Elementos traço não essenciais e achados anatomopatológicos renais em odontocetos do Atlântico Sul
Data
2021-03-26
Autores
Pires, Bárbara Giglio
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Resumo
Os animais marinhos estão diariamente expostos à interação antrópica e são frequentemente expostos a acentuada carga de poluentes sonoros, físicos ou químicos, responsáveis por graves alterações comportamentais e estruturais que podem levar ao óbito. Dentre os mamíferos marinhos, os cetáceos são considerados importantes sentinelas da saúde do ecossistema marinho, devido ao seu elevado nível na cadeia trófica e longevidade, estando também direta e indiretamente expostos a interação antrópica, são passíveis de diversas alterações estruturais e funcionais, assim como animais de companhia e mamíferos selvagens em decorrência à ação antrópica no ambiente. Os elementos traço são importantes contaminantes ambientais presentes no cotidiano da espécie humana. Este estudo tem como objetivo analisar alterações microscópicas de rins de odontocetos encalhados no litoral sul do Oceano Atlântico, abrangendo os estados do Paraná (PR), São Paulo (SP) e Santa Catarina (SC) no período entre setembro de 2015 e dezembro de 2019. As informações epidemiológicas, histopatológicas e a quantificação da concentração hepática de elementos traço foram obtidas através da base de dados pública do Sistema de Informação e Monitoramento da Biota aquática (SIMBA). Adicionalmente, fragmentos de tecido renal de animais encalhados no litoral do Paraná foram reprocessados e submetidos a técnicas de coloração histoquímica de ácido periódico de Shiff modificada (PAS -McManus) e tricrômio de Masson. 108 animais foram selecionados atendendo aos critérios de inclusão, dos quais 48 eram fêmeas e 60 machos. As alterações renais mais frequentes foram congestão (59/108), necrose tubular aguda (38/108), atrofia glomerular e espessamento da cápsula de Bowman (11/108) e as concentrações médias totais obtidas foram 39,52 mg.kg-1, 3,69 mg.kg-1, 0,04 mg.kg-1 e 0,89mg.kg-1 para mercúrio, cádmio, chumbo e arsênio, respectivamente. Não houve diferença significativa entre a presença total de lesões e a concentração de elemento traço, entretanto, houve associação estatisticamente significativa (p=0,01) em relação à média de concentração de mercúrio e a presença de cilindros hialinos e entre a presença de ao menos uma lesão tubular e/ou glomerular e a concentração média de chumbo hepático (p=0,048). Adicionalmente fragmentos de rins de 4 exemplares de Steno bredanensis encalhados no litoral do Paraná com alterações císticas macroscópicas, foram reavaliados e submetidos à coloração de PAS-McManus e tricrômio de Masson, para avaliação de alterações histológicas, dois dos animais analisados apresentaram características anatomopatológicas compatíveis com doença renal policistica. Nota-se a necessidade de maiores estudos em relação a alterações histopatológicas renais em cetáceos, sua relação com elementos potencialmente tóxicos e a presença de condições de caráter genético inerentes a espécie em paralelo com condições semelhantes já caracterizadas em outras espécies de mamíferos.
Descrição
Palavras-chave
Mercúrio, Chumbo, Arsênio, Cádmio, Rim, Contaminantes ambientais, Doença renal policística, Odontocetos - Doenças renais, Animais marinhos, Doença renal policística - Golfinhos, Ciência animal