01 - Doutorado - Saúde Coletiva
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Item Existir transfronteiriço : vida e direitos na atenção à saúde da fronteira internacional entre Argentina, Brasil e Paraguai(2024-01-12) Arenhart, Carlos Guilherme Meister; Durán González, Alberto; Benito, Gladys Amélia Velez; Rizzotto, Maria Lúcia Frizon; Carvalho, Marselle Nobre de; Carvalho, Brígida GimenezIntrodução: A saúde coletiva na região transfronteiriça entre Brasil, Paraguai e Argentina esteve condicionada historicamente pelo distanciamento da oferta de atenção à saúde que considere as dinâmicas próprias do lugar. A experiência do cidadão transfronteiriço nos sistemas públicos de saúde do lugar representa pistas fundamentais para costuras próprias de organização dos Estados para que se materialize uma oferta digna e resolutiva. Objetivo: Analisar como o cidadão transfronteiriço entre de Foz do Iguaçu – Brasil, Ciudad Del Este – Paraguai e Puerto Iguazú – Argentina experencia a Atenção à Saúde. Métodos: Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa na qual foram realizadas 16 entrevistas semiestruturadas com cidadãos nos sistemas de saúde pública dos três lados da fronteira. As entrevistas ocorreram no período de setembro a outubro de 2023 e o tempo de cada entrevista variou de 25 a 40 minutos. Os critérios de seleção foram aleatórios e concretizados com a disponibilidade e interesse em participação no estudo. Para a organização dos achados utilizou-se a Análise de Discurso e as análises destes partiram da sustentação epistemológica advinda da filosofia da existência. Resultados e Discussão: A cidadania transfronteiriça firmou pelos discursos que a saúde coletiva no lugar possui importantes desafios a serem superados. Os mundos da permanência no lugar, do acesso à saúde, do direito à saúde e do colapso existencial dos sistemas de saúde foram explorados analiticamente. O cidadão transfronteiriço permanece no lugar motivado pela tríade labor, amizade e família. No acesso à saúde existem barreiras e facilitadores na ponte que materializa a atenção à saúde. As barreiras interditam o caminhar do cidadão transfronteiriço e produzem sofrimento. No âmbito do direito à saúde constaram-se movimentos tensionadores entre os cidadãos em seus olhares sobre o direito à saúde ao cidadão transfronteiriço e há um espaço-entre de conflito. Há um colapso existencial da saúde coletiva pública e este é representado pelas experiências cidadãs na atenção à saúde. Considerações Provisórias: Os mundos saúde coletivistas para o cidadão transfronteiriço, ao experienciar a atenção à saúde nos sistemas públicos de saúde demonstrou a necessidade de costuras urgentes, nacionais e internacionais, de políticas de saúde sensíveis às demandas de quem projeta suas vidas nesse lugar. O cidadão transfronteiriço ao lançar o si-mesmo nestes mundos compõe condições próprias que trazem pistas importantes para o futuro dos sistemas públicos de saúde da fronteira trinacional.Item Abalos sísmicos : cartografias a partir de um consultório na rua(2024-02-22) Duarte, Luiz Gustavo; Bortoletto, Maira Sayuri Sakay; Slomp Junior, Helvo; Seixas, Clarissa Terenzi; Baduy, Rossana Staevie; Lima, Josiane Vivian Camargo deEste estudo foi produzido a partir de uma vivência de um pesquisador autista em um Consultório na Rua (CnaR) em um município de grande porte no sul do país. Foi realizada uma sismografia, derivada da cartografia apresentada por Deleuze e Guattari. Para a produção do estudo, foram utilizados métodos e técnicas de pesquisa, que funcionaram como equipamentos e ferramentas, permitindo abranger os segmentos de discussão que as linhas de fuga produziram. Tais equipamentos são a cartografia e a genealogia, e as ferramentas de suporte e manutenção incluem diários cartográficos, processamentos coletivos, vivências, participação em reuniões, entrevistas e investigações em documentos. A partir de linhas de ruptura, denominadas epicentros, foram discutidos os mapeamentos produzidos. Os epicentros incluem os chamados: liberação de ondas, megamáquinas pandêmicas, máquinas de morar, investigações genealógicas sobre um CnaR. No primeiro epicentro, denominado "Liberação de ondas", examinou-se a construção do pesquisador ao longo do mestrado e doutorado, destacando a continuidade entre esses dois momentos e o diagnóstico tardio de transtorno do espectro autista. Isso promoveu uma ressignificação e autoanálise da cartografia até o momento, destacando como esse território produz abalos que direcionam as investigações subsequentes. Em “Megamáquinas pandêmicas” o pesquisador presenciou, durante a pandemia de COVID-19, como a equipe se organizou e produziu cuidado entre as fissuras da cidade, compreendida na pesquisa como uma megamáquina. Ele também observou como os modos de vida das multidões da rua escapam da racionalização da cidade e só podem ser acessadas por um serviço que produz outros territórios além dos estabelecidos tradicionalmente em serviços de saúde. Além disso, durante o período pandêmico, foi possível presenciar como a produção de morte gerou sofrimento e angústia, não somente entre a população em situação de rua, mas também na equipe do CnaR. O terceiro epicentro, “Máquinas de morar”, se refere a outros funcionamentos maquínicos no ambiente urbano, neste caso relacionados à moradia. Este abalo se estabeleceu ao encontrar uma vivente da rua que, em suas linhas de fuga, questiona, com seu modo de vida, as definições tradicionais de domicílio e casa racionalizadas pelo aparelho de captura do Estado. Este modo de habitar, leva a subversão do conceito de Le Corbusier a respeito do lar como máquinas de morar modernistas, voltado apenas para seus aspectos funcionais, e traz à máquina de morar como expressão da subjetividade produzida através das linhas de fuga, como potência imanente, da vivente de rua. Por fim, ao realizar tais cartografias, outra linha de ruptura que foi perseguida, direcionou-se para a compreensão de questões surgidas ao longo da vivência, trilhando um caminho pela análise das pistas genealógicas, a fim de compreender como as produções de regimes de verdade do CnaR se estabeleceram. Com a elaboração desta sismografia, foi possível perceber que a produção urbana atua continuamente num estriamento dos modos de vida daqueles que a habitam, impulsionada pelo Estado moderno capitalista, onde a própria cidade funciona como axioma, na produção de desejo, buscando esquadrinhar os modos de vida. Ao se deparar com um modo de vida que atua como um corte, uma linha de fuga, nas concepções preestabelecidas de casa, percebe-se que a moradia, ou o viver, não diz respeito apenas a um espaço físico, mas sim, que funciona numa maquinação própria, em máquinas de morar que podem ser maquinadas como potencializadores de vida, mesmo em indivíduos que têm, muitas vezes sua condição de existência ignorados. Estes apontamentos fizeram emergir aspectos de condições que não caminham em acordo com o direcionamento de políticas públicas que, muitas vezes, podem visar o controle e assimilação do vivente de rua pelo Estado, não considerando sua subjetividade. O fato de a vivência ter ocorrido em um período de pandemia da COVID-19 permitiu constatar como a equipe do CnaR se relacionava com a cidade de maneira diferenciada dos serviços de saúde tradicionais, conseguindo se aproximar das redes vivas dos viventes da rua.Item Fragilidade em pessoas vivendo com HIV com 50 anos ou mais(2023-07-04) Wiechmann, Susana Lílian; Cabrera, Marcos Aparecido Sarria; Mesas, Arthur Eumann; Guidoni, Camilo Molino; Lopes, Gilselena Kerbauy; Tano, Zuleica NaomiPessoas vivendo com HIV (PVHIV) estão envelhecendo e sua expectativa de vida tem se aproximado daquela observada na população geral. Entretanto, PVHIV costumam ser mais precocemente acometidas por condições relacionadas à idade do que as não infectadas pelo HIV. A fragilidade, síndrome geriátrica caracterizada por um estado de vulnerabilidade a eventos estressores e associada a desfechos adversos como quedas, internações e óbito, pode ser mais prevalente e precoce nas PVHIV do que na população geral. A maioria dos estudos sobre fragilidade e HIV é proveniente de países desenvolvidos. No entanto, o aprofundamento sobre esse tema é igualmente necessário nos países em desenvolvimento, para auxiliar na elaboração de estratégias para o manejo dessa importante condição pelos serviços públicos de saúde. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi analisar a prevalência e os fatores associados à fragilidade em PVHIV com 50 anos ou mais atendidos nos serviços públicos de atenção especializada em HIV/Aids do Município de Londrina-PR. Trata-se de um estudo transversal, realizado por meio de entrevista pessoal e de avaliação clínica e do prontuário de 670 PVHIV em uso de terapia antirretroviral (TARV). A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2019 e março de 2020 e setembro de 2020 e novembro de 2021. A variável dependente correspondeu à fragilidade, avaliada por meio do fenótipo de fragilidade de Fried. As variáveis independentes incluíram: características sociodemográficas, hábitos de vida, variáveis clínicas e as relacionadas ao HIV e à TARV. Estatística descritiva foi utilizada para caracterizar a população, segundo o fenótipo de fragilidade, em robusta, pré-frágil e frágil. Variáveis independentes que se mostraram significativamente associadas com a presença de pré-fragilidade e fragilidade na análise bivariada foram incluídas em modelos de regressão logística multinomial. Do total de indivíduos avaliados, 91 (13,6%) foram considerados frágeis, 340 (50,7%) pré-frágeis e 239 (35,7%) robustos. A prevalência de fragilidade e pré-fragilidade foi maior nas mulheres (16,2% e 56,2%, respectivamente) do que nos homens (11,5% e 46,4%, respectivamente). Multimorbidade, depressão, queixas cognitivas subjetivas e pontuação do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) associaram-se (p=0,05) à fragilidade em ambos os gêneros. Enquanto tabagismo (OR=3,66; IC95%: 1,58-8,48) e histórico de baixa adesão à TARV (OR=3,10; IC95%: 1,33-7,23) estiveram associados à fragilidade em homens, depressão (OR=3,39; IC95%: 1,36-8,44) e ausência de dentição funcional (OR=3,77; IC95%: 1,36-10,43) associaram-se à fragilidade em mulheres. Baixa atividade física foi o critério mais prevalente (50,9%), seguido de exaustão (28,1%), fraqueza (24,0%), perda de peso não intencional (6,6%) e lentidão de marcha (6,3%). Exaustão, lentidão de marcha e baixa atividade física foram mais prevalentes entre as mulheres (p=0,05). Fraqueza, lentidão de marcha e baixa atividade física foram mais prevalentes nos indivíduos com = 60 anos (p=0,05). Todos os critérios, exceto a perda de peso, foram mais prevalentes entre indivíduos com menor escolaridade e todos eles foram mais prevalentes nos indivíduos de nível socioeconômico mais baixo (p=0,05). Este estudo acrescenta queixas cognitivas autorreferidas como um potencial preditor de fragilidade em ambos os gêneros, além de apoiar o conhecido efeito deletério da multimorbidade na fragilidade em PVHIV. Sugere, ainda, que outros possíveis preditores, como depressão, estado de saúde bucal e adesão à TARV, podem ser específicos de gênero. Baixa atividade física foi o componente mais prevalente nas PVHIV pré-frágeis ou frágeis. Medidas direcionadas a esse critério podem resultar em melhora da fragilidade dessa população. A prevalência e a distribuição dos componentes do fenótipo da fragilidade podem variar entre homens e mulheres vivendo com HIV e tais diferenças devem ser consideradas na abordagem dessa população.Item Não adesão ao uso de medicamentos e insatisfação com os serviços de assistência farmacêutica por usuários de medicamentos para doenças crônicas não transmissíveis: evidências da pesquisa nacional sobre acesso, utilização e promoção do uso racional de medicamentos (PNAUM)(2023-03-10) Menolli, Poliana Vieira da Silva; Girotto, Edmarlon; Guidoni, Camilo Molino; Mesas, Arthur Eumann; Brummell, Adriana Mitsue Ivama; Sanches, Andreia Cristina ConegeroA maneira como o paciente percebe ou julga a sua interação com os produtos e ou serviços de saúde provoca pressão na decisão sobre seguir o tratamento prescrito. Nesse contexto, torna-se importante estudar o quanto a percepção dos pacientes sobre produtos e serviços de saúde tem influenciado a não adesão ao uso de medicamentos no Brasil. Objetivo: Analisar a relação entre insatisfação dos usuários com os serviços de assistência farmacêutica do SUS e a não adesão ao uso de medicamentos por pacientes de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Métodos: Tese em modelo escandinavo composta por dois estudos transversais com dados da “Pesquisa Nacional Sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM)”. No artigo 1 foram utilizadas informações do banco de dados de medicamentos de uso contínuo do componente populacional da PNAUM para identificar a associação entre a percepção dos pacientes sobre medicamentos para DCNT e a não adesão por regiões do Brasil. A variável dependente foi a não adesão ao tratamento e a percepção do paciente sobre a medicação foi a variável independente. O artigo 2 utilizou dados do componente de avaliação de serviços da PNAUM para analisar a associação entre insatisfação dos usuários com os serviços de Assistência Farmacêutica (AF) e a não adesão ao uso de medicamentos por pacientes de DCNT. A variável dependente foi construída por meio de três medidas (não mutuamente exclusivas): não adesão por falta do medicamento, não adesão nos últimos 7 dias e não adesão declarada. A variável independente foi a insatisfação com as AF obtida por meio da teoria de resposta ao item. A regressão logística foi realizada para calcular os odds ratios (ORs) brutos e ajustados para os dois artigos por meio dos comandos para amostras complexas. Resultados: No artigo 1 a não adesão foi observada em 6,6% dos 16.491 medicamentos estudados. Na análise ajustada, percepção de eficácia de medicamentos considerada regular ou ruim (OR 3,025; IC 95% 1,672-5,473), percepção que causou desconforto (OR 2,731; IC 95% 1,464-5,092) e medicamentos usados por menos de seis meses (OR 1,557; IC 95% 1,089-2,227) tiveram maiores chances de não adesão no Brasil (todas as regiões). No artigo 2 foram avaliadas entrevistas de 2.248 usuários da APS em tratamento para DCNT e que usaram as farmácias do SUS. A não adesão por falta do medicamento foi de 31,6%, a não adesão nos últimos 7 dias de 11,5% e a não adesão declarada de 13,0% dos entrevistados. Na análise ajustada a insatisfação com a dimensão da AF Disponibilidade esteve associada à não adesão por falta (OR 1,872; IC 95% 1,477-2,373) e não adesão nos últimos 7 dias (OR 1,637; IC 95% 1,172-2,286) e a dimensão Adequação à não adesão declarada (OR 3,270; IC 95% 2,308-4,634). Conclusão: A insatisfação com os serviços de AF e a percepção de ineficácia, insegurança e tempo de uso dos medicamentos são fatores-chave associados à não adesão aos tratamentos farmacológicos de DCNT.Item De qual cuidado estamos falando? a cartografia de uma usuária cidadã guia surda na busca pelo direito do cuidado em saúde(2023-02-27) Marandola, Thalita da Rocha; Melchior, Regina; Bortoletto, Maira Sayuri Sakay; Silva, Ana Lucia Abrahão da; Vianna, Nubia Garcia; Pontin, Bianca Ribeiro; Lima, Josiane Vivian de CamargoO cuidado em saúde é um acontecimento que compreende o encontro entre usuários e trabalhadores, espaço onde a comunicação é uma importante estratégia para que a produção do cuidado seja efetivada. A pessoa surda que faz uso da língua de sinais - como principal meio de comunicação - pode ter este meio como barreira ao acesso dela aos serviços de saúde, uma vez que nestes locais a língua predominante é o português oral. Diante deste contexto, buscou-se acompanhar e analisar os caminhos percorridos por uma usuária surda, na busca pelo seu direito ao cuidado em saúde. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com perspectiva cartográfica que possibilitou a utilização de ferramentas como o usuário-cidadão-guia (UCG) enquanto dispositivo para nos conduzir durante sua trajetória rumo ao cuidado em saúde; o Diário Cartográfico (DC) enquanto recurso para anotações, apreensão e reflexão dos acontecimentos e, a estratégia de Educação Permanente em Saúde (EPS) que possibilitou a reflexão das práticas de saúde dos trabalhadores envolvidos na produção do cuidado da usuária-cidadã-guia surda. O campo de estudo teve como partida um ambulatório de especialidades em saúde de um município de grande porte da região sul do país. O período de acompanhamento em campo ocorreu de outubro/2020 a outubro/2021. As análises foram realizadas a partir do referencial teórico da micropolítica do trabalho. A partir de situações que indicavam barreira de acesso aos serviços, vivenciados com e pela a UCG, e a vivência com os trabalhadores dos serviços de saúde foram registradas reflexões que eram produzidas nos encontros, que foram organizados nos seguintes tópicos: acolher e ser acolhido, análise que aborda o acolhimento nos processos de trabalho do ambulatório de especialidades. Alguns desafios apontados no acolhimento, foram discutidos no segundo tópico sobre o que é diferente, o que é “anormal” segundo uma perspectiva do funcionamento do corpo biológico e quais formas de (re)existir. Na sequência, foram discutidas as percepções sobre o que é o cuidado e, por último, a comunicação como ferramenta na produção do cuidado em saúde. As considerações parciais que fazemos desta caminhada com a usuária-cidadã-guia surda é que o cuidado é uma construção contínua de atos e ações que sofrem influências dos processos de subjetivação que atravessam os atores envolvidos nesta produção. As concepções históricas sobre o que é a pessoa com deficiência influenciam na forma como cuidados destes usuários. O cuidado está diretamente relacionado ao processo de trabalho em saúde e, desta forma, precisa ser analisado a partir de um referencial que contemple suas especificidades. A educação permanente em saúde foi uma importante ferramenta para a ressignificação do acolhimento a pessoa surda e permitiu mudanças no processo do trabalho que sensibilizou a equipe para uma nova forma de cuidar em saúde. Faz-se necessário, portanto, o incentivo e a oportunização de espaços para EPS no cotidiano do trabalho, de forma a permitir que os trabalhadores reflitam suas práticas do cuidado, independente, das características que o usuário possua.Item Presente! histórias de feminicídio em dimensões sociais, jurídicas e de saúde pública(2023-04-12) Kulaitis, Letícia Figueira Moutinho; Carvalho, Marselle Nobre de; Mendonça, Fernanda de Freitas; Melchior, Regina; Pimenta, Rosângela Aparecida; Andrade, Sílvia Karla Azevedo VieiraA presente tese dedicou-se à compreensão do fenômeno feminicídio, em suas múltiplas dimensões, apreendendo sua construção como uma questão que resulta da estrutura social, que se constitui como instrumento de debate e é operacionalizado pelo campo jurídico e por fim, como um exemplo de violência de gênero, iniquidade, que no campo da saúde, impossibilidade de uma vida saudável, livre e plena de direitos. A pesquisa foi desenhada em perspectiva documental histórico-processual. Inicialmente foi realizada um levantamento dos registros cotidianos de feminicídios nos principais portais na Internet: G1, Google e UOL. Foram selecionadas e arquivadas 1.200 notícias classificadas nas seguintes categorias: legislação e políticas públicas; feminicídios; feminicídios em outros países, entrevistas sobre feminicídios e estatísticas de feminicídio. A categoria feminicídio foi por sua vez classificada pela identificação do que se convencionou nominar “variáveis exemplares”, ou seja, variáveis explicativas das dimensões (social, jurídica ou de saúde pública) que aqui se apresentam como fundamentais para a compreensão do fenômeno do feminicídio. Da amostra inicial da categoria, foram reconstituídas 17 histórias de feminicídio, unidade constituída na tese, isto é, foram descritas a forma como mulheres percorreram o espaço social, em perspectiva histórico-processual, evidenciando como as variáveis exemplares identificadas em tais histórias se articularam para a produção da violência feminicida e, por fim, para seu silenciamento.Item Autopercepção de saúde em adultos e idosos brasileiros: estudos baseados em inquéritos nacionais(2023-02-06) Kretschmer, Andressa Carine; Loch, Mathias Roberto; Lindemann, Ivana Loraine; Guerra, Paulo Henrique de Araújo; Dias, Douglas Fernando; Guidoni, Camilo MolinoIntrodução: A Autopercepção de Saúde (AS) é considerada uma medida de fácil aplicação e um bom preditor de morbimortalidade. Pesquisas relacionando o comportamento alimentar, ou relacionando a AS na população de baixa escolaridade demonstram-se escassos na literatura. Objetivo: No primeiro estudo objetivou-se relacionar a AS positiva com comportamentos alimentares em uma amostra de adultos e idosos. No segundo objetivou-se relacionar a AS positiva a variáveis sociodemográficas, comportamentais e de apoio social com uma amostra de idosos de baixa escolaridade. Metodologia: Trataram-se de dois recortes de estudos transversais, o primeiro estudo, foi realizado com uma amostra de adultos de três diferentes faixas etárias (adultos jovens, de meia-idade, e idosos) residentes de 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal entrevistados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - VIGITEL do ano de 2017. No segundo recorte, fez-se uso de uma amostra de idosos de baixa escolaridade (de 0 a 4 anos de estudo), de diversas regiões do Brasil entrevistados pela Pesquisa Nacional de Saúde - PNS do ano de 2019. A variável dependente de ambos os estudos foi a AS positiva, as variáveis independentes do primeiro recorte foram sete comportamentos alimentares e do segundo variáveis sociodemográficas, comportamentos de saúde e apoio social. Em ambos os recortes se fez a análise descritiva dos amostrados e posteriormente construiu-se modelos de regressão de Poisson. Resultados: No primeiro estudo, foram considerados 52.166 indivíduos residentes nas capitais brasileiras, a prevalência de AS positiva foi de 66,3% obteve-se associações com todos os comportamentos alimentares estudados em ambos os sexos com os adultos jovens. As variáveis das quais obteve-se relações mais fortes foram o consumo regular de frutas e o consumo regular de hortaliças nestes obteve-se associações em todos os grupos (variando de RPaj=1,31; IC95% 1,18-1,46 a RPaj=1,14; IC95% 1,09-1,19 no consumo de frutas e de RPaj=1,36; IC95% 1,23-1,50 a RPaj=1,21; IC95% 1,13-1,30 no consumo de hortaliças). Constatou-se relação linear positiva entre o número de comportamentos alimentares positivos e a prevalência de AS positiva. No segundo recorte, em que foram considerados dados de 12.367 idosos, a prevalência de AS positiva foi de 36,7%, sendo que menores prevalências foram observadas nos pretos e pardos, e nos homens viúvos. Maiores prevalências foram encontradas naqueles que possuíam renda mais elevada (sendo de até RPaj=1,18; IC95% 1,11-1,24 nas mulheres e RPaj=1,29; IC95% 1,22-1,37 nos homens dos quais recebiam mais de 3 salários-mínimos) e naqueles que realizaram pelo menos uma consulta anual com médico (RPaj=1,25; IC95% 1,16-1,35 nos homens, e RPaj=1,22; IC95% 1,16-1,28 nas mulheres). Além destas associações, somente nas mulheres foram encontradas maiores prevalências nas solteiras, nas que praticavam atividade física no lazer, consumiam frutas e hortaliças, participavam de associações comunitárias e de atividades religiosas. Conclusões: Reforça-se a importância de políticas que promovam a adoção de comportamentos saudáveis, estímulo da participação social, da busca mais frequente por serviços de saúde, e de políticas em prol da melhoria da renda para a população com menos anos de estudo.Item Processo de integração ensino-serviço: a educação permanente em saúde como estratégia para o fortalecimento da gestão do SUS(2023-06-03) Ferraz, Edinalva de Moura; Mendonça, Fernanda de Freitas; Carvalho, Brígida Gimenez de; Pereira, Adelyne Maria Mendes; Nunes, Elizabete de Fátima Polo de Almeida; Santini, Stela Maris LopesManagement in/of the Unified Health System is a complex activity, which requires understanding from the management teams and a set of skills and competences to overcome the challenges experienced in this area. And the integration between health services and universities can be an important strategy to mitigate this complexity. The literature shows that these articulations are important for the quality of care, but it is still incipient to carry out studies that investigate the teaching-service integration from the perspective of the management of this system, in particular, when this integration is anchored in the assumptions of Permanent Education in Health. Thus, the present study aimed to analyze the repercussions of a teaching-service integration process through Permanent Health Education, to strengthen the management of the Unified Health System. It was carried out in two health regions, located in the northern macro-region of the State of Paraná. This a qualitative workshops that structured this process, comprehensive stude that used two complementary techniques to obtain and analyze the empirical data. At first, participant observation was carried out during the workshops that took place in the 16th Health Region, which had an average of 33 people and that structured this process of Permanent Education in Health, named PROGESTÃO, wich took place between April and December 2019. In the second moment, interviews were carried out, from July to December 2020, with people who stood out in terms of participation, carrying out the dispersion tasks and exchanging knowledge with the other members of the group during the workshops. Due to the pandemic caused by the Coronavirus, these interviews were carried out remotely, by the author of the thesis, with the support of a semi-structured script, which contained triggering questions for the dialogue, which addressed the process developed, as well as its repercussions for the practice of health management. The methodological theoretical framework used for extracting and analyzing data from participant observation and interviews was critical hermeneutics, proposed by Paul Ricouer, which considered, among other aspects, the temporality of discourse, as well as its subjectivity and representativeness. The result of this thesis was presented in the Scandinavian model, divided into two scientific articles. The first article deals with the process of Permanent Education in Health developed. Written on the experience report format, it is structured in five sections: the first describes the context in which the experience was developed, elucidating reasons, actors and the location in which it took place; the second presents the work proposal, the preparation of the workshops and the methodological resources used; the third reports the path taken in its operationalization; the fourth discusses the interdisciplinarity characteristics existing in the process and the last presents some considerations. The proposal proves to be a powerful strategy to promote dialogue, qualify and make reflective work in the field of health management among different actors and institutions, especially in the context of the state's health and fiscal crisis. The second manuscript, developed under the aspect of a qualitative study, analyzed the repercussions of this process of Permanent Education in Health. The results revealed challenges and potentialities of the Continuing Education process in the scope of health management, as well as repercussions for the performance of the management team in its locus of action. Despite the challenges revealed, such as the incipient qualification of the team and the difficulty of institutionalizing the National Policy on Permanent Education, professionals recognized the importance of teaching-service integration in promoting training processes that use active methodologies and provide collective spaces for dialogue The EPS process experienced during the course had repercussions on greater integration between people who participate in municipal management processes, a feeling of belonging and commitment to management, incorporation of EPS processes into daily management, with emphasis on coping with problems arising from the pandemic and in the process of defining the use of resources by the management team. It is essential to promote qualification processes that consider the subjects' needs, the context of action and the singularities of the professionals who work in the management of the SUS. This thesis also demonstrated that the complexity of management experienced in the context of the SUS can be alleviated through partnerships between the world of education and the world of work.Item Arte e cuidado em saúde: experienciação do cuidado nos encontros vividos no projeto Sensibilizarte(2021-04-29) Araujo, Flávia Maria; Bortoletto, Maira Sayuri Sakay; Seixas, Clarissa Terenzi; Lopes, Maria Lucia da Silva; González, Alberto Durán; Melchior, ReginaO cuidado pode ser considerado a base dos serviços de saúde, com diversos modos para a sua efetivação. Pressupõe considerar o usuário como interlocutor válido e incluir seus desejos na atuação profissional. Ele acontece no encontro entre trabalhador e usuário, quando o profissional é afetado pelo usuário e busca atender suas necessidades de saúde. Para operar assim, o trabalhador precisa escutar o usuário e colocá-lo no centro de sua atuação. Entretanto, nem sempre isso ocorre, o cuidado fica empobrecido em meio à várias questões, como as capturas que a indústria médico-hospitalar faz dos serviços, formações em saúde focadas em procedimentos e organização rígida dos serviços. Desse modo, fica aparente a necessidade de uma ferramenta capaz de agenciar a sensibilidade humana e fazer despertar para a necessidade de cuidado. Encontramos essa ferramenta na arte, que tem se mostrado uma potente atividade cuidadora, capaz de sensibilizar. Nessa temática, a Universidade Estadual de Londrina-UEL desenvolve um Projeto de Extensão chamado “Sensibilizarte: Arte Como Instrumento Para Humanização Na Formação E No Cuidado Em Saúde”, que tem por objetivo sensibilizar os discentes dos cursos da saúde para uma formação cuidadora. O projeto faz isso levando os participantes para realizarem atividades artísticas dentro do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná- HU/UEL. São quatro modalidades artísticas: artesanato, contação de histórias, música e palhaço. Nos questionamos sobre como é produzido o cuidado pelo participante do Projeto Sensibilizarte, no encontro que produz vida com o usuário do hospital e, para responder, realizamos uma pesquisa qualitativa na modalidade cartografia com o objetivo: cartografar a produção de corpos sensíveis para o encontro na produção de cuidado, vivenciados na incursão do Projeto Sensibilizarte. Essa cartografia se deu pelo corpo da pesquisadora em campo, que fez uma incursão dentro do projeto, executando todas as atividades dele como uma estudante, tornando-se parte do projeto. O processamento do campo se deu pelo registro em Diário de Campo e pela conversa com autores como Deleuze e Guattari. A pesquisadora tinha um corpo-bailarina anterior, que uniu-se à constituição de seu corpo-cartógrafa, misturando-se na vivência do campo. Ao final, a cartógrafa-bailarina pôde analisar o campo e produzir conhecimentos. Esses resultados foram trazidos em formato de dois artigos, ambos na perspectiva da arte como possibilidade de ferramenta de cuidado. O primeiro: “A arte no agenciamento da produção de cuidado em um hospital público”, traz cenas de cuidado em formato de narrativa, em que trabalhadores do HU foram agenciados pela atuação do projeto. Ao receber o cuidado da arte solicitaram aos estudantes que fossem prestar o mesmo cuidado a determinados usuários. Mostra que cuidar do trabalhador é importante para que ele perceba a necessidade da sensibilidade em seu trabalho. O segundo artigo: “A arte como ferramenta para a formação em saúde: um resgate do encontro de cuidado”, mostra como o projeto possibilita a formação do estudante baseada em tecnologias leves (acolhimento, empatia, vínculo). Ao executar as atividades artísticas o estudante percebe que além das doenças a serem tratadas, há seres humanos que necessitam de acolhimento. Abrem seu corpo para o afeto e percebem o sofrimento junto à doença. Percebem que a ação deles enquanto artistas é capaz de melhorar a experiência de internação, deixando-a mais leve. Essas habilidades podem ser transferidas para a formação profissional, colaborando para uma futura atuação que considere a sensibilidade humana. Ao final, a cartógrafa-bailarina sai de cena levando consigo o conhecimento: o projeto é uma ferramenta potente para a formação de trabalhadores em saúde com corpos sensíveis ao cuidado e marca o corpo do profissional que está atuando no HU, proporcionando encontros de cuidado do qual eles também necessitam.Item Cartografia do cuidado ao cuidador : encontros, resistências e produção de linhas de fugaGrandi, Ana Lúcia de; Melchior, Regina [Orientador]; Santos, Mara Lisiane de Moraes dos; Santos, Nereida Lúcia Palko dos; Bortoletto, Maira Sayuri Sakay; Baduy, Rossana Staevie; Lima, Josiane Vivian Camargo de [Coorientadora]Resumo: A partir do referencial da micropolítica do trabalho e cuidado em saúde, desejamos cartografar, neste trabalho, o cuidado do cuidador, vivenciar as experiências do cuidador na produção do seu cuidado e na produção do cuidado do outro, pensando o cuidado do cuidador como processo singular e necessário para o estabelecimento de relações com o outro e da afetividade Para isso, acompanhamos um Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) e, durante os encontros junto à cuidadora, nos impregnamos de sua existência e de sua trajetória para acompanhar como o cuidador vivencia seu cuidado Assim, nos construímos enquanto cartógrafa e, analisando nossas próprias implicações com o tema do cuidado do cuidador, surgiram dois analisadores: o SAD como local de produção de vínculo e cuidado integral e a dificuldade da continuidade do cuidado na rede de atenção; a solidão da cuidadora e seus movimentos de resistência Os encontros com a cuidadora-guia permitiram perceber sua multiplicidade, a nossa e a dos trabalhadores da saúde As relações de conflito, vivenciadas pela cuidadora com as equipes de trabalhadores em diferentes serviços, demonstram a necessidade de construir projetos terapêuticos compartilhados, além de encontros afetados pela falta de tecnologias leves O rompimento do vínculo e a descontinuidade do cuidado em saúde são fatores agravantes para o não alcance da integralidade e potencializador da solidão do cuidador A solidão da cuidadora está relacionada ao isolamento social vivido em decorrência de não ter com quem dividir as tarefas de cuidar Outra questão é a invisibilidade do cuidador para os trabalhadores e para os serviços de saúde que focam seu cuidado ao usuário em um recorte biológico, sem percepção das singularidades e da vida do cuidador Para isso, existe a necessidade de criação de espaços efetivos em que os trabalhadores possam colocar em análise o trabalho realizado, dando visibilidade às forças que estão influenciando o seu fazer, buscando conhecer a vida do usuário, do cuidador e da família Nosso desafio é dar visibilidade a essa complexidade do cuidador, produzindo redes efetivas e a continuidade do cuidado para esses casosItem Fisioterapia na atenção básica : reflexões sobre um processo em construção no município de Londrina-PRQuartiero, Cíntia Raquel Bim; González, Alberto Durán [Orientador]; Carvalho, Brígida Gimenez; Trelha, Celita Salmaso; Ribeiro, Kátia Suely Queiroz Silva; Baduy, Rossana StaevieResumo: Introdução: A fisioterapia, marcada pelo seu histórico como profissão reabilitadora pautada no modelo biomédico, nos últimos anos vem aprimorando sua práxis profissional no contexto da atenção básica com ênfase no modelo biopsicossocial de produção do cuidado, a partir da inserção do fisioterapeuta no SUS, com a implantação do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) Inquietação: Compreender as ações de fisioterapeutas na atenção básica no contexto da gestão, processo de trabalho e práticas profissionais Métodos: Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, a entrevista semiestruturada e o diário de campo foram utilizados como instrumentos de pesquisa, e os dados foram interpretados por meio da análise do discurso Foram realizadas entrevistas nos meses de setembro e outubro de 217, com dezenove fisioterapeutas atuantes em Unidades Básicas de Saúde e três profissionais da gestão da atenção básica no município de Londrina-PR Resultados e Discussão: Os resultados foram sistematizados em três categorias: gestão e processo de trabalho, ações fisioterapêuticas e promoção da saúde Dentre as características para o processo de trabalho observou-se que a organização do serviço no município, o número de profissionais, as relações interprofissionais, estrutura física e recursos financeiros, perfil da população assistida são fatores que interferem na prática profissional As influências para as ações fisioterapêuticas na atenção básica envolvem o perfil profissional, o uso de tecnologias relacionais, carga horária, tipo de unidade em que atua (urbana ou rural) Ainda é um desafio para fisioterapeuta realizar o monitoramento e avaliação de suas ações As ações para a promoção da saúde ainda são incipientes, mas muitos profissionais já reconhecem essa prática como meio de produzir a integralidade do cuidado A demanda por atendimentos individuais é uma grande dificuldade para o fisioterapeuta concretizar na prática as diretrizes do NASF-AB, e superar essa realidade depende da sensibilização da gestão, dos profissionais e dos usuários Considerações Finais: Avanços e desafios compõem o processo de construção do serviço de fisioterapia no munícipio de Londrina, pioneiro na inserção desse profissional na atenção básica em âmbito nacional Foi possível compreender, a partir das falas dos fisioterapeutas do serviço e alguns gestores, e análise da pesquisadora, as ações desenvolvidas pela fisioterapia na atenção básica, processo dinâmico e complexo, que sofre influência de diversos atores e de políticas púbicas de saúde A fisioterapia precisa se consolidar na atenção básica, e a experiência do município de Londrina reforça que para isso fisioterapeutas têm que incorporar o conceito ampliado de saúde, empregando em sua prática os princípios do SUS, diretrizes e ferramentas do NASF-AB, e as tecnologias relacionais visando a integralidade na produção do cuidado em sua identidade profissional, considerando a funcionalidade humana e seus determinantes como objeto de trabalhoItem O usuário-guia e as redes de cuidado : movimentos cartográficos de produção de vidaOliveira, Kátia Santos de; Melchior, Regina [Orientador]; Capozzolo, Angela Aparecida; Santos, Mara Lisiane de Moraes dos; Lima, Josiane Vívian Camargo de; Bortoletto, Maira Sayuri Sakay; Baduy, Rossana Staevie [Coorientadora]Resumo: Cuidar é mais que um ato, é uma atitude É tema da produção do humano e não é exclusivo da saúde Tem a ver com solidariedade, com suporte, com apoio e com produção de vida Mesmo com diferentes arranjos, ao longo do tempo e segundo os diferentes modos de viver, está relacionado com a construção da teia de relações e encontros que conformam a vida No que diz respeito à saúde, o cuidado pode ser produzido nos serviços que compõem a rede de atenção à saúde, por meio de encontros entre trabalhadores e usuários, ou de forma autônoma pelo próprio usuário que constrói redes vivas, na busca de atender as suas necessidades Os objetivos deste estudo foram: Analisar o cuidado produzido e compartilhado no sentido de atender às necessidades de saúde do usuário, buscando assim dar visibilidade aos movimentos produzidos, nos diferentes espaços/equipes cuidadoras e pelo próprio usuário e seus familiares, para articular redes e produzir cuidado Para isso, tomou-se como ponto de partida um usuário do Serviço de Atenção Domiciliar que guiou a pesquisadora por caminhos e processos percorridos por ele, na construção de um mapa cartográfico de cuidado, durante os meses de setembro de 216 a julho de 218 A aposta foram os encontros, inicialmente com trabalhadores do Serviço de Atenção Domiciliar e, posteriormente, encontros guiados pelo usuário, percorrendo com ele e sua família os pontos das redes de cuidado formais e as redes vivas que vinham sendo produzidas Ao iniciar o trabalho de campo, iniciou-se também o processo de produção da pesquisadora-cartógrafa, que precisou desconstruir o olhar armado do olho-retina e trazer para cena a vibratilidade do corpo e do olhar que passou a dar visibilidade e dizibilidade aos afetos dos encontros, e com isso colocar em análise suas próprias implicações Desse modo a cartografia foi sendo construída, e alguns analisadores foram elencados como produtos desta construção cartográfica: Vida Pulsante e Redes Vivas em Acontecimento; Cuidado para além do Protocolar: a tensão e a disputa entre as tecnologias do trabalho em saúde; A Dinamicidade nos Modos de Produção do Cuidado: qual projeto terapêutico? e As Redes de Atenção: idas e vindas do protocolo à singularização do cuidadoItem Prevalência, incidência e fatores preditores da síndrome metabólica em população de 40 anos e mais. VIGICARDIO 2011-2015Costa, Kécia; Silva, Ana Maria Rigo [Orientador]; Mattos, Edlívia Dias de; Carrilho, Alexandre José Faria; Cabrera, Marcos Aparecido Sarria; Andrade, Selma Maffei de; Cordoni Júnior, Luiz [Coorientador]Resumo: A Síndrome Metabólica (SM) é definida como um conjunto de alterações metabólicas que conferem aumento do risco cardiovascular Sua prevalência na população adulta tem aumentado no mundo e diversos fatores estão relacionados à sua ocorrência Este estudo tem como objetivo analisar o perfil da SM em uma coorte de adultos de 4 anos e mais, comparando-se a prevalência da SM e seus componentes entre dois períodos e identificando sua incidência e fatores preditores após seguimento Trata-se de um estudo com dois delineamentos distintos, um comparativo entre dois períodos, 211 e 215, e o segundo uma coorte prospectiva A população de estudo foi constituída por adultos de 4 anos e mais residentes em Cambé, Paraná A coleta de dados da primeira etapa ocorreu entre os meses de fevereiro e maio de 211 e foram entrevistados 118 indivíduos A segunda etapa iniciou-se em março e terminou em outubro de 215 e 885 adultos foram entrevistados Em ambas as etapas realizou-se aferição da pressão arterial, medidas antropométricas e exames laboratoriais A SM foi identificada segundo a definição harmonizada, que preconiza a presença de três ou mais dos componentes: circunferência abdominal =12 cm homens e = 88 cm mulheres; triglicérides: = 15mg/dl e/ou tratamento medicamentoso com hipolipemiantes; PAS = 13 e/ou PAD = 85 mmHg e/ou tratamento com medicamentos anti-hipertensivos; HDL: <4 mg/dl em homens e <5 mg/dl em mulheres e/ou tratamento medicamentos com hipolipemiantes; glicemia jejum: =1 mg/dl e/ou medicamento para tratamento do diabetes Todas as análises foram realizadas no programa SPSS 19 Para a comparação das prevalências da SM e de seus componentes entre os períodos foi utilizado o teste de Mc Nemar e para a comparação entre os sexos o teste Qui-quadrado, adotando-se o nível de significância de p<,5 A análise de regressão logística múltipla foi utilizada para identificar os fatores preditivos para a incidência acumulada da SM em 215 Houve aumento estatisticamente significativo entre 211 e 215 da prevalência da SM e de todos os seus componentes exceto da glicemia de jejum alterada O componente mais prevalente em ambos os períodos foi alteração dos níveis pressóricos, 68,3% e 71,3% respectivamente A obesidade abdominal elevada foi o componente mais frequente entre as mulheres e, entre os homens foi a alteração dos níveis pressóricos Após o seguimento, a incidência acumulada da SM foi de 32,4% Entre as mulheres foi de 4,1% e, entre os homens, de 2,% Após ajustes, as variáveis que permaneceram associadas à incidência da SM no sexo feminino foram o hábito de fumar como fator de proteção, a autopercepção negativa do estado de saúde e a presença de componentes pré-SM, com aumento da chance de incidência da SM quanto maior o número de pré-componentes No sexo masculino apenas o índice da massa corpórea (IMC) classificado como sobrepeso e/ou obbesidade foi associado significativamente Entre as principais conclusões destaca-se a frequência elevada da SM, a piora do perfil de risco metabólico e cardiovascular e a obesidade abdominal como um importante fator preditivo A condição de SM reconhecida permite classificar os grupos segundo a condição de risco e planejar intervenções a fim de minimizar as consequências aos indivíduos e serviços de saúdeItem Associação entre letramento em saúde e percepção de trabalho de alta exigência com condutas relacionadas à alimentação em professores da educação básica de Londrina, ParanáRodrigues, Renne; Mesas, Arthur Eumann [Orientador]; Andrade, Selma Maffei de; Loch, Mathias Roberto; Carreira, Clísia Mara; Guedes, Dartagnan PintoResumo: A docência possui diversos desafios e responsabilidades, e fatores pessoais, como o letramento em saúde, e ocupacionais, como o trabalho de alta exigência (categoria de maior risco do modelo demanda-controle), podem predispor à realização de condutas alimentares não recomendáveis Em razão da importância dos professores para a sociedade, considera-se essencial o aprofundamento de questões pessoais e laborais com condutas alimentares Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivos investigar a associação do letramento em saúde e das exigências para o trabalho com condutas alimentares Para a estruturação desta tese, cada objetivo foi apresentado no formato de um estudo com métodos, resultados e conclusões próprias Os objetivos foram explorados no âmbito do projeto Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da Rede Pública do Paraná (PRÓ-MESTRE), no qual professores das 2 maiores escolas estaduais de Londrina foram entrevistados individualmente em dois momentos: baseline (nos anos de 212 e 213) e seguimento (após 24 meses) Desse modo, o primeiro estudo é um recorte transversal, com dados obtidos no baseline, investigando a associação entre o letramento em saúde (obtido por meio da ferramenta Newest Vital Sign – NVS) e condutas alimentares O segundo estudo é uma coorte prospectiva que investiga a influência do trabalho de alta exigência em condutas alimentares O letramento em saúde inadequado foi observado em 62,6% dos 927 professores incluídos no primeiro estudo, associando-se com menor frequência de consulta a informações nutricionais em professores mais jovens, e com maior chance de consumo de alimentos pré-preparados frequentemente entre os professores de meia idade O trabalho de alta exigência medido no baseline foi identificado em 39,2% dos 52 professores incluídos no segundo estudo, associando-se com maior chance de manutenção do consumo não frequente de frutas, maior chance de diminuição do consumo de frutas e verduras/legumes e com menor chance de diminuição do consumo de gordura visível de carne vermelha, após 24 meses de seguimento Com base nos resultados encontrados é possível identificar que tanto o letramento em saúde inadequado (em recorte transversal) quanto o trabalho de alta exigência (em recorte longitudinal) estão implicados na maior chance de manutenção de condutas alimentares não recomendados e piora de condutas alimentares, bem como na menor chance de melhora de condutas alimentares É importante ressaltar que diversas associações esperadas entre letramento em saúde e condutas alimentares não se confirmaram na presente população Desse modo, sugere-se a discussão sobre as condições de trabalho e ações integradas que visem o incentivo à alimentação saudávelItem Violência e burnout em professores da educação básica de LondrinaMelanda, Francine Nesello; Andrade, Selma Maffei de [Orientador]; Alencar, Gizelton Pereira; Furuya, Rejane Kiyomi; Carvalho, Wladithe Organ de; Loch, Mathias RobertoResumo: O objetivo deste estudo foi analisar se a exposição prévia à violência no ambiente escolar aumenta o risco de os professores sofrerem novamente violência após dois anos e identificar relações transversais e longitudinais entre violência psicológica e burnout Trata-se de um estudo de coorte com dois anos de seguimento realizado com 43 professores do ensino fundamental e médio da rede pública de Londrina, Paraná As informações foram obtidas em 212-213 (T1) e 214-215 (T2) por entrevista face a face realizada por entrevistadores treinados e preenchimento, pelo próprio professor, de um questionário As formas de violências investigadas foram violências psicológicas (relatos de insultos de alunos, humilhações ou constrangimentos por colegas ou superiores e ameaças recebidas) e violências físicas, nos 12 meses anteriores à pesquisa Para mensurar burnout, utilizou-se o Maslach Burnout Inventory, sendo consideradas apenas as dimensões de exaustão emocional e despersonalização Características sociodemográficas, relacionadas ao trabalho e à saúde foram incluídas como covariáveis Para a análise da recorrência de violência foram utilizados o teste de McNemar e a regressão de Poisson com variância robusta, com apresentação do risco relativo (RR), intervalo de confiança de 95% (IC95%) e valor de p, considerando nível de significância de 5% A relação entre violência psicológica e burnout foi verificada por modelos de equações estruturais Violência psicológica, exaustão emocional e despersonalização foram consideradas variáveis latentes Após dois anos, observou-se redução de 65,4% (T1) para 56,9% (T2) de violência reportada por professores (p=,3), porém devido apenas à diminuição da frequência de relatos de humilhações ou constrangimentos por colegas ou superiores Ter sofrido uma determinada forma de violência aumentou em até três vezes o risco de sofrê-la novamente em dois anos Além disso, professores que relataram três ou quatro formas de violências em T1 apresentaram RR de 2,23 (IC95%1,7-2,93) de sofrer qualquer violência em T2, em comparação àqueles que não sofreram qualquer forma de violência em T1 Não foram encontradas evidências de que estar exposto à violência psicológica em T1 aumenta o risco de sofrer violência física em T2 ou que violência física em T1 aumenta o risco de violência psicológica em T2 Violência psicológica apresentou efeito direto sobre exaustão emocional e despersonalização, quando analisados transversalmente Longitudinalmente, não foram observados efeitos diretos significativos No entanto, observou-se um efeito indireto da violência psicológica em T1 sobre ambas as dimensões de burnout em T2 Este estudo mostrou que a violência contra professores, exceto a referente a humilhações ou constrangimentos por colegas ou superiores, é recorrente e que tem efeito sobre o burnout Tendo em vista o impacto destrutivo da violência e do burnout no ambiente de trabalho, ressalta-se a importância da identificação da ocorrência desses eventos no ambiente escolar e no estabelecimento de políticas de prevenção e gerenciamento da violência e do esgotamento no trabalhoItem Prevalência de dor crônica e associação com percepções e condições de trabalho de professores da rede estadual de ensino de Londrina (PR)Gabani, Flávia Lopes; Andrade, Selma Maffei de [Orientador]; Pimenta, Cibele Andrucioli de Mattos; Trelha, Celita Salmaso; Dellaroza, Mara Solange Gomes; Durán González, AlbertoResumo: As condições de trabalho estão relacionadas à ocorrência de dor em professores, a qual resulta em limitação das atividades diárias, maior número de consultas médicas, afastamento do trabalho e pior qualidade de vida O processo álgico pode ser deflagrado e perpetuado por diversos motivos, que podem diferir de acordo com as características laborais e as regiões do corpo afetadas Elucidar esse fenômeno de forma mais detalhada pode reduzir danos adicionais à saúde do professor Este estudo teve por objetivo caracterizar a dor crônica, prevalência e regiões do corpo mais afetadas, e associar com percepções e condições de trabalho de professores da rede estadual de ensino de Londrina (PR) Tratou-se de estudo transversal realizado no período de 212 a 213 com professores do ensino fundamental e médio Foram excluídos os educadores readaptados ou afastados de função, com menos de um ano de serviço e com diagnóstico de neoplasia maligna O desfecho dor crônica foi dividido em três regiões do corpo: membros superiores, coluna lombar e membros inferiores A análise estatística ocorreu por meio de três modelos de regressão de Poisson e cálculo da razão de prevalência ajustados por variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e comorbidades Para comparação das proporções de professores com e sem dor crônica utilizou-se o teste Qui-quadrado com correção de Yates, considerando nível de significância de 5% (p < ,5) A amostra final correspondeu a 958 professores Dor crônica foi referida por 48 (42,6%) docentes, com maior frequência em mulheres, na faixa etária acima de 4 anos, da raça/cor branca e amarela/indígena, entre aqueles que não realizavam atividade física pelo menos uma vez por semana ou realizavam de forma insuficiente, e não consumidores de álcool Também foi mais frequente na população com vínculo empregatício tipo estatutário e com tempo de atuação como professor acima de 2 anos As regiões reportadas como mais dolorosas foram membros superiores, cabeça, membros inferiores e coluna lombar No modelo final da regressão de Poisson, dor nos membros superiores foi significativamente mais frequente entre professores que consideravam que as seguintes situações afetavam seu trabalho: condições para escrever no quadro e para carregar o material didático, tempo que permanecia em pé e posição do corpo em relação ao mobiliário e equipamentos Também houve associação da dor em membros superiores com a percepção regular/ruim sobre a quantidade de alunos em sala de aula e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional A dor na coluna lombar associou-se à percepção de que escrever no quadro afetava seu trabalho A dor em membros inferiores associou-se ao tempo de profissão > 2 anos, à percepção regular/ruim quanto ao equilíbrio pessoal e profissional e à percepção de que o tempo que permanecia em pé afetava o trabalho Foram evidenciadas percepções e codições relativas ao trabalho docente associadas a diferentes regiões corpóreas afetadas por dor crônica em professoresItem Problemas e estratégias de gestão do SUS em municípios de pequeno portePinafo, Elisangela; Nunes, Elisabete de Fátima Polo de Almeida [Orientador]; Scatena, João Henrique Gurtler; Nicoletto, Sônia Cristina Stefano; Cordoni Junior, Luiz; Gil, Célia Regina Rodrigues; Carvalho, Brígida Gimenez [Coorientadora]Resumo: Este estudo teve o objetivo de compreender a dinâmica da gestão do SUS em Municípios de Pequeno Porte (MPP) por meio da análise dos problemas e as estratégias de gestão utilizadas no cotidiano desses municípios Trata-se de um subprojeto, fruto de uma pesquisa maior denominada “A gestão do trabalho no SUS em MPP do Paraná a partir do olhar da Equipe Gestora” aprovada pelo edital do PPSUS/213 O estudo foi desenvolvido nos MPP da macrorregião norte do estado do Paraná, por meio de método misto, utilizando abordagem quantitativa e qualitativa A coleta de dados ocorreu em dois movimentos No primeiro foi realizado o levantamento do nome e função desempenhada pelas pessoas que integravam a equipe gestora dos municípios estudados O segundo movimento abrangeu duas fases: na primeira, com aspecto quantitativo exploratório, foi caracterizado o perfil da equipe gestora; a segunda fase abordou aspectos qualitativos sobre os problemas e as estratégias de gestão, cujos dados foram obtidos por meio de discussões com integrantes chave das equipes, que foram gravadas durante um curso sobre “A Gestão do SUS em MPP” A análise quantitativa ocorreu por meio da análise de frequência pelo Programa EPI INFO versão 351 As discussões durante o curso foram gravadas e transcritas, e realizada análise compreensiva das falas conduzida pelo referencial teórico da Teoria do Jogo Social e relações de poder, de Carlos Matus Em relação ao perfil das pessoas integrantes da equipe gestora, destaca-se: média de idade de 37,8 anos, 66,7% são do sexo feminino, 7,5% referiram possuir ensino superior completo A especialização na área de Gestão e Modelos de Atenção à Saúde foi a que mais se destacou com 4,2%, 43,6% possuíam experiência de atuação nas funções de gestão no município de um a seis anos, 97,9% sentiam-se preparados para exercerem sua função e a maioria da equipe gestora referiu conhecer os instrumentos de gestão e participar de sua elaboração Da análise qualitativa foram constituídas as seguintes categorias: Os problemas da gestão em MPP; As estratégias realizadas no cotidiano da gestão; Limites da gestão do SUS em MPP A equipe gestora posiciona-se enquanto atores sociais e jogadores responsáveis pela transformação da realidade da gestão nestes municípios Os problemas identificados abrangeram: o processo de descentralização da gestão do SUS, sem respeitar a estrutura e os limites dos municípios; a reprodução do modelo biomédico de atenção à saúde; o número insuficiente de médicos nos MPP; e a oferta insuficiente de serviços de Média e Alta Complexidade (MAC) Para o enfrentamento desses problemas, a equipe gestora lança mão de diversas estratégias como: compra de serviços de MAC; adesão a programas e pactuações; acordos informais Mesmo assim tais estratégias não foram potentes para a completa resolução dos problemas, o que os tornam em desafios para a gestão do SUS nestas localidades Esses desafios são mais exacerbados nos municípios menores, devido a alguns limites como sua invisibilidade frente à organização do sistema de saúde; a falta de empoderamento dos gestores de MPP, levando a uma participação pouco efetiva no Consórcio Intermunicipal de Saúde e nas instâncias de gestão (Comissões Intergestoras Bipartite/Comissões Intergestoras Regionais); e a incipiente gestão interfederativa Os enfrentamentos dos problemas devem ser conduzidos por processos políticos e sociais É necessário reorganizar o processo de descentralização, para que o estado assuma uma posição de coordenação efetiva e co-participação na constituição das redes de atenção e no processo de regionalização, com financiamento condizente, retomando a responsabilidade pelo atendimento da população nos níveis de maior complexidade Também é preciso fomentar o empoderamento do gestor municipal, com a implantação de uma cultura de enfrentamento dos problemas de forma coletiva e compartilhada entre os entes federados Os trabalhadores de saúde e a população devem ser mobilizados em defesa deste sistema Torna-se necessário compreender que os problemas enfrentados pelos municípios extrapolam a capacidade de gestão e passam a uma outra dimensão maior, que é o SUS ser visto enquanto uma política de Estado e um projeto a ser defendido por toda sociedadeItem Formação do enfermeiro para educação em saúde em um currículo integrado : interfaces com o pensamento complexoGastaldi, Andréia Bendine; Garanhani, Mara Lúcia [Orientador]; Teixeira, Elizabeth; Tacla, Mauren Teresa Grubisich Mendes; Guariente, Maria Helena Dantas de Menezes; Carvalho, Brígida GimenezResumo: As práticas educativas, dentre elas a educação em saúde, constituem uma das principais dimensões do processo de trabalho do enfermeiro Apesar do desenvolvimento e de uma reorientação crescente no campo das reflexões teóricas e metodológicas da educação em saúde, há ainda avanços a serem alcançados, principalmente na realidade dos serviços de saúde Um dos desafios consiste na formação de recursos humanos orientada pela educação popular e respeito aos saberes da comunidade, em busca de uma cidadania compartilhada O curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina desenvolve, desde o ano 2, o Currículo Integrado, utilizando a problematização e metodologias ativas de ensino e aprendizagem O projeto pedagógico propõe 12 temas transversais, compreendidos como dinamizadores das atividades acadêmicas, articulados de forma crescente aos conteúdos específicos e desempenhos essenciais dos módulos A educação em saúde constitui um desses temas transversais O objetivo geral deste estudo foi compreender como o tema transversal educação em saúde está sendo desenvolvido na formação do enfermeiro em um currículo integrado Trata-se de um estudo compreensivo, do tipo estudo de caso As fontes de dados foram constituídas de 17 cadernos de planejamento e desenvolvimento dos módulos interdisciplinares; 23 estudantes que participaram de grupos focais e 22 estudantes que responderam a um questionário; 11 professores que foram entrevistados; observação de duas atividades de ensino-aprendizagem envolvendo a temática em estudo A coleta de dados ocorreu de novembro de 213 a fevereiro de 216 A análise documental pautou-se nas leituras exploratória, seletiva, analítica e interpretativa O material obtido dos grupos focais e entrevistas foi audiogravado e transcrito na íntegra O corpus foi produzido por triangulação de dados e analisado na perspectiva do pensamento complexo de Edgar Morin por meio do círculo hermenêutico crítico A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade em estudo Os resultados evidenciaram o tema educação em saúde na formação do enfermeiro sob três perspectivas: a trajetória do desenvolvimento do tema transversal na formação do enfermeiro, as concepções de educação em saúde para estudantes e professores e, desafios, potencialidades e sugestões No que tange à perspectiva transversal a educação em saúde vem sendo desenvolvida em todas as séries do currículo em estudo sob diferentes contextos, sendo ainda um desafio alcançar a multidimensionalidade e a globalidade para a pertinência do conhecimento No que tange à perspectiva conceitual os professores contemplam diferentes dimensões que envolvem, para alguns, o referencial da educação popular em saúde, que, todavia, não se mostra no conceito dos estudantes, que apresentam conceitos mais voltados ao modelo tradicional Os estudantes apresentaram lacunas em relação à compreensão intelectual de educação em saúde, somando-se a isso o desafio da compreensão humana No que tange à perspectiva operacional, na visão dos professores, os desafios estão ligados ao próprio docente e a questões estruturais e administrativas Entretanto elencaram como potencialidades o próprio currículo e o perfil do corpo docente Conclui-se que as vivências ancoradas nos princípios da educação popular configuraram boas práticas pedagógicas e que a formação para a educação em saúde se faz em um processo contínuo de construção do conhecimento e escolhas em meio a um universo complexo e permeado por incertezas Acredita-se que as escolhas devem ser pautadas no respeito, na ética e na humanização, com práticas educativas baseadas no compartilhamento de saberes e experiências para o desenvolvimento da autonomia e da cidadania de todos os envolvidosItem Estratégias fortalecedoras da atenção básica no SUS em municípios de pequeno porte da macrorregião norte do ParanáDomingos, Carolina Milena; Nunes, Elisabete de Fátima Polo de Almeida [Orientador]; Gil, Célia Regina Rodrigues; Carvalho, Brígida Gimenez; Machado, Cristiani Vieira; Rizzotto, Maria Lúcia FrizonResumo: No Brasil, a Política de Atenção Básica possui um conjunto de estratégias indutoras de mudanças para o fortalecimento da Atenção Básica, que devem ser implementadas pelos municípios Dentre esses, os Municípios de Pequeno Porte, muitas vezes, possuem fragilidades já instaladas que dificultam o desenvolvimento dessas estratégias Para a organização da prática de saúde na Atenção Básica por meio de tais ações fortalecedoras, ressalta-se a equipe gestora dos serviços de saúde municipais como detentoras de papel decisivo Diante deste contexto, esse estudo buscou analisar a implementação das estratégias federais para o fortalecimento da Atenção Básica em Municípios de Pequeno Porte da macrorregião norte do Paraná Os dados foram coletados entre 214 e 215 durante três movimentos: no primeiro foi realizada a análise documental que visou identificar e analisar as Estratégias Fortalecedoras da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde; o segundo movimento utilizou a abordagem quantitativa para levantar as Estratégias Fortalecedoras da Atenção Básica desenvolvidas nos Municípios de Pequeno Porte e o terceiro movimento utilizou a abordagem qualitativa para analisar como as Estratégias Fortalecedoras da Atenção Básica entram na agenda decisória desses municípios, as atividades desenvolvidas para a operacionalização das mesmas e o significado de sua implementação O segundo e terceiro movimentos do estudo foram realizados em 82 municípios da macrorregião norte do Paraná A população de estudo foi constituída pelos trabalhadores de saúde que integravam as equipes gestoras dos mesmos Foram encontradas 224 normas jurídicas, relacionadas a 22 estratégias priorizadas pelo Ministério da Saúde para o fortalecimento da Atenção Básica O levantamento sobre as estratégias federais em desenvolvimento nos municípios mostrou que das 22 ações, nove tiveram repasse de recursos nacionais para os mesmos, três foram relatadas por toda a equipe gestora (744 entrevistados) e 13 foram referidas pela equipe de gestores chave (55 trabalhadores) Os profissionais da equipe de gestores chave revelaram que as Estratégias Fortalecedoras da Atenção Básica são formuladas pelo Poder Executivo Federal e chegam até os municípios “prontas”, principalmente por meio de portarias Depois de tomar conhecimento sobre uma nova estratégia, os municípios podem decidir por implantar ou não determinada ação, ou seja, entra (ou não) na sua agenda Um conjunto de condições, criadoras de uma janela de oportunidade influenciam os Municípios de Pequeno Porte a aderir uma determinada estratégia: os recursos financeiros atrelados à estratégia; a fragilidade do município em relação ao provimento da força de trabalho e os empreendedores governamentais do processo decisório dessas ações Feita a adesão, são desenvolvidas um conjunto de atividades relacionadas com a implementação das estratégias, dentre essas: a viabilização e capacitação da força de trabalho; o cumprimento de atividades para avaliação de resultados e recebimento de recursos; a ação do prefeito no desenvolvimento das estratégias; o enfrentamento dos impasses relacionados ao profissional médico e a construção de redes de saúde informais Para a equipe de gestores chave, as Estratégias Fortalecedoras da Atenção Básica significaram uma melhoria do cuidado prestado ao longo dos anos, no entanto, também expressam o domínio do Poder Executivo Federal na formulação dessas açõesItem Atividade física no tempo livre e fatores ocupacionais em professores da educação básica da rede públicaDias, Douglas Fernando; Mesas, Arthur Eumann [Orientador]; Rech, Cassiano Ricardo; Ronque, Enio Ricardo Vaz; Nunes, Elisabete de Fátima Polo de Almeida; Durán González, Alberto; Loch, Mathias Roberto [Coorientador]Resumo: OBJETIVO: Aprofundar a compreensão sobre a relação trabalho e atividade física no tempo livre (AFTL) em professores da educação básica Para isso, consideraram-se os seguintes objetivos específicos: 1) Sintetizar as evidências científicas sobre fatores ocupacionais e atividade física (AF) em professores da educação básica no Brasil; 2) Analisar a associação entre fatores ocupacionais e atividade física insuficiente no tempo livre (AFI) (<15min/sem) em professores da educação básica da rede pública; e 3) Analisar a associação entre mudanças autorreferidas nas condições de trabalho e incidência e manutenção de níveis recomendados de AFTL (=15min/sem) em professores da educação básica da rede pública MÉTODOS: Para a estruturação desta tese, cada objetivo específico foi apresentado no formato de um artigo científico com metodologia, resultados e conclusões próprias, conforme descrito na sequência Objetivo 1) Revisão sistemática sem restrição de idioma ou de data de publicação com base nos descritores "professor", "atividade física" e termos relacionados Os demais objetivos específicos foram explorados no âmbito do projeto Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da Rede Pública do Paraná (PRÓ-MESTRE), no qual professores das 2 maiores escolas estaduais de Londrina, atuantes em sala de aula e responsáveis por uma ou mais disciplinas foram entrevistados individualmente em dois momentos: baseline (nos anos de 212 e 213) e seguimento (após 24 meses) Objetivo 2) Estudo transversal com dados obtidos no baseline Objetivo 3) Estudo do tipo coorte prospectiva, mediante análise de dados do baseline e do seguimento RESULTADOS: Objetivo 1) Na revisão sistemática foram identificados 17 artigos que abordaram a AF em professores, todos publicados nos últimos dez anos, com delineamento transversal e avaliação da AF realizada por meio de questionários/formulários/escalas A prevalência de AF variou de 19,3% a 62,4% e apenas seis estudos verificaram sua associação com fatores ocupacionais No total, seis variáveis ocupacionais associaram-se à maior prática de atividade física Objetivo 2) A prevalência de AFI entre os professores entrevistados foi de 71,9%, condição associada de maneira independente à percepção de equilíbrio entre vida pessoal e profissional ruim ou regular, percepção de que o tempo de permanência em pé afeta o trabalho, percepção de capacidade atual para as exigências físicas do trabalho baixa ou muito baixa e contrato de trabalho temporário Objetivo 3) A incidência e manutenção de níveis recomendados de AFTL ao longo de 24 meses foi de 23,2% e 63,6%, respectivamente A análise ajustada mostrou que a incidência de níveis recomendados de AFTL associou-se com a manutenção de bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional, manutenção da percepção de que raramente trabalha demais e manutenção da percepção de que o trabalho raramente desgasta CONCLUSÕES: Com base nos estudos encontrados sobre o trabalho docente e a AF em professores da educação básica no Brasil, as evidências ainda são insuficientes e os resultados inconclusivos sobre tal relação Por outro lado, dois estudos originais incluídos nesta tese apresentaram evidências de que melhores condições de trabalho associam-se com menor prevalência de AFI e com maior incidência de níveis recomendados de AFTL