Invasões biológicas na Bacia do Iguaçu: uma abordagem integrada dos impactos ecológicos, socioculturais e políticos

Data

2025-07-25

Autores

Geller, Iago Vinicios

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Resumo

A região Neotropical concentra aproximadamente um terço da diversidade mundial de peixes, esse patrimônio natural enfrenta uma crescente crise de extinção em massa, fortemente impulsionada por atividades antrópicas. Essa crise está diretamente relacionada à introdução e subsequente invasão de espécies não nativas. Apesar dos impactos negativos documentados nos âmbitos ecológico, social e político, essas espécies continuam sendo negligenciadas pelas políticas de conservação. Uma vez estabelecidas essas espécies são dificilmente erradicadas, as medidas preventivas, especialmente a detecção precoce e o monitoramento contínuo, configuram-se como as estratégias mais eficazes. A bacia do Iguaçu, no sul do Brasil, é reconhecida como um hotspot de biodiversidade ictiológica (?70% de endemismo), porém os esforços de conservação ainda são limitados, resultando em uma lacuna crítica de conhecimento. Na última década, aumentaram os registros da espécie não nativa Salminus brasiliensis (dourado) na região, cuja rápida expansão, potencializada pelas mudanças climáticas, pode desencadear impactos ambientais (como extinções), além de repercussões econômicas, socioculturais e políticas em diferentes áreas da bacia. Ainda se acredita que novas espécies não nativas podem se estabelecer e agravar a situação crítica. A compreensão das várias esferas (ecológica, social, cultura e política) é fundamental para subsidiar decisões estratégicas e mitigar os danos futuros. Diante desse cenário, torna-se imprescindível a realização de uma avaliação abrangente. O objetivo geral desta tese foi desenvolver uma análise integrada da invasão de S. brasiliensis na bacia do Iguaçu, considerando seus impactos ecológicos, socioculturais e políticos. A proposta visa preencher uma lacuna na conservação de espécies endêmicas neotropicais negligenciadas e enfrentar discursos de setores da sociedade que ainda defendem a permanência de espécies invasoras, além de evidenciar potenciais invasores para o Iguaçu. Diversas metodologias foram aplicadas conforme a especificidade de cada capítulo, incluindo protocolos de risco, ferramentas de modelagem, ciência cidadã, revisão bibliográfica e questionários semiestruturados. Os resultados evidenciaram a gravidade e a complexidade da invasão por S. brasiliensis, além do risco iminente de novas introduções. A ciência cidadã mostrou-se uma ferramenta eficaz tanto para o monitoramento quanto para o engajamento social. A análise sociopolítica revelou que, apesar de divergências pontuais, a maioria da população local reconhece os impactos negativos da espécie e apoia medidas de controle. A modelagem preditiva indicou ampla adequabilidade ambiental para S. brasiliensis e outras cinco espécies não nativas, destacando ainda a vulnerabilidade da bacia diante das mudanças climáticas e da falta de fiscalização efetiva. Conclui-se que a articulação entre ciência, gestão ambiental e participação social é essencial para mitigar impactos, prevenir novas introduções e promover a conservação de espécies endêmicas neotropicais cada vez mais ameaçadas

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Palavras-chave

Neotropical, Dourado, Ecorregião Iguassu, Conservação, Mudanças climáticas, Salminus brasiliensis, Biodiversidade, Ciência cidadã, Gestão ambiental

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