Impacto da exposição aos agrotóxicos e da presença do polimorfismo rs7438135 no gene UGT2B7 na geração de estresse oxidativo e perfil clinicopatológico em mulheres com câncer de mama
Data
2023-07-25
Autores
Vacario, Beatriz Geovana Leite
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Resumo
Em regiões com economia baseada na agricultura familiar e no agronegócio, as mulheres estão expostas ocupacionalmente aos agrotóxicos. Estas substâncias representam um fator de risco importante para o desenvolvimento de doenças a longo prazo, como o câncer de mama (CM). A detoxificação dos agrotóxicos inclui a família UDP-glucuronosiltransferase (UGTs), composta por um grupo de enzimas que participam das reações de fase II de eliminação. O polimorfismo rs7838135 (G>A) no gene UGT2B7 aumenta seu potencial de glicuronidação e atua como um sistema antioxidante devido à neutralização de metabólitos do estresse oxidativo. No presente estudo investigamos o impacto da exposição ocupacional a agrotóxicos na geração do estresse oxidativo sistêmico em 228 mulheres com de câncer de mama, agrupadas em expostas ocupacionalmente á agrotóxicos (134) e não expostas á agrotóxicos (94), portadoras ou não do polimorfismo no gene UGT2B7. O DNA foi extraído de sangue periférico heparinizado e a reação em cadeia da polimerase quantitativa em tempo real investigou a presença do polimorfismo rs7838135. Marcadores de estresse oxidativo (níveis de peroxidação lipídica, capacidade antioxidante total – TRAP e metabólitos de óxido nítrico – NOx) foram mensuradas no plasma. Os dados clínico-patológicos como quimioresistência, recorrência, grau histopatológico, receptor de estrógeno, progesterona, fator de epidermal de crescimento (HER), alto índice de proliferação (Ki67), subtipo molecular, tamanho do tumor, agressividade do subtipo, êmbolos angliolinfáticos, idade ao diagnóstico, índice massa corporal, menopausa, estratificação de risco e a invasão de linfonodos, foram obtidos dos prontuários. A exposição aos agrotóxicos induziu aumento significativo da lipoperoxidação sistêmica na presença do polimorfismo rs7838135 para diversas condições clinicopatológicas, incluindo tumores com alto ki67 (p=0,0337) e com alta agressividade (subtipos triplo-negativo e Luminal B) (p=0,0130). Os níveis de NOx foram aumentados em pacientes portadoras de tumores com elevado ki67(p=0,0300), receptores de progesterona positivos (p=0,0360), tumores de baixo grau (p=0,0519), subtipos triplo-negativos/Luminal B (0,0268) e pacientes estratificadas com baixo risco de óbito e recidiva (p=0,0233). A TRAP foi depletada em pacientes jovens na menopausa (p=0,0431) e naquelas com tumores triplo-negativos/Luminal B (p=0,0246), bem como naquelas estratificados como de baixo risco de óbito e recorrência (p=0,0384). Esses achados mostraram que mesmo a presença do polimorfismo rs7838135 no gene UGT2B, que eleva a atividade enzimática e em tese levaria a uma eliminação ideal dos agrotóxicos, não foi capaz de proteger da geração de estresse oxidativo induzida por essa substância em pacientes com CM. Indicando um possível, porém não elucidado papel dos agrotóxicos na supressão da atividade das enzimas UGT2B7 que poderia potencialmente contribuir para a progressão do tumor, devido aos danos ocasionados pelo estresse oxidativo ao DNA.
Descrição
Palavras-chave
Agrotóxico, Polimorfismo de nucleotido único (SNP), Estresse oxidativo, Metabolismo, Cancer de mama, Câncer de mama - Mulheres