Um espírito livre vagando pela redação : uma análise da crônica drummondiana sob a perspectiva de Nietzsche

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Cereja, Giovana Chiquim

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Resumo: O objetivo da nossa pesquisa é estabelecer uma aproximação do cronista Carlos Drummond do Andrade com o personagem espírito livre, idealizado por Nietzsche A analogia é utilizada como pano de fundo para discutir a relação entre o jornalismo e a literatura e para teorizar sobre a crônica A metodologia do trabalho incluiu inicialmente a leitura das biografias de Nietzsche, necessárias para a compreensão do contexto no qual o personagem, uma espécie de “duplo” do filósofo, foi criado Na sequência, lemos as obras dedicadas à filosofia do espírito livre e percebemos três características que fazem parte do “retrato” do personagem e que se assemelham à feição do cronista: a busca pelo caminho próprio, a capacidade de “dançar nas correntes” e a vizinhança com as coisas pequenas e próximas Após a seleção dos aforismos, partimos para a definição do corpus da pesquisa, que exigiu a leitura das narrativas de Carlos Drummond de Andrade publicadas em livros Também pesquisamos crônicas que estão guardadas no acervo do escritor, na biblioteca da Fundação Rui Barbosa, no Rio de Janeiro O trabalho está dividido em quatro capítulos O primeiro apresenta as transformações da atividade jornalística A imprensa surgiu no século XVIII, no contexto do ideal iluminista, com a intenção de despertar a consciência dos cidadãos Contudo, a adoção do conceito de objetividade na passagem da segunda metade do século XIX para o alvorecer do século XX, desviou o jornalismo do seu ideal fundador Além de resgatar a história da imprensa desde sua criação até os dias atuais, mostramos exemplos bem sucedidos de jornalistas e veículos que conseguem conciliar os aspectos mercadológicos e a função social do jornalismo O debate em torno da atividade jornalística se faz necessário para demonstrar como a natureza literária da crônica pode inspirar os profissionais da imprensa na realização de um jornalismo politizado, capaz de promover mudanças e desenvolvimento social Nos próximos capítulos, apresentamos cada uma das características do espírito livre e suas afinidades com o trabalho diário do cronista O segundo capítulo se debruça sobre a busca pelo caminho próprio No encontro do filósofo consigo mesmo, Nietzsche se propõe a viver novas experiências para formular sua opinião própria sobre o mundo que o cercava Nessa época, ele busca suporte na leitura de escritores franceses, sobretudo em Montaigne, que delineou uma nova forma de escrita: os ensaios Percebemos que os cronistas são “herdeiros” legítimos de Montaigne à medida que tecem narrativas que são frutos da observação pessoal dos fatos do cotidiano No terceiro capítulo abordamos a habilidade dos cronistas de “dançar nas correntes” à medida que conseguem driblar a “tensão” que envolve os discursos jornalístico e literário com naturalidade E, no último capítulo, enfatizamos o traço principal tanto do espírito livre quanto do cronista: a valorização das banalidades do cotidiano E para mostrar a importância dos fatos ordinários na construção da realidade, utilizamos como arcabouço teórico os pensamentos do sociólogo Michel Maffesoli e do historiador Michel de Certeau

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Palavras-chave

Crônicas brasileiras, História e crítica, Jornalismo e literatura, Filosofia, Literature and journalism

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