Psicoeducação para pacientes com transtorno bipolar crônico: protocolo de intervenção digital, estratégias de enfrentamento e funções cognitivas em uma amostra de conveniência
Data
2023-04-13
Autores
Audibert, Caroline Encinas
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Resumo
O presente estudo teve como objetivos (1) elaborar um protocolo de intervenção psicoeducacional digital para uma amostra de pacientes diagnosticados com transtorno bipolar em tratamento ambulatorial, (2) avaliar as estratégias de enfrentamento do estresse mais utilizadas pelos participantes da pesquisa frente a uma doença crônica e relacioná-las à história de maus tratos na infância e adesão à intervenção digital realizada e (3) examinar características clínicas, medidas antropométricas, desempenho cognitivo, qualidade de vida e níveis de PCR da população estudada, identificando possíveis associações entre variáveis. Foi realizada uma pesquisa intervencionista de delineamento quase experimental com 38 participantes com TB, selecionados de forma não-randomizada no Ambulatório de Psiquiatria do Ambulatório de Especialidades Clínicas do Hospital Universitário de Londrina. Os participantes foram avaliados por meio de dados sociodemográficos e clínicos, presentes em um questionário estruturado. Outras avaliações utilizadas foram medidas antropométricas, Escala de Gravidade de Depressão de Hamilton (HDRS), Escala de Gravidade de Mania de Young (YMRS), Escala de Incapacidade de Sheehan (SDS), Escala de Qualidade de Vida (WHOQoL-bref), Questionário de trauma de infância (CTQ), Inventário de Estratégias de Enfrentamento (WCQ), Teste da trilha parte B e Questionário de Déficits Percebidos para Depressão, versão de Cinco Itens (PDQ-5). O biomarcador investigado foi a proteina C–reativa ultrassensível (hs-PCR). Os resultados da pesquisa serão apresentados em três artigos: o estudo 1 descreve o protocolo de intervenção elaborado para a pesquisa. No estudo 2, que avaliou a escala de Coping, pacientes ambulatoriais com TB que aprensetaram pontuações mais altas em oito fatores das estratégias de enfrentamento, obtiveram pontuações significativamente mais baixas em qualidade de vida, menor adesão à intervenção digital, maior gravidade dos sintomas depressivos e vivenciaram mais situação de maus tratos na infância. Houve uma significativa correlação negativa entre abuso emocional infantil e negligência com o comportamento de busca de suporte social. No estudo 3, os resultados evidenciaram que elevados níveis de PCR-hs = 3 mg/L são possíveis preditores de disfunção cognitiva, assim como obesidade e circunferência da cintura elevada. Este estudo sustenta que níveis elevados de PCR e obesidade foram associados ao comprometimento cognitivo em pacientes ambulatoriais com TB, indicando o papel da inflamação no processo neurodegenerativo e comprometimento funcional no TB. Os resultados encontrados apontam para a necessidade de intervenções clínicas que considerem o déficit de estratégias de coping adaptativas, que favoreceriam um melhor curso clínico da doença, bem como os mecanismos inflamatórios envolvidos na performance cognitiva dessa população.
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Palavras-chave
Transtorno bipolar, Estratégias de enfrentamento, Cognição, Qualidade de vida, Trauma na infância, Inflamação