Atlas linguístico topodinâmico do território incaracterístico

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Resumo

Resumo: Até meados do século XX, a área compreendida entre a fronteira boliviana do Brasil com Mato Grosso e entre este Estado com Amazonas, Pará e o então Estado de Goiás era mata fechada e praticamente inabitada, fatores que levaram o linguista brasileiro Antenor Nascentes, em 1953, a considerar essa região como incaracterística do ponto de vista linguístico, na sua proposta de divisão dos falares brasileiros em seis subfalares, reunidos em dois grupos: o do norte (amazônico, nordestino e baiano) e o do sul (fluminense, mineiro e sulista) Nessa divisão considerou como “território incaracterístico”, a zona entre a fronteira boliviana (rios Verde, Guaporé, Mamoré até Abunã) e a fronteira de Mato Grosso com o Amazonas e o Pará, cuja área abrange, atualmente, localidades da região Centro-Oeste (norte de Mato Grosso e oeste de Goiás) e Norte (leste de Rondônia e oeste de Tocantins) Essa área, nas décadas de 4 e 5, sofreu uma grande urbanização, devido a Projetos de povoamento do Oeste do País, como a Marcha para o Oeste, a transferência da capital federal para Brasília, a abertura de rodovias pavimentadas, a mecanização da agricultura, dentre outros fatores, que provocaram um intenso direcionamento dos fluxos migratórios para essas áreas Do mesmo modo, os modernos meios de transporte e a tecnologia da informação colaboraram para tornar possível a busca de caracterização dessa área Considerando esse contexto, subsidiada pelos pressupostos teóricos da Dialetologia pluridimensional e relacional, com foco em sua vertente topodinâmica, esta Tese intentou, por meio da elaboração do Atlas Linguístico Topodinâmico do Território Incaracterístico – ALTTI, documentar e descrever as variedades do português falado na área conhecida como território incaracterístico na denominação de Nascentes (1953) Foram objetivos específicos deste estudo i) identificar as variedades e variantes que compõem o português falado nessa região e que, sabemos, provêm, em grande parte, de migrações de áreas linguísticas distintas do português brasileiro; ii) descrever o produto variável do contato intervarietal entre essas variedades migradas no estágio atual; iii) verificar se há mudanças linguísticas em andamento, produto do contato intervarietal, evidenciadas na fala dos informantes das diferentes localidades que compõem a rede de pontos e; iv) fornecer dados linguísticos que poderão contribuir para o aprimoramento do ensino/aprendizagem da língua portuguesa O estudo desenvolveu-se em onze localidades: duas em Rondônia – Guajará-Mirim (RO1) e Ji-Paraná (RO2); sete em Mato Grosso – Aripuanã (MT1), Guarantã do Norte (MT2), Luciara (MT3), Juara (MT4), Sinop (MT5), Diamantino (MT6) e Nova Xavantina (MT7); uma em Tocantins – Formoso do Araguaia (TO1); uma em Goiás – Pilar de Goiás (GO1), escolhidas considerando-se: i) distribuição geográfica (dentro e nos limites do traçado de Nascentes (1953); ii) fatores motivadores da colonização e povoamento da localidade; iii) grupos migratórios responsáveis pelo povoamento; iv) aspectos da sociologia da localidade Em cada localidade, foram inquiridos dois homens e duas mulheres, de 18 a 3 anos, nascidos na localidade, com escolaridade até o Ensino Médio e dois homens e duas mulheres, de 55 a 7 anos, vindos de outros Estados da Federação, com escolaridade até o Ensino Médio, já que havia, sempre que possível, dois informantes com o mesmo perfil, atendendo, assim, à pluralidade simultânea de informantes, critério adotado para a pesquisa O Atlas Linguístico, produto da Tese, contém 7 cartas introdutórias e 13 cartas linguísticas divididas em 16 fonéticas, 69 lexicais, 12 morfossintáticas e 6 sintéticas Os dados nos levam a propor a existência uma área multivarietal que mostram, de modo geral, o contato entre duas principais frentes migratórias: uma mais nortista, que se estende a leste e a oeste do “território incaracterístico”, e outra mais sulista, sobretudo, paranaense e rio-grandense que avança, sobretudo, para o centro da área de estudo

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Palavras-chave

Atlas linguístico, Língua portuguesa, Variação, Dialetologia, Variation, Portuguese language

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