A dimensão ética na elaboração de relatórios sociais : reflexões sobre o cotidiano profissional

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Zeneratti, Gabriella Mariano Munhoz

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Resumo

Resumo: Refletir sobre um exercício profissional que se constitua a partir de uma relação dialética entre trabalho consciente e os constrangimentos decorrentes do trabalho alienado torna-se um grande desafio no cotidiano profissional do assistente social Uma possibilidade concreta que se coloca nesse aspecto insuprimível da vida social – cotidianidade – é a ética, porque possibilita a passagem das experiências vividas sob a moralidade rígida, repetitiva e muitas vezes avessa ao humano-genérico, para uma postura reflexiva diante desta Neste sentido, o objetivo do estudo é analisar a dimensão ética quando da elaboração dos relatórios sociais construídos no cotidiano de uma instituição que executa a medida socioeducativa de internação A elaboração deste instrumental ocupa centralidade na vida laborativa dos assistentes sociais inseridos na área sociojurídica, e, ao mesmo tempo, define a vida de indivíduos sociais que, como muitos, sofrem o processo de desumanização decorrente da sociedade fundada na propriedade privada Para subsidiar a análise do objeto de pesquisa – a dimensão ética na elaboração dos relatórios sociais – recorre-se ao uso da pesquisa documental, que tem como fonte de coleta de dados, os relatórios produzidos por assistentes sociais inseridos no Centro de Socioeducação O texto apresentado se organiza em duas seções Na primeira, realizam-se apontamentos acerca da dimensão ética no cotidiano profissional e os desafios do projeto profissional do assistente social, a partir da tensa relação instituída por processos de alienação Na segunda seção, procura-se compreender a particularidade do exercício profissional na área sociojurídica a partir de uma de suas contradições constitutivas: disciplinamento social e a afirmação dos direitos humanos Conclui-se que, o exercício profissional do assistente social no momento de elaboração do relatório social apresenta-se com alguns limites A alusão à base material, sobretudo da sociabilidade burguesa presente na tessitura das relações sociais estabelecidas pelos adolescentes que cometeram atos infracionais, se dá apenas a manifestações empíricas que não a revelam e que, ao contrário, a oculta Conclui-se também que, o “CENSE tem classe”, pois as informações trazidas pela pesquisa revelam situações de total desproteção social e barbárie vivida pelos adolescentes e suas famílias, antes do ingresso na instituição; o acesso à proteção social praticamente inexiste; a violência interpessoal, intrafamiliar e judicial, são as tônicas das histórias sociais relatadas pelos profissionais nos relatórios Por fim, evidencia que há uma complexa relação entre os objetivos profissionais e os objetivos institucionais; por um lado, há uma interpretação institucional alicerçada na proposta da socioeducação, que em consequência, subalterniza a interpretação de responsabilização penal juvenil e contribui, assim, para reiterar uma imagem do Estatuto da Criança e do Adolescente que disfarça a natureza e a finalidade punitiva das medidas socioeducativas; por outro, valores do projeto profissional que sedimenta alicerces teórico-metodológicos, na perspectiva crítica da realidade social, não podem ser obscurecidos diante dos processos de universalização da alienação ocorridos no cotidiano Tal prerrogativa é fundamental para garantia de que ações profissionais - e, entre elas atribuições privativas como a construção de laudos, pareceres e relatórios sociais- sejam orientadas pela reflexão ética

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Palavras-chave

Assistentes sociais, Prática profissional, Assistentes sociais, Relatórios, Ética, Ethics, Professional practice, Social workers

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