Avaliação de disfunção cognitiva, trauma na infância, inflamação e metabolismo em transtornos do humor

Data

2024-03-07

Autores

Congio, Ana Carolina de Souza

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Resumo

Introdução: Os transtornos do humor, representados primordialmente por transtorno depressivo maior (TDM) e transtorno bipolar (TB), constituem transtornos prevalentes e com grande risco de cronicidade e incapacidade progressiva, contribuindo substancialmente para a sobrecarga de doenças no mundo e o total de anos vividos com incapacidade. A disfunção cognitiva é considerada característica central no TDM e marcador traço no TB, podendo persistir mesmo em períodos de eutimia. A presença de trauma na infância é associada a características de pior prognóstico nos transtornos do humor, como maior recorrência de episódios, persistência de sintomas subclínicos, resistência ao tratamento e prejuízo cognitivo. A história de adversidades de vida precoce também é relacionada a alterações inflamatórias e metabólicas em indivíduos com transtorno do humor. Objetivos: O primeiro estudo teve como objetivo examinar a associação entre disfunção cognitiva, história de trauma na infância, biomarcadores inflamatórios e metabólicos, funcionamento e qualidade de vida em pacientes com TDM (n = 27), pacientes com TB (n = 42) e indivíduos sem transtornos do humor (n = 40), assim como comparar tal associação entre os três grupos. No segundo estudo, foi investigada as semelhanças e diferenças da associação entre trauma na infância, qualidade de vida, funcionamento e biomarcadores inflamatórios e metabólicos em pacientes com TB em fase depressiva (n = 58), pacientes com TB em fase de remissão de sintomas (n = 28) e em indivíduos sem transtornos do humor (n = 81). Métodos: Os sujeitos do estudo foram avaliados por entrevista clínica estruturada com questionário e as seguintes escalas: Escala de Avaliação da Depressão de Hamilton de 17 itens (HDRS17), Escala de Avaliação de Ansiedade de Hamilton (HAM-A), Questionário de Trauma na Infância (CTQ), Escala Internacional de Atividade Física (IPAC), forma curta, Escala de Incapacidade de Sheehan (SDS) e Escala Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde, versão abreviada (WHOQOL-BREF). A performance cognitiva foi avaliada por Teste da Trilha partes A (TMT-A) e B (TMT-B), Teste de Stroop e Testes de Fluência Verbal (VF) fonêmica e semântica. Foi calculado o índice de massa corporal (IMC) e dosados biomarcadores inflamatórios e metabólicos como, interleucina 17 (IL-17), interleucina 1 beta (IL-1?), proteína C reativa de alta sensibilidade (hs-PCR), leptina e perfil lipídico. A remissão dos sintomas de humor foi definida por pontuações menor ou igual a 7 na HDRS17 e menor ou igual a 12 na YMRS. Resultados: Pacientes com TB foram menos ativos fisicamente no domínio lazer quando comparado aos controles. Nível de hs-PCR = 5 mg/L foi significativamente associado a história de abuso sexual e abuso físico na infância e com pior performance cognitiva nos grupos de pacientes com transtorno do humor, principalmente no grupo de indivíduos com TB. Foi constatada correlação negativa significativa entre a pontuação TMT-B e a pontuação total do WHOQOL-BREF. O grupo de pacientes com TB em episódio depressivo apresentou maior IMC e níveis mais elevados de IL-17, leptina e triglicerídeos, além de mais história de trauma na infância quando comparado ao grupo controle. O grupo com TB em fase depressiva também apresentou maior incapacidade funcional e menor qualidade de vida quando comparado com o grupo de pacientes com TB em fase de remissão e com os controles. Verificou-se ainda, no grupo em fase depressiva, correlação positiva entre abuso sexual na infância e IMC, entre o abuso sexual na infância e níveis de PCR e entre abuso sexual na infância e circunferência abdominal. A história de abuso sexual na infância foi ainda correlacionada a menor qualidade de vida, mais dias laborais subprodutivos e absenteísmo no grupo com em fase depressiva do TB. Conclusões: Os resultados apoiam a hipótese de que níveis de hs-PCR = 5 mg/L podem predizer disfunção cognitiva, abuso sexual na infância e comportamento sedentário em transtornos do humor. Adversidades da infância, níveis mais elevados de IL-17, leptina e triglicerídeos e alterações no metabolismo podem desempenhar um papel na patogênese da depressão bipolar. Limitações: Amostra de conveniência e com predomínio de indivíduos do sexo feminino. Trauma na infância foi medido retrospectivamente

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Palavras-chave

Transtornos do humor, Depressão, Depressão bipolar, Abuso infantil, Disfunção cognitiva, Proteína C reativa, Prejuízo funcional, Qualidade de vida, Sedentarismo, Índice de Massa Corporal, Leptina, Interleucina-17

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