"As academias de Sião" : uma desconstrução do paradigma da androginia balzaquiana

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Santos, Cíntia Machado

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Resumo: O arquétipo do andrógino constitui, de acordo o Dicionário de símbolos (212), de Chevalier e Gheerbrant, a figuração antropomórfica do ovo cósmico encontrada no alvorecer de toda cosmogonia, como também no final de toda escatologia, figurando nas mitologias de todas as culturas ao redor do mundo; caracterizando, sobretudo, uma espécie original de ser humano e um ideal de perfeição a ser alcançado/restaurado pela espécie humana Paradoxalmente a esta noção de totalidade e perfeição, Miguet (22) afirma que a figura arquetípica do andrógino evoca também a imagem da cisão do ser em termos cosmogônicos, resultante de uma queda que distancia o indivíduo da divindade Neste sentido, o andrógino personifica, de igual maneira, tanto a integralidade do homem, quanto a noção da dualidade de um mundo das aparências, a ânsia de salvação e de restauração da fusão com a realidade divina, a busca pela unicidade fundamental Como trabalho vinculado ao projeto O fantástico na contística do século XIX, coordenado pelo docente Adilson dos Santos, no Programa de Pós-Graduação em Letras, área de concentração de Estudos Literários, na linha de pesquisa de Literatura comparada, esta análise teve como objetivo realizar a leitura comparativa das obras Seráfita (1836) e “As academias de Sião” (1884), tomando como base o texto balzaquiano, tido como paradigma da representação da androginia na literatura para aprofundar a análise do símbolo no conto machadiano Na literatura, o grande modelo de representação do andrógino é Seráfita, do escritor francês Honoré de Balzac O texto balzaquiano não deixa dúvidas quanto ao caráter judaico-cristão na sua concepção do percurso do homem para realização da perfeição espiritual, e também da sua incapacidade para acessar a real natureza do mundo e da divindade, trazendo por traz do tema uma perspectiva doutrinária e pedagógica, especialmente no que tange ao papel da mulher na sociedade Apesar de se contrapor marcadamente ao andrógino paradigmático balzaquiano, o andrógino de Machado de Assis traz em si elementos arquetípicos da representação que marcam tanto referência ao mito quanto sua relação com o romance do escritor francês Deste modo, as confluências entre os textos aqui comparados, a saber, o tema da androginia, a ênfase na face feminina deste andrógino e a evocação da capacidade da ciência e da razão humana em responder a determinadas questões revelam duas diferentes percepções da realidade social e ideológica do século XIX Enquanto Balzac defende os pressupostos cientificistas e deterministas tanto no delineamento das suas personagens como na estrutura da sua narrativa, Machado de Assis os desestabiliza, delineando, de modo dissimulado e oblíquo como lhe é característico, uma crítica tanto ao cientificismo como à própria estética realista em seus aspectos doutrinador, simplificador da realidade e determinista

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Palavras-chave

Literatura comparada, Francesa e brasileira, Literatura comparada, Brasileira e francesa, Androginia (Psicologia), Doppelgängers

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