Diversidade funcional de comunidades de aves florestais em resposta a gradientes temporais e espaciais na Mata Atlântica

Data

2023-03-03

Autores

Oliveira, Helon Simões

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Editor

Universidade Estadual de Londrina

Resumo

Resumo: A manutenção da biodiversidade tem sido comprometida ao longo da história humana devido as alterações e destruição dos habitats. Ao longo do tempo, as comunidades apresentam alterações taxonômicas, com mudanças na riqueza e composição de espécies. Embora os avanços nos estudos sobre diversidade funcional sejam evidentes na última década, ainda é vago o entendimento de como as alterações taxonômicas podem afetar a diversidade de funções nas comunidades em ambientes florestais. Assim, o foco desse estudo foi investigar o comportamento das facetas da diversidade funcional de assembleias de aves florestais frente às dinâmicas taxonômicas decorridas ao longo de uma década em uma floresta tropical com alto nível de conservação. Também avaliamos as respostas da diversidade funcional nas assembleias de aves em relação ao gradiente de estado de conservação vegetal oriundo do corte seletivo de árvores. Para tanto, avaliamos a diversidade de traços funcionais e a estrutura do espaço de nicho ocupado pelas assembleias no Parque Nacional do Iguaçu e na Reserva Biológica das Perobas. Foram obtidas as métricas: riqueza de espécies; riqueza, uniformidade, divergência e dispersão funcional; e a média ponderada da comunidade de cada traço funcional avaliado. Além disso, comparamos os valores de diversidade funcional observados com os aqueles esperados ao acaso para identificar os mecanismos latentes às montagens das assembleias. Essas métricas foram avaliadas com o uso de modelos aditivos generalizados mistos e modelos lineares Bayesianos. Os resultados apontam que as comunidades passam por uma dinâmica taxonômica temporal, mesmo em ambientes altamente preservados. As alterações taxonômicas são possíveis devido à substituição aleatória gerada por processos de dispersão, porém, a redundância entre as espécies permite a estabilidade funcional geral da comunidade. Entretanto, as espécies Passeriformes insetívoras especialistas apresentaram uma redução taxonômica com prevalência do aninhamento funcional, quando comparado a composição funcional entre os anos, o que indica uma erosão funcional silenciosa nas assembleias. Identificamos, ainda, que as assembleias tendem a aumentar a riqueza de espécies em florestas com reduzido estado de conservação vegetal. Contudo, esse aumento na riqueza de espécies leva ao adensamento do espaço nicho devido à intensificação da influência dos filtros ambientais sobre a estruturação das assembleias. Dessa forma, as comunidades em vegetações menos íntegras apresentam maior risco de extinções locais devido às exclusões competitivas entre espécies redundantes. Isso demonstra que avaliações isoladas da riqueza de espécies são potencialmente ilusórias e podem levar a medidas de conservação malsucedidas, como propor a extração seletiva de madeira em florestas primárias com base no suposto benefício do aumento da riqueza de espécies de aves. Além disso, a composição funcional tende a mudar com as mudanças no estado de conservação da vegetação, alterando assim o papel funcional prestado pelas comunidades.

Descrição

Palavras-chave

Dinâmica comunitária, Diversidade funcional ao longo do tempo, Erosão da biodiversidade funcional, Ocupação de nicho, Regras de assembleia

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