O conflito entre a ética protestante e o tradicionalismo laboral em Post office e Factotum, de Charles Bukowski

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Resumo: A presente Dissertação trata das relações de trabalho nos dois primeiros romances autobiográficos de Charles Bukowski, Factotum (22a) e Post Office (22b), com foco no antagonismo do protagonista à ética protestante do trabalho, e em como sua estratégia de resistência se desenrola no mundo ficcional construído por Bukowski Primeiramente, nos propusemos a fazer um levantamento da fortuna crítica e condensar as leituras prévias dos críticos Ao longo da revisão da fortuna crítica, concluímos que Bukowski era um outsider literário, e ainda que ele seja comumente associado aos beats, compartilhava com eles apenas interseções eventuais Bukowski compôs dois romances cujas narrativas se centram no questionamento do caráter libertador do trabalho cronometrado, representado como hostil à autorrealização humana e como um dreno de vitalidade libidinal A partir das reflexões de Ricoeur sobre o tempo e a narrativa, o objeto literário foi abordado como possuidor de um passado histórico próprio (diegético), distinto do passado da História (extradiegético) A superposição de períodos históricos foi explorada pelo autor em ambos os romances, o que sugere que Bukowski “inventava” muito mais em seus escritos do que a maioria dos críticos lhe dá crédito, manifestando que o universo imaginado tinha precedência sobre o critério de verossimilhança Propõe-se nesta Dissertação que o personagem Chinaski, embora seja um “substituto do autor”, é um tanto distinto do escritor, e, talvez, em parte baseado no Bartleby de Herman Melville Também é proposto que a resistência desorganizada e individualista de Chinaski à subsunção pelo trabalho sob o capitalismo encontra sua força no questionamento do trabalho-cronometrado, fazendo um argumento subjacente em prol do trabalho orientado por tarefas (task-oriented), centrado em necessidades humanas, nas quais o valor de uso tem precedência sobre valor de troca, ie, o qualitativo sobre o quantitativo Essa visão pré-moderna de compasso de trabalho, justaposta ao cenário urbano de Los Angeles, causa a impressão que um anti-herói contracultural “pós-moderno” surgiu com o personagem Chinaski; questionamos essa noção, e propomos que a crítica de Chinaski implica na valorização dos ritmos de vida do passado, recorrendo aos valores do tradicionalismo laboral para buscar por sua liberdade sob o capitalismo industrial, o que ele aparentemente consegue ao se tornar escritor em tempo integral, trabalhando de modo parecido ao Verlagssystem

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Palavras-chave

Ficção americana, História e crítica, Trabalho, American fiction, History and criticism

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