a equipe e tutores do programa A pesquisa tem caráter qualitativo, descritivo e exploratório, do tipo estudo de caso Utilizou-se como ferramenta de coleta de dados observação-participante, realizada no período de julho a outubro de 218, e entrevistas semiestruturadas com os profissionais da USF, feitas em dezembro de 218 até abril de 219 Os dados foram analisados de acordo com a proposta de Martins e Bicudo Da análise dos resultados emergiram três manuscritos: Reflexos de um processo de qualificação da Atenção Primária à Saúde na rotina e no cuidado produzido pelos trabalhadores; Estratégias de gestão do trabalho durante um processo de qualificação da Atenção Primária à Saúde; Resultados de um processo de qualificação da Atenção Primária à Saúde Os resultados apontaram para organização do processo de trabalho, oportunidade de refletir sobre a prática, sobrecarga física e mental dos profissionais, ênfase em questões burocráticas em detrimento do cuidado e dificuldade do programa em contemplar as singularidades do território e possibilitou Diversas estratégias foram desenvolvidas pela equipe: reuniões de equipe e gerais, mutirões de estratificação de risco e criação atendimentos coletivos em formato de grupo, que possibilitaram a organização do processo e melhoria da qualidade da atenção A participação no selo permitiu melhor conscientização do processo de trabalho, organização do fluxo e sistematização de atividades, resgate de populações negligenciadas e monitoramento da população com condições crônicas A EPS mostrou-se como eixo transversal que percorreu todo o processo de trabalho, permitindo problematizações, trabalho em equipe e reflexão sobre a prática profissional A EPS desenvolvida pelos próprios profissionais possibilitou sair da lógica da captura impositiva do processo e dar qualidade a gestão do trabalhoItem A produção do cuidado no contexto familiar na atenção básica : uma cartografiaMarandola, Thalita da Rocha; Melchior, Regina [Orientador]; Carvalho, Brígida Gimenez; Silva, Ana Lúcia Abrahão da; Lima, Josiane Vivian de Camargo [Coorientadora]Resumo: O cuidado é uma temática inerente a todo trabalhador em saúde, sua prática está presente nos hospitais, nas clínicas, ambulatórios, nas unidades básicas de saúde, nos domicílios, entre outros E é no campo da atenção domiciliar, mais especificamente o cuidado domiciliar na atenção básica à saúde, que nos aproximamos para experimentar a produção do cuidado O objetivo deste estudo foi compreender como ocorre a produção do cuidado em saúde na atenção domiciliar, na prática da Estratégia Saúde da Família, em uma Unidade Básica de Saúde de um município de grande porte, na região sul do Brasil A pesquisa ocorreu no período de agosto/216 a agosto/217 Para tanto, utilizei a perspectiva cartográfica, que por meio do uso do dispositivo de pesquisa da família-guia possibilitou encontros e experimentações da produção do cuidado conforme estes foram sendo produzidos O ponto de partida do campo de pesquisa foi o serviço da atenção domiciliar e posteriormente o território de uma unidade básica de saúde; neste último, a partir da escolha da família-guia extrapolamos os limites do território geográfico da unidade, produzindo e percorrendo a rede viva produzida pela própria família A partir dos encontros com os outros pontos da rede e com os trabalhadores surgiram pistas que indicaram o processo de produção do cuidado da família selecionada As pistas identificadas foram: O que trazemos e o que opera nos encontros? A disputa do cuidado; As redes; A reflexão sobre o processo de trabalho A partir delas pude inferir que no processo do cuidado tanto trabalhadores quanto usuários levam para o encontro marcas que pulsam de acordo com a intensidade do encontro e que vão interferir no cuidado prestado e ainda, que o cuidar ou ser cuidado requer a identificação e reflexão dos nossos valores universais e regimes de verdades, que podem influenciar a forma como operamos o cuidado no encontro Além disso, a disputa do cuidado entre trabalhadores e trabalhadores/usuários aparece como elemento que pode potencializar ou fragilizar este processo, o que frequentemente surge quando a rede de cuidados é acionada Sobre a rede de cuidados foi observado que a rede formal é a mais reconhecida e a rede viva produzida pelo usuário ainda é pouco valorizada pelos trabalhadores apesar de suas potencialidades Durante esta jornada, notou-se o quão importante foi a análise do processo de trabalho em saúde para a melhor construção do cuidado, dando vasão as afetações e espaço para as experimentações o que resulta no cuidado dos cuidadores/trabalhadores da saúdeItem Percepção de profissionais de enfermagem frente à cultura de segurança do paciente em instituições de alta complexidadeSanchis, Desirée Zago; Silva, Ana Maria Rigo [Orientador]; Girotto, Edmarlon; Haddad, Maria do Carmo Fernandez LourençoResumo: A cultura de segurança nas instituições de saúde é aquela em que cada profissional reconhece suas responsabilidades frente à segurança do paciente e procura contribuir para melhoria na qualidade do cuidado As organizações necessitam de culturas únicas, com fusão de valores, crenças e comportamentos que determinem a forma de seu funcionamento Objetivo: Analisar a percepção dos profissionais de enfermagem acerca das dimensões da cultura de segurança do paciente em instituições de alta complexidade Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, transversal e com abordagem quantitativa A população de estudo foi constituída por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que atuavam na assistência direta ao paciente, em três instituições de alta complexidade A fim de avaliar a cultura de segurança do paciente, foi utilizado o questionário Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSPSC), de 24 A coleta de dados ocorreu entre fevereiro e abril de 217, por meio de abordagem individual Foi realizada análise descritiva, com uso de frequências absolutas e relativas A cultura de segurança foi avaliada utilizando o cálculo dos percentuais de respostas positivas para cada dimensão do instrumento, à partir do cálculo dos percentuais foram atribuídas categorias, com a seguinte classificação: áreas consideradas fortalecidas (= 75,% de respostas positivas), áreas com potencial de melhoria (<75,% a >5,%), e áreas enfraquecidas/fragilizadas (= 5,%) Além disto, foi utilizando a análise de associação, por meio da regressão de Poisson com cálculo da Razão de Prevalência (RP) e Intervalo de Confiança 95% (IC 95%) Para análise dos dados utilizou-se o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) Resultados: Participaram do estudo 587 indivíduos, 42,8% eram enfermeiros e 57,2% técnicos ou auxiliares de enfermagem A taxa de resposta atingiu 75,8% da população alvo A maioria dos respondentes era do sexo feminino (88,4%), tinham entre 2 e 39 anos (6,8%), atuava na instituição há menos de cinco anos (57,8%) e não possuía outro vínculo de trabalho (79,2%) As dimensões caracterizadas como enfraquecidas nas instituições, foram: ‘’Apoio da gestão hospitalar para segurança do paciente’’ (48,5%), ‘’Percepções generalizadas sobre a segurança do paciente’’ (45,5%), ‘’Transferências internas e passagens de plantão’’(4,9%), ‘’Adequação de profissionais’’ (37,8%), ‘’Trabalho em equipe entre as unidades hospitalares’’ (37,%), ‘’Abertura para as comunicações’’ (29,5%) e ‘’Respostas não punitivas aos erros’’ (18,8%) Sobre os indicadores de segurança do paciente, 52,5% dos profissionais consideraram a segurança do paciente como excelente ou muito boa, e 58,5% dos enfermeiros não notificaram ao menos um evento adverso em doze meses Quanto aos fatores associados à percepção negativa, os profissionais que atuavam em unidades semicríticas do hospital 1 avaliaram negativamente com maior frequência a dimensão ‘’abertura para as comunicações’’ – RP: 1,246 (IC 95%: 1,7-1,54, p=,42) Para a dimensão ‘’respostas não punitivas aos erros’’, os participantes do hospital 1 com mais de seis anos de atuação avaliaram negativamente com maior frequência quando comparados aos participantes com menos de seis anos – RP: 1,76 (IC 95%: 1,2-1,155, p=,43) Ainda sobre a dimensão ‘’respostas não punitivas aos erros’’, os profissionais que atuavam em unidades semicríticas avaliaram negativamente com maior frequência quando comparados aos que atuavam em unidades críticas – RP: 1,639 (IC 95%: 1,282-2,96, p <,1) no hospital 2 Assim como os profissionais do gênero masculino no hospital 2 – RP: 1,538 (IC 95%: 1,198-1,975, p=,1) e 3 – RP: 1,194 (IC 95%: 1,43-1,365, p=,1) Conclusão: Conclui-se que há necessidade do apoio da alta gestão hospitalar frente à disseminação da cultura segurança do paciente, por meio de programas de sensibilização aos profissionais nas instituições, com incentivo a criação de uma cultura justa e não punitiva Com isto os profissionais terão incentivo para notificarem os incidentes, e assim a alta gestão poderá trabalhar os incidentes de forma educativa