O paradoxo da obesidade em pacientes grandes queimados

Data

2021-03-30

Autores

Walger, Aline Cristina Vieira

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Resumo

Introdução: A obesidade é um problema de saúde pública em todo mundo, principalmente em países desenvolvidos como os Estados Unidos. Vários estudos já descreveram o impacto negativo da obesidade na população geral quando avaliado a associação com doenças cardiovasculares, câncer e expectativa de vida. Porém estudos recentes demonstraram que pacientes com sobrepeso e obesidade podem apresentar mortalidade inferior aos pacientes com peso normal e baixo peso em algumas situações específicas e frequentes no ambiente de terapia intensiva com sepse e SARA. Essa associação ficou conhecida como “paradoxo da obesidade” nos pacientes criticamente doentes. Objetivo: Avaliar a associação entre o índice de massa corpórea (IMC) e a mortalidade, tempo de internação na unidade de terapia intensiva (UTI) e o tempo de internação hospitalar em pacientes grandes queimados. Metodologia: Estudo de coorte retrospectivo realizado no período de janeiro de 2017 a janeiro de 2020 através da coleta da dados da admissão até a alta de pacientes internados na unidade de terapia intensiva de queimados do Hospital Universitário de Londrina. Os dados gerais coletados para todas as admissões no centro de tratamento de queimados são idade, gênero, peso, altura, data de internação no hospital e na UTI, diagnóstico de admissão na UTI, data da alta da UTI e do hospital, desfecho à saída da UTI e do hospital. Foram anotados dados sobre a lesão por queimadura, tais como extensão da superfície corpórea queimada, profundidade da queimadura, presença de lesão inalatória, além do agente etiológico da queimadura e tipo de acidente que levou a lesão. Os pacientes foram divididos em grupos para efeito de comparação de variáveis relevantes, de acordo com o IMC em desnutridos, eutróficos, sobrepeso, obesos. Resultados: No período do estudo foram avaliados 299 pacientes, destes 8 foram excluídos por falta de dados antropométricos. Avaliado o IMC de um total de 291 pacientes. Apenas 3 pacientes desta amostra apresentavam IMC < 18,5kg/m2 portanto esse grupo foi excluído da análise devido tamanho insuficiente da amostra. Dos 288 pacientes restantes 152 (52,8%) foram classificados como eutróficos, 97 (33,7%) tinham sobrepeso, 39 (13,5%) eram obesos. Não houve diferença entre o tempo de permanência hospitalar e mortalidade entre os grupos. Na análise do tempo de permanência na UTI houve diferença entre os grupos: a mediana do tempo de permanência na UTI foi de 11 dias para todos os pacientes, de 9 dias para os pacientes eutróficos, 13 dias para os pacientes com sobrepeso e de 16 dias para os pacientes obesos (p0,004). Na análise multivariada a obesidade não teve impacto sobre a mortalidade (hazard ratio - HR 0,648, intervalo de confiança - IC 95% 0,350-1,201; p: 0,168). A idade (HR 1,026, IC 95% 1014-1,038; p<0,001), a superfície corpórea queimada (HR 1,047, IC 95% 1,036-1,058; p<0,001) e a presença de queimadura inalatória (HR 1,658, IC 95% 1,061-2,590; p0,026) foram as variáveis associadas com a mortalidade. Conclusões: O paradoxo da obesidade não foi observado em pacientes queimados internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário de Londrina. Pacientes eutróficos tiveram um tempo de internação na UTI inferior quando comparados aos pacientes com sobrepeso ou obesos

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Palavras-chave

Obesidade - Pacientes queimados, Obesidade - Unidade de queimados, Obesidade - Unidade de terapia Intensiva, Índice de massa corporal, Tempo de internação, Mortalidade hospitalar, Obesidade - Saúde pública

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