02 - Mestrado - Letras
URI Permanente para esta coleção
Navegar
Navegando 02 - Mestrado - Letras por Título
Agora exibindo 1 - 20 de 238
Resultados por página
Opções de Ordenação
Item A identidade feminina nos textos bíblicos de Ester, de Rute e da mulher samaritana(2023-05-17) Ennes, Viviane Dias; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de; Santos, Adilson dos; Oliva, Alfredo dos SantosNeste trabalho, adotou-se como corpus as narrativas sobre o feminino nos textos de Ester, de Rute - no Antigo Testamento bíblico - e a passagem do capítulo quatro do evangelho de João, no Novo Testamento, que trata da mulher samaritana e seu encontro com Jesus à beira de um poço. Investigou-se o ethos feminino referenciado pelos textos bíblicos. Como ponto de partida, foram analisados seus contextos históricos e percursos narrativos para um estudo de suas representações. No primeiro capítulo, foi explorada a teoria necessária à análise da representatividade feminina da Literatura e as incursões teóricas sobre a identidade feminina. No segundo capítulo, foram apresentadas incursões teóricas para fundamentar as análises discursivas. No terceiro capítulo, foram feitas as análises dos textos bíblicos indicados no corpus da pesquisa, isto é, nos textos bíblicos de Ester, de Rute e da mulher samaritana, a partir da teoria apresentada, demonstrando a costura enunciativa entre os livros escriturísticos e seus símbolos no que diz respeito à feminilidade. A questão levantada para essa análise foi diferenciar, ou aproximar, a mulher apresentada pela Bíblia como aquela que agrada a Deus daquela apresentada como reprovada e que desagrada a Deus. Foi analisado, nos textos propostos, se existe uma única identidade feminina nas passagens analisadas; se há uma configuração discursiva da mulher traçada pelo narrador; se a mulher que aparece no Antigo Testamento é igual à retratada no Novo Testamento. Nas considerações finais, abordou-se o arquétipo - ou os arquétipos - feminino construído pelos fragmentos selecionados do cânon judaico-cristão a respeito da figura feminina.Item A paisagem em José María Arguedas: por uma heterogeneidade espacial(2022-12-22) Mendonça, Felipe da Silva; Alves, Regina Célia dos Santos; Maioli, Juliana Bevilacqua; Brito, LucianaEsta dissertação tem como objetivo analisar a paisagem em Os rios profundos (1958), de José María Arguedas. Para tanto, estabelecemos um diálogo entre Literatura e Geografia por meio do conceito de paisagem, o qual é compreendido como uma expressão humana informada por códigos culturais determinados, ou seja, a paisagem não é natureza, mas é o mundo humano inscrito na natureza ao percebê-la e transformá-la. Ao realizar uma análise espacial com base no referido conceito, precisamos olhar tanto para a materialidade do espaço, quanto para a sua percepção, isto é, examinamos a objetividade e a subjetividade espacial. José María Arguedas, conhecido por ocupar um entrelugar entre o espanhol e o quéchua, o indígena e o ocidental, foi um escritor cujas obras permitiram a parte da crítica refletir a respeito do encontro e conflito de culturas. Dentre as principais ideias resultantes da análise da produção de Arguedas, destacamos a de Antonio Cornejo Polar: a heterogeneidade, que está centrada na convergência conflitiva de universos socioculturais distintos, por isso o crítico peruano pontua que a visão de mundo arguediana não tenta ser totalizadora na direção da conciliação harmônica dos conflitos. Em Os rios profundos, a percepção espacial de Ernesto ao longo de seus deslocamentos por comunidades andinas e durante sua estadia no internato de Abancay é reveladora de sua construção identitária, daí o nosso interesse em investigar a relação do menino com o espaço em que está inserido e quais os sentimentos e significações que podem ser extraídos dessa vivência. Buscamos, portanto, verificar como a paisagem em Os rios profundos expressa uma heterogeneidade espacial, isto é, como a relação de Ernesto com as construções e lugares autóctones e espanhóis exprime o conflito de culturas e a sua condição migrante. Como base teórica nos pautamos em estudiosos cujas reflexões são direcionadas à nação e à identidade: Anderson (2008), Bauman (2005), García Canclini (2019), Hall (2006), Silva (2014); à literatura latino-americana e à produção arguediana: Bareiro Saguier (1979), Candido (1979), Cornejo Polar (1989, 1997, 2000, 2003), Moraña (1997, 1999, 2000), Moreiras (2001), Rama (2001, 2008), Santiago (2000), Uslar Pietri (2007); e ao conceito de paisagem: Alves (2013), Berque (2012, 2018), Bessa (2020), Besse (2014), Collot (2012, 2013), Dardel (2015), Tuan (2012, 2013). Ao final de nossa análise, verificamos como a heterogeneidade, oriunda do conflito de culturas, está presente tanto na materialidade quanto na percepção do espaço, bem como destacamos a importância do corpo e dos cinco sentidos, especialmente da audição, na relação que Ernesto estabelece com o espaço.Item A rede Cooperifa: Encontrando Sérgio Vaz, a poesia, a performance e as relações afetivas(Universidade Estadual de Londrina, 2022-08-31) Ramos, Andreza Pereira Dias; Fernandes, Frederico Garcia; Alencar, Claudiana Nogueira de; Godoy, Maria Carolina deResumo: Essa dissertação tem como principal objetivo demonstrar a existência de uma rede, pautada, principalmente, pelos afetos mobilizados pela Cooperifa (Cooperação Cultural da Periferia) e pelos poetas-produtores que a mantém. Nesse sentido, buscase observar de que modo esse agrupamento foi criado, quais afetos o compõem, qual a perspectiva interna dos sujeitos que integram essa rede e o que os produtos desse projeto coletivo podem nos revelar. A Cooperifa foi criada pelo escritor Sérgio Vaz, em 2001, e compreende, hoje, uma gama de atividades culturais que têm como centro a realização de um sarau de poesia em um bar da periferia de São Paulo. Ao observarmos esse projeto, notamos suas bases ancoradas em um desejo de transformação pela palavra, um desejo de afetar-se. Assim, as análises aqui presentes foram realizadas com o objetivo de investigar de que forma o afeto se interliga ao Sarau da Cooperifa e estabelece uma rede a partir das interações mantidas entre os fatores desse polissistema literário, provocações que foram facilitadas pelas leituras de teorias a respeito do polissistema literário (EVEN-ZOHAR, 1990), performance (AGUILAR; CÁMARA, 2017), (ZUMTHOR, 1993, 1997, 2018), oralidade (ZUMTHOR, 1993) e a literatura como dispositivo de afeto (DI LEONE, 2014), realizadas a partir do projeto de pesquisa “Festivais Literários: redes afetivas e sistema literário”. Essa pesquisa, portanto, destaca a atuação heterogênea e não hierárquica da produção de Sérgio Vaz, demonstrando a existência de pontos de interdependência entre Vaz e os demais integrantes desse polissistema, pontos estes que são responsáveis pela criação de uma rede marcada pelo “fazer junto”, ou seja, pelo afeto (DI LEONE, 2014), (SPINOZA, 2020).Item A temática pré-cabralina na literatura brasileira: uma análise comparativa de Ubirajara e O Karaíba(2024-08-09) Mateus, Fernando Leite; Rio Doce, Cláudia Camardella; Leite, Suely; Santos, Adilson dosEsta dissertação analisa Ubirajara (1874), de José de Alencar, e O Karaíba (2010), de Daniel Munduruku, obras separadas por mais de um século, mas que compartilham a ambientação em contextos pré-cabralinos, anteriores à invasão europeia no território que viria a ser conhecido como Brasil. A partir das noções de identidade brasileira e das investigações sobre os períodos e estilos literários dessas obras, busca-se compreender as motivações para a construção de ficções que exploram culturas indígenas negligenciadas pela história oficial, escrita predominantemente pelos colonizadores, como evidenciado na Carta de Pero Vaz de Caminha. Os autores, ao criar ou reconstruir uma ideia mítica de um passado a partir de uma perspectiva contemporânea, utilizam documentos etnográficos, antropológicos e literários disponíveis, investigando costumes, ritos, línguas e cosmologias das nações indígenas que habitavam essas terras. Por meio dessas narrativas, constroem-se personagens que destacam a importância dos povos originários na formação da identidade brasileira e na história da nação. A análise das obras será conduzida por meio de revisões historiográficas e estudos críticos sobre a literatura brasileira, focando no período romântico e em José de Alencar, bem como na literatura indígena contemporânea representada por Daniel Munduruku. Esta abordagem visa revelar as convergências e divergências entre os textos, contextualizando-os dentro de uma tradição literária que reconhece a relevância contínua das culturas indígenas no cenário literário e cultural brasileiro.Item A viagem na obra baudelairiana(2024-07-26) Reis, Amanda Martins; Brandini, Laura Taddei; Ferreira, Cláudia Cristina; Callipo, Daniela MantarroO presente estudo pretende analisar alguns poemas que compõem as obras As Flores do Mal (1857) e Spleen de Paris: pequenos poemas em prosa (1869) do francês Charles Baudelaire a fim de nos mostrar que a viagem pode ocorrer num espaço poético, imaginário e sensorial. Dito isso, esta pesquisa constrói uma cartografia própria de seus poemas relacionados à nossa temática principal: a viagem, o que nos possibilita relatar uma espécie de aventura viática experimentada pelo sujeito lírico de forma que cada poema se relacione com o outro como ilhas formando um vasto arquipélago. Com base nas nossas leituras a respeito da história da viagem, bem como da relação entre viagem e literatura, compreendemos que desde os primórdios, o ser humano parte em busca de alimento ou para sobreviver às adversidades, todavia, os motivos pelos quais o indivíduo viaja evoluíram ao longo do tempo. Para adentrarmos o universo viático, nós nos embasaremos na leitura Da Literatura Comparada à Teoria da Literatura (1988), de Álvaro Manuel Machado e Daniel-Henri Pageaux, bem como o ensaio “Literaturas de viagem: viagens na literatura” (2010), publicado numa coletânea sob o mesmo título, de Antonio R. Esteves e Sérgio Augusto Zanoto. Sob a perspectiva do poeta, as razões permeiam as nuances do spleen e do ideal, conceitos centrais em sua obra. Percebemos, então, que a viagem baudelairiana aponta para temas correlatos, sendo eles o exotismo, a figura feminina, o estrangeiro e a viagem imaginária. Entretanto, pretendemos explorar os dois últimos num estudo posterior, pois, esta pesquisa se concentra apenas na análise da viagem e do exotismo que é inerente a figura feminina. Logo, além de compreender como a viagem surge na obra de Baudelaire, sobretudo através da representação do espaço marítimo, observamos o exotismo característico do século XIX, dado que o poeta era um homem do seu tempo. Contudo, o olhar segaleniano nos propõe a pensar acerca do exotismo para além dos estereótipos e noções clássicas em Ensaio sobre o exotismo (1918). Portanto, apontamos em nossa leitura sobre as paisagens femininas descritas nos poemas um exotismo idealizado, o que nos permite questionar a forma como vemos o outro, sobretudo, o corpo feminino. Diante disso, os “cenários corporais” se revelam verdadeiras “pinturas” sensoriais, uma vez que Baudelaire foi um dos primeiros a fazer uso da sinestesia para a criação de uma poesia moderna que inspiraria os poetas simbolistas. Embora os estudos baudelairianos sejam abundantes, este trabalho evita justificar os poemas através de fatos e especulações sobre a vida do autor. Por fim, ressaltamos a correspondência entre a paisagem e o corpo feminino que, ao se fundirem, constroem um novo espaço: um território idílico. Lá, o indivíduo é capaz de se anestesiar e, portanto, evadir-se da sua realidade. No entanto, assimilamos a figura feminina como outro espaço a ser conquistado e explorado. Por isso, a leitura segaleniana nos permite questionar a forma como o corpo da mulher é retratado nos poemas de Baudelaire.Item "As academias de Sião" : uma desconstrução do paradigma da androginia balzaquianaSantos, Cíntia Machado; Santos, Adilson dos [Orientador]; Lima, Sheila Oliveira de; Alves, Regina Célia dos SantosResumo: O arquétipo do andrógino constitui, de acordo o Dicionário de símbolos (212), de Chevalier e Gheerbrant, a figuração antropomórfica do ovo cósmico encontrada no alvorecer de toda cosmogonia, como também no final de toda escatologia, figurando nas mitologias de todas as culturas ao redor do mundo; caracterizando, sobretudo, uma espécie original de ser humano e um ideal de perfeição a ser alcançado/restaurado pela espécie humana Paradoxalmente a esta noção de totalidade e perfeição, Miguet (22) afirma que a figura arquetípica do andrógino evoca também a imagem da cisão do ser em termos cosmogônicos, resultante de uma queda que distancia o indivíduo da divindade Neste sentido, o andrógino personifica, de igual maneira, tanto a integralidade do homem, quanto a noção da dualidade de um mundo das aparências, a ânsia de salvação e de restauração da fusão com a realidade divina, a busca pela unicidade fundamental Como trabalho vinculado ao projeto O fantástico na contística do século XIX, coordenado pelo docente Adilson dos Santos, no Programa de Pós-Graduação em Letras, área de concentração de Estudos Literários, na linha de pesquisa de Literatura comparada, esta análise teve como objetivo realizar a leitura comparativa das obras Seráfita (1836) e “As academias de Sião” (1884), tomando como base o texto balzaquiano, tido como paradigma da representação da androginia na literatura para aprofundar a análise do símbolo no conto machadiano Na literatura, o grande modelo de representação do andrógino é Seráfita, do escritor francês Honoré de Balzac O texto balzaquiano não deixa dúvidas quanto ao caráter judaico-cristão na sua concepção do percurso do homem para realização da perfeição espiritual, e também da sua incapacidade para acessar a real natureza do mundo e da divindade, trazendo por traz do tema uma perspectiva doutrinária e pedagógica, especialmente no que tange ao papel da mulher na sociedade Apesar de se contrapor marcadamente ao andrógino paradigmático balzaquiano, o andrógino de Machado de Assis traz em si elementos arquetípicos da representação que marcam tanto referência ao mito quanto sua relação com o romance do escritor francês Deste modo, as confluências entre os textos aqui comparados, a saber, o tema da androginia, a ênfase na face feminina deste andrógino e a evocação da capacidade da ciência e da razão humana em responder a determinadas questões revelam duas diferentes percepções da realidade social e ideológica do século XIX Enquanto Balzac defende os pressupostos cientificistas e deterministas tanto no delineamento das suas personagens como na estrutura da sua narrativa, Machado de Assis os desestabiliza, delineando, de modo dissimulado e oblíquo como lhe é característico, uma crítica tanto ao cientificismo como à própria estética realista em seus aspectos doutrinador, simplificador da realidade e deterministaItem Aldir Blanc e o futebol : uma leitura deste esporte num time de crônicas do ourives do palavreadoGarcia, Luis Eduardo Veloso; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Galembeck, Paulo de Tarso; Santos, Volnei Edson dosResumo: A pesquisa em questão objetiva o levantamento e análise de um time de crônicas de Aldir Blanc em que o futebol aparece como uma leitura possível, através de seus elementos míticos e da linguagem pertencente a esse esporte, atingindo outros níveis de significação na obra do autor em questão Para isso, abordaremos a representação que o futebol alcança no cotidiano nacional como um fenômeno capaz de refletir e criar discursos variados em nosso país Por se tratar de um assunto tão presente no dia a dia, principalmente no Brasil, faremos um paralelo com o gênero que melhor complementa o espaço e a linguagem do cotidiano em seus escritos: a crônica Partindo, então, das definições teóricas relevantes desse gênero, traçaremos na produção cronística de Aldir Blanc as relações construídas pelo retrato do cotidiano a que ele recorre, especificamente no caso de sua obra o retrato do subúrbio carioca através dos bairros que compreendem a Zona Norte do Rio de Janeiro, dos quais no reflexo deste espaço o futebol aparece como um objeto constanteItem Alieksiêi Karamázov : o herói problemático de DostoiévskiSilva, Ana Gabriela Dutra da; Brito, Luciana [Orientador]; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de; Moraes, Carlos Eduardo mendes deResumo: O presente trabalho tem por objetivo estudar a personagem Alieksiêi do romance Os Irmãos Karamázov (188), de Fiódor Dostoiévski, um indivíduo problemático que não possui a segurança interior do herói épico, visto que a personagem romanesca é um ser controverso em busca da totalidade perdida Na nova configuração que se instaura com o mundo burguês, a epopeia teve de desaparecer para dar lugar a uma nova forma que, mais do que qualquer outro gênero, possui condições de lidar com esse mundo que não mais compreende a totalidade e o sentido de comunidade da epopeia clássica – o romance O gênero romanesco torna-se, assim, o texto representativo da era moderna, mostrando-se possível somente com a ascensão de uma classe centrada em posses e títulos, na qual o homem é desumanizado para que a mercadoria se humanize (DAFFERNER, 28) – a burguesia Segundo Lukács (29), no mundo moderno, o objeto deixou de ser, como na epopeia homérica, o destino de uma comunidade, na qual a vida encontra em si um sentido imanente; no mundo de agora, estrutura e fisionomia individuais nascem da reflexão polêmica que se volta para si própria, da personalidade que, além de errante, é solitária, o que faz com que o romance reflita de maneira mais plena essa concepção moderna de busca da verdade tida como uma tarefa individual (WATT, 199) O romance, então, passa a ser a epopeia de um mundo abandonado por Deus, no qual um herói degradado sai em busca de uma totalidade perdida (LUKÁCS, 29), como é o caso da personagem Alieksiêi Karamázov, visto que ele carrega em sua alma as contradições e os abismos próprios da condição humana (BEZERRA, 28), que se evidenciam em sua trajetória por algo que possa emancipá-lo da perversidade do mundo modernoItem Altazor por Zaratustra : uma perspectiva dionisíacaCosta, Ronald Ferreira da; Santos, Volnei Edson dos [Orientador]; Fernandes, Frederico Augusto Garcia; Amaro, José Luis MartinezResumo: O presente trabalho de Dissertação apresenta uma proposta comparatista de leitura entre os objetos Altazor, de Vicente Huidobro, e Assim falou Zaratustra, de Nietzsche Numa tentativa de organização cronológica, inicialmente, o texto presta-se à análise dos antecedentes daqueles objetos Então, analisa-os na sua perspectiva teórica: por um lado o criacionismo de Huidobro, e, por outro, os quatro conceitos filosóficos orientadores de Zaratustra Em seguida, os personagens são apresentados em perspectiva conceitual e estrutural, para, finalmente, concretizar-se a proposta de leitura comparatista, que se faz a partir dos pressupostos filosóficos de Zaratustra, buscando a perspectiva dionisíaca da afirmação no decurso de Altazor Nesse sentido, a decomposição gradativa da língua, que se nota em Altazor, pode não representar uma renúncia à poesia, mas, a exemplo da peregrinação de Zaratustra, com o sentido afirmativo de Dioniso, aquela decomposição se torna, em Altazor, uma superação da língua e do cânone poéticoItem Alteridade e (re)(des)construção da identidade em Clarice Lispector : um estudo de A paixão segundo G.HCarmona, Gustavo Fujarra; Alves, Regina Célia dos Santos [Orientador]; Limoli, Loredana; Cézar, Adelaide CaramuruResumo: O presente estudo objetiva analisar como se dá a (re) (des) construção do “eu” , enquanto identidade, no romance A Paixão Segundo GH de Clarice Lispector diante da crise dos valores e da linguagem, criada a partir da perspectiva psico-filosófica da alteridade Para tanto, buscaremos apoio na perspectiva de Nietzsche e Montaigne acerca da linguagem e dos “valores morais e sociais” e nos apontamentos de Julia Kristeva, Paul Ricoeur e de Freud a respeito da condição de “estrangeiro” em relação ao mundo que cerca o homem, além do trabalho relativo à fortuna crítica acerca da obra de Clarice Lispector Objetivamos, deste modo, expor a forma como Clarice Lispector articula, na multiplicidade de sua narrativa, o encontro entre esferas distintas, permitindo assim a subjetivação e renovação do passado e a criação de novos signos, que neutralizam e implodem a noção logicista e atomicista de “eu”, assim como as noções de verdade, de significados e valores, por vezes, cristalizadosItem A ambição em Memórias póstumas de Brás CubasQuadros, Camila Mossi de; Mello, Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de [Orientador]; Cortina, Arnaldo; Cézar, Adelaide CaramuruResumo: Este trabalho toma como corpus de pesquisa o romance Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis O objeto a ser investigado é a configuração da ambição no personagem Brás Cubas A fundamentação teórica principal é a semiótica das paixões Dentre os semioticistas que trabalham nessa linha de pesquisa, são cotejados autores como Greimas, Fontanille, Courtés, Benveniste, Bertrand, Barros, Fiorin, dentre outros Como se sabe, a finalidade de uma investigação Semiótica é explicar como são criados os sentidos no texto Dessa forma, o objetivo principal deste trabalho é investigar como a obra se organiza para dizer o que diz sobre a ambição em Brás Cubas e como este se constitui como sujeito marcado pela ambição, que se apresenta como o “amor à glória”, como “sede de nomeada” Em outras palavras, trata-se de um sujeito cuja finalidade é ter seu nome imortalizado, em alta consideração pela sociedade Toda trajetória de Brás Cubas é marcada por essa busca No entanto, este sujeito é marcado pela frustração, pela decepção, já que seu objetivo não é atingido Além da base semiótica, esta pesquisa também se fundamenta nos estudos da Crítica Literária, como Bosi, Candido, Coutinho, Dixon, Facioli, Gledson, Meyer, Moisés, Pereira, Rodrigues, Schwarz, Teixeira, dentre outrosItem Ambiguidades da representação do caipira paulista no poema Juca MulatoCarvalho, Nilce Camila de; Joanilho, André Luiz [Orientador]; Fernandes, Frederico Augusto Garcia; Silveira, Célia Regina daResumo: O poema Juca Mulato (1917) de Menotti del Picchia, no momento de sua publicação, foi considerado inovador e polêmico por narrar a história de um caipira “mulato” Sua aceitação entre críticos e leitores foi estrondosa, considerado precursor da primeira geração modernista A temática amorosa e nacionalista foram os elementos que impulsionaram as inúmeras edições do poema Apesar de sua forma ser devedora da estética parnasiana, Juca Mulato não possui elementos apenas parnasiano, uma vez que agrupa diversas particularidades observáveis em outros estilos literários A partir desses elementos literários reunidos no poema, este trabalho procura apresentar o modo como o poeta compreendeu o mundo caipira, ou melhor, o modo como ele representou o caipira paulista Na intenção de apreender o mundo rural encetado pelo poeta, faz-se necessário abordar aspectos que possibilitam a inserção de Juca Mulato no contexto e grupo social demarcado por esse segmento no início do século XX Nesse sentido, esta pesquisa inicia-se com um estudo acerca do período histórico paulista que remonta o auge da economia cafeeira e o consequente desenvolvimento da capital do estado, para depois analisar o personagem isoladamente e também contrapondo-o à imagem de outros caipiras, inclusive o Jeca Tatu de Monteiro Lobato Por fim, pretende-se enfocar as práticas cotidianas do caboclo, enfeixadas pelo poema, as quais caracterizam o universo de Juca Mulato, e permitem uma rememoração lírica da vida rústica do homem do campo, através dos afazeres tradicionais da cultura caipira ali enxertados Ademais, Juca será destacado como um representante lírico, que apesar de ser extremamente idealizado pelo poeta, cumpre o papel de referir-se a um grupo social que permaneceu nas terras do interior paulista, para trabalhar nas lavouras de café, num momento em que a cultura caipira ruía com o capitalismo emergente e o êxodo ruralItem Amor de perdição e amor de salvação : uma análise contrastivaBedendo, Luzimari; Silva, Joaquim Carvalho da [Orientador]; Décio, João; Adolfo, Sérgio PauloResumo: O presente estudo procura evidenciar as correspondências e as divergências entre as novelas Amor de Perdição e Amor de Salvação do escritor português Camilo Castelo Branco, através de um contraste entre os elementos da narrativa, a partir dos estudos de Jacinto do Prado Coelho Através do confronto entre as novelas, cujo tema do amor é demonstrado diferentemente, verifica-se uma regularidade na composição das obras no que se refere ao tempo, ao espaço e ao narrador, mas principalmente com relação às personagens, que possuem características e estatutos correspondentes Pertencentes ao Romantismo português, as obras refletem o estado de espírito do povo português em meados do século XIX Camilo Castelo Branco procura, através de suas obras, mostrar sua inquietude diante das opressões, das injustiças e da hipocrisia, denunciando a sociedade da épocaItem Ana Cristina Cesar e Adília Lopes : uma leitura comparadaVieira, Camila Nakamura; Silva, Telma Maciel da [Orientador]; Vieira, Miguel Heitor Braga; Ferreira, Sandra AparecidaResumo: Essa Dissertação tem como objetivo comparar a obra poética das escritoras Ana Cristina Cesar e Adília Lopes, esquadrinhando os modos pelos quais a figura do outro se constrói em suas poesias Para percorrer este caminho, foi levado em consideração, o expressivo número de poemas das autoras que apresentam procedimentos em comum, como o uso da intertextualidade, o diálogo com as vozes da tradição e com as referências populares, a tradução como ofício que contribui com a criação poética, os diversos modos de citação, a herança da tradição moderna, e, por fim, a importância que ambas as escritoras conferem à leitura Para sustentar todos estes pontos de contato, fez-se necessária a base teórica de Octavio Paz (1982; 1984; 25), Tiphaine Samoyault (28), Antoine Compagnon (1996; 1999), Jorge Luis Borges (2), Emír Rodriguez Monegal (198), TS Eliot (1989), entre outros nomes Da obra de Adília Lopes, os poemas foram coletados de Antologia (22) e Aqui estão as minhas contas: antologia poética (219) Da obra de Ana Cristina Cesar, a seleção foi realizada com base em Poética (213) A partir da seleção temática dos poemas escolhidos, a proposta foi entrever o formato de um projeto literário comum, que se estrutura com pilares semelhantes, como a busca infinita por um outro que se constrói na literatura, a leitura sincrônica do passado literário e a não hierarquização das referências intertextuais Todos esses aspectos conferem uma nuança dialógica e aberta aos poemas, além de dotá-los de um inacabamento interpretativo, tornando os sempre contemporâneosItem A animalidade e a condição humana : aspectos zooliterários em contos de Luiz VilelaTorre, Felipe Santos de; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Rodrigues, Rauer Ribeiro; Vieira, Miguel Heitor BragaResumo: Essa pesquisa consiste na análise de cinco contos de Luiz Vilela em que é pertinente a participação de animais enquanto personagens e reveladores de força motriz da condição humana À luz dos Estudos Animais, mais precisamente pela ótica zoocrítica, objetivamos verificar certos aspectos que ensejam o contato entre o ser humano e o animal nas suas mais diversas possibilidades, uma vez que a literatura é um campo privilegiado para debater e acessar as fronteiras e as pontes entre humanos e demais seres vivos As reflexões aferidas pelas análises de nosso objeto de estudo apontam um certo apreço, da parte do autor, por animais aviltados, socialmente desconsiderados pela comunidade humana, justamente porque tais seres colaboram para que seja manejado um discurso literário pela via preponderante do imprevisto, da desestabilidade e das crises por que passa o ser humano Dessa forma, procuramos verificar como certos contos de Luiz Vilela abordam a questão animal, e por ela, o próprio conceito de humanoItem A arquitetura de "Conversa de Bois", de João Guimarães RosaCaetano, Érica Antonia; Cézar, Adelaide Caramuru [Orientador]; Fortes, Rita das Graças Félix; Corrêa, Alamir AquinoResumo: A presente Dissertação tem como objetivo analisar a arquitetura de “Conversa de Bois”, oitava narrativa do livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (198-1967) Essa narrativa apresenta-se como resultante de um conjunto de atuantes que propiciam ao narrador-erudito material para a feitura do conto Há, pois, nesta diferentes níveis O primeiro deles, nível extradiegético, diz respeito à feitura da narrativa Aí se situam os narradores-autores (fictícios): o narrador erudito não-nomeado, que estrutura o conto; Manuel Timborna, narrador-oral ou rapsodo, que contou a estória ao narrador-erudito; a irara, testemunha ocular e auditiva da viagem de Agenor Soronho e Tiãozinho, que, tendo caído prisioneira de Manuel Timborna, só foi libertada mediante o relato minucioso da viagem a seu capturador No segundo, nível diegético, ou seja, o da estória em si, estão Tiãozinho e Agenor Soronho, os oito bois do carro, a irara, João Bala e os cavaleiros Por fim, no terceiro nível, hipodiegético, aquele no qual um personagem da diegese assume a narração de outra estória, encontram-se as outras estórias presentes em “Conversa de bois”, entre elas, a do boi Rodapião e a do boi Carinhoso Tendo em vista a presença de tais níveis, buscamos, nesta Dissertação , (1) descrever cada um deles, (2) oferecer a sua funcionalidade e (3) destacar algumas possíveis conexões entre um nível e outro Para isso, a obra Discurso da narrativa, de Gérard Genette ofereceu-nos a teoria-base para a objetivada leitura do conto rosiano Os resultados da pesquisa evidenciam que ao “desmontar” a narrativa em camadas nos aproximamos da compreensão do todoItem As paisagens diarísticas de jonas mekas: exílio, memória e a busca de um lar(2023-06-28) Ferreira, Carla Caroline; Marques, Bárbara Cristina; Lima, Sheila Oliveira; Beretta, Laysa Louise SilvaEsta dissertação investiga a relação entre paisagem, exílio e memória em duas obras do cineasta e escritor lituano Jonas Mekas – I had nowhere to go. Diary of a displaced person, diário escrito entre 1944 a 1955, publicado em 1991, e o filme-diário Reminiscences of a journey to Lithuania (1972). Embora a filmografia de Mekas ocupe um lugar importante nos estudos de cinema no Brasil, sua produção literária é pouco conhecida, inclusive sem tradução em língua portuguesa. Mekas, que faleceu em janeiro de 2019, aos 97 anos, produziu uma obra extensa e bastante diversa incluindo inúmeros filmes, poemas, cadernos de desenhos, diários, crítica de cinema e das artes em geral. Seu diário escrito compreende um período importante de sua trajetória enquanto sujeito desterrado, desde sua ida aos campos de trabalho forçado, na Segunda Guerra, até os primeiros anos de sua chegada em Nova Iorque, lugar onde se manteve até sua morte. Toda obra de Mekas é tocada pelo exílio e pelo sentimento de não pertencimento. No entanto, I had nowhere to go. Diary of a displaced person pode ser tomado como objeto fundante de um gesto político-estético que, de saída, marca sua produção no limiar do fragmento da memória, na compreensão do ser exilado e desterrado e na insistência pelas formas diarísticas. Diante disso, essa dissertação propõe-se a analisar como o exílio se manifesta na obra de Mekas e de que forma as imagens paisagísticas são construídas e se relacionam com sua memória e com a busca por pertencimento.Item Aspectos culturais e políticos da obra "Jubiabá" de Jorge AmadoMussi, Maria Leonor Bello; Adolfo, Sérgio Paulo [Orientador]; Batista, Raimunda de Brito; Silva, Joaquim Carvalho daResumo: A obra de Jorge Amado, datada de 1935, foi escolhida como alvo dessa pesquisa, por ser o primeiro romance do autor que possui como um dos aspectos o Candomblé, por intermédio do pai-de-santo Jubiabá, guia espiritual do negro Antônio Balduíno, herói popular dos anseios de integração dos negros à sociedade brasileira A obra é permeada de trechos poéticos, amores e ideais de uma sociedade mais justa As tradições afro-brasileiras são vistas tendo como cenário a Bahia, e com predominância das falas saídas da periferia, representando a pobreza em seus vários aspectos e encobrindo-a com cores do romance heróico, utilizando como exemplo a denúncia da exploração capitalista, mas também voltado para a elevação do herói positivo que tem sua trajetória rumo à consciência e à transformação social O romance foi publicado em Portugal e traduzido para vários idiomas, também houve adaptações para o teatro, novela, rádio, cinema, televisão e história em quadrinhos A literatura de Jorge Amado desta primeira fase produz transformações vividas pelo país, e mais que isso, indaga o tempo histórico de sua inserção, revelando empenho em compreender e participar desse tempo consagrado e voltado para a construção do futuro A proposta desta pesquisa firmou-se em torno da relação entre a cultura afro-brasileira em seus vários aspectos, tais como: histórico, político, cultural e social e da construção da obra literária com caráter de denúncia social, colocando o negro como instrumento mediador entre o preconceito de cor e a luta por igualdade Para tanto as partes foram assim distribuídas: 1a: origem e designação dos cultos africanos no Brasil: as casas de candomblé, pais e mães de santo, os Orixás e as macumbas do pai Jubiabá; 2a: Jorge Amado: a influência política, importância de sua participação no Partido Comunista Brasileiro e a escrita de Jubiabá; 3a: análise da narrativa: descrição dos terreiros, celebrações, literatura popular, as relações entre os personagens e estudo pormenorizado da obraItem O ato e o fato : a crônica política de Carlos Heitor ConySimões, André de Freitas; Simon, Luiz Carlos Santos [Orientador]; Bueno, Raquel Illescas; Pascolati, Sonia Aparecida VidoResumo: Este trabalho se detém sobre o livro O ato e o fato, de Carlos Heitor Cony, volume de crônicas escrito e publicado em 1964, contendo exclusivamente textos de crítica ao regime militar brasileiro instaurado naquele ano A obra é analisada como parte integrante da produção cronística nacional, conquanto tenha características que fujam do modelo padrão de transferência da crônica do suporte jornal ao formato livro Essas peculiaridades são esmiuçadas, situando o livro como um fato literário que também se sustenta como documento histórico e teve papel transformador na carreira do escritor ConyItem Augusto de Campos no século XXI: análise de (in/ou/ex)traduções(2023-09-29) Migotto, Matheus Willian; Vieira, Miguel Heitor Braga; Correa, Alamir Aquino; Contani, Miguel LuizAugusto de Campos é o único dos três poetas fundadores do concretismo brasileiro ainda vivo. Internacionalmente conhecido e estudado, já recebeu dois prêmios Jabuti, o prêmio Pablo Neruda, o Grande Prêmio de Poesia Janus Pannonius, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cultural e o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Dada a relevância do escritor, sua extensa produção e contribuição à literatura brasileira, este trabalho objetiva investigar as “intraduções” mais recentes de Augusto de Campos e os diferentes processos de tradução intersemiótica nelas envolvidos. Tais trabalhos são recriações, reconfigurações, traduções criativas, ou como denominou Haroldo de Campos, “transcriações”, realizadas por Augusto de Campos a partir de diferentes sistemas sígnicos, podendo contar como textos-fonte, inclusive, obras artísticas não verbais. Assim, esta pesquisa pretende responder à seguinte questão: nos textos analisados, quais os elementos semióticos e as relações estabelecidas entre eles que permitem transladar signos e interpretantes de uma obra para outra, e que correspondência subsiste, em maior ou menor grau, entre ambas? Para tanto, são utilizados, principalmente, os conceitos de semiótica de Charles Sanders Peirce [1931;1935]/(2010), de tradução intersemiótica de Julio Plaza [1987]/(2010) e de transposição intersemiótica e intermidialidade explorados por Clüver [1989]/(2006). Para a consecução dos objetivos propostos, este trabalho se divide em três capítulos. No primeiro, é abordada a trajetória de Augusto de Campos, suas premiações e uma fortuna crítica da obra mais recente do autor. No segundo, apresentam-se as teorias de tradução, semiótica americana e intermidialidade que embasam a investigação dos textos que compõem o corpus desta pesquisa. No terceiro, realizam-se a discussão e a análise dos referidos textos. Por fim, são sugeridos alguns caminhos de continuidade para esta pesquisa tanto no sentido de aprofundamento do corpus quanto no uso de outras abordagens para estudo de uma poemática que, ao longo de toda sua história, não se deixa conter por nenhum formato, mas que se apropria das mídias e tecnologias emergentes, sempre atualizando suas formas de expressão e criando novos signos e inter-relações.