01 - Doutorado - Fisiopatologia Clínica e Laboratorial

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    Impacto da fase de indução da quimioterapia no perfil de mediadores inflamatórios sistêmicos e do microambiente tumoral na leucemia linfocítica aguda da infância
    Oliveira, Geise Ellen Broto; Panis, Carolina [Orientador]; Venturini, Daniele; Amarante, Marla Karine; Victorino, Vanessa Jacob; Tomiotto-Pellissier, Fernanda
    Resumo: A leucemia linfocítica aguda (LLA) é a principal neoplasia da infância cujo tratamento se baseia na poliquimioterapia dividida em fases (indução, consolidação e manutenção) A indução consiste em uma etapa determinante para o bom prognóstico dos pacientes portadores de LLA e no uso intensivo de drogas antineoplásicas combinadas no período de 28 dias, escalonados do dia (D - ao diagnóstico), ao dia 28 (D28 - final da fase de indução) Apesar do bom prognóstico da doença, com taxas de cura superiores a 8%, pouco se sabe sobre o impacto do tratamento no perfil de mediadores moleculares da inflamação, um hallmark do câncer descrito como determinante do comportamento biológico dos tumores A importância das proteínas e metabólitos produzidos na resposta inflamatória, como citocinas e mediadores do estresse oxidativo, tem sido discutida tanto no funcionamento normal da medula óssea, como na resposta à invasão medular pelos clones malignos Apesar disso, pouco se sabe sobre o impacto do tratamento quimioterápico sobre a dinâmica destes mediadores e de que forma isso pode influenciar tanto a resposta ao tratamento, como a imunopatogênese da LLA Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o impacto da quimioterapia na fase de indução do tratamento da LLA sobre o perfil de mediadores inflamatórios produzidos sistemicamente e no microambiente tumoral em amostras de sangue de pacientes pediátricos diagnosticados com LLA do tipo B (LLA-B), comparando-se os perfis em D e D28 Para alcançar este objetivo, este estudo foi dividido em 2 etapas A primeira parte teve como objetivo traçar o perfil proteômico sistêmico e tumoral de amostras de sangue periférico (SP) e de medula óssea (MO) coletadas em D e D28, e validar possíveis proteínas de interesse ou vias de sinalização pouco conhecidas na LLA-B Na segunda etapa, avaliou-se o perfil de estresse oxidativo e de citocinas em amostras de SP e MO de pacientes com LLA-B também em D e D28 O estudo encontra-se cadastrado na Plataforma Brasil sob o número CAAE 244982135231 e foi aprovado pelo comitê de Ética Institucional Para ambas as etapas, foram recrutados 17 pacientes pediátricos atendidos no Instituto de Câncer de Londrina, entre setembro de 214 a dezembro de 216, com diagnóstico confirmado clínica e laboratorialmente para LLA-B, submetidos ao mesmo protocolo de tratamento Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos responsáveis, e assentimento dos pacientes, foram coletadas amostras anticoaguladas de SP (5mL) e aspirado de MO (2 a 3 mL) em D e D28 As amostras foram centrifugadas para obtenção de plasma, onde foram realizadas as seguintes análises: investigação do perfil diferencial de proteínas por espectrometria de massa label-free, dosagem dos níveis de fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) e interferon gama (IFN-?) por enzimaimunoensaio (ELISA), dosagem de transtiretina por ensaio imunoturbidimétrico, determinação dos níveis dos metabólitos do óxido nítrico pela técnica de Cádmio-Cobre-Griess (NOx), determinação do conteúdo de grupos sulfidrila de proteínas (SH) baseado na reação do ácido 5,5-ditiobis-2 nitrobenzóico, determinação da capacidade antioxidante total plasmática (TRAP) e mensuração dos níveis de hidroperóxidos lipídicos por quimioluminescência Dados clínicos foram obtidos de consultas aos prontuários médicos e incluíram idade e peso ao diagnóstico, perfil do hemograma, acometimento de sistema nervoso central e testicular, dados de mielograma e avaliações sobre a presença de doença residual mínima (DRM) ao final do tratamento de indução Os dados obtidos foram analisados no software GraphPad Prism 7 (USA) e foi adotado o valor de p<,5 como significante Em relação ao estudo proteômico, em D o SP x MO, foi caracterizado como um ambiente pró-inflamatório, com a expressão das proteínas de coagulação cininogênio (KNG), plasmina e plasminogênio downreguladas D28 foi caracterizado pelos processos relacionados à resposta imunológica e a super expressão do IRF3 (activation of Interferon Regulatory Factor 3) e da proteína transtiretina O fator de transcrição da proteína leucemia mielóide aguda 1 (RUNX1) foi apontado como fator de transcrição comum tanto em D como em D28 As proteínas transtiretina e IFN-? foram validadas nas amostras e se mostraram aumentadas e diminuídas, respectivamente, em D28 Sobre o perfil de citocinas e de estresse oxidativo, observou-se que no D28 os níveis de TNF-a estavam aumentados no SP, enquanto que o IFN-? aumentou de modo significante apenas na MO Os hidroperóxidos aumentaram em D28 no SP de pacientes com DRM positiva Os resultados obtidos em ambos estudos permitem concluir que a transtiretina e IFN-? desempenham um papel importante nos mecanismos de resolução da LLA-B, e que os níveis de hidroperóxidos podem variar ao longo do tratamento de LLA na presença da DRM