Identidades raciais e profissionais de professoras/es de línguas: representação, (re)construção e educação antirracista
Data
2023-03-30
Autores
Santos, Cecília Gusson
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Resumo
Esta tese situa-se na área da Linguística Aplicada, no campo da formação de professoras/es para a Educação Antirracista. Com foco nas identidades raciais de professoras/es de línguas, foram investigadas narrativas autobiográficas de professoras/es de quatro regiões brasileiras, no período de junho a novembro de 2021, durante um curso de formação para a Educação Antirracista. O objetivo geral da investigação é compreender quais identidades raciais podem ser construídas e/ou indicar movimentos de reconstrução por meio de espaços de formação docente voltados para a Educação Antirracista. Em sua natureza qualitativa crítica (DENZIN, 2018), construída a partir dos pressupostos da Pesquisa Narrativa (CLANDININ; CONNELY, 2011), o interesse principal é nas identidades raciais e profissionais, por isso, o corpus de pesquisa foi constituído pelas narrativas autobiográficas. Elas foram analisadas pelas lentes teórico-metodológicas da Raciolinguística (ALIM; ROCKFORD; BALL, 2016; ROSA; FLORES, 2017), dos Estudos Críticos do Discurso (ECD) (VAN DIJK, 1992; 2012; 2018), da Teoria Racial Crítica (LADSON-BILLINGS; TATE, 1995), do Letramento Racial Crítico (FERREIRA, 2014a; 2015b) e da Abordagem de Atores Sociais (VAN LEEUWEN, 2008). Os resultados demonstraram que as identidades raciais docentes são fortemente atravessadas pelas ideologias da branquitude e raciolinguísticas, principalmente o color blindness (ALIM, 2016a; LADSON-BILLINGS, 1998) e mito da democracia racial (FERNANDES, 1960; GOMES, 2005; NASCIMENTO, 2016), embora as da negritude apresentem maiores indícios de Letramento Racial Crítico. Com relação às representações, professoras/es de línguas representam-se como mal preparadas/os para lidar com as relações étnico-raciais na escola, devido à falta de espaços de formação e representam os discursos do contexto escolar (práticas discursivas, práticas escolares eurocentradas, materiais didáticos e documentos curriculares oficiais) como reprodutores do racismo estrutural em função, principalmente, da falta de representatividade e da estereotipia na representação de pessoas não-brancas, da maneira superficial como as relações raciais são tratadas, da invisibilização de pessoas negras e da negação do racismo. Os efeitos dessas representações repercutem no processo de construção da identidade racial negra, que é apagada ou marginalizada sendo construída pelo viés da branquitude, o que pode comprometer a Educação Antirracista nesse contexto. Em contrapartida, a Educação Antirracista é representada como fundamental e urgente e o curso realizado possibilitou mudança nas representações das/os docentes que apontaram para a reconstrução de identidades raciais e profissionais mais comprometidas com o repensar crítico e antirracista do ensino de línguas. Isso pode possibilitar o repensar pedagógico para a (trans)formação de professoras/es, almejando a reconstrução de práticas e epistemologias mais pautadas pela equidade e pela justiça social.
Descrição
Palavras-chave
Letramento Racial Crítico, Raciolinguística, Identidade Racial de Professoras/es de Línguas da Educação Básica, Estudos Críticos do Discurso (ECD), Teoria Racial Crítica