O negro em romances brasileiros menos canônicos de 1880 e 1890

Data

2024-07-30

Autores

Alcantara, André Henrique de

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Resumo

A partir dos romances menos canônicos O Marido da Adúltera, de Lúcio de Mendonça (1882), Rosaura, a enjeitada, de Bernardo Guimarães (1883), Hóspede, de Pardal Mallet (1887), A carne, de Júlio Ribeiro (1888), Dona Guidinha do Poço, de Manuel de Oliveira Paiva (1892), Tentação, de Adolfo Caminha (1896), A Viúva Simões, de Júlia Lopes de Almeida (1897) e A Rainha do ignoto, de Emília Freitas (1899), além dos romances canônicos O Mulato, de Aluísio Azevedo (1881) e O Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha (1895), busca-se nessa dissertação deslindar como o negro aparece nos romances das décadas de 1880 e 1890, tendo-se em vista que são anos que antecedem e sucedem a abolição da escravização no Brasil, ocorrida em 1888, com a sanção da Lei Áurea pela princesa Isabel. Ademais, esse período é marcado pela forte influência de um ideário cientificista advindo da Europa, que teorizava o racismo, dando-lhe um aspecto científico. Ou seja, o deslindamento desses romances torna-se assaz importante, pois auxiliam a compreender como o processo da abolição foi sendo concretizado e a construção da imagem da pessoa negra na sociedade brasileira. Em outras palavras, por meio da análise dessas obras, é possível identificar explanações de problemas que não foram sanados até o tempo presente, visto que o racismo permanece enraigado na sociedade brasileira do século XXI. A pesquisa é feita majoritariamente a partir de romances menos canônicos, pelo fato de que há diversos trabalhos realizados com obras canônicas. Por isso, além de impedir que esses romances sejam olvidados ou permaneçam ignorados, o escrutínio dessas obras permite observar se há distinções em como o negro é representado nos romances menos canônicos e nos canônicos. A determinação do que é canônico ou não está de acordo com o que afirma Márcia Abreu. Em síntese, a classificação de canônico ou não canônico se dá não somente pelo que está escrito, mas pelo veredito das “instâncias de legitimação”, que são compostas pelos historiógrafos literários, pela crítica literária, pelos universitários e pelos professores que escolhem as obras literárias que estarão nos materiais didáticos. Por conseguinte, o que não é reconhecido por essas instâncias, não integra o cânone, o qual, segundo Roberto Acízelo de Souza é a junção de todas as obras consideradas modelo, exemplar. Portanto, por meio de romances, sendo oito menos canônicos e dois canônicos, dos últimos vinte anos do século XIX, é deslindado como as mudanças sociais ocorridas durante esse período influíram na maneira como o negro é representado nas publicações dessas décadas. Isso porque é um momento histórico em que o pensamento cientificista importado do continente europeu inspirava romancistas naturalistas, bem como o movimento abolicionista ganhava cada vez mais força, até o cessar da escravização em território brasileiro.

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Palavras-chave

Romances, Cânone, Menos canônico, Negro, Representação, Literatura brasileira, Cânones de literatura, Negros na literatura, Romance brasileiro, Racismo na literatura

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