O apocalipse maldito do "Filho da Luz": estudo de As revelações do príncipe do fogo de Febrônio Índio do Brasil (1926)
Data
2021-09-13
Autores
Mossambani, Giovane Sgarbossa
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Resumo
Em 1926, no Rio de Janeiro, foi publicado um livro chamado As Revelações do Príncipe do Fogo. O volume, em suas 68 páginas, apresenta uma série de referências à Bíblia e versa sobre o conteúdo de experiências místicas vividas por quem o escreveu: Febrônio Índio do Brasil. Essa obra única de seu autor abre-se, na presente dissertação, a uma escuta poética de seu conteúdo. Intentou-se interpretar sob um viés simbólico – embasado nas leituras de obras de estudiosos dos simbolismos e das religiões, tais como Mircea Eliade, Gaston Bachelard e Joseph Campbell – essa escritura que se buscou apagar da história. A tentativa de apagamento decorre do fato de que Febrônio Índio do Brasil é considerado responsável por dois assassinatos de estranha natureza ocorridos em agosto de 1927. Ao menos quatro intelectuais importantes para o cenário cultural do Brasil na década de 1920 se interessaram por Febrônio, sua cosmovisão e seu livro, a saber: o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o crítico literário Prudente de Morais Neto, o escritor Mário de Andrade e o poeta suíço Blaise Cendrars. A recepção do livro e da história de seu autor por parte dessas personalidades também se mostrou relevante e foi abordada nesta pesquisa. Febrônio, em seu livro, apropria-se de trechos bíblicos e os ressignifica; destaca-se sua relação com o Apocalipse, intertextualidade aqui estudada. As investigações que resultaram nessa dissertação também apontam para o fato de que As Revelações do Príncipe do Fogo é uma composição mitopoética, uma teia de elementos simbólicos organizados de modo a apresentar uma espécie de mito individual do próprio autor.
Descrição
Palavras-chave
Febrônio índio do Brasil, Primitivismo cultural, Mitopoética, Apocalipse, Literatura brasileira