Violência laboral e qualidade de vida profissional em enfermeiros de unidades básicas de saúde

Data

2020-12-18

Autores

Fabri, Natalia Violim

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Resumo

O trabalho se apresenta como uma atividade que dignifica a vida do ser humano, bem como permeia a relação homem e sociedade. Os trabalhadores sempre conviveram com a violência ocupacional, porém, nas últimas décadas, têm aumentado significantemente, em especial, contra os profissionais de enfermagem, podendo interferir na qualidade de vida profissional e privada. Objetivo: analisar a violência laboral e sua associação com a qualidade de vida profissional em enfermeiros de Unidades Básicas de Saúde. Método: trata-se de estudo descritivo e transversal. A coleta de dados ocorreu nos meses de novembro de 2019 a fevereiro de 2020, em 40 Unidades Básicas de Saúde de uma cidade do norte paranaense. A amostra foi constituída por 101 enfermeiros. Os dados foram coletados por meio de instrumento composto por questionário de características sociodemográficas, ocupacionais e hábitos de vida. A avaliação da qualidade de vida profissional foi realizada pelo instrumento Professional Quality of life Scale que avalia três dimensões: burnout, fadiga e satisfação por compaixão. Para verificar a violência ocupacional utilizou-se o instrumento Survey Questionnaire Workplace Violence in the Health Sector. Os dados foram analisados no Statistical Package of Social Sciences, versão 20.0 por estatística descritiva e regressão logística, adotando-se p-valor <0,05 como estatisticamente significativo. Resultados: a prevalência da violência laboral foi de 65,3% verbal, 29,7% assédio moral e 17,8% física. Das variáveis de caracterização que se associaram com a violência, a discriminação racial associou-se com a cor da pele (p=0,045) o assédio moral com a cor da pele (p=0,026) e o uso de ansiolíticos (p=0,037). Entre os enfermeiros agredidos verbalmente predominou o assédio moral (p=0,009). O assédio sexual esteve associado à discriminação racial (p=0,010). Sofrer violência física e a falta de oportunidade para o relato da violência (p=0,018) associou-se ao estresse traumático secundário (p=0,047). Bom relacionamento interpessoal (p=0,025) e ser reconhecido no trabalho (p=0,049) diminuíram as chances de baixa satisfação por compaixão. O burnout teve probabilidade menor quando associado a ter bons ou excelentes relacionamentos interpessoais no trabalho (p=0,040). A satisfação por compaixão teve associação com assédio moral no trabalho (p=0,047) e estímulo para relatar a violência (p=0,040). A violência física no trabalho esteve associada com o estresse traumático secundário (p=0,047), assim como procedimentos para relatar a violência (p=0,018). Ainda, o bom relacionamento interpessoal diminuiu as chances de baixa satisfação por compaixão (p=0,025) e burnout (p=0,049). Conclusão: as variáveis de caracterização se associaram com a ocorrência de violência no que diz respeito à discriminação racial com a cor da pele, o assédio moral com a cor da pele e o uso de ansiolíticos. O assédio sexual esteve associado à discriminação racial. Sofrer violência física e não ter a quem relatar provocou estresse traumático secundário. Ocorreu alta satisfação quando foram tomadas providências contra o agressor. O bom relacionamento interpessoal teve associação com a satisfação por compaixão e o burnout, assim, como sentir-se reconhecido pelo trabalho realizado. A maioria dos enfermeiros mesmo com altos níveis de satisfação, sentem-se cansados, reforçando a necessidade de maior atenção ao trabalho desenvolvido pelos enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde pelos gestores.

Descrição

Palavras-chave

Violência no trabalho, Esgotamento profissional, Qualidade de vida profissional, Fadiga por compaixão, Centro de saúde, Enfermeiro, Atenção primária à saúde

Citação