Padrões funcionais de espécies lenhosas podem afetar a sua presença em áreas de restauração?

Data

2024-02-26

Autores

Araujo, Jéssica Oliveira

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Resumo

A restauração ecológica vem sendo empregada no mundo todo como uma forma de mitigar os impactos da degradação ambiental, e o lançamento, por parte da ONU, da “Década da Restauração de Ecossistemas” é um reconhecimento e um estímulo para o incremento das atividades. No entanto, para que projetos de restauração sejam bem-sucedidos, fatores bióticos, abióticos e sociais devem ser levados em consideração. Um fator reconhecidamente importante é a paisagem em que o sítio sob restauração está inserido. Sabe-se que a fragmentação pode afetar a capacidade de dispersão e estabelecimento de parte das espécies e, considerando as limitações que espécies lenhosas têm para colonizarem áreas em processo de restauração, o presente estudo teve por objetivos comparar a composição de espécies entre áreas de restauração e fragmentos adjacentes de Floresta Estacional Semidecidual, e avaliar o estabelecimento de espécies lenhosas não-plantadas em reflorestamentos com 12-13 anos de idade. Os estudos foram desenvolvidos em parcelas monitoradas pelo sítio de Pesquisa Ecológica de Longa Duração Mata Atlântica Norte do Paraná, localizados às margens do Reservatório Capivara, no Norte do estado do Paraná, Brasil. Para a comparação da composição de espécies e número de indivíduos, foi utilizada a Análise das Coordenadas Principais (PCoA), e para a validação dos padrões encontrados a Análise de Variância Permutacional (PERMANOVA). Com os dados de abundância e frequência nas parcelas, foram obtidas as espécies características de cada local, demonstrando assim, as espécies mais representativas dos ambientes. Utilizando os traços funcionais das espécies, foi realizada a Análise de Variância Multivariada (MANOVA), onde buscou encontrar padrões funcionais para cada local. Todas as análises foram realizadas por local e em conjunto. Assim, foram obtidos resultados que demonstram padrões locais e regionais. A PERMANOVA deixou explicita a diferença entre ambientes (fragmentos e reflorestamentos) em todos os locais, e a PCoA permitiu a visualização dos padrões encontrados. Foram geradas diferentes listas de espécies: lista de espécies indicadoras por ambiente, lista de espécies que colonizaram os reflorestamentos e uma lista de espécies ausentes nos reflorestamentos. A MANOVA mostrou traços funcionais similares nos locais, indicando a baixa colonização de espécies com traços funcionais específicos como dispersão de sementes por anemocoria e autocoria, presença no estrato emergente, tolerância à sombra e maior densidade da madeira. Os resultados aqui apresentados podem contribuir para o aperfeiçoamento de projetos de restauração ativa e evidenciam a necessidade do acompanhamento dessas áreas por maiores períodos após a implantação.

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Palavras-chave

Mata Atlântica, Floresta Estacional Semidecidual, Restauração de ecossistemas, Colonização, Traços funcionais

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