01 - Doutorado - Ciências Biológicas

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    Plasticidade no uso do nitrogênio por espécies arbóreas neotropicais de grupos funcionais distintos cultivadas sob diferentes intensidades luminosas
    (2022-01-31) Debiasi, Tatiane Viegas; Oliveira, Halley Caixeta de; Gaspar, Marília; Duarte, Karoline Estefani; Freschi, Luciano; Pimenta, José Antonio
    As plantas absorvem o nitrogênio (N) do solo principalmente de fontes inorgânicas como o nitrato (NO3-) e o amônio (NH4+). O consumo energético é mais elevado quando o nitrogênio é assimilado a partir do NO3-, se comparado ao NH4+. Porém, este cátion quando acumulado em grandes concentrações nas células provoca toxicidade, devendo ser rapidamente assimilado em aminoácidos nas raízes. A assimilação do N depende da fotossíntese e, consequentemente, é influenciada pela luz. Este estudo verificou a influência da intensidade luminosa no uso do N por mudas de espécies arbóreas neotropicais cultivadas em hidroponia na casa de vegetação. Foram realizadas análises de crescimento, fotossintéticas e bioquímicas. As espécies escolhidas foram Cecropia pachystachya (intolerante à sombra), Guarea kunthiana (tolerante à sombra, de sub-bosque) e Cariniana estrellensis (tolerante à sombra, que atinge o dossel). No primeiro experimento, foi avaliado se o aumento da intensidade luminosa induz a preferência pela absorção de NO3- em relação ao NH4+, em mudas cultivadas com nitrato de amônio. O monitoramento da incorporação de 15N em aminoácidos indicou que C. pachystachya mudou de um metabolismo do N desacelerado sob baixa luminosidade (BL) para um expressivo uso de ambas as fontes de N sob alta luminosidade (AL), aumentando substancialmente a concentração de aminoácidos com 15N derivados do 15NO3- e 15NH4+ nas raízes e folhas. Guarea kunthiana apresentou baixíssimo uso de NO3- sob BL, mas aumentou expressivamente a assimilação de NO3- nas raízes e folhas sob AL, apresentando elevada plasticidade no uso do N pela influência da luz. Em C. estrellensis, o aumento da intensidade luminosa induziu a assimilação de NH4+ nas raízes e NO3- nas folhas. Esses resultados demonstraram que as respostas das estratégias do uso do N à intensidade luminosa foi diferente em cada espécie, e estão de acordo com suas características ecológicas. No segundo experimento, foram verificados os efeitos do NO3- ou NH4+ sobre as mudas quando submetidas a diferentes intensidades luminosas. Observou-se que as três espécies apresentaram decréscimo do crescimento no cultivo com NH4+, em relação ao NO3-, sob luminosidade intermediária (ML) e AL, mas não sob BL. Essa diminuição foi de 64% (ML) e 54% (AL) em C. pachystachya, de 22% (ML) e 36% (AL) em G. kunthiana e de 32% (ML) e 20% (AL) em C. estrellensis. O alto dreno energético e de carbono imposto pela elevada taxa de assimilação do NH4+ em aminoácidos, indicado pelo aumento da concentração de aminoácidos nas raízes e folhas de plantas cultivadas com NH4+, provavelmente levou à redução do crescimento sob ML e AL nas três espécies. O menor crescimento das mudas com NH4+ sob ML e AL também foi associado com diminuições da área foliar e teor de clorofilas e com a limitação estomática da fotossíntese em C. pachystachya, e com a menor área foliar, a limitação em parâmetros fotossintéticos e ao estresse oxidativo em G. kunthiana. Cariniana estrellensis foi a espécie que demonstrou maior tolerância ao NH4+, pois foi a única que não apresentou redução da área foliar e limitações da fotossíntese, o que propiciou o aumento do crescimento sob ML e AL no cultivo com NH4+, em relação à BL. O aumento da intensidade luminosa favoreceu o cultivo com NO3-, em relação ao NH4+, em mudas de espécies arbóreas neotropicais. A elucidação da preferência por NO3- ou NH4+ e a compreensão da toxicidade do NH4+ em espécies arbóreas sob diferentes intensidades luminosas são importantes para a restauração florestal porque auxiliam na escolha de espécies para reflorestamentos, uma vez que fonte de N e luz influenciam significativamente a sobrevivência das mudas no campo.
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    Culicidae (Diptera) crepusculares do baixo Rio Paranapanema, sul do Brasil
    (2023-04-14) Silva, Bianca Piraccini; Zequi, João Antonio Cyrino; Orsi, Mario Luis; Julio, Carlos Eduardo de Alvarenga; Roque, Rosemary Aparecida; Silva, Mario Navarro da
    A construção de usinas hidrelétricas (UHE) transforma o rio de um ambiente lótico em lêntico, causando alterações que afetam os mosquitos da família Culicidae (Diptera). A fragmentação da vegetação ripária e influência antrópica nos ambientes marginais favorecem potenciais vetores de patógenos, tornando-se um problema de saúde pública especialmente nos períodos mais quentes do ano. Sendo assim, este estudo buscou avaliar as populações de Culicidae em um ambiente natural e impactado, nas áreas de influência de três UHE: Capivara, Rosana e Taquaruçu durante o verão e inverno de 2019/2020 com auxílio de armadilha luminosa e aspirador. Foram coletados 4.290 mosquitos distribuídos entre 45 morfoespécies e oito gêneros Utilizou-se de índices para descrever a qualidade do ambiente e verificar o efeito da UHE, tipo de ambiente e influências do clima sobre a comunidade de Culicidae. O fator UHE foi significativo, indicando que as comunidades de Culicidae das três usinas são independentes. Nas estações do ano avaliadas ocorreram diferenças significativas nas populações de Culicidae, especialmente nos pontos de Capivara, onde existe certa similaridade entre as populações no verão, mas são totalmente distintas no inverno. O tipo de ambiente só teve efeito significativo quando avaliado em conjunto com o fator UHE, indicando que o nível de antropização sozinho não explica as diferenças em Culicidae, mas deve ser avaliado no contexto da região, utilizando-se de ferramentas e índices complementares. A qualidade dos ambientes é distinta entre as UHE, em Capivara, a única usina de reservatório de acumulação estudada, os pontos Capivara Natural e Capivara Impactado apresentaram as piores pontuações nos índices BMWP e ASPT e menor riqueza, abundância, índices de diversidade e maior dominância. Os pontos Rosana Natural (RN) e Rosana Impactado (RI) apresentaram as melhores condições entre os dois tipos de ambiente, sendo RN o que apresentou a maior riqueza, abundância e índices de diversidade e qualidade ambiental e a menor dominância. Taquaruçu Natural (TN) e Taquaruçu Impactado (TI) apresentam boas condições ambientais, mas apesar da alta riqueza e abundância, TN obteve menor diversidade devido à dominância de Mansonia humeralis. Desta forma, o presente estudo revela o maior impacto de usinas com reservatório de acumulação, tanto na qualidade ambiental quanto na comunidade de Culicidae. Destacam-se os riscos da diminuição de habitat e da proximidade da população humana com possíveis vetores de patógenos (Anopheles, Aedes e Culex) e mosquitos perturbadores de sono, como Ma. humeralis. Faz-se necessário o monitoramento de Culicidae em ambientes naturais e impactados de forma dinâmica para entender a relação destes mosquitos com a qualidade do ambiente e criar políticas de vigilância onde necessárias
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    Os impactos de agrotóxicos e da espécie introduzida Apis mellifera sobre as abelhas-sem-ferrão (Apidae, Meliponini)
    (2022-04-13) Uemura, Natália; Sofia, Silvia Helena; Silva, Éverton Ricardi Lozano da; Gaglianone, Maria Cristina; Potrich, Michele; Augusto, Solange Cristina
    O declínio em populações de abelhas e outros polinizadores tem atraído a atenção de pesquisadores e órgãos governamentais e não-governamentais no mundo todo. Várias são as causas atribuídas a este declínio, dentre as quais está o uso de agrotóxicos. No caso das abelhas-sem-ferrão (Apidae, Meliponini), pesquisas realizadas principalmente no Brasil, um dos países detentores da maior diversidade de espécies deste grupo, indicam os efeitos negativos de diversos agrotóxicos para várias espécies, mesmo quando usado em doses recomendadas pelo fabricante. Além dos agrotóxicos, o desmatamento e perda de hábitats são causas também apontadas para o declínio dos polinizadores. No estado do Paraná, que originalmente era recoberto em quase 100% de seu território pela Mata Atlântica, a devastação foi severa, restando hoje cerca de 5% da vegetação original. No norte do estado, a substituição da floresta por cultivos do café ocorreu abruptamente. Embora seja uma espécie autogâmica, os polinizadores, principalmente abelhas, acarretam ganhos diretos na produção e qualidade dos grãos produzidos. Contudo, ainda faltam estudos investigando a diversidade de abelhas visitantes das flores do cafeeiro no Paraná. Apesar de Apis mellifera L., uma espécie introduzida, ser comum nas flores do cafeeiro, alguns estudos mostram que abelhas-sem-ferrão estão também entre os visitantes e polinizadores importantes deste cultivo. Neste contexto, este trabalho teve como objetivos investigar: i) os possíveis efeitos dos principais agrotóxicos usados na cafeicultura para espécies de abelhas nativas sem ferrão; ii) a abundância, riqueza e diversidade de espécies de abelhas em áreas de cultivo do café no norte do Paraná. Para a análise dos efeitos dos agrotóxicos foi realizada uma revisão bibliográfica sobre as metodologias desenvolvidas para análise dos efeitos subletais de herbicidas, inseticidas e fungicidas sobre diferentes espécies de abelhas-sem-ferrão. Foi realizada ainda, uma meta-análise da mortalidade causada por inseticidas sobre este grupo de abelhas. Nas análises de campo, as abelhas foram amostradas com rede entomológica, durante a floração do café em cinco áreas deste cultivo agrícola, no norte do estado do Paraná. Os resultados da meta-análise obtidos a partir de dados de 25 estudos revelaram maior mortalidade para as abelhas expostas a diferentes inseticidas quando comparadas ao grupo controle, mesmo quando consideradas as doses recomendadas pelo fabricante, ambientalmente relevantes ou ainda nas mais baixas doses testadas nos estudos. Em avaliações dos efeitos subletais nos artigos avaliados, foi observado maior efeito negativo de agrotóxicos sobre o comportamento, a morfologia e a histologia das abelhas do grupo experimental em relação ao controle. O levantamento de espécies de abelhas em cultivos agrícolas revelou a presença de 13 espécies identificadas, com elevada dominância de Apis mellifera (62% a 91%) nas cinco áreas amostradas. A abundância de abelhas amostradas nas areas variou de 318 a 3644 indivíduos. A riqueza de Melipinini variou de duas a oito espécies por área e a abundância relativa do grupo por área variou de menos de 2% a 34,9%. Sugere-se que fatores como a perda de vegetação nativa e a presença da abelha melífera respondam, pelo menos, em parte pela baixa a riqueza e abundância de abelhas-sem-ferrão na maioria das áreas.
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    Macroecology of introduced species: phylogenetic and climatic aspects of biological invasion
    (2022-01-25) Adelino, José Ricardo Pires; Lima, Marcos Robalinho; Zenni, Rafael Dudeque; Duarte, Leandro da Silva; Jerep, Fernando; Bailly, Dayani
    A movimentação de espécies para além de seus limites de distribuição natural é uma das consequências das mudanças ambientais intensificadas pelas atividades humanas. Nas últimas décadas a intensidade de movimentação de espécies está aumentando em uma escala sem precedentes e não apresenta indícios de saturação. Contudo, apesar do grande número de mecanismos utilizados para explicar o sucesso no estabelecimento de uma espécie introduzida em um novo ambiente, a relevância de componentes abióticos e bióticos no estabelecimento de espécies introduzidas ainda é debatido. O nicho ecológico de uma espécie pode ser estimado a partir da adequação climática e ambiental que limitam o crescimento populacional de uma espécie (i.e., nicho de Grinnell) assim como a capacidade de explorar recursos disponíveis em conjunto com outras espécies (i.e., nicho de Elton). Desta forma, o estabelecimento de espécies introduzidas é o resultado de diferentes fatores que resultam na similaridade climática entre as regiões nativas e introduzidas assim como a interação interespecífica entre as espécies da comunidade não nativa em relação a espécie introduzida. Assim, devido a interação entre a história evolutiva das comunidades nativas com a história climática das regiões nativas e não nativas, entender padrões gerais do estabelecimento de espécies introduzidas requer abordar a ecologia da invasão em grandes escalas espaciais e temporais. A partir desta abordagem, o estudo da invasão biológica pode ser utilizado para conectar padrões e mecanismos com o objetivo de rastrear a relevância de processos ecológicos e evolutivos no estabelecimento de espécies introduzidas. Desta forma, esta tese tem por objetivo utilizar as similaridades e diferenças biológicas entre espécies nativas e introduzidas assim como similaridades e diferenças ambientais entre as regiões nativas e não-nativas para avaliar os padrões de ocorrências de espécies introduzidas em grandes escalas espaciais e biológicas. Para isso, alimentamos modelos computacionais para associar dados climáticos, de ocorrência de espécies introduzidas e de relações evolutivas para inferir sobre padrões gerais de introdução e estabelecimento das espécies em função das similaridades climáticas e biológicas com a região não-nativa e com a comunidade receptora, respectivamente. Encontramos que a similaridade climática e ambiental são fatores importantes que estão relacionados com a ocupação de áreas antropizadas distribuídas ao longo das regiões da costa do Brasil. Mais especificamente, encontramos que a ocupação de nicho similares a região nativa (i.e., niche unfilling) é o fator mais associado com a ocorrência das espécies introduzidas de vertebrados terrestres. Nossos resultados também mostram que as similaridades e diferenças entre as histórias evolutivas das comunidades das regiões não-nativas em relação as espécies introduzidas é importante e com contribuições distintas de diferentes mecanismos para regiões tropicais e temperadas. Mais especificamente, encontramos que em regiões tropicais, as chances de sucesso aumentam com o aumento da similaridade filogenética entre as espécies introduzidas em relação as espécies da comunidade nativa. Portanto, concluímos que fatores climáticos e evolutivos são importantes para a determinação do padrão observado de espécies não-nativas. Entretanto, que a magnitude da contribuição do clima e evolução devem ser examinados com mais detalhes em função de fatores locais, ambientais e biológicos para determinar o papel das similaridades e diferenças biológicas e ambientais como fatores complementares que contribuem diferentemente para o sucesso da introdução.
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    Borboletas Nymphalidae em áreas de restauração na Floresta Estacional Semidecidual
    (2021-11-23) Romanovicz, Leticia; Julio, Carlos Eduardo de Alvarenga; Dias, Jézili; Castilho, Antônio Leão; Dias, Fernando Maia silva; Teixeira, Gustavo Monteiro; Torezan, José Marcelo Domingues
    Borboletas Nymphalidae em áreas de restauração na Floresta Estacional Semidecidual. As borboletas, especialmente as da família Nymphalidae, têm sido consideradas como um ótimo indicador ambiental, devido a sua sensibilidade às mudanças ambientais, facilidade de amostragem e identificação em campo. Desta forma, conhecer e identificar os representantes desse grupo, em áreas de referência e de restauração florestal, pode ser uma ferramenta muito útil para monitorar os sucessos de ações de restauração ao longo do tempo. Sendo assim, o trabalho apresenta um panorama sobre este grupo, organizado em um capítulo que apresenta um estudo sobre a abundância, a riqueza e a composição de espécies de borboletas Nymphalidae em sítios de restauração de Floresta Estacional Semidecidual, visando verificar o seu potencial como indicador de sucesso da restauração. A metodologia utilizada em todas as amostragens foi padronizada conforme a literatura e estão descritas no capítulo. Como resultados gerais, as borboletas Nymphalidae podem ser utilizadas como ferramenta para identificar as alterações na biodiversidade local, através da mudança da composição de espécies e abundância de indivíduos de acordo com o grau de impacto no local, tanto em lugares de referência quanto em áreas de restauração florestal.
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    Samambaias e licófitas em remanescentes de Mata Atlântica no sul do Brasil
    Lehn, Carlos Rodrigo; Bianchini, Edmilson [Orientador]; Bueno, Marcelo Lenadro; Vieira, Ana Odete Santos; Ribeiro, José Eduardo Lahoz da Silva; Torezan, José Marcelo Domingues
    Resumo: A representividade e os aspectos estruturais das assembleias de samambaias e licófitas associadas a ambientes marginais do domínio atlântico, permanecem pouco conhecidos Apesar dos avanços nos estudos envolvendo as samambaias e licófitas encontradas no domínio atlântico, ao longo desse processo, algumas regiões permaneceram subamostradas, como é o caso da Floresta Estacional Semidecidual Dessa forma, o presente estudo tem como objetivos contribuir para o conhecimento das samambaias e licófitas a remanescentes de Mata Atlântica no sul do Brasil, considerando três aspectos principais: florística das espécies, estrutura fitossociológica e efeitos da fragmentação sobre as assembleias Este estudo foi realizado em 11 remanscentes de Floresta Estacional Semidecidual no sul do Brasil O estudo florístico contemplou amostragens realizadas em trilhas e caminhos pré-existentes em cada uma das áreas Para o estudo fitossociológico, foram implantas em cada área 2 parcelas tendo como objetivo verificar se a diversidade de Shannon possui relação com o tamanho do fragmento ou com a relação perímetro/área A análise do efeito de borda sobre as assembleias, contemplou a amostragem nos distintos ambientes e a medição de variáveis ambientais, como temperatura, umidade relativa do ar, umidade do solo, pH, inclinação do terreno, acúmulo de serrapilheira, competição com espécies de outros grupos e a abertura do dossel no inverno e no verão Foram encontradas 92 espécies, das quais quatro representam as licófitas Pteridaceae e Polypodiaceae e o gênero Asplenium apresentaram as maiores riquezas A diversidade de Shannon variou entre 1,32 e 2,91 indnats-1 Foi verificada diferença significativa entre a borda e interior dos fragmentos considerando a riqueza (P<,5) e a composição de espécies (P<,1), havendo ainda perda de diversidade funcional na faixa de borda promovida pelo processo de fragmentação florestal (P=,5) A diversidade funcional não está relacionada com o tamanho do fragmento (r2=,12, P=,453), possivelmente devido à redundância funcional apresentada pelas espécies amostradas As características apresentadas pelas assembleias estudadas permitem considerar que a manutenção da riqueza e da diversidade das de samambaias e licófitas nas áreas de Floresta Estacional Semidecidual, depende diretamente da preservação de todos os remanescentes, em especial aqueles com tamanho superior a 4 hectares (apresentam maior riqueza e maior diversidade de Shannon) e que preferencialmente representem unidades de conservação de proteção integral
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    Integridade biótica e culicideofauna terrestre no norte do Paraná
    Espinoza, Andréia Avian; Zequi, João Antonio Cyrino [Orientador]; Julio, Carlos Eduardo de Alvarenga; Lopes, José; Orsi, Mário Luis; Silva, Mário Antônio Navarro da
    Resumo: A diversidade biológica resulta de eventos históricos e ecológicos, locais e regionais, sendo reduzida pela desestabilização do sistema ecológico devido a ação antrópica O objetivo geral deste trabalho foi estudar a composição da culicidiofauna (aquática e terrestre), de áreas urbana, periurbana e natural no norte do Paraná relacionando-a com a entomofauna aquática associada, para um diagnóstico ambiental e avaliação do estado de integridade das áreas estudadas Foram estudadas 13 áreas com diferentes níveis de cobertura vegetal, distribuídas em três tipos de ambientes que diferem pela proximidade com as fontes poluidoras características dos núcleos urbanos: ambiente urbano, periurbano e natural Nestas 13 áreas, foram demarcados 4 pontos (réplicas) de amostragem Os trabalhos foram divididos em duas etapas, organizadas e descritas nos dois capítulos que compõem esta tese Na primeira etapa, avaliou-se, através de diagnóstico ambiental, o grau de integridade em cursos d’água localizados nas 13 áreas de estudo, com base na composição da entomofauna aquática Foi utilizada metodologia de coleta com Rede D e aplicado, em cada área, um Protocolo de Avaliação Rápida que se baseia nas características do hábitat e de conservação da vegetação marginal; também foram registradas as variáveis físico-químicas da água Através da composição da entomofauna, foi possível calcular o ìndice biótico BMWP (Biological Monitoring Working Party System), para classificar a qualidade das águas, e os atributos ecológicos que descrevem a qualidade da matéria orgânica e as relações tróficas, baseando-se nos grupos funcionais de alimentação Foram coletados um total de 1719 insetos, distribuídos em 26 famílias Observou-se que áreas com maior cobertura vegetal e distantes dos núcleos urbanos possuem maior diversidade, riqueza, características físico-químicas da água satisfatórias e, consequentemente, melhores condições de conservação do ambiente, da qualidade da água e das relações tróficas Quanto maior a exposição de um local às atividades antrópicas (desmatamento, alterações no cursos das águas, despejo de esgoto, entre outros) mais pobre, homogênea e desestruturada se torna a comunidade, piorando a qualidade das águas Foi realizado um levantamento da entomofauna terrestre, com ênfase na culicideofauna adulta, com o objetivo de analisar a composição destas comunidades nas 13 áreas de estudo Para captura dos insetos utilizou-se Aspirador de Nasci e armadilha luminosa do tipo CDC Foram capturados um total 3475 insetos, dos quais 58 pertenciam à família Culicidae (Diptera) A culicideofauna foi mais diversa nas áreas de mata que possuiam alguma proximidade com as fontes de poluição de origem antrópica, e que não necessariamente tiveram os melhores desempenhos no diagnóstico ambiental Tais áreas estavam colonizadas por espécies características de ambientes silvestres e espécies que tem algum valor epidemiológico, cuja ocorrência está relacionada à presença humana Isso demonstra como a ação antrópica afeta mesmo as áreas supostamente protegidas por uma maior cobertura vegetal Áreas sem vegetação e que tiveram desempenho ruim quanto à sua integridade, mostraram prevalência de mosquitos com alto grau de sinantropia e vetores de patógenos que, frequentemente, causam perturbações aos seres humanos Estes resultados sugerem que a ação humana altera as comunidades (aquáticas e terrestres), com consequências que vão além do comprometimento na qualidade dos recursos hídricos e a integridade das áreas naturais, mas também oferecendo riscos à saúde pública por abrir possibilidades à organismos com larga capacidade adaptativa à ambientes antropizados
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    Ant-plant interactions mediated by extrafloral nectaries in the Brazilian Amazon : a network approach
    Miranda, Patrícia Nakayama; Ribeiro, José Eduardo Lahoz da Silva [Orientador]; Torezan, José Marcelo Domingues; Sofia, Silvia Helena; Faria, Aparecida Donisete de; Pasini, Amarildo; Dáttilo, Wesley [Coorientador]
    Resumo: Algumas espécies de formigas se alimentam de néctar produzido por determinadas espécies de plantas em glândulas conhecidas como nectários extraflorais (NEFs) Ao forragearem nestas glândulas, as formigas acabam protegendo a planta contra ataques herbívoros Esta interação tem sido bastante estudada, e nos últimos anos tem aumentado o número de trabalhos que utilizam uma abordagem de redes de interações para avaliar esta associação em nível de comunidade O objetivo deste trabalho foi estudar as interações formiga-planta mediadas por NEFs em uma abordagem de rede O trabalho foi realizado no Estado do Acre, Amazônia brasileira, mais especificamente em 1 fragmentos florestais cujos tamanhos variaram entre aproximadamente 5 e 3 ha A partir das amostragens realizadas, foi possível a elaboração de quatro capítulos, os quais abordam diferentes fatores que influenciam na estrutura destas redes, tais como morfologia dos NEFs, categoria de matrizes de dados (binário ou ponderados), sazonalidade das chuvas e modificação do hábitat (isto é, fragmentação florestal) No primeiro capítulo, utilizando-se de imagens de microscopia eletrônica de varredura, foi realizada a descrição morfológica dos NEFs de 68 espécies de plantas As famílias mais representativas foram Fabaceae, Bignoniaceae e Malpighiaceae Os NEFs denominados elevados foram os mais frequentes, seguidos dos morfotipos achatados, sem forma, côncavos, ocos e transformados Esta maior representatividade dos NEFs do tipo elevado evidencia a importância do sistema de defesa de formigas contra a herbivoria nas florestas da Amazônia brasileira, pois estas glândulas são as que produzem maior volume de néctar, sendo consequentemente bastante visitadas por formigas No segundo capítulo, a estrutura destas redes de interações formiga-planta foi avaliada a partir de diferentes categorias de dados (presença e ausência da interação, frequência de interação e abundância de formigas) O uso de diferentes categorias de dados resultou em diferenças estruturais significativas destas redes de interações, no que diz respeito a descritores de rede como generalidade, vulnerabilidade, aninhamento e modularidade Estes resultados destacam a necessidade de se expandir a discussão sobre categorias de dados em estudos de interação ecológica a fim de se evitar inferências inapropriadas No terceiro capítulo, foram detectadas diferenças significativas da estrutura destas redes de interações formiga-planta (isto é, número de interações, diversidade de interações e aninhamento) entre estação de chuvas intensas e de seca Estes resultados indicam que a sazonalidade das chuvas na Amazônia é um fator determinante na organização estrutural destas redes, sendo essencial se considerar a dinâmica sazonal destas glândulas em estudos similares, a fim de se garantir que a maior parte das possibilidades de interação entre formigas e plantas para uma dada localidade esteja presente nas redes Finalmente, os resultados do quarto capítulo indicam que a estrutura das redes formigaplanta é relativamente estável à fragmentação florestal O único descritor de rede afetado foi o aninhamento Especificamente, foi observado que o aninhamento diminuiu com o aumento da irregularidade da borda A relativa estabilidade estrutural das redes estudadas está possivelmente relacionada à constância das espécies de formigas nos núcleos centrais de espécies altamente interativas Em suma, os resultados observados indicam que a abordagem de redes é uma ferramenta adequada para o estudo das interações formiga-planta mediadas por NEFs em nível de comunidade, e alertam para alguns cuidados relacionados à definição da categoria de dados a ser usada e ao período amostral apropriado, considerando a dinâmica sazonal destas glândulas
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    Ecologia trófica em riachos de montanha da Mata Atlântica
    Bernardino, Débora Fernandes Silva; Bennemann, Sirlei Terezinha [Orientador]; Birindelli, José Luís Olivan [Coorientador]
    Resumo: Fazer inferências e estabelecer comparações sobre a alimentação de peixes de riachos tropicais é algo difícil, devido à lacuna de conhecimentos sobre a disponibilidade de recursos alimentares e à insuficiente caracterização dos ambientes estudados (o tipo de riacho e seu estado de conservação são raramente mencionados) Neste contexto, o presente trabalho tem como foco o estudo da ecologia trófica em riachos de montanha da Mata Atlântica Três riachos em uma mesma região foram amostrados: riacho Varanal, o referência, e os riachos João Pinheiro e Preto, com graus de interferências antrópicas Para conhecer quais os alimentos utilizados e sua importância relativa, os recursos alimentares consumidos foram analisados qualitativa e quantitativamente, bem como a proporção por origem dos alimentos e como as alterações ambientais influenciam na utilização destes recursos (Capítulo 1) Além disso, foram analisados os tratos digestórios de alguns organismos coletados no ambiente e consumidos pelos peixes a fim de se estabelecer uma teia trófica para o trecho médio do riacho referência (Capítulo 2) Por fim, no capítulo 3, a espécie Trichomycterus davisi foi selecionada, por ser única na nascente do riacho Varanal e dominante nos demais trechos, para verificar as relações entre sua dieta e a disponibilidade de alimento Os dois capítulos iniciais fazem parte de um estudo mais amplo sobre Ecologia de riachos de montanha da Mata Atlântica Os resultados revelaram uma alta variedade de organismos consumida pelos peixes, mas poucos foram destacados em valores de ocorrência e dominância, acima de 1%, e os insetos aquáticos se destacaram entre os principais Nos trechos dos riachos impactados houve diminuição do consumo de insetos e houve aumento na utilização de detrito pelos peixes, assim como aumento de alimentos de origem mista No riacho referência o item Chironomidae, de maior abundância, foi utilizado pela metade da população, enquanto nos riachos impactados esse mesmo item foi utilizado por quase toda população Foi constatado que no riacho íntegro os peixes aproveitam a maioria dos recursos alimentares disponíveis, maximizando a tomada de alimentos Nestes tipos de ambiente, a vegetação ripária preservada fornece a matéria orgânica de origem alóctone, que é utilizada pelos macroinvertebrados e, de forma indireta, pelos peixes, e constitui a base da cadeia de detritos em riachos de montanha
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    Fenologia reprodutiva em áreas de restauração ativa e passiva de floresta estacional semidecidual
    Toscan, Maria Angélica Gonçalves; Torezan, José Marcelo Domingues [Orientador]; Milani, Jaçanan Eloisa de Freitas; Garcia, Leticia Couto; Bianchini, Edmilson; Ribeiro, José Eduardo Lahoz da Silva; Temponi, Lívia Godinho [Coorientadora]
    Resumo: A fenologia da floração e da frutificação pode informar sobre a reprodução das espécies vegetais e a disponibilidade de recursos para a fauna em ambientes naturais ou em restauração, permitindo inferir aspectos da dinâmica e da sustentabilidade desses ecossistemas O presente trabalho teve como objetivo (I) comparar a fenologia reprodutiva (floração e frutificação) de espécies arbóreas em áreas de restauração passiva de Floresta Estacional Semidecidual de Mata Atlântica (duas florestas secundárias; estágio avançado (FS1) e intermediário (FS2) de sucessão) e áreas de restauração ativa (reflorestamentos de duas idades, inicial 13 anos (SR1) e avançado 37 anos (SR2)), usando como referência um fragmento de floresta madura (FM), localizado no oeste do estado do Paraná, Brasil; e (II) comparar a disponibilidade de espécies e indivíduos em frutificação de espécies arbóreas zoocóricas para a comunidade frugívora entre as mesmas áreas A fenologia da floração (botão e antese) e da frutificação (frutos imaturos e maduros) de 124 espécies (8 zoocóricas) foi analisada mensalmente por 24 meses, quanto à similaridade florística das espécies com a floresta de referência, à riqueza de espécies em cada fenofase, à sazonalidade das fenofases, às relações da floração e da frutificação com as variáveis meteorológicas e à disponibilidade de espécies zoocóricas em frutificação para a fauna associada As espécies amostradas na restauração passiva apresentaram maior similaridade florística com a floresta de referência que a restauração ativa A riqueza de espécies encontradas nas áreas de restauração em cada fenofase e ao longo do ano foi inferior em relação à área de referência, esta com a maior riqueza, seguida de FS1 e SR2, de FS2 e de SR1 A floração foi sazonal, com maior concentração na primavera (setembro a dezembro) A sazonalidade na frutificação foi ausente, pois esta tende a ser mais distribuída ao longo do ano O comprimento do dia foi a variável que mais influenciou a floração e a frutificação As áreas com maior disponibilidade de espécies zoocóricas e distribuídos de forma mais constante ao longo do ano foram FM, FS1 e SR2, onde não houve sazonalidade na frutificação das espécies zoocóricas Em SR2, foram amostradas espécies não nativas, o que gerou alteração na fenologia reprodutiva, sendo que com todas as espécies amostradas, SR2 não apresentou sazonalidade para todas as zoocóricas, porém passou a ser sazonal com o expurgo das exóticas FS2 e SR1, apresentaram sazonalidade na frutificação das zoocóricas, destas FS2 apresentou grande porcentagem de suas espécies florescendo e frutificando, e SR1 apresentou os menores valores e a menor disponibilidade de recursos florais e de frutos Apesar das diferenças entre as áreas estudadas, todos os sítios de restauração são importantes fontes de recursos em uma matriz composta por atividades agropecuárias
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    Dados de landmark : uma nova luz na filogenia de Pseudopimelodidae (Teleostei: Siluriformes)
    Jarduli, Lucas Ribeiro; Shibatta, Oscar Akio [Orientador]; Birindelli, José Luís Olivan; Catalano, Santiago Andres; Martins, Fernanda de Oliveira; Souza-Shibatta, Lenice; Jerep, Fernando Camargo [Coorientador]
    Resumo: A sistemática de Pseudopimelodidae, Fernández-Yépez & Antón, 1966 passou por análises e revisões acerca de sua posição filogenética e também de seus agrupamentos internos até o reconhecimento do monofiletismo e nível taxonômico atual As filogenias produzidas até o momento para Pseudopimelodidae são baseadas em caracteres morfológicos e moleculares Com o avanço de novas técnicas para o uso da morfometria geométrica em sistemática, implementações no programa TNT permitiram incorporar dados quantitativos diretamente em análises cladísticas Isso possibilita traduzir os dados obtidos da morfometria geométrica em caracteres filogenéticos capazes de refletir homologias na forma das espécies Afim de encontrar caracteres morfométricos para a família Pseudopimelodidae testamos o LAUP (Análise de Landmark sob Parcimônia) que estabelece estados ancestrais para um caráter que muda em duas ou três dimensões, escolhendo para cada ponto ancestral as posições que minimizam o deslocamento de um marco ao longo de todos os landmarks ancestrais/descendentes Assim, as posições semelhantes de landmark em diferentes táxons podem ser explicadas por ancestralidade comum A análise foi baseada em dados de morfologia externa, utilizando quatorze caracteres discretos e três configurações que representam diferentes estruturas Trinta e oito marcos biologicamente homólogos foram selecionados para cada espécie Foram testados diferentes alinhamentos e seus efeitos na melhoria da pontuação na árvore e das configurações de landmarks Nossos dados mostram que a filogenia de Pseudopimelodidae baseada somente em configurações de landmark da morfologia externa não são informativas quando tratadas de forma independente, mas fornecem informações relevantes quando combinadas com dados discretos Com base na morfologia externa, mostramos que os caracteres de morfometria geométrica podem ser adicionados em análises filogenéticas e fornecem evidências que somadas a outras fontes de caracteres trazem uma nova luz na filogenia de Pseudopimelodidade, como a compreensão da evolução morfológica da família Esta foi a primeira hipótese filogenética produzida usando LAUP na sistemática de peixes de água doce neotropicais Além deste estudo, descrevemos uma nova espécie de Microglanis, publicada recentemente na revista Ichthyological Exploration of Freshwaters, Volume 27, Número 3, páginas 193-22 (Apêndice 4) Microglanis nigrolineatus, é descrita de riachos da bacia do rio Bermejo, Argentina e se distingue de congêneres por possuir um padrão único de coloração: uma linha escura fina que se estende longitudinalmente através do meio do corpo e região dorsal da cabeça uniformemente escura sem áreas claras na região da nuca Apesar dos estudos realizados por diversos autores, à medida que novas espécies vão sendo descobertas e novos táxons vão sendo adicionados à família, novas análises de relações filogenéticas são necessárias para compreender melhor a posição da família com relação as mais próximas, além das relações entre seus gêneros e espécies Nesse sentido, os caracteres extraídos com esse novo método foram úteis para melhor compreensão da evolução morfológica dos Pseudopimedodidae
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    Revisão taxonômica e filogenia do gênero Anostomoides Pellegrin, 1909 (Characiformes) com base em caracteres morfológicos e descrição de um novo gênero de Anostomidae
    Assega, Fernando Massayuki; Birindelli, José Luís Olivan [Orientador]; Moreira, Cristiano Luis Rangel; Silva, Gabriel de Souza da Costa e; Garavello, Júlio Cesar; Shibatta, Oscar Akio
    Resumo: O conhecimento sobre sistemática é essencial para os estudos das demais áreas da Biologia Nesse sentido, os maiores grupos de peixes de água doce, os Siluriformes, Characiformes, Cyprinodontiformes e Gymnotiformes tem sido foco de grandes projetos de pesquisa do Brasil e no mundo A família Anostomidae (Characiformes) é composta por 15 gêneros e 147 espécies conhecidas popularmente como piaus e aracús O gênero Anostomoides (Anostomidae) possui três espécies nominais: A atrianalis, A laticeps e A passionis, sendo a primeira descrita para o rio Orinoco (Venezuela), a segunda para o rio Essequibo (Guiana), e a última para o médio rio Xingu No entanto, Steindachner (1876) descreveu Leporinus nattereri, uma espécie pouco documentada até o momento, com corpo alto e boca supraterminal, semelhante a A passionais As informações disponíveis sobre Anostomoides e suas espécies são insuficientes para diagnosticar as espécies e, portanto, para verificar a validade e distribuição geográfica das mesmas Desse modo, o presente estudo teve como objetivo: realizar uma revisão taxonômica de Anostomoides, reavaliando todas as espécies nominais e suas distribuições geográficas; e testar a monofilia do gênero por meio de uma filogenia com base em caracteres morfológicos e moleculares Para isso, dados merísticos, morfométricos e moleculares de exemplares depositados em coleções científicas foram obtidos e analisados A revisão taxonômica não encontrou um caracter morfológico exclusivo para definir o gênero Anostomoides No entanto, demonstrou que A laticeps é sinônimo Junior de A atrianalis, enquanto que A passionis é sinônimo Junior de Leporinus nattereri, sendo o último nome então transferido para Anostomoides formando a nova combinação: Anostomoides nattereri Posteriormente, uma análise filogenética foi realizada Para isso, uma matriz de caracteres morfológicos foi obtida na literatura, e os caracteres foram codificados para exemplares das duas espécies de Anostomoides A matriz final foi utilizada numa análise de parcimônia Paralelamente, dados moleculares de cinco genes foram obtidos no GenBank Adicionalmente, exemplares das duas espécies de Anostomoides foram obtidos e os tecidos sequenciados, e as sequências incluídas na matriz de caracteres moleculares Esses dados foram então usados para uma análise de Máxima Verossimilhança Ambas as análises demonstraram que Anostomoides, conforme anteriormente definido, é um gênero polifilético Desta forma, um novo gênero, possivelmente grupo irmão de todos os anostomídeos (ou de todos, exceto Leporellus) é descrito detalhadamente e comparado aos demais gêneros de Anostomidae Os principais caracteres que suportam as hipóteses de relacionamento do gênero novo são discutidos
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    Ecologia de riachos de montanha da Mata Atlântica
    Silva, João Fernando Marques da; Bennemann, Sirlei Terezinha [Orientador]; Teixeira, Gustavo Monteiro; Magnoni, Ana Paula Vidotto; Casatti, Lilian; Suárez, Yzel Rondon; Jerep, Fernando Camargo [Coorientador]
    Resumo: A ecologia de comunidades busca entender a relação espécie-ambiente e como fatores ambientais de diferentes escalas moldam os processos da biodiversidade Este entendimento é essencial para a aplicação de estratégias efetivas de conservação Os riachos abrigam uma grande parcela da diversidade neotropical e, apesar do aumento de interesse no estudo dos riachos brasileiros, o conhecimento gerado não acompanha a crescente degradação a que estes ambientes estão sujeitos, como o desmatamento e construção de barragens hidrelétricas Devido a necessidade de gerar conhecimento relevante para estes ambientes impactados, esta tese teve por objetivo avaliar o impacto causado por modificações antrópicas nas assembleias de macroinvertebrados e de peixes de riachos de montanha brasileiros, bem como verificar a importância de variáveis locais, de bacia, espaciais e sazonais na estruturação da ictiofauna Nos capítulos 1, 2 e 3, parte de um amplo programa de pesquisa sobre riachos de montanha da Mata Atlântica, a estrutura do habitat e das assembleias de peixes e macroinvertebrados de um riacho pristino foram comparadas com dois riachos que apresentam diferentes impactos ambientais Mais oito riachos foram investigados para alcançar o segundo objetivo, que resultou na elaboração de dois capítulos No capítulo 4 foi discutido o estado de ameaça de uma espécie endêmica e no capítulo 5 foi verificada a influência de variáveis de múltiplas escalas na ictiofauna A comparação entre riachos integro e impactados revelou que as assembleias respondem de maneiras distintas às condições ambientais e, dentre as variáveis de múltiplas escalas, as locais foram mais relevantes na estruturação da ictiofauna
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    Efeitos dos contaminantes emergentes cafeína e triclosan em teleósteo Neotropical
    Santos-Silva, Thais Graciano; Martinez, Cláudia Bueno dos Reis [Orientador]; Assis, Helena Cristina da Silva de; Souza, Marta Marques de; Rocha, Juliana Delatim Simonato; Santos, Dayana Moscardi dos
    Resumo: Contaminantes emergentes são compostos frequentemente encontrados em baixas concentrações nos ecossistemas aquáticos e que podem ocasionar danos à biota local, mas que ainda não possuem leis que regularizem seu descarte nesses ambientes Produtos farmacêuticos e de higiene pessoal merecem destaque nesta categoria de contaminantes, uma vez que são substâncias de uso diário relacionadas à saúde e bem-estar da espécie humana Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de dois contaminantes emergentes, cafeína e triclosan, para o peixe Neotropical Prochilodus lineatus, por meio de biomarcadores bioquímicos, genéticos, fisiológicos, hematológicos e comportamentais, após 24 e 168 h de exposição Para isso, peixes jovens foram colocados em aquários contendo água limpa (CTR), concentrações de cafeína de ,3; 3 e 3 µgL-1 (CAF ,3; CAF 3 e CAF 3), concentrações de triclosan de ,1; 1 e 1 µgL-1 (TCS ,1; TCS 1 e TCS 1) ou metanol (solvente do triclosan) Dos resultados obtidos pode-se destacar que a cafeína aumentou a atividade de enzimas de biotransformação no fígado e diminui no cérebro após 168 h, porém isto não se refletiu num estado de estresse oxidativo A cafeína também promoveu alterações nas concentrações plasmáticas de alguns íons e redução na atividade branquial de ezimas de transporte iônico, tanto em 24 h quanto em 168 h O comportamento na natação de P lineatus também foi afetado pela cafeína, porém esta interferência parece não estar relacionada com a atividade da acetilcolinesterase muscular Por sua vez, o triclosan foi mais tóxico para P lineatus ocasionando a morte de alguns indivíduos e promovendo danos oxidativos no fígado dos peixes expostos à maior concentração (TCS1) durante 168 h Em conjunto, esses resultados mostram que a exposição ao triclosan causa danos mais severos no fígado enquanto a cafeína atua mais nas brânquias e no sistema nervoso, influenciando o comportamento de P lineatus Além disso, cabe ressaltar que tanto a cafeína como o triclosan precisam ser incluídos na legislação ambiental, uma vez que a presença destes contaminantes em corpos de água promovem alterações significativas na homeostase de uma espécie de peixe Neotropical
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    Influência da urbanização sobre assembleias de peixes de riachos no sul do Brasil
    Claro García, Alexander; Shibatta, Oscar Akio [Orientador]; Martinez, Cláudia Bueno dos Reis; Magnoni, Ana Paula Vidotto; Oliveira, Edson Fontes de; Cetra, Mauricio
    Resumo: A história da humanidade revela uma forte relação de suas civilizações com os ambientes aquáticos, uma vez que essas áreas oferecem recursos importantes para sua manutenção No entanto, a relação tem sido desastrosa, principalmente nas ultimas décadas, decorrente do crescimento demográfico, industrialização e ocupação desordenada do solo Neste estudo avaliaram-se os efeitos da urbanização sobre as assembleias de peixes de riachos, com relação à sua composição, diversidade funcional e alimentação Para isso, foram elaborados três capítulos a partir da amostragem da ictiofauna em riachos preservados e influenciados pela urbanização na bacia do rio Tibagi, Estado de Paraná, Brasil Capitulo 1: Foram comparadas assembleias de peixes presentes em riachos conservados e riachos que sofrem influência da urbanização, a partir da premissa que atividades humanas que afetam a qualidade da água e a estrutura física dos ambientes aquáticos podem atuar como um filtro ambiental para a seleção de determinadas espécies ou traços funcionais Foram encontradas evidências de alterações tanto na estrutura taxonômica como funcional das assembléias de peixes nos riachos influenciados pela urbanização Capitulo 2: A dieta de Astyanax paranae e Trichomycterus davisi foi investigada para entender a influência e resposta das espécies à urbanização Foi observado que a flexibilidade no comportamento é uma resposta importante para adaptação e ajuste ao processo de urbanização Capitulo 3: Foi investigada a estrutura e distribuição das assembleias de peixes de riachos nas porções média e baixa da bacia do rio Tibagi Foram observadas fortes ameaças influenciadas por atividade humanas como urbanização, indústria, agricultura e a construção de hidrelétricas O processo acelerado de urbanização causa mudanças nas condições ambientais, tornando-se uma ameaça evidente à biodiversidade, afetando a estrutura trófica, a composição de espécies, e o funcionamento dos ecossistema, devido à perda de traços funcionais
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    Respostas da vegetação a diferentes frequências e intensidades de incêndios no sudeste da Bacia Amazônica
    Cury, Roberta Thays dos Santos; Torezan, José Marcelo Domingues [Orientador]; Marimon, Beatriz Schwantes; Vieira, Simone Aparecida; Rodrigues, Efraim; Oliveira, Halley Caixeta de; Brando, Paulo Monteiro [Coorientador]
    Resumo: O desmatamento, a fragmentação florestal e as mudanças no clima têm chamado a atenção pelos seus efeitos na intensificação das secas e nos regimes de incêndios nas florestas tropicais, alterando a diversidade nos fragmentos remanescentes Este estudo traz informações sobre algumas das respostas da vegetação a diferentes frequências e intensidades de incêndios no sudeste da Bacia Amazônica No capítulo 1, analisamos o efeito da variação de combustível (serapilheira) na mortalidade de indivíduos lenhosos, nos danos, na área queimada e na regeneração pós-fogo Observamos que o aumento de 5% no combustível elevou a mortalidade espécies de lenhosas em 14% (indivíduos entre 1-5 cm de DAP), os danos em 21% (indivíduos = 5 cm DAP) e a área queimada em 33% No capítulo 2, investigamos os efeitos de incêndios anuais (repetidos seis vezes; tratamento B6) e trienais (repetidos três vezes; tratamento B3) na diversidade de espécies regenerantes em comparação com o controle, não queimado (B) A riqueza de espécies florestais da Amazônia, florestais coocorrentes no Bioma de Cerrado, espécies de hábito arbóreo-arbustivo e lianas foi reduzida na mesma proporção em ambos os tratamentos Pyrostegia venusta foi a liana mais abundante em ambos os tratamentos, com ~42% dos indivíduos Myrcia multiflora e Mabea fistulifera foram as arbóreas mais abundantes em B3 Todas as espécies arbóreas tardias na sucessão foram excluídas de B6 O número de espécies foi menor em B6 devido à redução do rebrotamento Em contrapartida, o potencial de invasão da gramínea Aristida longifolia foi aumentado em B6 No capítulo 3, discutimos como os incêndios anuais e trienais alteram as fontes de sementes, plântulas e rebrotas; como estes são afetados pela borda florestal, e se as plântulas e as rebrotas persistem nos primeiros anos após os incêndios Houve redução na chuva de sementes (-36%) e no banco de sementes (-56%) em B3 em comparação com B6 As sementes também foram reduzidas nas bordas As plântulas foram afetadas em ambos os tratamentos (2,4% de recrutamento no controle, contra ,6% em B3 e ,7 em B6) e ao longo da borda As rebrotas aumentaram no primeiro ano pós-fogo, principalmente em B3 (+5,5 rebrotas), mas declinaram nos anos subsequentes Concluímos que deve haver maior investimento público no combate aos incêndios na floresta de transição Amazônia-Cerrado, a qual não está adaptada a incêndios recorrentes e intensos, uma vez que as principais vias de regeneração são negativamente afetadas
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    Diversidade funcional de aves na Mata Atlântica
    Bochio, Gabriela Menezes; Anjos, Luiz dos [Orientador]; Duarte, Leandro da Silva; Piratelli, Augusto João; Jerep, Fernando Camargo; Torezan, José Marcelo Domingues
    Resumo: A importância da diversidade de espécies para o funcionamento dos ecossistemas tem emergido como uma questão chave na ecologia já que as espécies não são iguais em suas características funcionais As medidas tradicionais de diversidade, que consideram apenas o número de espécies e suas abundâncias têm se mostrado estimativas pouco preditivas da estrutura e do funcionamento de uma comunidade Em contrapartida as abordagens sob uma perspectiva funcional tem atraído um maior interesse dos ecólogos, pois melhor representam a relação entre as funções dos organismos e as condições ambientais refletindo os aspectos da organização e da estrutura das comunidades biológicas A Mata Atlântica está distribuída por diferentes condições climáticas e topográficas, com diferentes altitudes, apresentando uma considerável variedade de fisionomias florestais Na porção sul do Brasil, a Mata Atlântica é marcada pela ocorrência de três tipos de floresta: a floresta ombrófila densa, a floresta ombrófila mista e a floresta estacional semidecidual Este bioma apresenta níveis alarmantes de perda e fragmentação de habitats Estimativas mostram que restam por volta de 11% da sua cobertura original distribuídas em fragmentos florestais de tamanho reduzido onde muitos deles se encontram isolados uns dos outros A descrição da biodiversidade de aves na Mata Atlântica vem sendo realizada a partir de descritores clássicos como a riqueza e a diversidade taxonômica No entanto, os padrões de diversidade funcional das comunidades de aves ainda não foram avaliados ao longo desses diferentes tipos florestais Desta forma, o primeiro capítulo deste trabalho teve como finalidade de investigar as comunidades de aves que habitam a Mata Atlântica no sul do Brasil As paisagens fragmentadas e suas comunidades de aves vêm sendo investigadas há muitos anos nos diferentes tipos de ecossistemas florestais no estado do Paraná, principalmente no ecossistema da floresta estacional semidecidual Por outro lado, o conhecimento sobre o impacto da fragmentação na funcionalidade do ecossistema nessas paisagens fragmentadas é ainda superficial, o que limita ações mais efetivas para a conservação Devido a isso o segundo capítulo teve como objetivo investigar as comunidades de aves numa paisagem fragmentada sob a perspectiva funcional Por outro lado, o conhecimento sobre o impacto da fragmentação na funcionalidade do ecossistema nessas paisagens fragmentadas é ainda superficial, o que limita ações mais efetivas para a conservação Este trabalho amplia os conhecimentos sobre o papel das aves na funcionalidade dos ecossistemas da Mata Atlântica
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    Estudo demográfico de espécies arbóreas de diferentes grupos ecológicos em um fragmento de floresta estacional semidecidual do sul do Brasil
    Bovolenta, Yves Rafael; Pimenta, José Antonio [Orientador]; Portela, Rita de Cássia Quitete; Bianchini, Edmilson; Ribeiro, José Eduardo Lahoz da Silva; Silva, Weliton José da
    Resumo: Estudos populacionais permitem entender a história de vida das espécies e sua estabilidade no espaço e tempo A compreensão da dinâmica populacional requer a quantificação das taxas vitais básicas (crescimento, sobrevivência, decrescimento e fecundidade) e os conhecimentos adquiridos podem ser aplicados à conservação, prevendo trajetórias da população e para entender processos de regulação dos sistemas naturais, principalmente em habitats modificados pelo homem Nesse sentido, o objetivo foi avaliar a demografia de dez espécies arbóreas em um fragmento protegido e em regeneração Foi investigado (1) se duas populações ameaçadas de extinção e alvos de exploração no passado (Euterpe edulis Mart e Aspidosperma polyneuron MüllArg) apresentaram crescimento populacional em uma área protegida; e (2) se oito populações arbóreas de diferentes grupos ecológicos apresentaram estratégias demográficas distintas em um habitat em regeneração Aspidosperma polyneuron apresentou declínio populacional, devido principalmente a lenta transição para tamanhos maiores, demorando a repor os adultos removidos na exploração Euterpe edulis apresentou aumento populacional, devido principalmente ao crescimento rápido dos indivíduos jovens e fecundidade A maioria das populações não exploradas, independentemente das características ecológicas, apresentou estabilidade populacional, porém, as estratégias demográficas que levaram à estabilidade foram diferentes para cada uma delas A sobrevivência foi o parâmetro demográfico que mais contribuiu para o valor da taxa finita de crescimento populacional, seja positiva ou negativamente Os resultados reforçam a importância de áreas protegidas na manutenção de espécies e indicaram grande diversidade de estratégias demográficas, sendo que cada espécie tem uma combinação única de crescimento, sobrevivência e fecundidade, com consequências para a regeneração, coexistência e manutenção da diversidade de espécies em habitats modificados
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    Filogeografia de Microglanis cottoides (Boulenger, 1891) (Siluriformes: Pseudopimelodidae)
    Souza-Shibatta, Lenice; Sofia, Silvia Helena [Orientador]; Dias, Ana Lúcia; Birindelli, José Luís Olivan; Oliveira, Cláudio; Ribeiro, Alexandre Cunha; Shibatta, Oscar Akio [Coorientador]
    Resumo: Microglanis cottoides é amplamente distribuída em bacias hidrográficas ao longo da costa Atlântica brasileira que estão isoladas entre si, bem como das grandes drenagens do interior, pelas montanhas escarpadas da margem oriental do escudo cristalino brasileiro, conferindo a esta espécie qualidades apropriadas para estudos filogeográficos Além disso, existe a hipótese de ocorrência de espécies crípticas e sinônimos em M cottoides, tornando o estudo desta espécie de grande importância para a sistemática e o entendimento da evolução deste grupo de peixes Identificação e descrição de espécies, tradicionalmente, são feitas com base em caracteres morfológicos, mas na atualidade ferramentas moleculares têm sido utilizadas, em conjunto com a morfologia, para o estudo da diversidade biológica A proposta deste trabalho foi (1) testar as relações filogenéticas entre diferentes populações de M cottoides e (2) analisar a estrutura genética, demografia histórica e padrões temporais de divergência nas populações de M cottoides, ao longo de sua área de distribuição, além da relação filogenética entre seus congêneres As relações filogenéticas e filogeográficas, a estrutura genética e a demografia histórica foram analisadas utilizando uma combinação de marcadores morfológicos e moleculares (microssatélites e DNAmt-COI) A alta divergência genética encontrada entre os indivíduos da bacia do rio Uruguai e demais bacias costeiras sugere que a espécie designada como M cottoides para a bacia do rio Uruguai, seja uma espécie nova de Microglanis que se enquadra no critério de espécie críptica Por outro lado, as populações de M cibelae apresentaram baixas divergências genéticas entre M cottoides das demais bacias costeiras, o que é compatível para indivíduos de uma mesma espécie Assim, M cottoides, como atualmente diagnosticado, forma um grupo não monofilético, pois inclui uma espécie morfológica e geneticamente distinta da bacia do rio Uruguai e exclui uma espécie morfológica e geneticamente similar das bacias dos rios Tramandaí e Mampituba (M cibelae) Para as análises filogeográficas, a distribuição de M cottoides restringiu-se às drenagens costeiras, considerando as populações das bacias dos rios Tramandaí e Mampituba, previamente identificadas como M cibelae, como pertencentes a esta espécie Os níveis de variação genética observados em M cottoides estão dentro do esperado quando comparados com outras espécies de Siluriformes e os loci investigados mostraram um alto nível de polimorfismo De forma geral, a diversidade genética encontrada nas populações de M cottoides foi alta e semelhante ao que geralmente é encontrada em populações de peixes selvagens No entanto, observou-se forte estruturação genética principalmente entre as amostras de Paranaguá, Guaratuba e Itapocu e menor estruturação entre Araranguá e Mampituba, e entre Tramandaí e Patos, indicando maior possibilidade de fluxo gênico entre essas populações e, consequentemente, maior similaridade entre elas Contudo, considerando a distância geográfica e principalmente o isolamento das bacias costeiras que, provavelmente, ocorreu entre 6 a 1 anos antes do presente, a similaridade entre as populações sugere fluxos gênicos históricos, refletindo um período em que as bacias estavam conectadas Paleocanais fluviais presentes na plataforma continental podem indicar que estas drenagens tinham comunicação com outras drenagens de bacias próximas, permitindo a ampla distribuição de M cottoides em drenagens que hoje estão isoladas Entretanto, nota-se que as divergências genéticas entre os indivíduos das bacias costeiras aumentam com a distância, e observa-se que entre o sul de Santa Catarina e o norte do Rio Grande do Sul há uma quebra filogeográfica de cerca de 1,9 Ma, causando a divisão das populações de M cottoides em dois filogrupos As análises filogeográficas e filogenéticas demonstraram que as espécies litorâneas, M parahybae e M cottoides, são filogeneticamente mais relacionadas e divergiram-se há aproximadamente 5 Ma Já M garavelloi da bacia do Alto Paraná e Microglanis sp da bacia do rio Uruguai divergiram dessas espécies do litoral há pelo menos 8 Ma, coincidindo com a época de diversificação da maior parte da ictiofauna Neotropical, que ocorreu entre 3 e 1 Ma Portanto, tudo indica que a história filogeográfica de M cottoides envolveu eventos vicariantes de origem tectônica como a formação das drenagens costeiras a partir de episódios orogenéticos e, mais recentemente, por eventos climáticos pleistocênicos que isolaram várias populações Porém, em períodos de glaciação, quando as drenagens voltam a se encontrar, as populações de M cottoides possivelmente trocam informações genéticas e por isso mantêm sua unidade específica
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    Megathyrsus maximus (capim-colonião) no contexto da restauração ecológica
    Dias, Jézili; Torezan, José Marcelo Domingues [Orientador]; Pivello, Vânia Regina; Bianchini, Edmilson; Oliveira, Halley Caixeta de; Melo, Antônio Carlos Galvão de
    Resumo: A gramínea exótica invasora Megathyrsus maximus (Jacq) B K Simon & S W L Jacobs (capim-colonião) pode causar problemas para a regeneração natural nos primeiros anos de restauração florestal e em muitos casos, pode persistir nestas áreas por vários anos Entender como a presença desta gramínea está relacionada com o desenvolvimento dos reflorestamentos é importante para o manejo destas áreas Os objetivos deste trabalho foram avaliar: (i) os sítios de restauração florestal, relacionando a biomassa e a abundância de M maximus com a idade do reflorestamento, densidade de árvores, cobertura de dossel e a fertilidade do solo; (ii) os efeitos de espécies invasoras (M maximus e outras espécies ruderais), sobre a regeneração de espécies arbóreas nativas em áreas de restauração florestal; (iii) o crescimento de M maximus e duas espécies nativas (Heliocarpus popayanensis Kunth e Poecilanthe parviflora Benth), em diferentes níveis de sombreamento (3%, 5%, 8% e 9%), condições de solo (controle, calagem e calagem + fosfato) e situações hídricas (capacidade de campo e estresse hídrico) em experimentação em casa de vegetação Como resultados: (i) a biomassa e a densidade da gramínea nos reflorestamentos não apresentaram correlação com as variáveis analisadas, com exceção da biomassa da gramínea com a concentração de magnésio no solo; (ii) as espécies ruderais em geral não apresentaram efeitos negativos sobre a regeneração das espécies arbóreas nativas Entretanto, há maior riqueza e abundância destas na ausência de M maximus, que esteve relacionado negativamente com a regeneração das espécies pioneiras; (iii) o crescimento da gramínea foi maior nos vasos em menor sombreamento e solos onde houve a calagem + fosfato, nestas mesmas condições houve mortalidade de 4% em H popayanensis Já P parviflora não teve mortes e manteve o crescimento independente dos tratamentos e do crescimento da gramínea Megathyrsus maximus permaneceu em áreas de restauração florestal mesmo sob maior sombreamento e esteve relacionado com a fertilidade do solo, ao mesmo tempo em que interferiu negativamente sobre a regeneração florestal No entanto, o crescimento de espécies nativas em presença de M maximus pode ser diferente em resposta às variações ambientais, a exemplo de H popayanensis e P parviflora Diante destes resultados, deve-se evitar a fertilização do solo nas ações de restauração florestal, pois pode favorecer o crescimento e a permanência de M maximus Ainda, visto seu efeito negativo sobre as regenerantes nativas e a um possível risco de incêndios nestas áreas, são indicados o controle da gramínea e o enriquecimento com plantas nativas que possam manter o crescimento nas condições apresentadas, como P parviflora