Preditores de falha no desmame da ventilação pulmonar mecânica em pacientes acometidos pela Covid-19

Data

2024-10-21

Autores

Silva, Natália Trindade da

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Resumo

Introdução: Durante a pandemia de COVID-19, uma importante parcela dos indivíduos acometidos cursou com insuficiência respiratória aguda e necessidade de ventilação mecânica invasiva (VMI). Uma vez que esse suporte se torna necessário, grandes são os esforços para conduzir um desmame ventilatório bem-sucedido e prevenir os efeitos deletérios associados ao uso prolongado de pressão positiva. Portanto, identificar as características clínicas de pacientes acometidos pela COVID- 19 que obtiveram falha ou sucesso no desmame ventilatório pode fornecer subsídios para otimizar o manejo ventilatório. Objetivo: Identificar preditores de falha no desmame da ventilação mecânica de pacientes acometidos pela COVID-19, internados em um hospital de referência. Metodologia: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo. As seguintes informações foram obtidas por meio de análise de prontuário eletrônico: dados pessoais, clínicos, parâmetros da VMI e de mecânica ventilatória nas primeiras 72 horas, tempo de VMI, de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e hospitalar, desfecho de alta ou óbito. Foram incluídos todos os indivíduos diagnosticados com COVID-19, internados em um hospital terciário do sul do Brasil entre março de 2020 e abril de 2021, =18 anos de idade e que necessitaram de VMI. Os indivíduos que atingiram os critérios de desmame da ventilação mecânica foram separados em dois grupos: sucesso (SD) e falha (FD) no desmame. SD foi definido como retirada da prótese orotraqueal sem a necessidade de novo procedimento de intubação em até 48 horas ou, no caso de pacientes traqueostomizados, desconexão da ventilação mecânica por um período de =48 horas sem retorno da VMI. Resultados: Foram incluídos 2.198 indivíduos no estudo, dentre os quais, 229 (56 [45-65] anos, 129 homens, índice de massa corpórea 29 [25-33] Kg/m2) preencheram os critérios para desmame ventilatório e permaneceram nas análises (SD: n=180; 96 homens e FD: n=49; 33 homens). Os indivíduos do grupo SD se mostraram mais novos (SD 55 [43-63] vs FD 62 [52-70] anos; p<0,0001), além de terem permanecido menos tempo na UTI (SD 17 [10-27] vs FD 31[17-47] dias; p<0,0001) e menos tempo em VMI (SD 13 [7-20] vs FD 28 [18-40] dias; p<0,0001). A idade (OR [IC 95%] 1,070 [1,023 - 1,119]), o tempo de internação hospitalar (OR [IC 95%] 0,939 [0,888 - 0,993]), o tempo em VMI (OR [IC 95%] 1,147 [1,066 - 1,236]) e a driving pressure (OR [IC 95%] 4,215 [1,004 - 17,703]) se mostraram preditores de falha no desmame ventilatório, independente do sexo e do número de comorbidades. A proporção de indivíduos que evoluíram para óbito foi significantemente maior no grupo FD (FD: 69% vs SD: 24%; p <0,0001). Conclusão: Indivíduos acometidos pela COVID-19, com idade mais avançada, mecânica ventilatória mais comprometida e que permanecem por mais tempo em VMI, constituem um grupo específico que apresenta maiores chances de falha no desmame ventilatório. Portanto, atenção especial deve ser dada a esse grupo, a fim de minimizar as consequências deletérias no insucesso do desmame, com o aumento da mortalidade associada às falhas de extubação.

Descrição

Palavras-chave

COVID-19, Desmame, Respiração artificial, Intubação, Hospital universitário, Unidade de Terapia Intensiva

Citação