Composição de variedades de Coffea canephora da região amazônica
Data
2021-08-20
Autores
Acre, Lucas Bonfanti
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Resumo
A literatura oferece pouca informação sobre a composição de cafés torrados da espécie Coffea canephora e não há uma avaliação abrangente das diferenças no perfil de composição entre as suas principais variedades: Conilon e Robusta. Plantas híbridas, resultantes do cruzamento entre essas variedades, foram recentemente desenvolvidas e estão sendo cultivadas em Rondônia, na Amazônia Ocidental. Assim o objetivo desse estudo foi comparar o perfil de composição de cafés torrados de diferentes variedades da espécie C. canephora (Conilon, Robusta e híbridos intervarietais) cultivadas na região Amazônica. Foram avaliados por cromatografia líquida de ultra eficiência os teores de compostos bioativos hidrossolúveis - cafeína, trigonelina e ácidos clorogênicos (ACG) - e lipossolúveis – caveol, cafestol e 16-Ometilcafestol – em dez cafés de cada variedade. Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey (p = 0,05) e análise de componentes principais. As variedades Conilon, Robusta e os híbridos não diferiram em relação aos teores de cafeína (que variaram de 1427 a 3364 mg 100 g-1) e caveol (de ausência a 25,7 mg 100 g-1). Os híbridos apresentaram maior teor de trigonelina, ACG e diterpenos totais (soma dos tores de caveol, cafestol e 16-O-metilcafestol) com valores médios de 613, 3791, e 471 mg 100 g-1, respectivamente). Foi também observado para esses cafés uma maior frequência de presença de caveol (o composto foi encontrado em 50% do total de amostras) comparativamente as variedades tradicionais (Robusta e Conilon). Os híbridos apresentaram ainda valores mais altos (7,6 a 15,0) para relação dos teores de cafestol/caveol, variável estudada como possível indicador da qualidade de bebida. Para cafés Conilon e Robusta observou-se faixa de concentração de 227 a 636 mg de trigonelina 100 g-1, de 1244 a 2716 mg de ACG 100 g-1, e de 225 a 524 mg de diterpenos totais 100 g-1. As variedades tradicionais somente se diferenciaram pelos teores de cafestol e 16-O-metilcafestol e apresentaram relação cafestol/caveol na faixa de 4,8 a 7,2. Robusta destacou-se pelo menor teor de cafestol (116 mg 100 g-1) comparativamente a Conilon e híbridos (teor médio de 209 mg 100 g-1). Conilon destacou-se pelo menor teor de 16-O-metilcafestol (139 mg 100 g-1) comparativamente a Robusta e híbridos (teor médio de 235 mg 100 g-1). Para as três variedades estudadas observou-se valores da relação dos teores de cafeína/diterpenos totais (possível indicador de espécie de café) na faixa de 2,87 a 10,33. As componentes principais 1 (CP1) e 2 (CP2) explicaram 63% da variância total. Os cafés híbridos foram discriminados das variedades Conilon e Robusta pela CP1, sendo caracterizados pelos altos teores de ACG, trigonelina, cafestol e caveol. Os cafés Conilon e Robusta foram discriminados pelo CP2; os Conilon se diferenciaram pelo baixo teor de cafeína e 16-O-metilcafestol. Conclui-se que a diferença do perfil de composição entre as variedades tradicionais de C. canephora, é menor do que a observada entre esses e os cafés híbridos intervarietais, que se apresentam assim como uma matéria prima de interesse e diferenciada.
Descrição
Palavras-chave
Conilon, Robusta, Híbridos intervarietais, Rondônia, CLUE