Análise dos critérios de definição de sepse em pacientes graves vítimas de queimadura corporal de um centro de tratamento de queimados

Data

2022-03-24

Autores

Gimenez, Francielli Mary Pereira

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Resumo

Introdução: Atualmente, apesar do desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos e dos avanços no suporte nutricional, a taxa de ocorrência de sepse continua aumentando e representa uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Em pacientes vítimas de queimadura corporal essa situação é ainda mais grave tendo em vista que a destruição da barreira epitelial aumenta as chances do paciente em contrair infecção, sendo a mais frequente e grave complicação. Objetivo: Avaliar os novos critérios de definição de sepse em pacientes vítimas de queimaduras hospitalizados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), caracterizá-los quanto as variáveis demográficas e clínicas, avaliar o desempenho dos escores Sequential Organ Failure Assessment (SOFA), quickSOFA (qSOFA) e critérios de Systemic Inflammatory Response Syndrome (SIRS) para identificação da sepse e como preditores de mortalidade, bem como analisar os fatores associados ao óbito. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo, conduzido em UTI de um CTQ, no período de janeiro de 2017 à janeiro de 2020. Foram coletados dados demográficos e clínicos além dos dados necessários para análise das variáveis estudadas. Para cada item do escore qSOFA foi atribuído o valor de 1 ponto de acordo com os seguintes critérios: Frequência respiratória = 22 movimentos/min; Pressão arterial sistólica = 100 mmHg e Alteração do estado de consciência. Foi considerado qSOFA positivo (+) se o escore apresentasse 2 ou 3 pontos. Os critérios da SIRS foram considerados presentes de acordo com os seguintes critérios: Temperatura > 38° C ou < 36° C; Frequência cardíaca > 90 batimentos/min; Frequência respiratória > 20 movimentos/min ou PaCO2 < 32 mmHg (< 4,3 kPa); Leucócitos > 12.000 células/mm3, ou < 4.000 células/ mm3 ou > 10% de formas jovens. Foi considerada SIRS positiva (+) se o paciente apresentasse 2 ou mais critérios. O escore SOFA basal foi considerado zero, se o paciente não apresentasse doença crônica que alterasse o valor do escore. A variação de 2 pontos do escore SOFA foi avaliada pelo escore SOFA na admissão da unidade em relação ao escore basal. A variação de 2 pontos do escore SOFA para o diagnóstico de sepse no dia da infecção foi avaliada pelo escore SOFA do primeiro dia da infecção em relação ao escore SOFA de admissão na unidade. Resultados: Foram analisados 279 pacientes. Entre esses, 182 (65,2%) receberam alta hospitalar e 97 (34,8%) foram a óbito. A média do escore Abbreviated Burn Severity Index (ABSI) foi de 6,7 (DP=2,2) e a média da Superfície Corpórea Queimada (SCQ) foi de 25,6% (DP=17,6). A média do tempo entre a queimadura e a primeira infecção foi de 4,8 dias (DP=4,0). O foco de infecção mais frequente foi pulmonar (38,4%). Quando analisadas as discordâncias com o Teste de McNemar, notou-se que na admissão, 145 pacientes apresentaram SIRS positivo, desses, 112 (44,6%) permaneceram positivo e 33 (13,1%) passaram a apresentar SIRS negativo na primeira infecção documentada. Com o qSOFA, 79 pacientes apresentam qSOFA positivo na admissão, desses, 62 (24,7%) permaneceram positivos e 17 (6,8%) passaram a apresentar qSOFA negativo na primeira infecção documentada. Para o escore SOFA, 187 pacientes apresentaram ?SOFA positivo na admissão, desses, 34 (13,5%) permaneceram positivos e 153 (61,0%) passaram a apresentar ?SOFA negativo na primeira infecção documentada. Quando comparadas as taxas de mortalidade entre os pacientes com infecção e ?SOFA negativo, 125 (65,1%) receberam alta e 67 (34,9%) foram a óbito. Já com ?SOFA positivo, 30 (50,8%) receberam alta e 29 (49,2%) foram a óbito. Idade, SCQ e SOFA admissional foram fatores independentes associados a morte no desfecho hospitalar (p < 0,001). Conclusões: Os novos critérios diagnósticos de sepse aplicando a variação do escore SOFA não apresentaram poder de discriminação em pacientes queimados. Foi identificado aumento de 2,6% no risco para morte para cada ano de aumento da idade, aumento de 3,6% para cada 1% de aumento na SCQ e de 12,7% para cada aumento na pontuação no escore SOFA.

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Palavras-chave

Unidades de queimados, Infecções, Sepse, Escores de disfunção orgânica, Síndrome de resposta inflamatória sistêmica, Infecção em queimados, Unidade de tratamento de queimados, Infecção hospitalar, Epidemiologia

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