A fala, o dizer e a doxa sobre o ecocídio de Mariana (MG) : paradoxos entre as narrativas emitidas pela Samarco e pela mídia internacional
Data
2024-04-11
Autores
Fernandes, Yasmin Shawani
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Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo discernir o falar e o dizer da Samarco Mineração S.A. sobre o ecocídio de Mariana/MG, utilizando-se da sociologia praxiológica de Pierre Bourdieu como base teórica. A abordagem metodológica foi qualitativa e descritiva e quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa se enquadra em uma pesquisa documental. A coleta de dados foi realizada por meio de uma pesquisa documental, incluindo fontes midiáticas como vídeos institucionais, entrevistas, relatórios e documentos públicos relacionados à mineradora em questão e às revistas selecionadas: The New York Times; Le Monde; The Guardian; Deutsche Welle; e, Al Jazeera. A análise dos dados coletados foi realizada por meio da análise de narrativas. Os resultados obtidos indicam que a Samarco Mineração S.A., antes de 2020, fala de temas como produção, eficiência, tecnologia, inovação, otimização, desenvolvimento econômico e social, criação de valor para a sociedade, respeito pelas pessoas e pelo meio ambiente, reputação, licença de operação, continuidade, compromissos com o governo e com a sociedade, além de avaliações de risco, mas diz sobre geração de caixa, manutenção de liquidez, realização e preservação de investimentos, controle de custos, esforços para recuperar o impacto causado e a promoção do retorno das operações, utilizando uma doxa que reproduzia um discurso de apoio às famílias e comunidades afetadas pelo ecocídio em Mariana. Após 2020, quando retomou suas atividades, a empresa passou a falar sobre produção, eficiência, tecnologia, inovação, otimização, desenvolvimento econômico e social, criação de valor para a sociedade, respeito pelas pessoas e pelo meio ambiente, reputação, continuidade, compromissos com o governo e com a sociedade, avaliações de risco, lições aprendidas e compromissos assumidos, além do retorno das atividades e a dizer sobre geração de caixa, manutenção de liquidez, realização e preservação de investimentos, controle de custos, retorno a 100% da capacidade produtiva, gestão de dívidas adquiridas e preservação da reputação da empresa, reproduzindo uma doxa que incorporava o discurso de lições aprendidas e a construção de uma nova identidade a partir da Nova Jornada da Samarco em relação ao ecocídio de Mariana. Por outro lado, as fontes midiáticas internacionais falam sobre o ecocídio, agentes externos, desdobramentos, complicadores e questões legais, e dizem sobre Samarco, retomada das atividades, desdobramentos, complicadores e responsabilidade, reproduzindo uma doxa com o discurso sobre fatos históricos, impactos, agravantes, busca por justiça, ecocídio, agentes externos, complicadores, desdobramentos e questões legais em relação ao ecocídio de Mariana (MG).
Descrição
Palavras-chave
Falar, Dizer, Doxa, Samarco Mineração S.A., Mídia internacional, Ecocídio, Administração