Ecos de esquizolinguagem em Clarice Lispector e Antonin Artaud
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Skeika, Jhony Adelio
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Resumo
Resumo: Esta pesquisa analisa a construção da escrita literária de Clarice Lispector e Antonin Artaud, a fim de sustentar a ideia de que esses dois autores exercitam expressões de uma linguagem experimental, desfragmentada, multifacetada, híbrida, que mistura diversos signos de maneira insólita; dicções literárias daquilo que, a partir dos estudos dos filósofos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari, chamo de Esquizolinguagem O trabalho está dividido em 4 partes, as quais têm a pretensão de funcionar pela lógica de platô – “uma região contínua de intensidades, vibrando sobre ela mesma, e que se desenvolve evitando toda orientação sobre um ponto culminante ou em direção a uma finalidade exterior” (BATESON apud DELEUZE; GUATTARI, 1995, p 33) Embora isso seja meio paradoxal, já que uma tese pretende criar um discurso, se não inédito, original sobre um determinado objeto, o que implicaria conceber conclusões, esta pesquisa não pretende estabelecer uma teoria estanque sobre a obra de Artaud e de Lispector, mas antes verificar as zonas de convergência e conexão entre as produções desses autores, procurando delinear traços da estética do discurso artístico-literário exercitado nos textos escolhidos No primeiro platô acompanhamos o passeio do esquizofrênico pela máquina capitalista, procurando refletir sobre as confluências entre a noção de esquizofrenia que norteia este trabalho e o território da linguagem, onde se territorializa o sujeito esquizo O segundo platô é o espaço de intensidades clariceanas, remontando o percurso da linguagem na obra de Clarice Lispector até chegar ao processo doloroso de escritura de Água viva (1973) Procuro conectar as discussões sobre a (in)eficiência da língua humana e seu escape para a pintura, música, linguagem do corpo, silêncio, etc a alguns quadros que foram pintados pela autora, isso na tentativa de perceber um projeto estético-literário acontecendo na produção de Lispector O terceiro platô esboça a dinâmica de escritura de Antonin Artaud e o amadurecimento da proposta chamada de Teatro da Crueldade, também refletindo sobre os diversos signos evocados em sua pictografia (DERRIDA, 1998) As obras que ganham maior atenção são Les sorts (1937-1939), Artaud le Mômo (1947), Suppôts et suppliciations (1947) e 5 dessins pour assassiner la magie (1948) – textos que estiveram no foco das minhas pesquisas durante o estágio doutoral PDSE na Université Paris X (Nanterre, La Défense, França), que aconteceu entre setembro de 214 e maio de 215 Por fim, o quarto platô procura abordar, a partir da ótica da Esquizoanálise (DELEUZE; GUATTARI, 1995, 21), uma conduta de construção literária a partir de uma linguagem multifacetada, híbrida, deslocada, insólita, etc, e que, em alguns casos, rompe com o sistema da língua – a Esquizolinguagem –, procurando nos textos de Artaud e Lispector algumas características possíveis desse procedimento esquizo de criação Todavia, como indicado no título do trabalho, o que alcanço são apenas vislumbres e ecos dessa expressão de linguagem Portanto, o movimento analítico exercitado no âmbito desta tese é o de territorializar algumas características dessa expressão esquizo que podem ser percebidas na produção desses autores, especificamente, nos textos escolhidos
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Palavras-chave
Literatura brasileira, História e crítica, Literatura francesa, História e crítica, Linguagem, French literature, History and criticism, Brazilian literature, History and criticism