Biopoder em cena : o grotesco e o ciborgue como contradispositivos cronenberguianos

Data

2025-03-21

Autores

Kuspiosz, Douglas Meurer

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Resumo

Esta dissertação investiga as estratégias utilizadas pelo cineasta David Cronenberg para desestabilizar o sujeito enquanto dispositivo do biopoder. Partindo da teoria de Michel Foucault, compreendemos o sujeito não como uma essência autônoma, mas como uma construção normativa resultante da atuação dos dispositivos de poder. No entanto, se existem forças que capturam e normatizam, também há uma reação a partir dos contradispositivos, que operam a dessubjetivação e desafiam o biopoder. A partir da Teoria dos Cineastas, de Jacques Aumont, e da Análise de Conteúdo, analisamos quatro filmes de Cronenberg: Videodrome: A Síndrome do Vídeo (1983), A Mosca (1986), Crash – Estranhos Prazeres (1996) e Crimes do Futuro (2022). Identificamos que o cineasta mobiliza duas figuras literárias centrais como contradispositivos: o grotesco e o ciborgue. O grotesco, conforme discutido por Mikhail Bakhtin, expõe a materialidade fluida e mutável do corpo, desestabilizando sua firmeza e funcionalidade dentro da ordem biopolítica. Já o ciborgue, na perspectiva de Donna Haraway, dissolve binarismos estruturantes da subjetividade moderna, como o humano/máquina, minando as bases normativas do sujeito e agindo na criação de um corpo disfuncional, em um processo de destruição do sujeito. A análise revela que a obra de Cronenberg não apenas tematiza os efeitos do biopoder, mas propõe uma insurgência visual e narrativa contra ele. Seu cinema questiona a governabilidade da vida e sugere novas formas de existência, onde o corpo, longe do controle do sujeito, tem um horizonte para expor sua potência.

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Palavras-chave

Contradispositivo, Biopoder, David Cronenberg, Grotesco, Ciborgue, Comunicação

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