Uma análise das declarações de B. F. Skinner sobre a ciência

Data

2023-12-18

Autores

Dias, Eduardo Benetelli

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Resumo

O comportamentalismo radical foi definido por B. F. Skinner como a filosofia da ciência do comportamento. Como uma filosofia da ciência, o comportamentalismo aborda, dentre outros temas, questões que vão desde a definição do que é conhecimento científico até discussões sobre aspectos metodológicos de uma disciplina. Na história do comportamentalismo radical, uma das principais preocupações de Skinner estava relacionada à elaboração de uma epistemologia que fundamentasse uma psicologia científica pautada no estudo do comportamento. Contudo, as propostas de Skinner para a construção dessa ciência sofreram alterações ao longo dos anos. Nesse sentido, esta pesquisa teórico-conceitual buscou avaliar as declarações de Skinner sobre ciência ao longo das décadas de produção acadêmica do autor. Para isso, foi realizada uma investigação conduzida em três etapas. Na primeira, foram identificadas e descritas declarações skinnerianas sobre ciência em textos que compreenderam seis décadas da produção intelectual do autor (de 1930 a 1980). Foram selecionados 27 capítulos oriundos de 11 livros de Skinner, cujos índices remissivos indicam a existência de conteúdos relacionados ao tema da ciência. Na segunda etapa, as declarações de Skinner sobre ciência foram categorizadas e sintetizadas. Na terceira, foram comparadas, por décadas, a fim de encontrar semelhanças e diferenças entre elas. Em seguida, foram separadas entre declarações referentes à lógica interna da ciência e à prática científica, com discussões sobre algumas implicações epistemológicas. É possível afirmar que Skinner mantém parte de suas posições sobre ciência ao longo dos anos, como a adoção do método indutivo, a busca por regularidades no fenômeno comportamental e as críticas às hipóteses dedutivistas. Por outro lado, também pode-se observar a existência de mudanças no discurso skinneriano sobre ciência, que vai de uma discussão inicialmente focada em declarações sobre a lógica interna da ciência (e.g., métodos indutivo e hipotético-dedutivo) para abarcar também a própria prática científica (e.g., a relação entre ciência e sociedade, entre cientista e comunidade verbal, entre ciência e cultura). Mais precisamente, a discussões sobre a relação entre ciência e questões sociais é iniciada a partir da década de 1940; a ênfase no caráter prático da ciência se inicia na década de 1950 e ganha mais força nas décadas seguintes e o debate entre ciência e planejamento cultural ganham ênfase nas décadas de 1970 e 1980. Esse movimento aproxima Skinner da pragmática da investigação científica e de uma tendência naturalista na epistemologia. Contudo, por mais que Skinner tenha adotado a perspectiva naturalista selecionista para tratar da espécie, do comportamento e de práticas culturais, não foram identificadas evidências robustas da extensão dessa interpretação (i.e., em termos de variação, seleção e retenção) para própria ciência, seja de seu funcionamento ou de seu modo de evolução. Não obstante esse aspecto, este estudo sugere que a extensão de uma concepção selecionista para a compreensão da ciência, ainda por ser feita no comportamentalismo, não só é consistente com as mudanças identificadas nas declarações skinnerianas, mas seria um passo importante de ser dado em direção a uma epistemologia evolutiva de ciência

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Palavras-chave

Comportamentalismo Radical, Ciência, Conhecimento Científico, Skinner, Epistemologia, Análise do comportamento

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