01 - Doutorado - Geografia
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Item Pequenas cidades na rede urbana de Ourinhos-SP: agronegócio e especialização produtiva.(2019-04-17) Dias, Franciele Miranda Ferreira; Fresca, Tânia Maria; Silva, Márcia da; Ely, Deise Fabiana; Fraga, Nilson César; Bragueto, Cláudio RobertoO objetivo do trabalho foi analisar as diferentes inserções das pequenas cidades de Canitar e Santa Cruz do Rio Pardo na rede urbana de Ourinhos-SP e em outras redes. Buscou-se: 1) Compreender as funcionalidades dessas cidades em diferentes recortes temporais, compreendendo a gênese das pequenas cidades da rede urbana de Ourinhos até 1950; as transformações que as cidades e a rede urbana passaram entre 1950 e 2016, quanto às mudanças econômicas que as pequenas cidades apresentaram em decorrência da intensificação da divisão territorial do trabalho; 2) Analisar as singularidades das pequenas cidades, sendo Canitar cuja economia é pautada no cultivo da cana-de-açúcar e Santa Cruz do Rio Pardo, cidade caraterizada pela especialização funcional na indústria do beneficiamento do arroz; 3) Analisar como municípios cuja captação de recursos econômicos é pequena podem manter as atividades urbanas quanto à infraestrutura e serviços básicos. O caminho metodológico utilizado consistiu no conceito e método da formação socioespacial, rede urbana e pequenas cidades os quais foram correlacionados com os dados e informações obtidas nos levantamentos de campo. Compreendeu-se que as modificações que as pequenas cidades passaram em decorrência da modernização agrícola de meados da década de 1970 resultaram em diferentes inserções na rede urbana de Ourinhos e em outras redes, completando que apesar das pequenas cidades serem parte do menor escalão urbano, não é possível generalizá-las quanto ao papel na atual divisão territorial do trabalho. Canitar caracteriza-se por ser uma pequena cidade cuja centralidade é reduzida, tem a função de reservatório de mão-de-obra e o espaço rural é ocupado amplamente pelo cultivo da cana-de-açúcar, sendo a única atividade econômica relevante. Em decorrência disso, Canitar não possui importância nos setores secundário e terciário apoiando a economia municipal na cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Santa Cruz do Rio Pardo desenvolveu a especialização na indústria de beneficiamento de arroz, o que lhe confere uma dinâmica econômica distinta de Canitar. A especialização produtiva acerca da indústria de beneficiamento de arroz refere-se à quantidade beneficiada, transformando Santa Cruz do Rio Pardo no maior polo brasileiro de beneficiamento desse grão, com exceção do estado do Rio Grande do Sul, líder no setor. Também, em função da especialização produtiva desenvolvida, a cidade apresenta relações econômicas que ultrapassam o âmbito da rede urbana de Ourinhos.Item Análise de anomalias hidrogeoquímicas do elemento flúor na bacia hidrográfica do baixo Tibagi - PR e relações com a saúde bucal(2022-05-25) Barbosa, Glauber Stefan; Pinese, José Paulo Peccinini; Vendrame, Pedro Rodolfo Siqueira; Gradella, Frederico dos Santos; Santos, Maurício Moreira dos; Rocha, Paulo CesarO flúor como elemento químico ocorre na natureza de forma geogenética, ou seja, naturalmente. Pode estar presente em maior ou menor quantidade, dependendo do contexto das fontes geológicas e dinâmica hídrica, através do intemperismo das rochas. A fluoretação no sistema de gestão das águas, iniciaram-se a partir da década de 1970 no Brasil, onde o principal objetivo é o combate a cárie, no entanto, o consumo de altos teores de fluoretos podem desenvolver a fluorose dentária. Análises de águas superficiais e subterrâneas na porção norte/nordeste paranaense evidenciaram anomalias geoquímicas presentes nas águas superficiais e subterrâneas, para diversos elementos químicos, dentre eles, o elemento flúor. Para este, por sua vez, foram detectados valores que conflitam com a legislação, onde estudos apresentaram concentrações até dez vezes maiores que o recomendado pelo Ministério da saúde (Portaria Nº 635/BSB, de 26 de dezembro de 1975), prejudicando a saúde principalmente bucal, da população consumidora deste recurso. O presente estudo tem como objetivo, diagnosticar a situação hidrogeoquímica nas águas subterrâneas e superficiais da bacia hidrográfica do baixo Tibagi – PR na busca de compreender o atual cenário de risco a saúde coletiva em especial à saúde bucal e qualidade ambiental. A principal fonte de dados do presente trabalho, foi disponibilizada pela plataforma online, via SISAGUA, onde complementarmente foram realizadas coletas em in loco, objetivando ampliar a deficiência de amostras do referido banco, buscando a identificação de anomalias das águas subterrâneas da região, comparando-as à sua sazonalidade. No primeiro momento foi realizado análise de dados primários, onde foram coletados 70 pontos amostrais de água subterrânea em poços tubulares, em dois períodos (verão e inverno) distribuídos na bacia hidrográfica do baixo Tibagi, seguida de análises laboratoriais para o elemento flúor, através da técnica da Potenciometria Direta no laboratório de Química e Geoquímica da Universidade Estadual de Londrina. Com a finalidade de caracterizar a distribuição do elemento flúor. Municípios como Assai e Congonhinhas, apresentaram teores de flúor com valores muito acima do recomendado pelo Ministério da Saúde, chegando a uma concentração de 9,69 mg/L para o elemento. Com essas informações foram possíveis gerar mapas de riscos à perfuração para o elemento Flúor. No segundo momento foram analisados a distribuição e consumo de fluoretos em águas superficiais e subterrâneas disponibilizados pelo SIAGUAS, entre os anos de 2017 a 2021, totalizando 5.343 amostras de fluoretos, em 32 municípios selecionados. De posse destes dados, realizou-se estatística descritiva e técnicas de geoprocessamento para espacialização do elemento flúor, para conhecimento do comportamento e origem das anomalias geoquímicas. Do total de amostras analisadas, 49% se encontraram dentro do valor indicado pela portaria (0,6 – 0,8 mg/L), 40% das amostras acima do recomendado e 11% abaixo do recomendado, ou seja, 51% do total de amostras encontram-se fora dos valores recomendados.Item Os desafios na realização do curso de formação em educação ambiental crítica para a rede municipal da educação de Jataizinho - PR(2022-05-31) Massi, Clarissa Gaspar; Torres, Eloiza Cristiane; Gomes, Luciano Nardini; Santos, Maurício Moreira dos; Maia, Jorge Sobral da Silva; Loureiro, Carlos Frederico BernardoO presente estudo abordou o cenário histórico e contraditório da problemática ambiental e da Educação Ambiental - EA, articulando-o às concepções que fundamentam o processo educativo. Ao avaliar o cenário histórico e a construção das políticas públicas da EA, este foi sofrendo transformações no decorrer dos anos em razão das influências neoliberais, verificando-se um silenciamento ou ocultamento da EA nos últimos anos. Demonstrou-se que as políticas públicas, como por exemplo a Base Nacional Comum Curricular - BNCC, e as determinações internacionais para delineamento de políticas públicas brasileiras, induzindo a uma percepção ideológica à educação escolar, à formação e a atuação docente e à EA, sem considerar pela emancipação humana. Em seguida, foi discutido sobre os desafios da realidade da EA nas escolas, ultrapassando pelas fontes de informação que os professores buscam para desenvolver o processo educativo ambiental, as fragilidades das políticas públicas de cunho neoliberal, as pressões do setor privado na educação pública e a formação continuada proporcionada aos professores atuantes. A peculiaridade em empregar a EA Crítica no presente trabalho é fundamentada no Materialismo Histórico-Dialético, como um instrumento para a práxis pedagógica baseando-se no entendimento de que ela pode oferecer contribuições para que as professoras envolvidas no processo pudessem evidenciar a integração envolvendo a sociedade e natureza. Deste modo, o objetivo geral foi de desenvolver um curso de formação utilizando a abordagem crítica de educação ambiental junto as professoras nas escolas municipais de Jataizinho-PR. A tese que se defende neste estudo foi que o curso de formação de professoras em EA se paute na perspectiva crítica como fundamentação para compreender o enfrentamento de elementos concretos que constituem o processo formativo como está inserido na realidade atual. Indica-se a importância da participação da Diretoria do Meio Ambiente, Diretoria da Educação e do Ministério Público, para que os projetos de EA sejam efetivos, e que podem ser realizados de maneira permanente, interdisciplinar e inclusive fora das salas de aula. Além de considerar o real papel do trabalho docente, qual seja, o compromisso com a formação e a emancipação humana. Deste modo, torna-se possível ter avanços na formação e ação docente no que concerne à práxis revolucionária da Educação Ambiental CríticaItem Variabilidade pluviométrica na bacia hidrográfica do Rio Preto e Paraibuna (MG/RJ): estruturas, dinâmicas e fluxos(2022-07-06) Oliveira, Daiane Evangelista de; Ely, Deise Fabiana; Lohmann, Marciel; Limberger, Leila; Ferreira, Cássia de Castro Martins; Jardim, Carlos HenriqueA variabilidade pluviométrica de uma região é a materialização das interações entre a atmosfera e o ambiente, no tempo e no espaço, que se caracterizam pelas distintas tipologias de tempo e clima e se diferenciam de um local para outro. Tais relações ocorrem de forma hierárquica e multiescalar, pelas conexões e sobreposições entre forçantes, e se configuram conforme os componentes do seu sistema climático, que são suas estruturas, dinâmicas e processos. Neste contexto, o objetivo da presente tese foi caracterizar a variabilidade espacial e temporal das chuvas da Bacia Hidrográfica do Rio Preto e Paraibuna, com ênfase para seus períodos secos e chuvosos, para a partir daí confirmar ou refutar a existência de um regime de chuvas de monções enquanto um dos fatores responsáveis pela distribuição temporal de tal elemento meteorológico; e, também, compreender o papel do relevo como uma das estruturas capazes de organizar e diferenciar espacialmente os regimes. Na busca pela concretização deste objetivo foi realizado um levantamento de dados meteorológicos (série 1950-2018), topológicos e atmosféricos, a partir dos quais fez-se a identificação dos regimes anuais e interanuais das chuvas; dos padrões hipsométricos; e dos principais fluxos atmosféricos em escala continental (América do Sul). As bases de dados utilizadas foram os registros pluviométricos disponibilizados pela Agência Nacional das Águas (ANA), as imagens geotopo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e as informações atmosféricas obtidas através da National Oceanographic and Atmospheric Administration (NOAA). Os procedimentos metodológicos adotados se dividiram em: organização, síntese e apresentação de dados tabulares; e mapeamento das feições atmosféricas e de superfície. Os resultados indicaram haver dois períodos climáticos bem definidos, com o início do período chuvoso na pêntada de número 30 (26 a 30 de maio) e o do período seco na 54 (23 a 27 de setembro), o que confirma a inserção da bacia no Sistema de Monções Sul-americano. Foi identificado um padrão espacial de Oeste para Leste, que se manifesta na duração destes períodos e na distribuição dos acumulados anuais e diários de chuva, os quais possuem correspondência direta com os padrões hipsométricos, havendo locais em que a sazonalidade das chuvas é menos ou mais perceptível. Concluiu-se, portanto, que a bacia hidrográfica do rio Preto e Paraibuna está entre os locais que integram o regime de monções Sul-americano, mas que o relevo é um delimitador de unidades climáticas na bacia, diferenciando, localmente, áreas com maior ou menor imponência do regime monçônico, confirmando, portanto, a hipótese inicial da pesquisaItem Geo [grafias] poéticas: entre educação e modos sensíveis de habitar(2022-12-14) Araujo, Danieli Barbosa de; Moura, Jeani Delgado Paschoal; Marandola Junior, Eduardo José; Gratão, Lúcia Helena Batista; Fernandez, Pablo Sebastian Moreira; Antonello, Ideni TerezinhaImersos em uma experiência primitiva e telúrica da terra, experimentamos sua intimidade material, um enraizamento, uma espécie de fundação da realidade geográfica, reafirmando que o espaço geográfico não é somente superfície, implica profundidade (DARDEL, 2011) dada não somente pela percepção cognitiva, mas encontrada em experiências sensíveis corporificadas. A presente tese busca inquietar o legado colonial da objetividade, que fomenta a visão dicotômica sujeito-objeto, oferecendo a possibilidade de (re)pensar um habitar poético da terra, por meio de um fazer geográfico perpassado pela geopoética. O fio condutor desta tese está no entendimento de que a geopoética imprime em si uma educação estética de mundo, uma educação dos sentidos e da percepção sensorial, capaz de reinventar e fazer emergir novos modos de pensar e habitar os ambientes. Enquanto ferramenta para compreender e expressar nossa relação com o mundo, a geopoética permite acessar os simbolismos e significações inerentes à paisagem e reconhecê-las enquanto base fundante do conhecimento, reafirmando que nossa relação terrestre não pode ser inteiramente compreendida por leis invariáveis e universalmente válidas. A problemática da pesquisa busca elucidar: quais as possíveis contribuições da geopoética na constituição de um fazer geográfico atravessado por um senso estético, poético e pedagógico de mundo? Neste exercício, comungando do desejo de encontrar formas genuínas de se conectar a terra, vislumbro pela geopoética, na linha formalizada por Kenneth White e relida em uma aproximação com a Geografia, em especial com a geograficidade dardeliana, caminhos para promover um fazer geográfico que resgate nossa inteligência nativa com a Terra, um habitar com intencionalidade original. Esta pesquisa qualitativa de natureza exploratória, em uma perspectiva da Geografia Humanista, envolveu pesquisas bibliográficas e de campo de forma amalgamada. Como resultados, essa tese apresenta um esforço narrativo de fundar mundos para além de interpretações sentimentais, com atravessamentos entre relações particulares com os lugares e experiências coletivas que revelam o “espírito do lugar”, no campo de uma ética que reconhece um solo comum (Terra) e modos inteligentes de habitá-lo. Com a geopoética convidamos a uma imersão ao nomadismo intelectual, um encontro físico com os lugares e um novo modo de caminhar no/pelo mundoItem Paisagens, lugares e trilhos: permanências e memórias em cidades da alta paulista(2023-02) Ribeiro, Cássia Regina Dias; Oliveira, Edilson Luis de; Moura, Jeani Delgado Paschoal; Lima, Jamile da Silva; Bartalini, Vladimir; Oliveira, Christian Dennys Monteiro deResumo: A instalação dos trilhos do prolongamento do Ramal de Agudos, da Companhia Paulista de Estrada de Ferro (CPEF), no espigão dos Rios Peixe/Feio Aguapeí, na região da Alta Paulista, colaborou na transformação e configuração da paisagem. A expectativa da chegada dos trilhos condicionou a localização e o traçado dos núcleos urbanos. Na maioria das cidades, compreendida entre o trecho de Garça a Pompeia-SP, a linha ferroviária atravessou a malha urbana, propiciando movimentos pendulares diários e condicionando diversas ações cotidianas. Nesse contexto espacial, encontram-se histórias de vidas constituídas pelas experiências vividas. Lembranças gravadas na memória que condicionam a forma de ver e perceber o mundo. Dessa forma, o objetivo geral da tese consiste na averiguação da conexão e da dinâmica das especificidades dessa paisagem com as experiências vividas, gravadas em nossas memórias. Para obtenção dos resultados esperados, os procedimentos para coleta e análise de dados foram: as referências bibliográficas, que permitiram analisar e compreender os conceitos essenciais para a construção do referencial teórico; a pesquisa documental e os testemunhos, coletados através de dezessete entrevistas semiestruturadas e cinco cartas, que possibilitaram investigar as experiências vividas e entrelaçar os rastros documentários com os afetivos. Na busca em decifrar os sentidos das narrativas, utilizou-se como respaldo filosófico o método hermenêutico fenomenológico elaborado por Ricouer (1989). No decorrer da pesquisa ficou evidente a dialética entre memória individual, com um caráter subjetivo e privado, defendido por Bergson (1999) em sua fenomenologia da lembrança e com o conceito de “minhadade”, proposto por Ricoeur (2007) e a coletiva, condicionada ao pertencimento a um grupo social, proposta por Halbwachs (1990). O aspecto locacional das lembranças reforça a tese da relação intrínseca entre memória, paisagem e lugar e é possível perceber a concentração de lembranças associadas à ferrovia e, consequentemente, afirmar que os trilhos do prolongamento do Ramal de Agudos podem ser considerados um lugar memorável. No ato de recordar o indivíduo lembra-se de si e reconhece seu mundo, sua paisagem, seu lugar.Item Uma imagem do vale do Paranapanema: paisagem entre as posses de terras e a ferrovia.(2023-02-06) Anhesim, Aline Alves; Pereira, Adriana Castreghini Freitas; Torres, Eloiza Cristiane; Neves, Marco Antônio Soares; Tavares, Maria Goretti da Costa; Oliveira, Francisco Henrique deDiscute o caráter da paisagem cultural no vale do Rio Paranapanema, com enfoque na posse de José Teodoro de Souza. Apoia-se na análise documental e da legislação, análise iconológica de mapas, trabalho de campo e desenvolve a avaliação da paisagem cênica, identificação do caráter da paisagem, e finaliza com a caracterização, onde há a sistematização e descrição de unidades de paisagem. Contribui com a pesquisa paisagística no desenvolvimento de abordagem e sistematização a partir do objeto de estudo. Desenvolve mapeamento e discussão sobre a proteção da paisagem com a finalidade de fortalecer reconhecimento e proteção do patrimônio cultural regional. Rompe com a prioridade dada a Estrada de Ferro Sorocabana como propulsora do desenvolvimento e destaca a influência do Rio Paranapanema e dos posseiros na constituição do caráter da paisagem.Item As Margem Dos Rios Urbanos: percepção de Riscos nas ocupações irregulares de Londrina, Paraná(2023-02-28) Franco, Regina Magna; Moura, Jeani Delgado Paschoal; Moura, Jeani Delgado Paschoal; Antonello, Ideni Terezinha; Lima, Jamille da Silva; Bernardes, Maria Beatriz Junqueira; Bressani, Danielle de AlmeidaEsta pesquisa está voltada para a compreensão das experiências de riscos, vulnerabilidades e perigos ambientais nas ocupações irregulares nas margens dos rios urbanos de Londrina, Paraná, Brasil. O conceito de habitar é apresentado como inerente à condição humana originária, dada a impossibilidade de conceber o espaço em detrimento da existência. Os conceitos de lugar, geografia de riscos e vulnerabilidades na perspectiva humanista de base fenomenológica e suas interfaces teórico-metodológicas serão a base e fundamento da discussão para se compreender os sentidos que as pessoas atribuem à sua experiência de viver em áreas irregulares. A tese originou-se da necessidade de compreender a lógica das ocupações em áreas não apropriadas para a urbanização, tendo como eixo norteador a relação intrínseca entre homem-natureza. De um lado, temos as preocupações com a ocupação de Áreas de Preservação Ambiental (APPs) que levam a degradação da natureza, de outro, a problemática da exclusão social. Diante disso, a tese se pauta na premissa de uma lógica excludente que tenciona a população para a ocupações irregulares, gerando insegurança jurídica, social, ambiental e econômica, sem a garantia de seus direitos básicos. O recorte espacial para estudo foi a delimitação das ocupações irregulares em fundos de vale em Londrina, cujo estudo buscou promover uma visão integrada da relação da população com as margens dos rios urbanos, o seu lugar de morada. Como metodologia quanti-qualitativa foram realizados trabalhos de campo nessas áreas de ocupação irregular para observação direta e registros fotográficos e em caderneta de campo, entrevistas com moradores, além dos levantamentos de dados estatísticos e histórico-geográficos para a espacialização e mapeamentos do fenômeno estudado. A abordagem humanista é proposta como alternativa para o avanço na compreensão da geografia dos riscos, com foco na população de baixa renda que ocupa as margens dos rios como último refúgio para suprir as suas carências por moradias e demais necessidades básicas. A insuficiência de políticas públicas para o acesso à terra urbanizada é o elemento central que opera para o crescimento das ocupações irregulares, frente a alta demanda habitacional provocada por fluxos migratórios e intensa pobreza. Como resultados desta tese procuramos demonstrar a experiência urbana de habitar em risco de uma camada da população londrinense vulnerabilizada que vive em áreas irregulares de fundos de vale, culminando em um problema social e ambiental. Com isso, esperamos ampliar os estudos sobre a geografia dos riscos de modo a cooperar com discussões em torno da necessidade de implementação de políticas públicas habitacionais integradas as demais políticas públicas voltadas para temas de relevância social e ambiental.Item Eficiência de imagens obtidas por aeronaves remotamente pilotadas na quantificação de terraços agrícolas e uso da terra(2023-02-28) Guglielmi Junior, Pedro; Vendrame, Pedro Rodolfo Siqueira; Celligoi, André; Thomaz, Edivaldo Lopes; Gomes, Luciano Nardini; Adami, MarcosResumo: A demanda por dados confiáveis obtidos de forma rápida com baixo custo têm despertado o interesse pelo uso de Aeronaves Remotamente Pilotadas – ARP. A rápida evolução tecnológica das aeronaves e seus sensores têm propiciado ganhos expressivos de tempo e economia na obtenção de dados cada vez mais precisos. Concomitantemente, a quantificação da produção e a qualificação do uso do solo têm levado a uma melhor gestão na exploração do solo e do espaço rural em consonância com as demandas de conservação do meio ambiente. Este trabalho, utilizando imagens provenientes de levantamento com ARP, visou validar o uso de técnica de mapeamento e amostragem de segmentos uniformes buscando a quantificação e qualificação do terraceamento agrícola no município de Bela Vista do Paraíso no Estado do Paraná. Também buscou mensurar erros e desvios de classificação do uso do solo utilizando imagens de satélite dos principais sensores com oferta gratuita de imagens. Foram realizados 60 voos em 30 segmentos amostrais de 1x1 km, onde foram coletadas 13.740 imagens para realizar o mapeamento dos 3.000 ha do município. No total, foram mapeados 1.087 terraços que somaram 323.356 metros de extensão. Através de aplicação de técnicas de geoprocessamento, os resultados apontaram que apenas 4,7% dos terraços apresentaram uma distância vertical dentro da recomendação, enquanto que 52,6% apresentaram um espaçamento maior que o dobro da recomendação. Na aferição da classificação do uso do solo pelas imagens de satélite, em que foi considerado o mapeamento em imagem de ARP como testemunha, os resultados apontam que o sensor WFI do satélite CBERS-4, seguido pelo do sensor OLI do satélite Landsat-8 tiveram resultados mais aproximados ao mapeamento manual feito nas imagens de RPA. Sensores de maior resolução espacial tiveram um pior desempenho em comparação WFI e OLI no mapeamento de talhões uniformes de cultivo, enquanto que no mapeamento de talhões mais desuniformes os sensores com melhor resolução espacial:Pan-5, PAN-10 do satélite CBERS-4 e MSI do Sentinel-2 apresentaram um maior acerto na classificação. O ARP, unindo imagens em alta resolução e mapeamento manual obteve bons resultados, proporcionando uma precisão muito além do esperado. Aliado a técnicas de amostragem, o método empregado pode tornar-se uma opção econômica no sensoriamento de recortes espaciais extensos.Item Espaços abandonados - Londrina(2023-03-01) Bessa, Raíssa Galvão; Antonello, Ideni Terezinha; Pereira, Adriana Castreghini de Freitas; Monteiro, Evandro Ziggiatti; Moura, Jeani Gelgado Paschoal; Amaral, Maria Elisa Martins Campos doToda edificação traz consigo uma história. Muitas vezes são destacados os traços arquitetônicos que revelam uma estética e/ou época, mas há mais para além disso: os espaços são memórias de pessoas, famílias, comércio local, comunidades e até mesmo representam políticas públicas, seja da esfera municipal, estadual ou federal. Os espaços abandonados foram cemitérios vivos da história por anos, frequentemente indo ao chão para o moderno acontecer. Diante dessa realidade é que se propõe a presente pesquisa. Ver a cidade e seus espaços abandonados a fim de compreendê-los tendo como objetivo valorizar a memória e a história local. Utilizou-se o método regressivo-progressivo de Henri Lefebvre, no qual foi realizada a coleta dos documentos locais partindo do presente para perceber o passado e assim permitir olhar o futuro numa visão descolonizadora do município. Culminando no método Brecht de Fredric Jameson, que visa entrelaçar a arte e a ciência de forma crítica, política e de pesquisa-ação. Além dos métodos citados, usou-se o referencial teórico de autores como: Jan Gehl e Jane Jacobs que defendem um urbano humanista, François Ascher e Henri Lefebvre que abordam o espaço como produção de uma cidade capitalista, e outros que dialogam com o espaço urbano, sua memória e história. Assim adentrou-se em um universo para além da academia, escrevendo um projeto na lei de cultura municipal, aprovando-o, resultando em um curta-metragem, URBEX espaços abandonados Londrina, que foi exibido durante três dias de forma online, alcançando mais de 1.200 visualizações e posteriormente exibido no 24º Festival Kinoarte de Cinema, de modo presencial. Foram realizadas treze entrevistas, sendo três diálogos abertos com pessoas que se destacaram nas temáticas: sonora, cultural e de transformação de um espaço abandonado local; e dez organizadas em dois grupos focais de indivíduos: os que viram ao curta-metragem e os do entorno dos espaços abandonados. Verificou-se que as pessoas que assistiram ao material em audiovisual possuíam uma análise prévia, uma visão crítica e sensível ao assunto, relacionando memórias pessoais com os espaços da cidade; já as do entorno tinham uma abordagem prática e capitalista sobre o abandono urbano. Percebeu-se que o objetivo foi alcançado quando houve um trabalho de sensibilização por meio da arte. Uma das formas dos espaços abandonados significarem para história local é existir pesquisa-ação gerando consciência e possibilitando um movimento popular de resistência da memória coletiva.Item É proibido proibir: liberdade e ser no mundo na docência em geografia(2023-03-07) Ramos, Débora Jurado; Moura, Jeani Delgado Paschoal; Fonseca, Ricardo Lopes; Torres, Eloiza Cristiane; Risso, Luciene Cristina; Gonçalves, Amanda ReginaDelineamos a presente tese a partir de um texto afetivo que propõe ser uma leitura silenciosa e empática, problematizando o debate em torno de temas sobre a liberdade e o ensino de Geografia. Para tanto, tomamos o conceito de liberdade da filosofia existencialista sartreana, empregando-a na compreensão do ser educador e educando, discutindo questões como objetificação, autonomia, revolta, ideologia, projeto, profissionalização e, de maneira menos efetiva a decolonialidade. O objetivo é identificar a liberdade a partir de seu conceito existencialista, no dia a dia docente, tanto sua efetivação na profissionalização quanto suas contribuições para o ensino de Geografia. A temática nos parece sensível à atualidade, sobretudo a respeito da reflexão sobre o isolamento social, a falta de fraternidade e as tentativas de controle dos sistemas de ensino nacional, que a todo tempo desqualifica o profissional educador. Assim, tomando o ensino como um meio de comunicação e um dos instrumentos de controle e manutenção do status-quo, e analisando os indivíduos que dele participam como seres-para-si, buscamos uma outra forma de diálogo e compreensão, pautada na ciência, mas também na arte e na subjetividade. Por isso, optamos por uma escrita que não a comumente utilizada na ciência geográfica. Para nós, pareceu que o debate acerca da questão da liberdade e sua relação com a geografia só poderia ser realizado a partir da liberdade da escrita, trazendo a esta tese aspectos da subjetividade humana manifestados em diferentes produções científicas e artísticas. Portanto, caro leitor, você será direcionado lentamente ao centro do debate sem apressamento, trilhando um caminho que fora pensado para oportunizar a reflexão e a subjetividade a partir da filosofia, da pedagogia e da ciência geográfica. Tendo em vista nosso objetivo, realizamos coletas de dados em diferentes formatos: entrevistas em grupo e individualizadas; encontros propositais ou acidentais e observação silenciosa do ambiente escolar, para apreender como professores de Geografia entendem a liberdade e a aplicam em suas aulas. Também lancei mão da minha experiência enquanto professora da rede pública de ensino em escola bilíngue Português/Libras, tendo em vista que nesta narrativa de fenômeno, a vivência de professora se confunde com a de pesquisadora e tal fusão faz parte do método de pesquisa utilizado, a fenomenologia. E o que podemos concluir? Que apesar de não haver total concordância entre a essência de liberdade atribuída por profissionais da educação entrevistados com o conceito sartreano, ainda assim há diversas confluências e que, ao final, a liberdade se efetiva a cada movimento docente em busca de uma revolução em pequena escala, aquela que ocorre ordinariamente em sala de aula, na busca constante por fazer em cinquenta minutos um momento de aprendizado autônomo, crítico e transcendente. Foi também em minhas vivências como educadora que encontrei a tal liberdade que procurava, percebendo que sou efetivamente livre em minha prática docente e, para além disso, havia algo nesta tese e na minha atuação que me guiam a novos caminhos, agora decoloniais. Também me parece caro ressaltar as problemáticas da efetivação da liberdade por subterfúgios e fissuras do sistema e não como um processo regido por uma política pública, gerando grande perda nos sentidos de formação dos indivíduos. Por esse motivo, não propomos soluções, generalizações e modelos, tal qual nos sugeriu a ciência produzida pelos nossos colonizadores, mas um caminho de diálogo e construção coletiva, em busca de um ensino de geografia libertador, autônomo, criativo, emancipatório e decolonialItem Migração e trabalho dos haitianos no Paraná (2010-2022)(2023-03-21) Nunes, Lineker Alan Gabriel; Antonello, Ideni Terezinha; Baltar, Cláudia Siqueira; Santos, Gislene Aparecida dos; Lima, Jamille da Silva; Brumes, Karla RosárioResumo: A migração haitiana para o Brasil, de natureza transnacional, advém de variados fatores explicativos oriundos da herança colonial francesa e, mais tarde, da vinculação político-econômica com os Estados Unidos, que situaram o Haiti historicamente como um país de emigração. Ademais, o enrijecimento da política migratória nos Estados Unidos e na Europa, o momento econômico vivido pelo Brasil nos anos 2010 e a atuação do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) aproximaram os dois países, fazendo com que o terremoto de 2010 se tornasse um divisor de águas que acelerou as relações já existentes entre as duas nações. No Paraná, o fluxo de haitianos se constitui o maior movimento migratório ocorrido em décadas. A difusão da população do país caribenho se deu por várias regiões do estado, adquirindo grande amplitude e tendo como elemento comum a busca por trabalho e melhores condições de vida. Nesse contexto, esta tese objetivou investigar a dinâmica da inserção do migrante haitiano no mercado de trabalho no Paraná e sua relação com as políticas públicas e demais esferas voltadas à inclusão territorial do migrante. Para tanto, a metodologia abrangeu a esfera teórica bibliográfica, passando pelo universo quantitativo até chegar à empiria, por meio da realização de entrevistas. Dividiu-se a pesquisa em dois grandes campos: o da migração e do trabalho, visando a abordar a questão da inserção laboral dos migrantes haitianos no Paraná e consequentemente das implicações disso, como as condições de trabalho, de moradia e de acesso à educação, haja vista que o trabalho é elemento central que permeia as demais condições para a migração. A partir da pesquisa de campo e das informações quantitativas reunidas, dividiu-se o Paraná em três territórios do trabalho: Oeste e Sudoeste (polarizado por Cascavel, Toledo e Pato Branco), Norte (Polarizado por Maringá, Londrina, Cambé e Rolândia) e Leste (Polarizado por Curitiba). Trabalho, racismo, xenofobia, dificuldades para afirmação no território e desafios quanto ao trabalho de mulheres haitianas, atuação de entidades que atuam com os migrantes e conquistas dos haitianos no Paraná estão entre as questões abordadas na pesquisa.Item Conhecimento para a ação: educação ambiental por meio de ações didáticas interativas(2023-06-19) Bomfim, Caroline Hatada Lima; Torres, Eloiza; Pacheco, Jucélia Macedo; Gomes, Luciano Nardini; Santos, Maurício Moreira dos; Souza, Sirius Oliveira; Bosco, Tatiane DalNos dias atuais, as discussões sobre meio ambiente equilibrado, sustentabilidade e proteção ambiental vem cada vez mais ganhando atenção, seja na mídia, nas pesquisas acadêmicas ou em sala de aula. Discorrer sobre as questões ambientais vai muito além das parcerias entre instituições público-privadas, mas também está relacionada ao papel da sociedade, e o que cada um deve fazer, enquanto cidadãos, para promover a proteção ambiental. O que de fato se busca é um meio ambiente equilibrado, e muitos pesquisadores afirmam que a chave para alcançar este objetivo é através da educação ambiental (EA). Dessa forma, esta tese está dividida em Capítulos, apresentada em formato de 2 artigos. O primeiro artigo corresponde a elaboração e validação de um material paradidático voltado para a EA a cerca dos resíduos sólidos. Este material foi pensado para que fosse complementar ao conteúdo curricular proposto pelo Ministério da Educação, e aplicável dentro de sala de aula, capaz de incentivar a aprendizagem, fazendo com que o aluno tenha mais interesse pelo aprendizado e estudo do tema. Evidenciamos que o professor tem papel importante para a promoção da EA, porém, enfrentam o desafio de ensinar sobre o que vai além do currículo base, além da difícil tarefa de, muitas vezes, não possuírem materiais e recursos disponíveis para tais ações, apesar da vontade de contribuir. O segundo artigo visou uma EA voltada para o conhecimento sobre os ambientes internos. Através de um artigo de Revisão Rápida, mapeamos iniciativas publicadas em revistas que utilizam o monitoramento de CO2 em espaços educacionais internos como forma de sensibilização e educação sobre o meio ambiente. O CO2 pode ser utilizado como um proxy para ventilação e, consequentemente, ajudar a detectar problemas na ventilação e possíveis riscos de contaminação por doenças de transmissão aérea. Ambos os artigos enfatizam como o conhecimento é importante para a tomada de decisão, e como ele pode ser construído através da EA. Incentivar a participação dos alunos e da comunidade como um todo através do uso de materiais paradidáticos para a promoção da EA, ou o uso de equipamentos de medição de CO2 para o melhor conhecimento sobre os ambientes internos, por exemplo, pode ajudar no maior entendimento sobre o meio ambiente, e, de fato, refletir em discussões que levem a sociedade ao verdadeiro desenvolvimento sustentável.Item A COVID-19 na conurbação Paranaense Cambé – Londrina – Ibiporã: análises geoespaciais para o início da pandemia de SARS-COV-2 (2020)(2023-06-30) Santos, Willian da Silva; Pinese, José Paulo Peccinini; Pereira, Adriana Castreghini F.; Pieri, Flávia Meneguetti; Faria, Rivaldo Mauro de; Cunha, Lúcio José Sobral da; Caldarelli, Pablo G.A partir de 2020, as pesquisas ligadas à Covid-19 e sua disseminação têm sido impulsionadas por colaborações interdisciplinares. Nesse âmbito, a Geografia respaldada pelas geotecnologias, análises socioambientais e representações cartográficas, emerge como uma aliada nos esforços de investigação nas pesquisas em saúde. O propósito desta pesquisa é somar a este movimento buscando examinar a associação geoespacial entre a Covid-19 e os fatores sociais determinantes de saúde na conurbação paranaense Cambé – Londrina – Ibiporã (CCLI) durante o estágio inicial da pandemia em 2020. Neste recorte foram analisados n=27.087 casos e n=366 óbitos numa série temporal de 41 semanas epidemiológicas. Para atingir o objetivo, empregou-se uma variedade de técnicas de análise e representação cartográfica exploratória, bem como investigação geoespacial e estatística. Esse processo iniciou-se a partir da geocodificação de endereços dos casos confirmados com a doença. Os principais resultados desta pesquisa revelaram que a propagação da doença alcançou todas as áreas habitadas da CCLI, com uma notável concentração, correlação e prevalência observadas principalmente no eixo Centro-Sudoeste. Essa concentração foi mais pronunciada em bairros com alta verticalização, renda mais elevada e melhores padrões construtivos de habitação. Por outro lado, os óbitos estiveram associados a padrões construtivos mais simples, localizados em bairros periféricos, e apresentaram uma mortalidade mais acentuada no extremo norte da CCLI. Especificamente, identificou-se que a doença teve um impacto significativo em vendedores do comércio varejista, profissionais de saúde e na população idosa. A pesquisa conclui que a pandemia de Covid-19 na CCLI foi impactada por fatores socioeconômicos, nos quais apresentaram correlações significativas com a dinâmica espacial da doença e os indicadores de saúde. Essa constatação desempenha um papel relevante ao aprofundar a compreensão das características iniciais da doença na população, oferecendo um potencial estratégico para lidar com outras doenças emergentes e futuras pandemiasItem Geografia escolar e o ensino de cidade: os cartões - postais escolares (CPE) como possibilidade de ensino e aprendizagem de Londrina-Pr(2023-07-14) Perez, Liliam Araujo; Salvi, Rosana Figueiredo; Giordani, Ana Cláudia Carvalho; Copatti, Carina; Torres, Eloiza Cristiane; Veiga, Leia AparecidaResumo: Em pleno século 21 são muitos os enfrentamentos no atual cenário da educação brasileira. Mudanças nas políticas educacionais têm sido o foco de discussões acerca dos desdobramentos da atual implantação da Base Nacional do Currículo Comum- BNCC e Novo Ensino Médio. Diante da realidade diversa das escolas e da sala de aula, docentes se deparam com os desafios do ensino e aprendizagem. A Geografia Escolar e a Ciência Geográfica ao longo da sua história no Brasil, tem como defrontamento a renovação no/do ensino para se manter como disciplina básica nas últimas décadas, defendendo sua relevância para a construção de uma educação de significados e sentidos para escolares do Ensino Fundamental e Médio. Diante dessa realidade a pesquisa desenvolveu-se sofrendo a ação de mudanças na política educacional do estado do Paraná e sob o contexto dos resultados da pandemia da Covid 19 que interrompeu as atividades presenciais nas escolas. O objetivo geral da tese, desenvolvida dentro de tais limites, foi avaliar as emergências sobre o aprender na/da/a cidade de Londrina, advindas de uma prática pedagógica de elaboração de cartões-postais escolares (CPE) e compreender que percepções de Geografia/conceitos geográficos têm estes estudantes do ensino médio. De natureza qualitativa, a pesquisa fundamentou-se na Análise de Conteúdo, baseada em Bardin (1994; 1977; 2011; 2016), a qual possibilitou a exploração, análise e avaliação dos CPE produzidos a partir de uma sequência didática dividida em oito momentos. A elaboração de CPE com vistas ao conteúdo urbano oportunizou um olhar específico dos estudantes participantes da pesquisa sobre a cidade de Londrina concebido na perspectiva hibrida de ensino formal, não formal e informal. A análise evidenciou uma aprendizagem vinculada ao ensino formal de Geografia relacionada a aspectos locacionais da cidade de Londrina, tais como a identificação de bairros e lugares, a noção de distâncias e relações comerciais e culturais entre diversificados espaços e pessoas. Todavia, emergiram dados de uma aprendizagem informal propiciada pela prática de elaboração dos CPE, nos significados atribuídos a diferentes lugares da cidade de Londrina, representados por locais mais tradicionais como espaços de cultura, religião e lazer, até aqueles com vistas de paisagens urbanas repletas de grafites em muros e pontilhões. Ainda, emergiram dos olhares dos estudantes diferentes paisagens vistas de janelas de ambientes mais íntimos, representando o pôr do sol ou um aspecto comovente do espaço urbano. Conclui-se que a prática didática potencializou o ensino e o aprendizado a partir do aprender informal e espontâneo da cidade por meio da geografia escolar.Item Relação entre a mineralogia, paisagem e análise qualitativa das assinaturas espectrais de solos desenvolvidos de basalto(2023-09-13) Lima, Rosana Kostecki de; Vendrame, Pedro Rodolfo Siqueira; Pinese, José Paulo Peccinin; Santos, Mauricio Moreira dos; Santos, Glenio Guimarães; Souza, Vinicius VasconcelosResumo: A importância do solo no contexto geográfico se dá por ser um dos principais constituintes do meio físico-natural e integrante modelador das diferentes formas do relevo. A identificação de seus atributos físicos, químicos e mineralógicos são realizadas muitas vezes com o intuito de obter o conhecimento das classes de solos de determinada região e identificar a sua aplicabilidade no planejamento de diversas atividades. O estudo desses atributos aliados a dinâmica do relevo e a configuração da paisagem, permitem compreender melhor os processos de degradação, auxiliando na manutenção da capacidade produtiva dos solos e na correção de áreas já degradadas. A caracterização desses atributos físicos, químicos e mineralógicos podem ser realizadas pelos métodos analíticos tradicionais, no entanto, esses métodos são muito onerosos para se obter informações sobre grande quantidade de pontos de uma área. As geotecnologias e a espacialização de informações têm auxiliado em diversos ramos da ciência do solo e tornado o conhecimento mais ágil, e a espectroscopia Vis-NIR tem auxiliado na predição de atributos do solo. O objetivo central deste trabalho foi descrever e classificar classes de solos desenvolvidos de basalto no Estado do Paraná, determinando a textura e a mineralogia por métodos convencionais de análise, atrelando os atributos mineralógicos e relacionando as assinaturas espectrais no Vis-NIR das classes de solos desenvolvidos de basalto no Estado do Paraná a paisagem. Os resultados permitiram inferir no artigo 1 que dentre as classes pedológicas identificadas as assinaturas espectrais das três áreas foram comparadas e apresentaram picos em 1400, 1900, 2100, 2200 e próximos a 2400 nm, coerentes com os solos de basalto da região norte do Paraná. Os espectros da área 03 apresentaram certo distanciamento das outras áreas, podendo estar relacionado à presença de classes menos intemperizadas na vertente, como os Cambissolos. As assinaturas espectrais no Vis-NIR revelaram que a posição na paisagem foi mais expressiva em separar as assinaturas do que a classificação dos solos no potencial qualitativo, embora tenha apresentado discreta diferença também. No artigo 2 foi possível verificar que o mapeamento das classes de solos identificados até 4º nível categórico foi mais fidedigno a realidade do que o mapeamento realizado por outros autores no Paraná, com baixo nível de detalhamento. Os resultados da análise pedogeomorfológica e da paisagem permitiram delinear o uso e readequações da área de estudo, com sugestões que contemplem a integração dos recursos naturais e aspectos socioeconômicos. Os mapas de distribuições espaciais dos minerais, também permitiram uma visualização do transporte lateral de SiO2 de montante a jusante dos solos situados no topo e encosta, até as partes mais baixas da vertente conforme a declividade, com acúmulo de SiO2 no sopé. Os solos utilizados no artigo 02 foram classificados em Cambissolo Flúvico Tb Eutrófico gleissólico, Gleissolo Háplico Tb Eutrófico, duas trincheiras de Nitossolo Vermelho Eutroférrico típico e Cambissolo Háplico Tb eutrófico típico. As assinaturas espectrais, identificadas das camadas 60-80 cm dessas classes de solos, podem compor futuros bancos de dados espectrais pedológicos. Pois a diversidade de classes pedológicas identificadas contribuem significativamente para futuras pesquisas mais aprofundadas na compreensão relação solo paisagem na região e para a ciência como um todo.Item Complexidade Geográfico-econômica, Estrutura e Dinâmica Territorial da Piscicultura Brasileira(2024-03-06) Dias, Maico Eduardo Dias; Oliveira, Edilson Luis de; Silveira, Maria Laura; Castillo, Ricardo Abid; Castilho, Denis; Antonello, Ideni TerezinhaNo Brasil, nas últimas três décadas (1990 – 2023), a piscicultura (criação de peixes em cativeiro) tornou-se uma atividade econômica em ascensão. Sua difusão no território brasileiro tem sido impulsionada pela produção de tilápia (Oreochromis niloticus) em aglomerações espaciais de produtores. O objetivo central desta tese é analisar e explicar a estrutura territorial e a dinâmica da piscicultura brasileira. A metodologia de análise e comparação de aglomerações de produtores de tilápia está centrada na categoria analítica de complexidade geográfico-econômica. Para interpretar e explicar as formas e intensidades em que ocorre a apropriação dos recursos territoriais promovidas pela piscicultura, apoiamo-nos na obra de Milton Santos. Utilizamos com maior frequência os conceitos de circuitos espaciais de produção, círculos de cooperação e circuitos econômicos urbanos. Esses conceitos embasaram a metodologia de análise e, em especial, a categoria de complexidade geográfico-econômica, que serviu de base para comparação e classificação das aglomerações produtivas. A classificação resultante divide a tilapicultura brasileira em aglomerações produtivas monofuncionais, mesofuncionais e multifuncionais. A fase de investigação incluiu também trabalho de campo, durante o qual realizamos estudos de diferentes situações geográficas. Foram analisadas três aglomerações produtivas: aglomeração multifuncional do Oeste do Paraná, aglomeração multifuncional de Ilha Solteira (SP/MS) e aglomeração mesofuncional do Baixo São Francisco (BA/PE/AL). As conclusões a que chegamos revelam que a piscicultura brasileira está estruturada em dois extensos contextos regionais: o Contexto Regional Norte-Centro-Oeste com predominância da piscicultura nativa, e o Contexto Regional Nordeste-Centro-Sul com predominância de peixes exóticos. Neste último estão localizadas aglomerações de produtores de tilápia. Os diferentes níveis de complexidade geográfico-econômica de cada aglomeração revelam, em suas particularidades, o desenvolvimento desigual e combinado do território brasileiro. Essas particularidades dizem respeito principalmente às suas distintas densidades técnicas e informacionais, aos fluxos materiais e imateriais, à diversidade de atores específicos e à sua participação nos circuitos econômicos urbanos, aos processos de verticalização e horizontalização, à densidade das redes e proximidades de conhecimento.Item Os "escolhidos e os escorraçados", os povos tradicionais e a formação sócio-espacial de Santa Catarina : rompimentos das invisibilidades de caboclos e caboclas do Contestado na serra acima, pescadores e pescadoras do litoral na serra abaixoGross, Cristina Buratto; Fraga, Nilson Cesar [Orientador]; Gomes, Marquiana de Freitas Vilas Boas; Silva, Carla Holanda da; Lima, Ângela Maria de Sousa; Alves, Jolinda de MoraesResumo: Nesta tese, entendemos que para se compreender a gênese e a atual materialidade e a imaterialidade de um determinado espaço geográfico é preciso buscar na sua origem (raiz) os fatos e processos decorrentes dos movimentos da sociedade que resultaram nesse presente analisado E, neste caso, como os contraditórios movimentos políticos, econômicos e sociais ocorridos na formação sócio-espacial de Santa Catarina teriam resultado na desterritorialização de suas populações tradicionais e, consequentemente em sua invisibilização, tanto ao longo de sua construção histórica quanto na contemporaneidade Durante o processo histórico da formação sócio-espacial do estado de Santa Catarina, a busca pelo desenvolvimento econômico foi pautada pela opção aos interesses das elites em detrimento de seu povo, da base que lhe deu alicerce Isso é um “norte” do sistema capitalista, que aos poucos foi se engendrando pelo Estado, assim como pelo mundo, e criando desigualdades já no cerne de suas formações Desse modo, algumas questões nos vêm à mente, como por exemplo: no que as opções e decisões feitas pelo estado em sua busca pelo desenvolvimento resultou de fato em suas regiões e em sua população? O quê e quem se desenvolveu ou se des-envolveu? Existe, de fato, uma “identidade catarinense”? Como criar uma identidade única em um Estado que surge a partir da invasão e espoliação de terras dos seus povos originários? Um Estado que surge sobre o sangue derramado de milhares de pessoas e que, não satisfeito, apoia ainda uma guerra contra seus descendentes, a Guerra do Contestado, e a vinda de imigrantes europeus afim de, dentre outros objetivos, branquear sua população Uns escolhidos e outros escorraçados Contemporaneamente, o discurso sobre a identidade catarinense ainda passa uma falsa noção de unidade, de isonomia, tanto em suas características econômicas, quanto sociais e populacionais Por isso a necessidade de desconstruí-lo, haja visto que tanto em nossa pesquisa de mestrado quanto de doutorado temos percebido que isso não condiz com a realidade Essa falsa noção de homogeneidade também perpassa as características populacionais, onde o próprio Estado difundiu um discurso atrelado às políticas de branqueamento empregadas em alguns períodos da história nacional e estadual Tal discurso ainda é percebido especialmente através da mídia e das campanhas submetidas ao turismo Elas tentam vender uma imagem vinculada ao “padrão europeu” tanto dos lugares e das paisagens quanto da população, assim como da difusão do discurso de eficiência “desse” povo ao labor, do “povo ordeiro” que trouxe o desenvolvimento a Santa Catarina Discurso este que somado ao encobrimento dos fatos históricos que destituíram os povos tradicionais de seus territórios fez com que os mesmos fossem marginalizados/invisibilizados pela história oficial, e assim, também foi negada a sua importância dentro dos processos históricos e da formação sócio-espacial de Santa Catarina Diante de tais aspectos é que optamos por trabalhar metodologicamente com a categoria da formação sócio-espacial pautada especialmente em Milton Santos (1977, 1982) a fim de descortinar os processos de desterritorialização e invisibilização de duas comunidades tradicionais catarinenses: uma na vertente litorânea, os pescadores (as) artesanais em Penha e, a outra, na vertente do interior, os caboclos (as) do Contestado, em Lebon Régis Esta escolha se deve ao fato de acreditarmos que os territórios tradicionais e sua posterior desterritorialização são elementos inerentes a formação sócio-espacial catarinense e foram diretamente atingidos pelos processos decorrentes dessa formaçãoItem A natureza da geografia em Richard HartshorneArcassa, Wesley de Souza; Carvalho, Márcia Siqueira de [Orientador]; Ely, Deise Fabiana; Fraga, Nilson Cesar; Vieira, Noemia Ramos; Mourão, Paulo Fernando CirinoResumo: A moderna concepção de Geografia tem sua base em estudos desenvolvidos por Immanuel Kant no século XVIII, os quais foram posteriormente aprofundados por outros geógrafos Entretanto, no final do século XIX e início do século XX, há um resgate e uma melhor difusão das ideias de Kant por meio do movimento que ficou conhecido como neokantismo, este teve em Alfred Hettner uma das figuras de maior destaque A partir da segunda metade da década de 192, emerge no meio acadêmico norte-americano o geógrafo Richard Hartshorne (1899-1992), responsável pela difusão e análise dos conceitos kantianos e hettnerianos a nível internacional Sua obra teve grande impacto na Geografia, pois o autor foi capaz de realizar o que até então não havia sido produzido nessa ciência, estudos de cunho epistemológico e metodológico, além de sistematizar significativa parcela das reflexões produzidas pelos “teóricos clássicos” desse ramo do saber científico Dessa forma, a presente tese tem como objetivo central demonstrar a importância do pensamento e obra de Hartshorne à comunidade geográfica brasileira, devido a pouca difusão do autor no país Além disso, procura-se também enfocar a diversidade da produção hartshorniana, evidenciando os avanços prestados pelo teórico no campo da história do pensamento geográfico, bem como em relação à Teoria e Método em Geografia, Geografia Regional e Geografia PolíticaItem A agricultura camponesa na microrregião geográfica de Faxinal/PR : territórios de resistência frente aos avanços da agricultura capitalistaOliveira, Émerson Dias de; Fraga, Nilson Cesar [Orientador]; Campos, Margarida de Cássia; Bobato, Zaqueu Luiz; Ludka, Vanessa Maria; Viana, Gessilda da Silva; Losada, Janaina ZitoResumo: O lugar e o papel do campesinato no mundo contemporâneo traz para o debate geográfico inúmeras questões sociais, sendo que este esforço exige uma interpretação ampla e concreta acerca das relações que envolvem tanto o espaço urbano como o rural Diante disto, são válidas as afirmações intrínsecas ao método dialético, que percebe o desenrolar do tempo-espaço através das contradições inerentes em seus fenômenos e/ou objetos, realidade esta que é visível no cotidiano campesino Os camponeses estão tradicionalmente revestidos de um propósito social de contraditoriedade e resistência aos padrões determinados pelos modelos ditos hegemônicos, forjando assim uma capacidade singular de compreender e vivenciar o mundo O desafio colocado nesta tese surgiu desta consideração, ou seja, uma discussão do camponês e não-camponês enquanto partes de um cenário único e totalitário, abrindo assim possibilidades de aproximação/compreensão aos símbolos e práticas camponesas presentes nos campos da Microrregião Geográfica de Faxinal/PR Desta feita, o objetivo desta tese procurou através da busca, a análise e identificação das territorialidades camponesas vigentes nesta microrregião, embasar-se de um apanhado teórico-conceitual a fim de contribuir na construção do discurso da ‘Agricultura de Autoconsumo’ como categoria e prática primordial da reprodução camponesa Esta prática social não se resume única e exclusivamente no suprimento alimentar (comida), mas pelo abastecimento de uma série de necessidades locais, que são autonomamente discutidas e decididas pela coletividade e vontade dos próprios camponeses As reflexões teóricas, os levantamentos de dados e as entrevistas apuradas ao longo deste estudo, serviram de fundamento para instituir um aporte teórico que coloca a agricultura de autocosumo enquanto uma categoria social pertencente aos camponeses Essa peculiaridade deve-se ao fato dos territórios camponeses serem constituídos enquanto lugares de reprodução social da vida, da comida, do solo, da água, dos animais, da comunidade rural, enfim, um emaranhado de relações materiais/imateriais que se bastam (e necessitam) em si mesmos É por isso que o campesinato não é plenamente compreendido ao ser analisado de forma fragmentada e muito menos ainda quando considerado isolado do espaço urbano, pois a menor ou maior integração ao capital agrário não lhes descaracteriza sua condição social, portanto, o que guia a essência camponêsa e garante a reprodução de suas unidades familiares são as várias estratégias típicas da agricultura de autoconsumo