Crenças e atitudes linguísticas : um estudo dos róticos em coda silábica no norte do Paraná

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Botassini, Jacqueline Ortelan Maia

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Resumo

Resumo: Estudos sobre crenças e atitudes linguísticas têm apontado que os posicionamentos em relação à língua refletem os posicionamentos em relação aos usuários dela e que essas atitudes, que podem ser de lealdade ou de aversão, são, em parte, responsáveis pela manutenção ou pela mudança linguística Este trabalho, baseado nos princípios da Sociolinguística Variacionista e nos estudos de Crenças e Atitudes linguísticas, tem como objetivo principal descrever as crenças e as atitudes linguísticas de falantes brasileiros, naturais de diferentes regiões e possuidores de diferentes dialetos, em relação ao uso dos róticos, classe de sons do fonema /r/, registrando e descrevendo as variantes desse fonema que concorrem em posição de coda silábica Para tanto, entrevistaram-se 48 informantes: 16 naturais do Norte do Paraná, 16 cariocas e 16 gaúchos, todos residentes no Norte do Paraná há, pelo menos, oito anos Os dados da fala foram obtidos por meio de conversação gravada O tipo de conversação utilizada foi a dirigida, em que se seguem uma ordem e um conteúdo planejados, com o objetivo de obter a maior quantidade de dados úteis no menor tempo possível A entrevista compõe-se de cinco partes: narrativa, descrição, questionário fonético-fonológico, leitura, perguntas específicas para avaliar crenças e atitudes linguísticas As quatro primeiras partes foram estruturadas de forma a obter diferentes graus de formalidade na entrevista, indo desde a situação mais informal, menos estruturada, até chegar à situação mais formal e mais controlada, em um contexto favorável à utilização de róticos em coda silábica A última parte destinou-se a verificar a forma como os informantes avaliam algumas variedades linguísticas (positiva ou negativamente) bem como os grupos que as produzem Após a seleção, a audição e a transcrição fonética dos dados, procedeu-se à sua codificação, seguindo as especificações do programa Varbrul, a fim de submeter os dados a tratamento estatístico adequado Os resultados estatísticos obtidos, registrados em tabelas e submetidos à análise quantitativa e qualitativa, apontaram como variantes típicas dos dialetos norte-paranaense, carioca e gaúcho, respectivamente, os róticos retroflexo, velar e tepe Todas as hipóteses aventadas para esta tese em relação às realizações dos róticos foram confirmadas, a saber: os informantes mudam a variante rótica dependendo do grau de formalidade das partes que compõem a entrevista; as mulheres e os informantes com curso superior privilegiam as variantes de maior status; o rótico retroflexo apresenta intensa vitalidade, apesar de seu propalado desprestígio Quanto às quatro hipóteses levantadas sobre as questões voltadas especificamente para as crenças e as atitudes linguísticas, duas foram ratificadas: os informantes norte-paranaenses são mais desleais linguisticamente do que os cariocas e os gaúchos; os informantes mais escolarizados são menos preconceituosos Já a hipótese de que os informantes da segunda faixa etária são mais resistentes à mudança no seu dialeto do que os informantes mais novos só se confirmou para os informantes gaúchos Do mesmo modo, a hipótese de que os informantes cariocas e gaúchos são mais resistentes à mudança e à influência linguísticas só se confirmou plenamente para os informantes cariocas, embora tanto estes quanto aqueles apresentem atitude positiva em relação ao próprio dialeto

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Palavras-chave

Sociolinguística, Língua portuguesa, Dialetos, Paraná, Portuguese language, Paraná, Dialects

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